fevereiro 28, 2011

************************ HOLLYWOOD NUA e CRUA

assim estava escrito

O retrato ácido e crítico da indústria hollywoodiana de cinema marcou positivamente vários filmes ao longo da história. Plenos de observações incisivas - o ambiente das filmagens, o sonho do sucesso, a decadência ou as relações entre os seus profissionais etc. -, no fundo eles levam a cabo uma reflexão inquieta sobre a condição do artista cinematográfico.

Hollywood, Hollywood...
Fabulosa Hollywood...
Babilônia de celulóide
Gloriosa, fascinante...
Cidade delirante,
frívola, séria,
audaz e ambiciosa,
viciada e glamorosa.
Cidade cheia de drama,
miserável e trágica...
inútil, genial
e pretensiosa
Tremenda confusão...
Cobiçada, terrível,
absurda, fenomenal,
falsa e barata,
assombrosamente
esplêndida...
HOLLYWOOD!

(de Don Blanding, interpretado por Leo Carrillo no curta-metragem musical
da Metro-Goldwyn-Mayer, de 1934, “Noites de Estrelas em Cocoanut Grove”)

o dia do gafanhoto

GRANDES FILMES sobre HOLLYWOOD

NASCE uma ESTRELA
(A Star Is Born, 1937)
direção de William A. Wellman
Com: Janet Gaynor, Fredric March e Adolphe Menjou

gloria swanson e william holden
CREPÚSCULO dos DEUSES
(Sunset Boulevard, 1950)
direção de Billy Wilder
Com: William Holden, Gloria Swanson e Erich von Stroheim

ASSIM ESTAVA ESCRITO
(The Bad and the Beautiful, 1952)
direção de Vincente Minnelli
Com: Lana Turner, Kirk Douglas, Walter Pidgeon 
e Gloria Grahame

gene kelly
CANTANDO na CHUVA
(Singin’in the Rain, 1952)
direção de Stanley Donen e Gene Kelly
Com: Gene Kelly, Donald O’Connor, Debbie Reynolds 
e Jean Hagen

A CONDESSA DESCALÇA
(The Barefoot Contessa, 1954)
direção de Joseph L. Mankiewicz
Com: Humphrey Bogart, Ava Gardner, Edmond O’Brien 
e Valentina Cortese

judy garland
NASCE uma ESTRELA
(A Star Is Born, 1954)
direção de George Cukor
Com: Judy Garland, James Mason e Charles Bickford

A GRANDE CHANTAGEM
(The Big Knife, 1955)
direção de Robert Aldrich
Com: Jack Palance, Ida Lupino, Rod Steiger 
e Shelley Winters

A DEUSA
(The Goddess, 1958)
direção de John Cromwell
Com: Kim Stanley e Lloyd Bridges

O ÍDOLO de CRISTAL
(Beloved Infidel, 1959)
direção de Henry King
Com: Gregory Peck, Deborah Kerr e Eddie Albert

cyd charisse e kirk douglas
A CIDADE dos DESILUDIDOS
(Two Weeks in Another Town, 1962)
direção de Vincente Minnelli
Com: Kirk Douglas, Edward G. Robinson, Cyd Charisse 
e Claire Trevor

À PROCURA do DESTINO
(Inside Daisy Clover, 1965)
direção de Robert Mulligan
Com: Natalie Wood, Christopher Plummer, Robert Redford 
e Ruth Gordon

robert redford
A NOITE dos DESESPERADOS
(They Shoot Horses, Don’t They? 1969)
direção de Sydney Pollack
Com: Jane Fonda, Michael Sarrazin, Susannah York 
e Gig Young

O DIA do GAFANHOTO
(The Day of Locust, 1975)
direção de John Schlesinger
Com: Donald Sutherland, Karen Black, Burgess Meredith 
e Geraldine Page

O ÚLTIMO MAGNATA
(The Last Tycoon, 1976)
direção de Elia Kazan
Com: Robert De Niro, Tony Curtis, Robert Mitchum,
Jeanne Moreau e Jack Nicholson

O JOGADOR
(The Player, 1992)
direção de Robert Altman
Com: Tim Robbins, Greta Scacchi e Fred Ward

fevereiro 21, 2011

************* POR DENTRO do OSCAR 2011




A 83ª cerimônia de premiação do OSCAR acontecerá no dia 27 de fevereiro, no próximo domingo, no Teatro Kodak, em Los Angeles, com apresentação dos atores Anne Hathaway e James Franco. Aqui será mostrada na Globo, em flashes, em meio ao abominável “Big Brother” e com a soporífera apresentação de José Wilker, geralmente acompanhado por uma figura feminina que nada entende de cinema - por que não mudam a fórmula esgotada, colocando jovens atores, descontraídos, com algum conhecimento de cinema? Por exemplo, Leandra Leal e Selton Mello ou Rodrigo Santoro e Mariana Ximenes. A outra possibilidade é a TNT, que exibe na íntegra, mas para infelicidade geral da nação os comentários novamente serão de Rubens Ewald Filho. Ficamos à mercê de absurdos. Eu grudo no controle e quando ele começa a falar tolices, mudo de canal imediatamente.


Durante a cerimônia deste ano, A Academia de Cinema de Hollywood reconhecerá Francis Ford Coppola com o prêmio Irving G. Thalberg, destinado a produtores de filmes cuja trajetória reflete qualidade. O cineasta francês Jean-Luc Godard, o ator Eli Wallach e o historiador Kevin Brownlow, receberão o OSCAR honorário, outorgado “por suas extraordinárias conquistas profissionais, suas contribuições à indústria e pelo serviço à Academia”. Entre os competidores, “O Discurso do Rei / The King’s Speech” sai na frente, com 12 indicações, incluindo as principais: Melhor filme, Diretor, Roteiro e Ator. Bem exagerado, mas é o típico filme de “prestígio”, convencional, talhado para tais premiações. Auxiliado por atuações valiosas, o que não é pouco entre tantos filmecos descartáveis, parece ter sido projetado minuciosamente para agradar os votantes. Vai disputar palmo a palmo com “A Rede Social / The Social Network”, que concorre com oito indicações, empatando com “A Origem / Inception”. Indicado de novo, depois de vencer no ano passado, Jeff Bridges seguramente não tira o prêmio de Colin Firth. De qualquer forma, seria mais honesto se o Melhor Ator do ano fosse o espanhol Javier Bardem. “Bravura Indômita / True Grit” recebeu 10 indicações; “O Vencedor / The Fighter”, sete; “127 Horas / 127 Hours”, seis, e “Cisne Negro / Black Swan” e “Toy Story 3”, cinco cada. “A Rede Social” ainda é o favorito, mesmo com os prêmios que “O Discurso do Rei” vem levando nas últimas semanas. Reconheço seus méritos, mas Fincher esteve mais inspirado em “Seven – Os Sete Pecados Capitais / Seven” ou mesmo em “Clube da Luta / Fight Club”.

robert de niro e sissy spacek
Em mais de 50 anos de existência do OSCAR de Melhor Filme Estrangeiro, o Brasil chegou perto quatro vezes: “O Pagador de Promessas” (1962), “O Que é Isso Companheiro?” (1997), “O Quatrilho” (1994) e “Central do Brasil” (1998). Tirando o último, nenhum dos outros tinha estofo para ganhar, nem mesmo o clássico de Anselmo Duarte baseado na peça de Dias Gomes, que é cativante e visualmente belo, porém pesado e impessoal. Este ano, o conhecido produtor Luiz Carlos Barreto – pai de Bruno e Fábio – mexeu os pauzinhos, conseguindo que a produção do seu filho Fábio fosse selecionada para representar o Brasil na disputa. Um escândalo inominável! “Lula, o Filho do Brasil” ainda é pior que o fraquinho “O Quatrilho”, do mesmo diretor. Nem mesmo a presença de Glória Pires compensa o preço do ingresso. Não é à toa que foi um fracasso de bilheteria. De qualquer forma, estaremos mais ou menos presentes com uma pequena parcela do documentário “Lixo Extraordinário”, sobre o projeto social do artista plástico Vik Muniz com catadores de lixo do Rio de Janeiro. Uma das diretoras é britânica e os brasileiros João Jardim e Karen Harley são os co-diretores. Concorre como melhor documentário de longa-metragem e tem alguma chance.

olivia de havilland
Os irmãos Coen não merecem a indicação ao prêmio de Melhor Diretor. No lugar deles, seria mais coerente Christopher Nolan (“A Origem”) ou o Danny Boyle de “127 Horas”. No quesito atuação, nada abala a certeza de que a excepcional performance de Natalie Portman leva o OSCAR. Ela é imbatível, pode ter certeza. Gosto também de sonhar com a vitória do bonitão James Franco. Ele surpreende como Aron Ralston em “127 Horas”. Por fim, não enxergo nada de especial em “Inverno da Alma / Winter’s Bone”. O “problema” é que a Academia tem mudado nos últimos anos, privilegiando mais os filmes de arte do que os comerciais e menos ainda os blockbusters. Aí mora o perigo. Lembra do destaque dado ano passado ao insuportável “Preciosa / Precious”? Mas conferimos à cerimônia ciente de suas barbaridades e do seu jogo político. Sempre vale a pena assistir esta premiação emblemática, torcer por nossos favoritos e celebrar este prazeroso ritual. É assim que o jogo funciona... e foi dada a largada. Quem acha que leva, caro leitor?


MEUS FAVORITOS

Filme: A Origem
Direção: David Fincher (A Rede Social)
Roteiro Adaptado: Aaron Sorkin (A Rede Social)
Roteiro Original: Christopher Nolan (A Origem)
Atriz: Natalie Portman (Cisne Negro)
Ator: Javier Bardem (Biutiful)
Atriz Coadjuvante: Helena Bonham Carter (O Discurso do Rei)
Ator Coadjuvante: Geoffrey Rush (O Discurso do Rei)
Fotografia: Roger Deakins (Bravura Indômita)
Filme Estrangeiro: Biutiful
Animação: Toy Story 3

POUCAS e BOAS

frank borzage e janet gaynor

Bacana ver o talento de Natalie Portman, Nicole Kidman, James Franco, Annette Bening, Javier Bardem, Helena Bonham Carter e Geoffrey Rush na disputa.

Como a italiana Giovanna Mezzogiorno não está entre as cinco finalistas? E o seu valioso “Vincere” na categoria Melhor Filme Estrangeiro?

jennifer jones

Mais do que merecida a derrota de Lula, o Filho do Brasil, um vergonhoso projeto de filme. A Suprema Felicidade, de Jabor, nos representaria com mais dignidade.

Viva! Deixaram de lado Halle Berry por Frankie e Alice”, o drama sobre uma mulher com personalidade múltipla. A toda gostosona Halle é uma atriz mediana infelizmente bastante reverenciada.

javier bardem

Por que o ótimo Paul Giamatti ficou de fora com “Minha Versão Para o Amor / Barney’s Version”?

O certinho “O Discurso do Rei” recebeu indicações demais, não? Inclusive, Colin Firth não é lá essas coisas. Bem chatinho, lembra Ray Milland.

spencer tracy e bette davis

“Reencontrando a Felicidade / Rabbit Hole” merecia maior consideração. Aaron Eckhart, por exemplo, poderia ter ficado entre os cinco atores protagonistas.

A Hailee Steinfeld tem uma atuação histérica em “Bravura Indômita” e Jeff Bridges está bem canastrão neste western. Sabe se lá porque foram lembrados. O filme também é sem graça (como o original, de Henry Hathaway). Os geniais Coen já fizeram fitas melhores.

ingrid bergman e jennifer jones

Realmente, a cenografia e o vestuário de “Alice no País das Maravilhas / Alice in Wonderland” são deslumbrantes, mas o filme é tão ruim que nem deveria disputar qualquer prêmio.

Acertaram ao deixarem de fora a insossa Anne Hathaway (O Amor e Outras Drogas / Love and Other Drugs).

donna reed

Um absurdo ignorarem “A Origem” nas categorias Direção e Montagem.

No mínimo, “A Ilha do Medo / Shutter Island” deveria concorrer com Melhor Ator (DeCaprio), Direção, Roteiro, Fotografia e Montagem. DeCaprio continua injustiçado.


sean penn

Andrew Garfield tem uma interpretação melhor que Renner ou Ruffalo, não entendo como foi descartado.

Nas categorias de atuação, fiquei decepcionado com a esnobada recebida por Mila Kunis. Ela é o contraponto à personagem de Portman. Uma pena, de fato. Todo o elenco de “Cisne Negro” merece louvação: Vincent Cassel, Barbara Hershey e Winona Ryder.

burt lancaster e elizabeth taylor

Sei que Annette Bening é uma excelente atriz, porém, não vejo nada de extraordinário em sua atuação em “Minhas Mães e Meu Pai / The Kids Are all Right”. A Julianne Moore está melhor.

“O Escritor Fantasma / The Ghost Writer” não é nada de especial. Não sofri por vê-lo de fora. Mas o roteiro e a trilha de Desplat são vigorosos e não estão entre os cinco.

penélope cruz

E a Carey Mulligan de “Não Me Abandone Jamais / Never Let Me Go”? Cadê?

Michael Douglas deve ter ficado com cara de tacho. Nem mesmo sua divulgada doença ajudou para que sua atuação em Wall Street 2 fosse recordada pela Academia. Como nunca apreciei o clã Douglas, não me afetou.

jane wyman

“O Vencedor” merece somente as indicações (e nenhum Oscar) de Melissa Leo, Christian Bale e Amy Adams. Nada mais. Geoffrey Rush tá bem melhor que Bale, assim como Bonham Carter tá acima de Leo e Adams.

O trio que concorre a Melhor Animação é tudo de bom.

a segunda atriz a ganhar 
o oscar: mary pickford
Gostei de ver “Biutiful” e “Fora da Lei / Hors-la-Loi” entre os melhores filmes estrangeiros. O drama de González-Iñárritu é poderoso.

Como esqueceram o excelente veterano Robert Duvall em “Get Low”?