novembro 27, 2023

********** MARILYN e JFK: a VERDADEIRA HISTÓRIA



“Não me falta homem, o que me falta é amor.”
 
“Detesto coisas mais ou menos, não sei amar mais ou menos, não me alimento de quases. É tudo ou nada.”
MARILYN MONROE
 

  
“Marilyn e JFK” (2008), do francês François Forestier, é um livro agradável, mas não 100% confiável. Há uns 20% de especulação. Confirma minhas suspeitas: MARILYN MONROE (1926 – 1962. Los Angeles, Califórnia / EUA) era suicida em potencial; e a teoria conspiratória que liga a sua morte a JOHN F. KENNEDY (1917 – 1963. Brookline, Massachusetts / EUA) é lorota para vender jornal. A biografia apresenta a estrela de Hollywood como manipuladora e insuportável. O icônico presidente surge como um sujeito mimado que, na vida pessoal, não praticava ética. Por trás da loira sedutora, uma ninfomaníaca, alcoólatra, viciada em drogas, que conduzia suas relações íntimas com sinceridade. Sob a máscara do jovem político bronzeado e popular, a obsessão pelo sexo, a infidelidade, o egocentrismo e a vaidade.
 
O suposto romance deles é um dos rumores mais populares e misteriosos da cultura pop. Atraiu mais interesse mediático do que qualquer outro. Existem vários depoimentos conflitantes sobre quando eles se conheceram. Segundo o famoso biógrafo James Spada, em entrevista na revista “People”, o charmoso e mafioso ator Peter Lawford – cunhado de JFK – apresentou em 1954 a diva ao futuro presidente. Em abril de 1957, ambos estavam em um baile no Waldorf-Astoria, em Nova York, mas acompanhados por seus respectivos cônjuges: Jackie e Arthur Miller. A festa teve mil convidados, então seus caminhos podem nem ter se cruzado naquela noite.
 
a única foto deles juntos
Há a possibilidade de que tenham se conhecido em 1961, em um jantar na residência de Lawford, em Santa Monica. Mas a maioria dos biógrafos acredita que tudo começou em março de 1962, na mansão do cantor-ator Bing Crosby em Palm Springs. No livro de Donald Spoto, “Marilyn Monroe: A Biografia” (1993), o massagista e amigo da atriz, Ralph Roberts, afirma que ela ligou desta festa para pedir conselhos sobre como fazer uma massagem. Ele garantiu que ouviu a voz do presidente e também falou com ele: “Marilyn me disse que esta noite foi a única vez em que dormiu com JFK. Muitas pessoas pensam que houve mais do que isso. Mas ela me afirmou que não foi um grande acontecimento para nenhum dos dois. Aconteceu uma vez e acabou.”
 
Esse relato é apoiado pela filha de Lee Strasberg, Susan – atriz, professora de atuação e amiga íntima de MARILYN -, em suas memórias publicadas na revista “Vanity Fair”: “Foi bom pra ela ir pra cama com um presidente carismático. Marilyn adorava o sigilo e o suspense da situação deles, mas Kennedy não era o tipo de homem com quem queria ter algo sério, e ela deixou isso bem claro.” Susan também confirmou que houve apenas uma única noite de sexo, onde ele a convidou para se apresentar em sua festa de 45º aniversário. Em 19 de maio de 1962 – apenas três meses antes de morrer, aos 36 anos –, no aniversário, ela usava um vestido creme justíssimo, adornado com pérolas e strass, costurado em seu próprio corpo, e coberto por um casaco de pele, que tirou quando subiu no palco. O evento foi transmitido pela TV para 40 milhões de norte-americanos.
 
no aniversário de kennedy
Provavelmente na versão mais sexy de todos os tempos da clássica canção, MARILYN MONROE interpretou um “Happy Birthday, Mr. President” de tirar o fôlego. JFK brincou: “Agora posso me aposentar da política depois de você ter cantado parabéns para mim de uma forma tão doce e saudável”. Não se sabe se eles ficaram novamente juntos, não há prova ou testemunho, e existe apenas uma foto da dupla - e de seu irmão, Robert - tirada após esse evento em uma festa na casa de um executivo de cinema. No entanto, muitos acreditam que os amantes se encontravam no Carlyle Hotel, em Nova York, ou na casa de praia de Peter Lawford, em Santa Mônica, onde tomavam banhos de mar pelados. Não há provas disso, só fofocas. O certo é que na época o adultério do presidente tornou-se o grande assunto dos EUA.
 
O livro “Estes Poucos Dias Preciosos. O Último Ano de Jack com Jackie”  (2013), de Christopher Andersen, conta que a atriz chegou a telefonar para Jackie Kennedy, dizendo que se casaria com seu marido. “Ótimo. Eu me mudo, e você fica com todos os problemas”, respondeu a primeira-dama. Ainda de acordo com narrativas, JFK não era o único Kennedy com quem a atriz mantinha relações sexuais. Embora o affair com Bobby nunca tenha sido testemunhado, em uma carta que MARILYN MONROE escreveu para um dos filhos de Arthur Miller, ela descreveu o encontro com ele: “Jantei ontem à noite com o procurador-geral dos Estados Unidos, Robert Kennedy. Ele é muito inteligente e, além de tudo isso, tem um ótimo senso de humor. Acho que você gostaria dele. Enfim, tive que ir a um jantar ontem à noite porque ele era o convidado de honra e quando perguntaram quem ele queria conhecer, ele quis me conhecer. Ele também não é um mau dançarino.”
 
kennedy e jackie
Há especulações de pessoas próximas da atriz que alegam que Robert Kennedy pode ter estado na casa da atriz no dia em que ela morreu e que houve uma discussão entre eles. Na BBC, em 1983, em uma entrevista entre o biógrafo e jornalista Anthony Summers e a governanta da estrela, Eunice Murray – que pode ser ouvida no documentário “The Mystery of Marilyn Monroe: The Unheard Tapes” (2022) –, ela diz que houve um “momento em que coloquei a cabeça entre as mãos e disse: 'Oh, por que tenho que continuar escondendo isso?'” Summers pergunta: “Encobrindo o quê, Sra. Murray?”. Ela responde: “Bobby Kennedy esteve lá. É verdade que ela teve um caso com ele”. Fala-se também que Bobby soube que ela estava grávida e a rejeitou, mudando os números de telefone de sua linha direta para que ela não pudesse mais encontrá-lo.
 
Juntamente com as supostas tendências comunistas de MARILYN MONROE (que fez com que o FBI abrisse um arquivo sobre ela, ao lado do dramaturgo Arthur Miller), as ligações da atriz com os Kennedy podem explicar por que as autoridades a estavam rastreando até o dia em que ela morreu. Embora o FBI tenha divulgado alguns arquivos editados que podem ser lidos online, não há nada que mencione o ex-presidente e seu irmão, o que significa que quaisquer relacionamentos amorosos, verdadeiros ou não, foram levados para o túmulo pelos três.

john f. kennedy
Por fim, recomendações para quem se interessa pela história desse triângulo. O melhor, mais completo e confiável livro que li sobre a vida da atriz foi “A Deusa: As Vidas Secretas de Marilyn Monroe” (1987), de Anthony Summers. Sobre JFK? “O Lado Negro de Camelot” (1998), do jornalista Seymour Hersh, que desmonta a tese de conspiração no assassinato de Kennedy.
 
Depois de John F. Kennedy, sem rumo, a loura mais amada do planeta fez mais um aborto e mergulhou numa maratona sexual desesperada, participando de orgias com Peter Lawford e Frank Sinatra. Álcool, drogas e sexo já não a saciavam. Acordava com doses de Bloody Mary e anfetaminas. Bebia champanhe o dia inteiro. Na madrugada de 5 de agosto de 1962, possuída por incontrolável solidão, morreu de overdose. Tinha 36 anos. Seu ex Joe DiMaggio, único homem que realmente a amou, organizou todos os detalhes de seu funeral e providenciou para que, ao lado da lápide, nunca faltassem rosas vermelhas.
 
As ÚLTIMAS FOTOS de MARILYN
 BERT STERN
(1929 – 2013. Nova Iorque / EUA)
1962
 

 

outubro 28, 2023

******* LUZ e SOMBRA: CINEMA MUDO ALEMÃO

 

“Eu acredito que os filmes do futuro usarão cada vez mais esses ‘ângulos de câmera’ ou, como prefiro chamá-los, esses ‘ângulos dramáticos’. Eles auxiliam o pensamento cinematográfico.”
F.W. MURNAU
 
 
Em agosto de 1919, finalmente entrou em vigor uma nova Constituição na Alemanha. Pela primeira vez na história do país foi instituída uma forma de Estado democrático. Terminaria em 1933 com o fim da República de Weimar e a ascensão de Adolf Hitler. O período teve lados positivos e obscuros que foram retratados em inúmeros filmes, alguns conhecidos como expressionistas e influenciando diversos cineastas.
 
Nessa época, o cinema germânico foi extraordinariamente criativo. Transportou de forma impressionante para as telas as visões, os desejos e os perigos iminentes da vida real. A programação dos cinemas era bastante variada, e o preço dos bilhetes valia a pena. As invenções e inovações técnicas – como automóveis, aparelhos de rádio ou discos de vinil – apareciam nas produções cinematográficas.
 
Em muitos longas, mulheres emancipadas entram no mercado de trabalho e escrevem com toques rápidos em máquinas de escrever. O documentário da produtora UFA (Universum Film Aktiengesellschaft), “Wege zu Kraft und Schönheit” (1925), idealiza o culto ao corpo. “Berlim - Sinfonia de uma Metrópole” (1927), de Walter Ruttmann, se concentra na vida de uma grande cidade.
 
O expressionismo alemão é um dos estilos do cinema mais celebrados. Busca uma representação subjetiva do mundo, capaz de revelar as angústias da existência humana através de imagens distorcidas, remetendo a pesadelos. Com seu uso de sombras e contrastes, histórias abordando temas inquietantes, estabeleceu as bases para dois grandes gêneros do cinema: o terror e o noir.
 
Para compensar a falta de orçamentos orbustos, os filmes expressionistas usam cenários pouco realistas, com desenhos pintados nas paredes e nos pisos para representar luzes, sombras e objetos. As histórias e narrativas geralmente tratam de loucura, insanidade, traição e outros temas existenciais trazidos à tona pelas experiências traumáticas da Primeira Guerra Mundial.
 
A situação econômica da Alemanha era tensa, o abismo entre pobres e ricos crescia rapidamente. “A Última Gargalhada”, de Friedrich W. Murnau, mostra a vida de um porteiro de hotel, enquanto em “Metrópolis”, o mestre Fritz Lang desenvolve a sombria visão de uma cidade do futuro, onde os ricos se divertem na parte superior e os pobres trabalham e moram no subsolo.
 
Nos estúdios, surgiram cenários monumentais de produções históricas, exóticas ou sombriamente futuristas. A interação entre arquitetura, espaço, luz e câmera garantiam grande intensidade e efeitos surpreendentes, nos mais diferentes estilos. Filmes com imagens poderosas como “O Gabinete do Doutor Caligari” estabeleceram padrões internacionais de expressão cinematográfica. 
 
“o gabinete do dr. caligari
A capacidade técnica do cinema alemão se sobrepunha a qualquer outro país do mundo, sendo aclamado universalmente. Os estudos da vida da classe popular se caracterizavam pela sua dignidade, além de serem acompanhados de avanços nos efeitos visuais e fotográficos. Os diretores liberaram as câmeras dos tripés e as colocaram sobre rodas, alcançando uma mobilidade então inédita.
 
O cinema germânico da década de 1920 é inovador. Até 1932, o último da República de Weimar, um ano marcado por decretos, confrontos políticos e problemas econômicos. Na ocasião, o cinema oferecia uma programação deleitando-se na fantasia. E a estrela Lilian Harvey cantava “Irgendwo auf der Welt gibt's ein kleines bisschen Glück” (em algum lugar do mundo há um pouco de felicidade).
 
Este capítulo notável na história do cinema da Alemanha terminou abruptamente com a subida de Adolf Hitler ao poder. Essa escola de cinema sombria e melancólica acabou sendo levada para os EUA. Muitos diretores, roteiristas, fotógrafos e intérpretes não puderam mais exercer sua profissão por serem de origem judaica. Foram obrigados a emigrar – e levaram junto seu talento para Hollywood.
 
 “a caixa de pandora”
 
DEZ FILMES ALEMÃES MUDOS
(por ordem de preferência)
 
01

Direção de F.W. Murnau
Elenco: Gösta Ekman, Emil Jannings, Camilla Horn, Frida Richard e William Dieterle
 
02
A ÚLTIMA GARGALHADA
(Der Letzte Mann, 1924)

Direção de F.W. Murnau
Elenco: Emil Jannings, Maly Delschaft, Max Hiller e Emilie Kurz
 
03
METROPÓLIS
(Metropolis, 1927)

Direção de Fritz Lang
Elenco: Gustav Fröhlich, Brigitte Helm, Alfred Abel, Theodor Loos e Heinrich George  
 
04
NOSFERATU
(Nosferatu, eine Symphonie des Grauens, 1922)
Direção de F.W. Murnau
Elenco: Max Schreck, Gustav von Wangenheim, Greta Schröder e Georg H. Schnell
 
05
O GABINETE do DR. CALIGARI
(Das Cabinet des Dr. Caligari, 1920)

Direção de Robert Wiene
Elenco: Werner Krauss, Conrad Veidt, Lil Dagover e Rudolf Klein-Rogge
 
06
A CAIXA de PANDORA
(Die Büchse der Pandora, 1929)

Direção de Georg Wilhelm Pabst
Elenco: Louise Brooks, Fritz Kortner, Francis Lederer, Alice Roberts e Gustav Diessl
 
07
Os NIBELUNGOS – 1 e 2
(Die Nibelungen, 1924)

Direção de Fritz Lang
Elenco: Gertrud Arnold, Margarete Schön, Hanna Ralph, Paul Richter e Theodor Loos
 
08
RUA das LÁGRIMAS
(Die Freudlose Gasse, 1925)

Direção de Georg Wilhelm Pabst
Elenco: Asta Nielsen, Greta Garbo, Ágnes Eszterházy e Werner Krauss
 
09
As MÃOS de ORLAC
(Orlacs Hände, 1924)

Direção de Robert Wiene
Elenco: Conrad Veidt, Alexandra Sorina e Fritz Strassny
 
10
A MULHER do FARAÓ
(Das Weib des Pharao, 1922)

Direção de Ernest Lubitsch
Elenco: Emil Jannings, Harry Liedtke, Paul Wegener e Lyda Salmonova
 
 
“o gabinete do dr. caligari”
 CINCO DIRETORES do CINE MUDO ALEMÃO
(por ordem de preferência)
 
01
F.W. MURNAU
(1888 – 1931. Bielefeld / Alemanha)

02
FRITZ LANG
(1890 – 1976.Viena / Áustria)

03
ERNST LUBITSCH
(1892 – 1947. Berlim / Alemanha)

04
GEORG WILHELM PABST
(1885 – 1967.Roudnice nad Labem / Tchéquia)

05
ROBERT WIENE
(1873 – 1938.Breslávia / Polônia)
 
 
“metrópolis”

CINCO ATRIZES do CINE MUDO ALEMÃO
(por ordem de preferência)
 
01
LIL DAGOVER
(1887 – 1980.Madiun, East Java / Indonésia)

02
BRIGITTE HELM
(1906 – 1996. Berlim / Alemanha)

03
POLA NEGRI
(1897 – 1987. Lipno / Polônia)

O4
LYA de PUTTI
(1897 – 1931.Vojcice / Slovakia)

05
HENNY PORTEN
(1890 – 1960. Magdeburg / Alemanha)


“nosferatu”

CINCO ATORES do CINE MUDO ALEMÃO
(por ordem de preferência)
 
01
EMIL JANNINGS
(1984 – 1950. Rorschach / Suíça)

02
CONRAD VEIDT
(1893 – 1943. Berlim / Alemanha)

03
WERNER KRAUSS
(1884 – 1954. Baviera / Alemanha)

04
GUSTAV FRÖHLICH
(1902 – 1987. Hanôver / Alemanha)

05
MAX SCHRECK
(1879 – 1936. Berlim / Alemanha)