caio blat em “batismo de sangue” |
O REGIME MILITAR vai de
1964 a 1985, período em que o país esteve sob controle das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica). Nesta época, os chefes de Estado, ministros
e medalhões instalados nas principais posições do aparelho estatal pertenciam
à hierarquia militar, sendo que todos os presidentes eram generais do
exército. O cenário político do início dos anos 60 era corrupto, viciado e
alheio às necessidades do país. O movimento
militar surgiu para sanear a vida social, econômica e
política, livrando a nação da ameaça comunista e trazendo de volta a ordem e a legalidade.
A esquerda vende o peixe como anos de chumbo, caracterizados pela restrição à liberdade, predomínio da censura e da perseguição. Distante do submundo comunista-socialista, as recordações dos nossos familiares e conhecidos são bem diferentes. A propaganda institucional mapeava o país com os slogans “Ninguém segura este país” ou “Brasil, ame-o ou deixe-o”; a dupla Don e Ravel fazia sucesso em rádios e programas de televisão com o refrão: “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo, ninguém segura a juventude do Brasil”; nas escolas, cantava-se “Este é um país que vai pra frente”; e o hino da Copa de 1970 emocionava com “Noventa milhões em ação, pra frente Brasil do meu coração”. Já a narrativa propagada por artistas, escritores e jornalistas é um show de invencionices e oportunismo.
jardel filho em “terra em transe” |
A esquerda vende o peixe como anos de chumbo, caracterizados pela restrição à liberdade, predomínio da censura e da perseguição. Distante do submundo comunista-socialista, as recordações dos nossos familiares e conhecidos são bem diferentes. A propaganda institucional mapeava o país com os slogans “Ninguém segura este país” ou “Brasil, ame-o ou deixe-o”; a dupla Don e Ravel fazia sucesso em rádios e programas de televisão com o refrão: “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo, ninguém segura a juventude do Brasil”; nas escolas, cantava-se “Este é um país que vai pra frente”; e o hino da Copa de 1970 emocionava com “Noventa milhões em ação, pra frente Brasil do meu coração”. Já a narrativa propagada por artistas, escritores e jornalistas é um show de invencionices e oportunismo.
Ao longo dos séculos, a arte sempre foi arma de arremesso contra o
obscurantismo, tornando-se um grande catalisador da força da consciência.
Precisamente, contrariando essa linha de pensamento, surgiram diversos filmes panfletários,
tendenciosos, distorcendo os fatos e atacando o REGIME MILITAR. São longas com viés
ideológico de esquerda. Alguns retratam eventos e/ou personagens reais
mitificados; outros, ficção, mas ambos pregam inverdades.
Selecionei uma ampla filmografia que tematiza o REGIME MILITAR BRASILEIRO. Vi a maioria, filtrei, refleti, pesquisei. Alguns foram difíceis de
assistir, amparam-se unicamente no doutrinamento vermelho, mas considero válidos como documento de uma Nação sabotada por comunistas-socialistas.
O DESAFIO
direção de Paulo César Saraceni
elenco: Isabella, Oduvaldo Vianna Filho e Luiz Linhares
Melodrama da perplexidade da burguesia intelectual face ao
regime militar instalado no Brasil, em 1964. Narra o romance entre a esposa de
um rico industrial e um inconsequente estudante de esquerda. Provocou
controvérsias e fracassou nas bilheterias.
A DERROTA
direção de Mário Fiorani
elenco: Luiz Linhares, Glauce Rocha e Ítalo Rossi
Conta a história de um
preso torturado por causa de uma confissão que se nega a prestar. Invertendo a
situação de vítima, ele procura desesperadamente liquidar o bando que o
aprisiona. Sucesso de crítica bem interpretado. Estreia do diretor.
TERRA em TRANSE
direção de Glauber Rocha
elenco: Jardel Filho, Paulo Autran, José Lewgoy
e Glauce Rocha
Narra as desventuras
políticas e existenciais de um poeta e político de esquerda, em crise por
perceber tardiamente que sempre havia servido a políticos traidores e
oportunistas. As poderosas imagens alegóricas, textos desencontrados, idas e vindas no tempo cronológico, a falta de preocupação em contar uma trama
realista e linear, compõem uma espécie de ópera barroca sobre o Brasil.
JARDIM de GUERRA
direção de Neville d’Almeida
elenco: Joel Barcellos, Hugo Carvana, Dina Sfat
e Glauce Rocha
Jovem amargurado e sem perspectivas se apaixona
por uma cineasta e é injustamente acusado de ser terrorista por uma organização
que o prende, interroga e o tortura.
A VIDA PROVISÓRIA
direção de Maurício Gomes Leite
elenco: Paulo José, Dina Sfat e Joana Fomm
Jornalista vai à Brasília entrevistar um ministro, entregando a um
membro do governo documentos comprometedores. Seguido e ferido, agoniza,
recordando as mulheres que amou. Roteiro confuso e bons atores em cena.
O BOM BURGUÊS
direção de Oswaldo Caldeira
elenco: José Wilker, Betty Faria, Christiane Torloni,
Jofre Soares, Nelson Xavier e Jardel Filho
Filme policial que retraa a luta armada no Brasil, inspirando-se
livremente em personagem real. Na década de 1960, usando de
artifícios contábeis, um bancário desvia cerca de dois milhões de dólares para a guerrilha
que enfrenta o regime militar. Ele ficou conhecido na imprensa e entre os
terroristas como “o bom burguês”.
PAULA – a HISTÓRIA de uma SUBVERSIVA
direção de Francisco Ramalho Júnior
elenco: Armando Bogus, Marlene França e Helber Rangel
Um arquiteto é informado pela ex-esposa do desaparecimento da
filha. O policial designado para as investigações anos antes efetuara a prisão
do arquiteto e da sua amante, líder estudantil que optara pela luta armada.
Banida do país, ela retorna e morre em um confronto com a polícia. O arquiteto
faz um balanço da geração que pensou um dia transformar o país em uma ditadura
comunista.
PRA FRENTE, BRASIL
direção de Roberto Farias
elenco: Reginaldo Farias, Antônio Fagundes, Natália do Valle
e Elizabeth Savalla
Durante a Copa do Mundo de 1970, um trabalhador comum é confundido
com um ativista político e desaparece. Sua família tenta encontrá-lo. Ganhou o prêmio de Melhor Filme no Festival de Gramado.
CABRA MARCADO para MORRER
direção de Eduardo Coutinho
No início da década de 1960, um líder camponês é assassinado por
ordem dos latifundiários do Nordeste. As filmagens de sua vida, interpretada
pelos próprios camponeses, foram interrompidas pelo regime militar de 1964.
Dezessete anos depois, o diretor retoma o projeto e procura a viúva Elizabeth
Teixeira e seus dez filhos. O tema principal passa a ser a trajetória
de cada um dos personagens que, por meio de lembranças e imagens do passado,
evocam o drama de uma família de camponeses durante os longos anos do regime
militar.
NUNCA FOMOS tão FELIZES
direção de Murilo Salles
elenco: Cláudio Marzo, Roberto Bataglin e Suzana Vieira
Rodado no último ano do regime militar, fala de um rapaz retirado
de um colégio interno por seu pai, que estava na prisão, após oito anos de
estudos. Ele investiga o mistério que o cerca, em busca de uma identidade e
descobre que o pai é um perseguido político.
CORPO em DELITO
direção de Nuno César Abreu
elenco: Lima Duarte, Regina Dourado e Dira Paes
Um médico legista frio e solitário, que presta serviços aos órgãos
do regime forjando laudos de morte natural para vítimas de tortura, apaixona-se
por uma garota que trabalha numa casa noturna.
QUE BOM te ver VIVA
direção de Lúcia Murat
elenco: Irene Ravache
Misturando delírios e fantasias de uma personagem anônima com
os depoimentos de oito ex-presas políticas que viveram situações de tortura. Para
diferenciar a ficção do documentário, optou-se por gravar depoimentos reais em
vídeo, com o enquadramento semelhante ao de retratos 3x4.
LAMARCA
direção de Sérgio Rezende
elenco: Paulo Betti, Carla Camurati e Selton Mello
Crônica dos últimos anos de vida do capitão do exército Carlos Lamarca.
Ele desertou das forças armadas e passou a fazer oposição, tornando-se um dos
mais conhecidos líderes da luta clandestina. Boa atuação de Paulo
Betti.
O QUE é ISSO, COMPANHEIRO?
direção de Bruno Barreto
elenco: Alan Arkin, Fernanda Torres, Pedro Cardoso,
Cláudia Abreu e Selton Mello
Grupo terrorista MR-8 elabora um plano para sequestrar embaixador norte-americano,
planejando trocá-lo por presos políticos. Concorreu ao Oscar de
Melhor Filme Estrangeiro.
AÇÃO entre AMIGOS
direção de Beto Brandt
elenco: Leonardo Villar, Zécarlos Machado e Cacá Amaral
Em 1971, quatro amigos participam da luta armada contra o regime
militar e acabam sendo presos quando tentam assaltar um banco. São torturados, sendo que a namorada de um deles, que estava grávida, morre quando
seus algozes colocam nela uma ‘coroa de cristo’ até estourar seu cérebro.
Vinte e cinco anos depois, eles ainda se veem e em uma
pescaria um deles mostra uma foto de um encontro político em São Paulo,
afirmando que uma das pessoas fotografadas foi o homem que os torturou. Decidem então sequestrá-lo e matá-lo. Ao ser capturado, o torturador faz
uma revelação surpreendente que muda os planos.
DOIS CÓRREGOS – VERDADES SUBMERSAS no TEMPO
direção de Carlos Reichenbach
elenco: Carlos Alberto Riccelli,
Beth Goulart e Ingra Liberato
Duas adolescentes burguesas passam uma temporada numa fazenda e
acabam convivendo com o tio de uma delas, um homem misterioso, clandestino no
país.
CABRA-CEGA
direção de Toni Venturi
elenco: Leonardo Medeiros, Débora Duboc e Jonas Bloch
Dois jovens militantes da luta armada sonham com uma revolução comunista no Brasil. Após ser ferido por um tiro, em uma emboscada feita pela
polícia, um deles precisa se esconder na casa de um arquiteto simpatizante da
causa. O fugitivo é o comandante de uma
organização de esquerda, que está no momento debilitada e prepara um retorno à
luta política. Ganhou cinco Candangos no Festival de Brasília, entre eles, Melhor
Diretor, Melhor Ator e Melhor Roteiro.
BATISMO de SANGUE
direção de Helvécio Ratton
elenco: Caio Blat, Daniel de Oliveira e Cássio Gabus Mendes
No final dos anos 60, um grupo de frades dominicanos decide apoiar
a luta armada contra o regime militar. Na mira das autoridades policiais, são
presos, passando por torturas. Um deles é mandado para exílio na França, onde
comete suicídio. Melhor Diretor e Melhor
Fotografia no Festival de Brasília. Interpretações expressivas.
O ANO em que MEUS PAIS SAIRAM de FÉRIAS
direção de Cao Hamburger
elenco: Michel Joelsas, Simone Spoladore, Caio Blat
e Paulo Autran
Em 1970, um garoto de 12 anos tem como maior sonho ver o Brasil
tricampeão mundial de futebol. De repente, separado dos pais comunistas e
obrigado a se adaptar a uma comunidade – o Bom Retiro,
bairro de São Paulo, que abriga judeus, italianos, entre outras culturas.
Cuidado pelo avô, que morre, o garoto se integra à comunidade judaica,
além de conhecer militantes. Melhor Filme no Grande Prêmio do Cinema
Brasileiro.
ZUZU ANGEL
direção de Sérgio Rezende
elenco: Patrícia Pillar, Daniel de Oliveira e Leandra Leal
Estilista de projeção internacional trava uma batalha contra
as autoridades militares em busca do corpo do filho que participava da luta
armada e foi morto. Excelentes atuações de Pillar e Daniel de
Oliveira.
SONHOS e DESEJOS
direção de Marcelo Santiago
elenco: Felipe Camargo, Mel Lisboa e Sérgio Morrone
Uma estudante, um professor de literatura e um guerrilheiro ferido
- sempre com o rosto coberto - são militantes confinados em um apartamento em
Belo Horizonte. Eles confrontam suas opções afetivas e políticas, envolvendo
ideologia, lealdade, traição e desejo.
HOJE
direção de Tata Amaral
elenco: Denise Fraga e César Troncoso
Ex-militante recebe indenização do governo pelo desaparecimento do marido. Com o dinheiro, ela pode comprar o tão sonhado
apartamento próprio e libertar-se desta condição de suspensão em que viveu
durante décadas, período em que não era sequer reconhecida oficialmente como
viúva. No momento da mudança para o novo lar, porém, surge uma visita que a
obriga a rever toda sua trajetória.
TATUAGEM
direção de Hilton Lacerda
elenco: Irandhir Santos, Jesuíta Barbosa e Rodrigo Garcia
Brasil, 1978. O regime militar, ainda atuante, mostra sinais de
esgotamento. Em um teatro/cabaré, localizado na periferia entre duas cidades do
Nordeste do Brasil, um grupo de artistas provoca o poder e a moral estabelecida
com espetáculos e interferências públicas. Uma trupe conhecida como “Chão
de Estrelas”, juntamente com intelectuais e artistas, resiste através do deboche e da
anarquia.
FONTES
“História Ilustrada dos Filmes Brasileiros – 1029-1988”, de
Salvyano Cavalcanti de Paiva; “Enciclopédia do Cinema Brasileiro”, de Fernão
Ramos e Luiz Felipe Miranda; e “O Discurso Cinematográfico”, de Ismail Xavier.