novembro 27, 2010

**** VAMP e LÉSBICA: a LENDÁRIA ALLA NAZIMOVA

alla nazimova


Nascida na Rússia, ALLA NAZIMOVA (1879 - 1945), um dos monstros sagrados do cinema silencioso, cresceu numa família marcada pela violência de um pai brutal. Com o divórcio dos seus pais, terminou amparada por uma família suíça, sendo constamente estuprada por dois irmãos adotivos. De aspecto masculino e sem nenhum atrativo na adolescência, depois de estudar arte dramática em Moscou com Constantin Stanislavsky, renasceu de forma estilizada e atraente. Para pagar os seus estudos, prostituia-se nas ruas, até conhecer um senhor rico que a ajudou. 

Amiga dos dramaturgos Anton Tchecov e Máximo Gorki, tornou-se uma celebridade ao excursionar pela Europa com peças de Ibsen e Tchecov. De Londres, onde foi tratada como rainha, partiu para Nova York, iniciando uma relação amorosa com a líder feminista Emma Goldman e assinando contrato com Lee Schubert, um legendário produtor de teatro que lhe deu carta branca para escolher os personagens que desejava interpretar. Tornou-se uma grande estrela da Broadway, onde era chamada de Madame, introduzindo com sucesso nos Estados Unidos os textos de Henrik Ibsen, especialmente “Casa de Bonecas”, libelo da emancipação feminina.

Devido às numerosas relações da atriz com outras mulheres - entre elas, a mítica star da Broadway, Tallulah Bankhead,  Emma a abandonou. Como o homossexualismo era mal vista pelos puritanos, ela uniu-se num matrimônio de conveniência com um ator britânico abertamente gay, Charles Bryant, que viria a ser seu partner na maioria dos filmes. Estrela incontestável no teatro, Nazimova foi chamada por Hollywood, assinando em 1916 um contrato de 13.000 dólares semanais com a Metro-Goldwyn-Mayer com direito a escolher o diretor, o roteirista e o ator principal. O êxito foi imediato, estrelando onze filmes num período de três anos, todos com invejável sucesso. 

No auge da carreira, a atriz ao mesmo tempo animava e horrorizava Hollywood em sua suntuosa mansão de estilo espanhol na Sunset Boulevard, chamada de Jardim de Alá, onde realizava festas regadas a orgias e drogas com o seu círculo sáfico. Nestes saraus, volta e meia Madame tocava piano e cantava com sua extraordinária voz de contralto, mantendo ao seu redor uma corte de discípulas/amantes, entre elas a cineasta Dorothy Arzner, a cenógrafa Natacha Rambova (futura esposa de Rudolph Valentino), a roteirista June Mathis e a milionária Mercedes de Acosta (que anos depois teria romances com Greta Garbo e Marlene Dietrich).

Quando a natureza de seus instintos sexuais se tornou pública, começou a ser rejeitada para filmes. Também foi acusada de comunismo. Arruinada, tentou o suicídio. O seu filme experimental “Afrodite” (1920), baseado em um romance de Pierre Louys, com cenas de amor lésbico e sexo entre mulheres, pressionado por entidades religiosas, foi proibido pela censura e os rolos queimados. Era a época em que os grupos religiosos estavam no auge de sua feroz campanha contra Hollywood, considerada a “cidade do pecado”. Realmente, o comportamento dos astros do cinema silencioso não era dos mais amenos: Chaplin sofrera processo por pedofilia, Wallace Berry por uso de drogas, o diretor Desmond Taylor fora misteriosamente assassinado, Clara Bow e Pola Negri eram conhecidas como ninfomaníacas, Barbara LaMarr morreu de overdose, a atriz lésbica Helen Menken terminou na cadeia, Valentino e Ramon Novarro homossexuais, e o comediante Fatty Arbuckle foi julgado pelo assassinato de uma jovem starlet, e teve uma brilhante carreira destruída. 

Perseguida, Madame Nazimova vendeu sua mansão, transformada em hotel com vários bangalôs, mas continuou vivendo em um deles pelo resto de sua vida. Com a repressão contra o lesbianismo acentuada na terra de Tio Sam, ela passou uma temporada em Paris, namorando a sobrinha de Oscar Wilde, Dolly.

De volta aos Estados Unidos, dedicou-se ao teatro ainda com imenso prestígio, só fazendo cinema outra vez na década de 1940. As suas películas mais controversas, A Dama das Camélias (1921, com Rudolph Valentino como Armand Duval) e Salomé (1923), são produções excelentes e vanguardistas. Os cenários art nouveau e o desempenho do elenco lento e teatral. Nada de naturalismo, o que há é um erotismo nervoso e fatalista. Em “Salomé”, produzido pela própria atriz, todo o elenco é homossexual. Nele, ALLA NAZIMOVA brilha como nunca, mas seus olhares de vamp são assustadores. 

Já em seus filmes falados, ela continuou surpreendendo com interpretações emocionantes. Caso de “Sangue e Areia” (1941), de Rouben Mamoulian, onde faz a pobre mãe do toureiro Juan Gallardo (Tyrone Power). Respondendo a uma jornalista se não achava um desmerecimento ela, Madame, fazer uma cena onde lavava o chão, Nazimova teria respondido: “Sou uma atriz. Vai ser o chão mais bem lavado da história do cinema”. No ano em que morreu, em 1945, vítima de uma trombose, aos 66 anos, publicou uma autobiografia reveladora. Dos seus 23 filmes, menos de meia dúzia sobreviveu. Mas que arte soberba nos revelam, que força inacreditável, que sensualismo, que dramaticidade. Trata-se de um mito plenamente justificado. Ela era grande.

alla nazimova e rudolph valentino 
em “a dama das camélias”

************** o CINEMA EXPRESSIONISTA ALEMÃO

o gabinete do dr. caligari
de robert wiene

No começo do século 20, a produção da indústria cinematográfica alemã era relativamente pequena. Os dois mil cinemas do país germânico projetavam principalmente filmes estrangeiros. Para criar seus próprios filmes de propaganda, o governo resolveu apoiar o mercado cinematográfico. A produção se incrementou rapidamente: de uma dezena de pequenas companhias em 1911 a 131 em 1918. No final de 1917, surgiu a poderosa produtora UFA (abreviação de Universum Film  Aktiengesellchaft), que tinha os estúdios mais equipados da Europa. Mas a grande revolução do cinema mudo alemão aconteceu em 1919, através da Decla, uma companhia independente que fez um filme ao estilo expressionista, movimento então famoso nas artes plásticas, no teatro e na literatura, crendo evidentemente que isto poderia supor um triunfo no mercado internacional.

Esta crença resultou justificada quando o pouco convencional “O Gabinete do Doutor Caligari / Das Cabinet des dr. Caligari” (1920), de Robert Wiene, uma produção barata, causou sensação em muitos países. A obra  transporta-nos  para um mundo de puro pesadelo, com cenários  desbotados  de  onde  se destacam   figuras geométricas  abruptas  e personagens alucinados. Todo cheio de sombras, cenários retorcidos e atuações acentuadas. Tudo girando sob o signo da angústia e do pessimismo. O interessante é o fato de o que poderia ter sido apenas uma experiência isolada, de cariz bizarro, se tornaria a fonte de uma imensa corrente que influenciou toda a história do cinema.


Graças ao sucesso desse filme, vieram outros no mesmo estilo, resultadando em um movimento estilístico cinematográfico que durou alguns anos. As grandes produtoras, como a UFA, assim como outras companhias menores, investiram no inovador com a finalidade de competir com os norte-americanos. De fato, em meados dos anos vinte, os filmes alemães mais destacados eram expressionistas e considerados os melhores do mundo. O horror, o fantástico e o crime são os temas dominantes. As formas são distorcidas e exageradas, nada realistas, com fins expressivos. Os atores, em geral, usam muita maquiagem e se movem de forma espasmódica ou lenta e sinuosa. E, o que é mais importante, todos estes elementos se interagem graficamente para criar uma composição global.


Uma combinação de circunstâncias conduziu ao desaparecimento do movimento, entre elas, a inflação galopante e uma tentação chamada Hollywood que arrebatou cineastas e a
tores germânicos. As últimas obras significativas, “Fausto / Faust: Eine Deutsche Volkssage”, de F. W. Murnau, e “Metrópolis / Idem” (1927), de Fritz Lang, ambas de 1926, eram epopéias caras que contribuíram para as dificuldades financeiras da UFA, levando seu principal produtor, Erich Pommer, a abandonar a Alemanha e tentar a sorte noutros países. Para enfrentar a dura concorrência dos filmes de Tio Sam, os alemães infelizmente começaram a imitá-los, diluindo as qualidades únicas do estilo expressionista. Assim, em 1927, traído e abandonado, morria o famoso movimento.

Ainda que tenha durado somente uns oito anos, o expressionismo nunca desapareceu de todo como tendência estilística cinematográfica, influenciando filmes de terror e o cinema noir das décadas de 1940/50. Essa escola tem como principais diretores Friedrich Wilhelm Murnau, Fritz Lang, Robert Wiene, Paul Wegener e Paul Leni; como atores, Emil Jannings, Conrad Veidt, Werner Krauss, Lil Dagover, Brigitte Helm, Alfred Abel, Rudolf Klein-Rogge e Camilla Horn. Sou apaixonado pelo EXPRESSIONISMO ALEMÃO em todas as suas vertentes artísticas. O meu filme favorito da época é 
“Fausto”, a adaptação de Goethe por Murnau. Uma criação hipnotizante e espetacular.

brigitte helm

novembro 20, 2010

**** MARLENE DIETRICH por MANUEL BANDEIRA

marlene dietrich

Ainda será tempo de falar de MARLENE DIETRICH? Não a vi quando de sua passagem pelo Rio de Janeiro: televi-a apenas, o que não é a mesma coisa, sobretudo levando em conta como foi tecnicamente imperfeita a sua apresentação (viam-se mais as costas do locutor do que a figura da artista). Todavia, resistiu ela a tudo o que, desde “O Anjo Azul”, me impressionou como essencial no extraordinário encanto da mulher Marlene – aquele sorriso de olhar infinitamente apiedado e que parece dizer-nos, sem gosma de sentimentalismo, aliás: “Criança, a vida é tão absurda, tão triste!”. Mas a vinda de Marlene proporcionou-nos um espetáculo bem divertido, que foi a polêmica entre os cronistas Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes. Defendendo cada um a sua estrela, Drummond, Greta Garbo, e Vinicius a Marlene, reviveram ambos galhardamente os dias românticos em que Castro Alves e Tobias Barreto se digladiavam no Recife por causa de duas artistas da mesma companhia no Teatro Santa Isabel.

Para Vinicius, Marlene é a mulher, talvez a mulher-idéia de Platão, ou o Eterno Feminino de Goethe; para Carlos Drummond de Andrade, a Garbo é um mito. Vinicius tomou nojo da sueca porque a viu, num coquetel de Madame Schiappparelli, recusar uma beberagem estranha onde boiava uma pétala de rosa e pedir vodca. Tive vontade de acudir em auxílio de Drummond, fornecendo-lhe certo trecho de carta de Vinicius, datada de 1949 em Hollywood, na qual o poeta me contava a sideração em que ficara ao cruzar na rua com o Mito. Mas procurei a carta e não a achei. Achei foi outra, em que ele me falava de Marlene: “Você sabe, ela está cada dia mais linda, mais elegante, mais tudo. É uma mulher incrível, sem o menor desgaste, e de uma naturalidade fantástica. Tira fotografias de publicidade com o netinho, sem dar a menor bola para a legião de apaixonados que tem aí – por esse mundo todo. Eu, depois que a vi com o neto ao colo, fiquei mais apaixonado do que nunca. Imagine você a gente a...”. Bem, não posso transcrever o resto, mas a avó Marlene tentava o poeta. “Isso nunca me aconteceu, pelo menos que eu soubesse”, concluía Vinicius.

Quanto a mim, o que me ficou de todos os filmes em que vi Marlene foi aquele sorriso a que me referi no começo destas linhas. Lembro-me fortemente é de seus partners: Emil Jannings no “Anjo Azul”, Gary Cooper em “Marrocos”, ao passo que da Garbo me recordo nitidamente, indeslembravelmente, em todos os filmes, sem ter a menor reminiscência dos homens – e eram todos astros – que trabalharam com ela.

FONTE: 
Folha da Manhã, 09/08/1959)


************* A FORÇA BRUTA de JEAN GABIN




O maior ator francês de todos os tempos, JEAN GABIN (1904 - 1976) era filho de modestos cantores do campo. Rebelde e pouco dado a qualquer estudo ou ocupação, foi obrigado pelo pai a fazer teatro como último recurso. De 1923 a 1930 apareceu em numerosas revistas musicais, inclusive atuando ao lado da célebre Mistinguette. Com o nascimento do cinema falado, debutou na opereta “Chacun as Chance” (1930), fazendo seguidamente uma série de filmes sem importância.

Em 1934, apadrinhado por Julien Duvivier, seu talento foi lapidado em “Marie Chapdelaine”, um belo filme pleno de sensibilidade e sutileza. Nunca mais a fama o abandonou. Com Duvivier – considerado por Gabin o seu “criador” – o ator faria “Gólgota” (1935), “A Bandera” (1936), “Camaradas” (1936) e “O Demônio da Algéria” (1937), um sucesso mundial e um dos melhores filme do diretor francês. Sob a direção do mestre Jean Renoir, interpretou “Les Bas-fonds” (1936), “A Grande Ilusão” (1937) e uma das suas máximas interpretações, “A Besta Humana” (1938).

Neste momento grandioso do Realismo Poético francês, filmou duas outras obras-primas, “Cais das Sombras” (1938) e “Trágico Amanhecer” (1939), ambos de Marcel Carné. Quando os nazistas invadiram a França, JEAN GABIN partiu para Hollywood, onde fez “Brumas” (1942), com Ida Lupino, e “O Impostor” (1943). Ainda em Hollywood, teve um ardente romance com a estrela Marlene Dietrich. Filmaram juntos, já na França, “Martin Roumagnac” (1946), de Georges Lacombe, onde ele vive um empreiteiro, numa pequena cidade, que se enamora de uma aventureira.

Depois da Guerra, o ator retornou ao seu reduto, disposto a reconquistar o seu público patrício. Filmou com René Clement, Carné, Max Ophuls, Renoir e Jacques Becker, incorporando uma grande quantidade de personagens, entre eles o inspetor Maigret das populares novelas policiais de Georges Simenon. Salvo uma ou outra exceção, seus filmes dos anos 1950 aos 1970 são dirigidos por artesãos competentes, tornando JEAN GABIN um dos fenômenos de bilheteria da França.

O astro investia sua fortuna no campo, criando vacas e apoiando politicamente aos humildes trabalhadores rurais. Ele dizia que não era ator, e sim camponês e pai de família. “O cinema é vento, ilusão, pompa, passa como uma nuvem. O que fica depois de uma filmagem? A glória! Eu não trabalho pensando na glória. Não me interessa. Trabalho pelo dinheiro, dinheiro que não calculo em francos, mas em vacas para as minhas fazendas. O campo e os animais são a minha vida”, desabafou. Mesmo contra sua própria vontade, durante cinco décadas foi venerado como um grande astro. Honrado, caráter firme, um tanto difícil, tinha um sentido de dever profissional que não permitia atrasos ou amadorismos. 

Dele, disse Jean Renoir: “É um verdadeiro ator de cinema, um Ator com um A maiscúlo. É uma força cinematográfica, é fantástico, é incrível. Tudo isso vem de uma profunda honestidade. É com certeza o homem mais honesto que encontrei em minha vida. Honestidade semelhante somente encontrei em Ingrid Bergman”. No seu último filme, O Ano Santo” (1976), de Jean Girault, JEAN GABIN interpretou mais uma vez um bandido. Morreu de um infarto agudo de miocardio. Seu corpo recebeu honras militares e as cinzas foram espalhadas no mar.

marlene dietrich e jean gabin em "martin roumagnac"

********************* Os FOTÓGRAFOS e o OSCAR


“como era verde o meu vale”, fotografia de arthur c. miller


LEON SHAMROY 
(1901 - 1974)

Nascido em Nova York, detém com Charles B. Lang Jr. o recorde de maior números de indicações ao Oscar de Melhor Fotografia. Ele conquistou dezoito indicações, com quatro vitórias: “O Cisne Negro” (1942), “Wilsom” (1944), “Amar Foi a Minha Ruína” (1945) e “Cleópatra” (1963).

JOSEPH RUTTENBERG 
(1889 - 1993)

Nomeado ao Oscar dez vezes, ganhou quatro: “A Grande Valsa” (1938), “Rosa da Esperança” (1942), “Marcado pela Sarjeta” (1956) e “Gigi” (1958). Nascido na Rússia, aos dez anos emigrou para os Estados Unidos. Em 1917 já estava por trás das câmeras, iniciando uma carreira bem-sucedida vinculada a Metro-Goldwyn-Mayer.

ROBERT L. SURTEES 
(1906 - 1985)

Nascido no Kentucky (EUA), levou o Oscar três vezes: “As Minas do Rei Salomão” (1950), “Assim Estava Escrito” (1950) e “Ben-Hur” (1959). Começou como assistente do genial Gregg Toland, tornando-se um dos profissionais mais cotados do cinema.

CONRAD L. HALL 
(1926 - 2003)

Nasceu no Tahiti, Polinésia Francesa. Fotografou documentários, filmes de tevê e produções independentes, antes de receber três prêmios da Academia por “Butch Cassidy” (1969), “Beleza Americana” (1999) e “Estrada para Perdição” (2002). Foi nomeado mais sete vezes.

ARTHUR C. MILLER 
(1895 - 1970)

Nascido em Nova York, iniciou sua carreira aos 13 anos. Em 1932, assinou longo contrato com a 20th Century-Fox. Nomeado sete vezes ao Oscar, ganhou em 1941 com “Como Era Verde o Meu Vale”, de John Ford; de novo em 1944 com “A Canção de Bernadette”, e uma terceira vez em 1947 com “Ana e o Rei do Sião”. Aposentou-se em 1951.

FREDERICK A. YOUNG 
(1902 - 1998)

Um dos fotógrafos mais ilustres da Grã-Bretanha, conhecido por seu trabalho com o mestre David Lean: “Lawrence da Arábia” (1962), “Doutor Jivago” (1965) e “A Filha de Ryan” (1972). Todos esses lhe deram o Oscar. Fotografou mais de 130 filmes.

VITTORIO STORARO 
(1940)

Nascido em Roma (Itália) e chamado “o mago da luz”, tem o pintor Caravaggio como inspiração para a fotografia de seus filmes. Para ele, fotografar é como “escrever com a luz”. Premiado três vezes com o Oscar – “Apocalipse Now” (1979), “Reds” (1981) e “O Último Imperador” (1987) -, também foi indicado por “Dick Tracy” (1990).


********* Um AMOR LOUCO: INGRID e ROSSELLINI

rossellini e ingrid


Em maio de 1948, o cineasta neo-realista ROBERTO ROSSELLINI recebeu uma carta assinada pela maior estrela hollywoodiana da época:

“Vi seus filmes ‘Roma Cidade Aberta’ e ‘Paisà’ e gostei muito. Se você precisar de uma atriz sueca que não fala muito bem inglês, que não esqueceu seu alemão, não é muito compreensível em francês e em italiano só sabe dizer ‘Ti amo’, estou pronta para fazermos um filme.”

A sueca em questão era INGRID BERGMAN aos 33 anos. O italiano Rossellini, casado com a diva Anna Magnani, aceitou a proposta sem vacilar. De 1949 a 1955, fizeram seis filmes (“Stromboli”, “Europa 51”, “Viagem a Itália”, “Nós, as Mulheres”, “Joana D’Arc de Rossellini” e “O Medo”), apaixonaram-se e abandonaram as respectivas famílias para viverem juntos. Esse amor louco fez com que Ingrid fosse acusada de adúltera e de mau exemplo para todas as mulheres do mundo. Durante anos foram perseguidos pela mídia e pela classe religiosa. Com Rossellini, Ingrid teve três filhos: Roberto e as gêmeas Isotta Ingrid e a atriz Isabella.

O casamento durou até 1957, quando se divorciaram depois que o diretor foi filmar um documentário na Índia e teve um caso tórrido com a roteirista Sonali Das Gupta. Pia, a filha de Ingrid, depôs a favor do pai no processo litigioso de divórcio, acusando a mãe de abandono. Entretanto, Hollywood já havia “perdoado” a estrela, e em 1956, voltou triunfalmente com “Anastasia, a Princesa Esquecida”, de Anatole Litvak, levando o seu segundo Oscar e outros prêmios importantes. 

Um dos filmes do casal, “Viagem a Itália” (1953), é considerado um dos marcos do cinema moderno. Jean-Luc Godard e François Truffaut afirmaram que ele foi a base sobre a qual se construiu a cadetral da Nouvelle Vague.

ingrid bergman

************************** 100 ANOS 100 FILMES

cidadão kane


O AMERICAN FILM INSTITUTE (AFI), criado em 1967 e especializado na preservação de filmes antigos sujeitos à degradação, em 1998, com o 100° aniversário do cinema norte-americano, formulou uma famosa lista dos 100 melhores filmes norte-americanos. Reproduzo os 31 primeiros, finalizando com o nosso “O Falcão Maltês”. Seguramente a minha lista seria diferente. De Orson Welles, prefiro “A Marca da Maldade”; de Hitchcock, “Os Pássaros”; de Polanski, “O Bebê de Rosemary”. E você?

01
CIDADÃO KANE 
(Orson Welles, 1941) 
Drama

02

 O PODEROSO CHEFÃO
(Francis Ford Coppola, 1972)
Criminal

03

 CASABLANCA 
(Michael Curtiz, 1942) 
Drama

04

TOURO INDOMÁVEL 
(Martin Scorcese, 1980) 
Drama

05

CANTANDO na CHUVA 
(Gene Kelly e Stanley Donen, 1952)
Musical

06

E o VENTO LEVOU 
(Victor Fleming, 1939) 
Drama

07

LAWRENCE da ARÁBIA 
(David Lean, 1962) 
 Épico

08

A LISTA de SCHINDLER
(Steven Spielberg, 1993) 
Guerra

09

Um CORPO que CAI 
(Alfred Hitchcock, 1958) 
 Suspense

10

O MÁGICO de OZ 
(Victor Fleming, 1939) 
Infantil

11

LUZES da CIDADE 
(Charles Chaplin, 1931) 
 Comédia

12

RASTROS de ÓDIO
(John Ford, 1956) 
Western

13

GUERRA nas ESTRELAS 
(George Lucas, 1977)
Ficção-Científica

14

PSICOSE 
(Alfred Hitchcock, 1960) 
Suspense

15

2001 - uma ODISSEIA no ESPAÇO 
(Stanley Kubrick, 1968)
 Ficção-Científica

16

CREPÚSCULO dos DEUSES 
(Billy Wilder, 1950) 
Drama

17

A PRIMEIRA NOITE de um HOMEM 
(Mike Nichols, 1967)
Comédia

18

A GENERAL 
(Clyde Bruckman, 1927) 
Comédia

19

SINDICATO de LADRÕES 
(Elia Kazan, 1954) 
Drama

20

A FELICIDADE NÃO se COMPRA 
(Frank Capra, 1946) 
Comédia

21

CHINATOWN 
(Roman Polanski, 1974) 
Policial

22

QUANTO mais QUENTE MELHOR 
(Billy Wilder, 1956)
LGBT / Comédia

23

As VINHAS da IRA 
(John Ford, 1940) 
Drama

24

ET, o EXTRATERRESTRE 
(Steven Spielberg, 1982)
Ficção-Científica

25

O SOL é PARA TODOS 
(Robert Mulligan, 1962) 
 Drama

26

A MULHER FAZ o HOMEM 

(Frank Capra, 1939) 
Comédia

27

MATAR ou MORRER 
(Fred Zinnemann, 1952) 
 Western

28

A MALVADA 
(Joseph L. Mankiewicz, 1950) 
 Drama

29

PACTO de SANGUE 
(Billy Wilder, 1944) 
 Policial

30

APOCALIPSE NOW 
(Francis Ford Coppola, 1979) 
 Guerra

31

O FALCÃO MALTÊS 
(John Huston, 1941) 
Policial