dezembro 20, 2015

******** JENNIFER JONES - RETRATO de UMA LADY



O poeta Vinicius de Moraes, enquanto crítico de cinema, atacou impiedosamente JENNIFER JONES (1919 - 2009) num artigo intitulado “La Femme à Trent’ans”: “Tão bonitinha, tão ruinzinha. Enfim, cada um tem lá seus tico-ticos. Ela tem mania de ser grande atriz: deixá-la... Seria pior se ela tivesse mania de saltar de bonde andando”. Com certeza, um juízo equivocado. A atriz tinha força dramática como poucas. Durante cerca de duas décadas fez personagens memoráveis, construindo uma trajetória reconhecida e premiada. “A Canção de Bernadette”, que a lançou ao estrelato, marcou época, e ainda hoje é reprisado na tevê. Fez santas e devassas, loucas e ambiciosas. Pode ser comparada às melhores atrizes. 

Na pele de “lady” hollywoodiana, foi criticada pelo romance adúltero com o poderoso produtor David O. Selznick. Mas, e daí? O que seria de Norma Shearer sem Irving Thalberg, Joan Bennett sem Walter Wanger, Sophia Loren sem Carlo Ponti ou Silvana Mangano sem Dino De Laurentiis? É uma questão de sorte, ajuda muito, mas sem competência ninguém sobrevive (caso da ucraniana Anna Sten - lançada por Samuel Goldwyn - ou da polonesa Bella Darvi - por Darryl F. Zanuck).

jennifer e o oscar
Nascida em Tulsa, Oklahoma, JENNIFER JONES chegou à Hollywood em 1939, aos 20 anos de idade, ainda chamando-se Phyllis Lee. Depois de alguns testes cinematográficos, no mesmo ano atuou no faroeste “New Frontier”, com John Wayne, e no seriado “Novas Aventuras de Dick Tracy / Dick Tracy's – Men”, ambos produzidos pela Republic Pictures. Em 1941, depois de fracassar num teste para a Paramount Pictures, ela conseguiu um papel na peça “Hello Out There”, em Santa Bárbara, que foi um tremendo sucesso.

Contratada pela companhia independente Selznick International (no seu all star cast, Vivien Leigh, Gregory Peck, Ingrid Bergman, Joseph Cotten, Joan Fontaine, Louis Jourdan, Alida Valli etc.), David O. Selznick prometeu torná-la uma atriz do primeiro escalão. Trocou o seu nome e a preparou para o estrelato. Ao tomar conhecimento que a 20th Century-Fox andava em busca de uma revelação feminina para “A Canção de Bernadette”, sugeriu seu nome. Impressionando o diretor Henry King, ela foi escolhida para o cobiçado papel, superando centenas de candidatas.

robert walker e jennifer
O marido da atriz, o ator em ascensão Robert Walker (seu melhor personagem, o psicopata Bruno Anthony de “Pacto Sinistro / Strangers on a Train”, 1951, de Alfred Hitchcock), com a ajuda de Selznick conseguiu um contrato na Metro-Goldwyn-Mayer, indicando um futuro promissor. Ao iniciar um affair com seu protetor, JENNIFER JONES acelerou o fim do  casamento, desgastado em cenas de ciúmes e acusações de traição. Durante as filmagens de “Desde que você foi Embora”, em que ambos atuam sob a produção de Selznick, a tensão era insustentável. O divórcio levou o ator, ferido de amor, a uma morte prematura em 1951, depois de anos de álcool, drogas, colapso nervoso e desilusão. 

O sucesso de “A Canção de Bernadette” deu à iniciante JENNIFER JONESstatus de estrela, principalmente quando agraciada com o Globo de Ouro de Melhor Atriz-Drama e um merecido Oscar de Melhor Atriz pelo comovente desempenho da inocente e doente adolescente que tem visões da Virgem Maria (a bela Linda Darnell). Ela venceu fortes concorrentes: Ingrid Bergman (uma de suas melhores amigas), Jean Arthur, Joan Fontaine e Greer Garson. Enquanto isso, o relacionamento com Selznick se intensificava, mas só casariam em 1949, depois do divórcio dele com Irene Mayer – a filha do chefão da Metro-Goldwyn-Mayer -, num iate na costa italiana. Segundo depoimento dela, Selznick foi o maior amor de sua vida.


Em sua vitoriosa carreira de 25 filmes (geralmente escolhidos pelo marido, que inclusive enviava memorandos volumosos para produtores e diretores que contratavam sua esposa), JENNIFER JONES ganhou um Oscar, concorrendo outras quatro vezes: Melhor Atriz Coadjuvante em “Desde que você foi Embora”; e Melhor Atriz em “Um Amor em Cada Vida / Love Letters” (1945), “Duelo ao Sol” (1946); e, finalmente, por sua popular performance em “Suplício de uma Saudade / Love Is a Many Splendored Thing” (1955). Sua beleza e natureza sensível agradaram ao público, abrindo caminho para uma gama variada de personagens, em clássicos como “O Retrato de Jennie”, “Adeus às Armas / A Farewell to Arms” (1957) – fracassado canto de cisne de Selznick - e “Suave é a Noite / Tender is the Night” (1962). 

O maior êxito da atriz foi o melodrama “Suplício de uma Saudade”, de Henry King, fazendo par romântico com William Holden. Em 1974 encerrou sua participação no cinema na fita de catástrofe “Inferno na Torre / The Towering Inferno”, estrondoso campeão de bilheteria que tem no elenco Fred Astaire, William Holden, Steve McQueen e Paul Newman. A cena de sua morte foi a mais comovente desta superprodução. Ela ajuda duas crianças a escapar de um incêndio de um prédio, quando cai de uma altura de cerca de 110 andares, do elevador que evacuava os frequentadores da festa de inauguração. Esta intervenção marcante lhe rendeu a indicação ao Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante.

selznick, jennifer e a filha deles
Permaneceu com David O. Selznick até o falecimento deste, em 1965, mas ao se ver sem amparo, com a carreira interrompida, endividada e emocionalmente destroçada, JENNIFER JONES tentou se suicidar pulando de um penhasco, em 1967. Hospitalizada em estado de coma, recuperou-se.  Em 1971, seis anos depois de ficar viúva, casou-se pela terceira vez, com o industrial multimilionário e colecionador de arte Norton Simon. Em 1993 voltou a enviuvar. Ela era extremamente tímida, sempre fugindo dos holofotes e optando por uma vida social reservada. Perdeu boas oportunidades ao permitir que o enamorado e dominador Selznick recusasse filmes em seu nome, por considerá-los indignos, entre eles o policial noir “Laura / Idem” (1944), de Otto Preminger, um inesperado sucesso e depois um clássico cult. Aposentada, rejeitou, em 1983, o papel central de “Laços de Ternura / Terms of Endearment”, pelo qual Shirley MacLaine levou o Oscar.

A atriz viveu seus últimos anos tranquilamente, no sul da Califórnia, ao lado de um dos filhos. Ela não dava entrevistas e raramente aparecia em público, morrendo de causas naturais aos 90 anos de idade. Hoje em dia, é relativamente desconhecida em comparação a estrelas como Katharine Hepburn, Vivien Leigh ou Greta Garbo. Mas não há como negar seu talento e fascínio que cativou multidões.

jennifer em "duelo ao sol"
1O FILMES de JENNIFER JONES

A CANÇÃO de BERNADETTE
(The Song of Bernadette, 1943)
direção de Henry King
com William Eythe e Charles Bickford

DESDE que VOCÊ foi EMBORA
(Since You Went  Away, 1944)
direção de John Cromwell
com Claudette Colbert e Joseph Cotten

O PECADO de CLUNY BROWN
(Cluny Brown, 1946)
direção de Ernst Lubitsch
com Charles Boyer e Peter Lawford

DUELO ao SOL
(Duel in the Sun, 1946)
direção de King Vidor
com Gregory Peck e Joseph Cotten

O RETRATO de JENNIE
(Portrait of Jennie, 1948)
direção de William Dieterle
com Joseph Cotton e Ethel Barrymore

RESGATE de SANGUE
(We Were Strangers, 1949)
direção de John Huston
com John Garfield e Pedro Armendáriz

MADAME BOVARY
(Idem, 1949)
direção de Vincente Minnelli
com James Mason, Van Heflin e Louis Jourdan

PERDIÇÃO por AMOR
(Carrie, 1952)
direção de William Wyler
com Laurence Olivier e Miriam Hopkins

A FÚRIA do DESEJO
(Ruby Gentry, 1952)
direção de King Vidor
com Charlton Heston e Karl Malden

QUANDO uma MULHER ERRA
(Stazione Termini, 1953)
direção de Vittorio De Sica
com Montgomery Clift

GALERIA de FOTOS

 
 

dezembro 04, 2015

**************** JOVENS DEMAIS para MORRER




Eles partiram cedo. Acidentes, doenças, violência ou drogas, muitos são os fatores que interromperam de forma prematura a vida de ídolos cinematográficos. Relembre alguns deles. Morreram antes dos trinta e seis anos de idade.

ADRIANA PRIETO
(1950 – 1974. Buenos Aires / Argentina)
24 anos
um filme:
“O Casamento” (1974)
 direção de Arnaldo Jabor 

Argentina que fez carreira no Brasil. Estreou no cinema em 1966. Com “Lucia McCartney, Uma Garota de Programa” ganhou o Prêmio Air France de cinema como Melhor Atriz de 1971. No mesmo ano naturalizou-se brasileira. Faleceu na véspera do natal de 1974, em um acidente automobilístico. Seu fusca foi atingido por um carro da polícia. Tinha acabado “O Casamento”, baseado na obra homônima de Nelson Rodrigues.

ALMA RUBENS
(1897 – 1931. São Francisco, Califórnia / EUA)
33 anos
um filme:
“Máscaras da Alma / The Mask of the Devil” (1928)
 direção de Victor Sjostron

Atuou desde a infância, tornando-se estrela aos 19 anos de idade e participando de filmes na Fox Film Corporation. Quando seu contrato expirou, teve dificuldade em conseguir trabalho devido ao vício em cocaína. Internada várias vezes em clínicas de desintoxicação, ficou inconsciente por três dias antes de morrer de pneumonia.

ANECY ROCHA
(1942 - 1977. Vitória da Conquista, Bahia / Brasil)
34 anos
um filme:
 “A Grande Cidade” (1966)
 direção de Cacá Diegues

Ótima atriz, irmã de Glauber Rocha e esposa de Walter Lima Jr., diretor de “A Lira do Delírio” (1978), um dos mais importantes filmes do moderno cinema brasileiro. Morreu logo depois do carnaval de 1977, ao cair no poço do elevador do prédio onde morava.

ANNE CRAWFORD
(1920 – 1956. Haifa / Israel)
35 anos
um filme:
“A Filha das Trevas / Daughter of Darkness” (1948)
 direção de Lance Comfort

Atriz britânica, mais lembrada hoje por sua participação no clássico de aventura “Os Cavaleiros da Távola Redonda/ Knights of the Round Table” (1953). Morreu de leucemia.

BARBARA LAMARR
(1896 - 1926. Yakima, Washington / EUA)
29 anos
um filme:
“A Mariposa Branca / The White Moth” (1924)
 direção de Maurice Tourneur

O seu fim foi um dos primeiros relacionados com a droga em Hollywood. Extravagante estrela, ao ser despedida da M-G-M se entregou à cocaína e ao álcool, morrendo de tuberculose. O comunicado do estúdio culpou seu infortúnio a uma “dieta rigorosa”.

BELINDA LEE
(1935 – 1961. Budleigh, Salterton / Reino Unido)
25 anos
um filme:
“A Noite do Massacre / La lunga notte del '43” (1960)
 direção de Florestano Vancini 

Iniciou no teatro britânico, estreando no cinema em 1954. Fez relativo sucesso, numa curta carreira encerrada com sua morte num desastre de automóvel na Califórnia (EUA). Considerada uma das atrizes mais belas do cinema. O que mais marcou a sua intensa vida foi ter sido a causa de um grande escândalo, pelo romance tumultuoso com o príncipe italiano Felipe Orsini, casado e nobre da Santa Sé como assistente papal. 

A ligação amorosa acabou por penetrar nos austeros corredores do Vaticano e foi motivo de várias tragédias como a tentativa de suicídio de Belinda, por envenenamento, em janeiro de 1958 e, dois dias depois, o suicídio frustrado do príncipe Orsini, que foi encontrado em seu banheiro com os pulsos cortados. Pressionado, o Papa João XXIII retirou-lhe o cargo e a esposa de Orsini (a princesa Franca Buanocossa) o deixou. E, ironia do destino, tudo por nada, pois em seguida ela o trocou por outro.

BOBBY DRISCOLL
(1937 - 1968. Cedar Rapids, Iowa / EUA)
31 anos
um filme:
“A Canção do Sul / Song of the South” (1946)
 direção de Wilfred Jackson e Harve Foster

Ganhou um Oscar especial por sua atuação em “Ninguém Crê em Mim / The Window” (1949). Foi o primeiro ator mirim a ter contrato exclusivo com os estúdios Disney. Além do filme de suspense, ele é recordado por “A Ilha do Tesouro/ Treasure Island” (1950). Com a maturidade e a diminuição das ofertas de trabalho, envolveu-se com drogas, o que por fim arruinou sua saúde e o reduziu à pobreza. Anos de abuso enfraqueceram seu coração e ele morreu sozinho de um ataque cardíaco numa construção desocupada em Nova Iorque, tendo sido sepultado numa sepultura comunitária.

BRANDON de WILDE
(1942 – 1972. Nova Iorque / EUA)
30 anos
um filme:
“Cruel Desengano / The Member of the Wedding” (1952)
 direção de Fred Zinnemann

Imortalizado pelo dócil Joey Starrett no western “Os Brutos Também Amam Shane (1953), de George Stevens. Sua interpretação valeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Atuou em outras produções de prestígio e em 1954 teve sua própria série na televisão, “Jamie”. Fez teatro. Em 1972, seguia com seu carro em direção ao hospital de Denver, onde sua esposa se recuperava de uma cirurgia, quando colidiu contra um caminhão parado. Gravemente ferido, faleceu horas depois.

BRUCE LEE
(1940 – 1973. São Francisco, Califórnia / EUA)
32 anos
um filme:
“O Dragão Chinês / Tang Shan da Xiong” (1971)
 direção de Wei Lo

Considerado por muitos como o melhor lutador de artes marciais do século 20 e um ícone cultural. Seus filmes produzidos em Hong Kong elevaram as artes marciais a um novo patamar de popularidade. Em maio de 1973, o astro desmaiou no estúdio Golden Harvest, enquanto fazia o trabalho de dublagem para o filme “Operação Dragão / Enter the Dragon” (1973). Sofreu convulsões e dores de cabeça, sendo diagnosticado um edema cerebral. Dois meses depois, tomou um analgésico e foi dormir. Nunca mais acordou. A morte, causada pelo edema, ainda hoje gera controvérsias.

CAROLE LANDIS
(1919 - 1948. Fairchild, Wisconsin / EUA)
29 anos
um filme:
“O Despertar do Mundo / One Million B.C.” (1940)
 direção de Hal Roach e Hal Roach Jr.

Conhecida como “O Busto” - devido ao impressionante tamanho dos seios -, alta, magra e glamorosa, ela apareceu em filmes de sucesso no início dos anos 1940. Em 1948, com carreira em declínio e o casamento em colapso, iniciou romance com o ator inglês Rex Harrison, casado com a também atriz Lilli Palmer. Quando ele se recusou a abandonar a esposa, cometeu suicídio através de uma overdose de soníferos.

CAROLE LOMBARD
(1908 - 1942. Fort Wayne, Indiana / EUA)
33 anos
um filme:
“Suprema Conquista / Twentieth Century” (1934)
 direção de Howard Hawks

Uma das maiores e mais bem pagas estrelas de Hollywood, a então esposa de Clark Gable foi vítima de um acidente de avião, durante uma turnê para arrecadar fundos para o exército norte-americano na II Guerra Mundial, em 1942. A comédia ácida e clássica “Ser ou Não Ser / To Be or Not To Be”, de Ernst Lubitsch, foi o seu último filme.

FRANÇOISE DORLÉAC
(1942 - 1967. Paris / França)
25 anos
um filme:
“Um Só Pecado / La Peau Douce” (1964)
 direção de François Truffaut

Irmã mais velha de Catherine Deneuve, morreu em um acidente de carro em Nice, na França. O carro capotou e explodiu, deixando seu corpo irreconhecível. Tinha uma promissora carreira, tendo no currículo filmes de Truffaut, Demy e Roman Polanski.

HEATHER LEDGER
(1979 - 2008. Perth / Austrália)
28 anos
um filme:
“O Segredo de Brokeback Mountain / Brokeback Mountain” (2005)
 direção de Ang Lee

Morreu por reação a uma mistura de calmantes e soníferos. Não chegou a ver a estreia de “Batman - O Cavaleiro das Trevas / The Dark Knight” (2008), onde interpreta o Coringa, papel que lhe rendeu um Oscar póstumo de Melhor Ator Coadjuvante.

INGER STEVENS
(1934 – 1970. Estocolmo / Suécia)
35 anos
um filme:
“O Diabo, a Carne e o Mundo / 
The World, the Flesh and the Devil” (1959)
 direção de Ranald MacDougall

Apareceu em comerciais, peças e TV, até que finalmente conseguiu sua grande chance no filme “Fogo no Coração / Man of Fire” (1957), ao lado de Bing Crosby. Muitos outros vieram em seguida, mas seu maior sucesso foi a série de TV “The Farmer's Daughter”. De 1961 até sua morte, ela esteve secretamente casada com Ike Jones, um diretor negro norte-americano. Também namorou Anthony Quinn, Bing Crosby, Dean Martin, Harry Belafonte e Mario Lanza e, pouco antes do seu suicídio, Burt Reynolds. Foi encontrada deitada no chão de sua cozinha, tendo tomado uma overdose de Tedral (combinação de teofilina, efedrina e barbitúricos) misturada ao álcool.

JAMES DEAN
(1931 - 1955. Marion, Indiana / EUA)
24 anos
um filme:
“Vidas Amargas / East of Eden” (1955)
 direção de Elia Kazan

Apaixonado por velocidade, o ator de “Juventude Transviada / Rebel Without  a Cause” (1955) morreu em um acidente automobilístico a caminho de uma corrida, provocando comoção em todo o mundo. Atuou em apenas três filmes, mas se tornou um ícone.

JAMES MURRAY
(1901 – 1936. Nova Iorque / EUA)
35 anos
um filme:
“A Turba / The Crowd” (1928)
 direção de King Vidor

Depois de vários anos de trabalho, principalmente como figurante, com pouca esperança de um papel protagonista, ele foi descoberto pelo diretor King Vidor, que o viu nos estúdios da Metro. Contratado para “A Turba”, seu desempenho foi elogiado por crítica e público. Apesar do sucesso em filmes posteriores, beber em excesso o levou a uma escassez de papéis, e em 1934 pedia esmolas na rua. Dois anos depois, embriagado, afogou-se no Rio Hudson. Não se sabe se foi um acidente ou suicídio.

JAYNE MANSFIELD
(1933 – 1967. Pensilvânia / EUA)
34 anos
um filme:
“Sabes o que Quero / The Girl Can't Help It” (1956)
 direção de Frank Tashlin

Um dos símbolos sexuais das décadas de 1950 e 1960, chamou a atenção ao se tornar a playmate da edição de fevereiro de 1955 da Playboy. Vencedora do Globo de Ouro, estrelou vários filmes que enfatizam o seu lado sensual. Tornou-se a primeira atriz a aparecer nua em uma produção hollywoodiana (em “Promises... Promises!” de 1963). Sua carreira de sucessos de bilheteria foi subitamente interrompida quando sofreu um acidente de carro durante uma viagem com o namorado, Sam Brody, e três de seus quatro filhos. Jayne, Brody e o motorista faleceram na hora, mas as crianças, que estavam todas no banco traseiro, ficaram apenas com ferimentos leves.

JEAN HARLOW
(1911 - 1937. Kansas City, Missouri / EUA)
26 anos
um filme:
“Mares da China / China Seas” (1935)
 direção de Tay Garnett

Seu falecimento nunca foi bem esclarecido. A “Platinum Blonde” teria sofrido durante dias em casa, enquanto sua mãe se recusava a levá-la ao hospital. Quando finalmente recebeu socorro, era tarde demais: pereceu de insuficiência renal. Star maior da Metro, seus filmes eram verdadeiros campeões de bilheteria.

JOHN BELUSHI
(1949 – 1982. Chicago, Illinois / EUA)
33 anos
um filme:
“Os Irmãos Cara-de-Pau / The Blues Brothers” (1980)
 direção de John Landis

Encontrado morto em um hotel na cidade de Los Angeles. A causa da morte foi overdose acidental por um speedball, uma injeção combinada de cocaína e heroína. Na noite de sua morte, foi visitado por vários amigos, incluindo celebridades como Robin Williams e Robert De Niro. Comediante, integrante da primeira formação do célebre programa de televisão “Saturday Night Live”na década de 1970, ficou conhecido por seu estilo ousado e humor atrevido. Era irmão do ator James Belushi e também brilhou no cinema.

KAY KENDALL
(1926-1959. Withernsea / Reino Unido)
33 anos
um filme:
“Brotinho Indócil / The Reluctant Debutante” (1958)
 direção de Vincente Minnelli

Começou sua carreira no cinema em 1946. O sucesso chegou com a comédia “Genevieve / Idem” (1953). Ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz - Musical ou Comédia por “Les Girls / Idem” (1957), de George Cukor. Teve um caso com Rex Harrison durante as filmagens de “O Passado de meu Marido / The Constant Husband” (1955). Casado com Lilli Palmer, ele pediu o divórcio quando soube que estava com leucemia, casando-se com ela. A atriz morreu logo depois de completar a comédia “Ainda uma Vez com Emoção / Once More, With Feeling!” (1960), ao lado de Yul Brynner.

LAIRD CREGAR
(1916 – 1944. Filadélfia, Pensilvânia / EUA)
28 anos
um filme:
“Concerto Macabro / Hangover Square” (1945)
 direção de John Brahm

Contratado da 20th Century-Fox, vivia obcecado com o excesso de peso (mais de 130 kg) e os repetitivos papéis de vilão. Homossexual, embora não abertamente revelado, tinha uma persona ligeiramente enigmática. Em 1943, seu ex-namorado, o jovem ator David Bacon, foi esfaqueado até a morte, gerando rumores e fazendo com que decidisse por uma namorada de fachada (o chefão Darryl F. Zanuck arranjou a atriz Dorothy McGuire) e dieta radical para uma nova imagem nas telas. Resultou em problemas abdominais. Após uma cirurgia, teve um ataque cardíaco e morreu.

LEILA DINIZ
(1945 – 1972. Niterói, Rio de Janeiro / Brasil)
27 anos
um filme:
“Todas as Mulheres do Mundo” (1966)
 direção de Domingos de Oliveira

Um dos maiores mitos brasileiros, símbolo sexual, brilhou no teatro de revista. Depois de ser garota propaganda e atriz de sucesso na TV, foi uma das musas do Cinema Novo. Ela nos deixou quando o avião em que vinha da Índia, onde foi divulgar o filme “Mãos Vazias” (1971) em um festival de cinema, explodiu.

LYA de PUTTI
(1897 – 1931. Vojcice / Eslováquia)
34 anos
um filme:
“Varieté / Idem” (1925)
 direção de E. A. Dupont

Filha de nobres húngaros, um barão e uma condessa, fez filmes de sucesso na Alemanha antes de ir para Hollywood, em 1926. Estrelou vários produções na meca do cinema, mas fracassou. Morreu de pneumonia, na sequência de uma operação para remover um osso de galinha de seu esôfago.

MARK FRECHETTE
(1947 – 1975. Boston, Massachusetts / EUA)
27 anos
um filme:
“Zabriskie Point / Idem” (1970)
 direção de Michelangelo Antonioni

Lançado por Michelangelo Antonioni no controverso “Zabriskie Point”: um estudante universitário, injustamente perseguido pelo assassinato de um policial. Rodou mais dois filmes e foi preso por assalto a banco. Por acidente, morreu na sala de musculação da prisão, com a garganta esmagada por uma barra de peso de 150 kg.

MÄRTA TORÉN
(1926 – 1957. Estocolmo / Suécia)
30 anos
um filme:
“Intriga em Paris / Assignment: Paris” (1952)
 direção de Robert Parrish

Desde menina seu sonho era ser atriz. Contratada pela Universal Studios, rapidamente fez 10 filmes, incluindo “Sirocco / Idem” (1951), com Humphrey Bogart. No início de 1957, voltou à Suécia para sua estreia nos palcos em uma peça de JB Priestley. Morreu um mês depois de uma hemorragia cerebral.

MARTHA MANSFIELD
(1899 – 1923. Nova Iorque / EUA)
24 anos
um filme:
“O Médico e o Monstro / Dr. Jekyll and Mr. Hyde” (1920)
 direção de John S. Robertson
Dançarina e atriz desde muito jovem, iniciou a carreira na Broadway, em 1912, e em 1917 fez seu primeiro filme. Assinou contrato com Selznick Pictures e depois com a Fox. Em 29 de novembro de 1923, enquanto trabalhava no filme “The Warrens of Virginia”, a chama de um fósforo pegou fogo no seu elaborado vestuário de muitos babados. O fogo foi apagado, mas ela sofreu queimaduras substanciais, morrendo em menos de vinte e quatro horas. Nunca foi determinado quem jogou o fósforo.

PATRICK DEWAERE
(1947 - 1982. Saint-Brieuc / França)
35 anos
um filme:
“Hotel das Américas / Hôtel des Amériques” (1981)
 direção de André Téchiné

Cultuado pelos críticos e amado pelos franceses, suicidou-se em sua casa, disparando uma bala na cabeça. Era um dos atores europeus mais promissores dos anos 1970-80 e não se sabe a causa de sua decisão radical, possivelmente depressão barra pesada.

PHILLIPS HOLMES
(1907 - 1942. Grand Rapids, Michigan / EUA)
35 anos
um filme:
“Nao Matarás / Broken Lullaby” (1932)
 direção de Ernst Lubitsch

Louro de olhos azuis, contratado pela Paramount Pictures, estreou no cinema em 1928. Após uma série de fracassos, brilhou no clássico “Uma Tragédia Americana / An American Tragedy” (1931), de Josef von Sternberg, refilmado vinte anos depois como “Um Lugar ao Sol / A Place in the Sun” (1951). Trocou a Paramount pela Metro, mas sua carreira não evoluiu. Passou a fazer filmes baratos e teatro. Na Segunda Guerra Mundial se alistou na força aérea canadense real. O avião que o levava a caminho de seu novo destino (Ottawa) colidiu com outro, matando todos a bordo.

RENÉE ADORÉE
(1898 – 1933. Lille / França)
35 anos
um filme:
“Cossacos! / The Cossacks” (1928)
 direção de George W. Hill e Clarence Brown

Filha de artistas de circo, participou de performances desde a idade de cinco anos. Quando a Primeira Guerra Mundial estourou, ela fugiu para Londres, e depois Nova Iorque, aproveitando a oportunidade para trabalhar no cinema. Estreia em 1920 num filme de Raoul Walsh. Apesar de seu pequeno tamanho, a beleza sensual e olhos penetrantes incendiaram as telas. Contratada da M-G-M, fez grande sucesso, inclusive superando a barreira do cinema mudo para o falado. Diagnosticada com tuberculose, foi forçado a deixar de trabalhar, internando-se num sanatório. Ao deixar o hospital, morreu.

RIVER PHOENIX
(1970 - 1993. Madras, Oregon / EUA)
23 anos
um filme:
“Garotos de Programa / My Own Private Idaho” (1991)
 direção de Gus Van Sant

Irmão mais velho de Joaquin Phoenix, tinha 23 anos quando morreu de overdose de heroína e cocaína (conhecido como Speedball). A cena trágica, presenciada por seus irmãos Joaquin e Rain e pela namorada Samantha Mathis, aconteceu em frente ao Viper Room, clube que tinha como sócio Johnny Depp. River iria fazer uma performance com o seu amigo Michael Flea Balzary, do Red Hot Chili Peppers, mas após consumir a droga se sentiu mal. Deixou o local, desmaiando na calçada e tendo convulsões até a morte.

ROBERT FRANCIS
(1930 – 1955. Glendale, Califórnia / EUA)
25 anos
um filme:
“A Paixão de uma Vida / The Long Gray Line” (1955)
 direção de John Ford

Fez sua estreia no cinema em “A Nave da Revolta / The Caine Mutiny” (1954), ao lado de Humphrey Bogart. Apareceu em apenas quatro filmes, todos com temas militares, antes de morrer na queda de um pequeno avião que pilotava. Ele perdeu o controle e foi obrigado a pousar em um estacionamento urbano, mas antes disso a nave explodiu em chamas, matando o ator e dois outros passageiros. A investigação determinou que a tragédia aconteceu pela inexperiência do piloto.

ROBERT HARRON
(1893 – 1920. Nova Iorque / EUA)
27 anos
um filme:
“True Heart Susie” (1919)
 direção de D. W. Griffith

Estreou no cinema aos quatorze anos e logo se tornaria o ator favorito de D. W. Griffith. Simpático, suave, fez sucesso e inúmeros filmes na mítica Biograph. A sua morte permanece um mistério. Classificado como um acidente, fala-se em suicídio. Havia perdido o papel protagonista de “Horizonte Sombrio / Way Down East” (1920) para Richard Barthelmess, e indignado se matou com um tiro no peito.

ROBERT WALKER
(1918 - 1951. Salt Lake City, Utah / EUA)
32 anos
um filme:
“O Ponteiro da Saudade / The Clock” (1945)
 direção de Vincente Minnelli

Depois que a esposa Jennifer Jones o abandonou por David O. Selznick, passou a beber desesperadamente, morrendo de problemas respiratórios, oito meses após o fim das filmagens de “Pacto Sinistro / Strangers on a Train” (1951), de Alfred Hitchcock.

RODOLFO VALENTINO
(1895 - 1926. Castellaneta / Itália)
31 anos
um filme:
“O Águia / The Eagle” (1925)
 direção de Clarence Brown

Uma das estrelas mais populares do cinema mudo e primeiro símbolo sexual masculino do cinema, protótipo do “amante latino” fabricado por Hollywood, faleceu em consequência de uma úlcera. O seu enterro parou os Estados Unidos e diz a lenda que várias mulheres se suicidaram em protesto por sua morte prematura.

SHARON TATE
(1943 - 1969. Dallas, Texas / EUA)
26 anos
um filme:
“Eram 13... mas Faltava Uma / 13+1” (1969)
 direção de Nicolas Gessner

Casada com o cineasta Roman Polanski, grávida de oito meses, foi brutalmente assassinada por integrantes da seita satânica de Charles Manson.

SUSAN PETERS
(1921 – 1952. Spokane, Washington / EUA)
31 anos
um filme:
“Éramos Três Mulheres / Keep Your Powder Dry” (1945)
 direção de Edward Buzzell

Contratada da Metro, recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por “Na Noite do Passado / Random Harvest” (1942). Fez outros filmes, antes do acidente em um campo de caça em San Diego, em 1945, quando uma espingarda supostamente descarregada disparou contra sua coluna. Paralisada da cintura para baixo, o estúdio pagou seu tratamento, mas cancelou o contrato. Passou a trabalhar nos palcos, rádio e TV. Mergulhada na depressão e atormentada por problemas renais e pneumonia, perdeu a vontade de viver, morrendo de anorexia nervosa.

SUZAN BALL
(1934 – 1955. Jamestown, Nova Iorque / EUA)
21 anos
um filme:
“Cidade Submersa / City Beneath the Sea” (1953)
 direção de Budd Boetticher

Dedicada à carreira, tinha tudo para se tornar uma estrela. Tornou-se amante de Anthony Quinn, então casado, e foi filmar com ele “Ao Sul de Sumatra / East of Sumatra” (1953). Numa cena de dança, uma lesão no pé foi o estopim para uma série de infortúnios. Tumores se desenvolveram e ela precisou amputar a perna. Só que as dores não pararam. O câncer tinha alcançado seus pulmões e ela logo morreria.

WALLACE REID
(1891 – 1923. San Luis, Missouri / EUA)
31 anos
um filme:
“Carmen / Idem” (1915)
 direção de Cecil B. DeMille

Um dos grandes astros do cinema mudo, estreando em 1910. Bonito e cheio de impressionantes habilidades atléticas, logo conquistou o público, filmando com Cecil B. DeMille e D. W. Griffith. Durante as filmagens de “The Valley of the Giants”, no Oregon, em 1919, foi gravemente ferido em um acidente de trem. Deram-lhe morfina para ajudá-lo a lidar com a dor. Depois de ser liberado do hospital, a dor continuou, e o estúdio incentivou o consumo de morfina para que ele pudesse trabalhar. Viciado e deprimido, mergulhou no álcool. A combinação fatal de álcool e morfina o levou a morte.