outubro 18, 2010

******** DIFERENTE dos OUTROS - o CINEMA LGBT


brad davis em querelle


A produção em massa e a popularidade dos FILMES LGBT são evidentes, com proliferação de inúmeros festivais sobre o tema em todo o mundo e êxitos como “As Horas / The Hours (2002), em que são lésbicas as protagonistas (Meryl Streep, Julianne Moore e Nicole Kidman) das três histórias em torno de uma novela de Virginia Woolf. Um boom de formato e qualidade variada, com longas aborrecidos e outros honestos, desenhando personagens sem caricatura, diferente dos primeiros passos homossexuais nas telas. O cinema acatou, ao longo de décadas, códigos rígidos e controle sobre a identidade e o comportamento de seus personagens. Ainda assim, a homossexualidade está presente desde a sua invenção. Na Dinamarca, o genial diretor Carl Th. Dreyer narrou a atração de um escultor por um jovem que adota como filho em “Mikael / Idem” (1924). Na Alemanha, cuja capital fora até a ascensão de Hitler conhecida como metrópole gay da Europa e sede da primeira organização do mundo a combater a intolerância sexual, Richard Oswald dirigiu “Diferente dos Outros / Anders als die Andern (1919), com Conrad Veidt interpretando um violonista gay. Mesmo sendo um sucesso de público, da obra original preservou-se apenas 30 minutos numa cópia de má qualidade. 

“Fridericus-Rex-Zyklus / Idem (1922) fez menção à orientação sexual do imperador Frederico, o Grande. No entanto, nenhuma filme da época ousou tanto como “Senhoritas em Uniforme / Madchen in Uniform” (1931), de Leontine Sagan e com um elenco totalmente feminino. Retrata a vida num internato, destacando uma ardente e inequívoca história de amor entre duas jovens mulheres. Terminou banido pelo regime nazista e muitas das suas participantes tiveram que fugir do país. Nos anos 1930, Marlene Dietrich, vestida de fraque e cartola, atira uma flor para uma mulher na platéia e, em seguida, a beija nos lábios, durante um número musical em “Marrocos / Morocco (1930); Mae West, depois de uma bebedeira, acorda na cama de outra senhora em “Noite Após Noite / Night after Night (1932); Greta Garbo interpretou uma monarca masculinizada em “Rainha Cristina / Queen Christina” (1933). Eram exceções em Hollywood, afinal a censura, de fato, reprimia a criatividade cinematográfica impondo regras conservadoras adotadas pelos estúdios. Até 1969, zelando uma suposta moralidade, o Código Hayes proibiu questionamentos “não humorísticos” sobre gays e lésbicas em qualquer filme norte-americano. Já nas festas privadas, era distinto. As inclinações sexuais dos galãs e estrelas da Babilônia moderna eram respeitadas sem o mesmo rigor das telas. 

O pai do cinema, David W. Griffith, era um gay notório. A diva russa Alla Nazimova, estrela de “Dama das Camélias / Camille (1921), militava seu lesbianismo. As irmãs Lillian e Dorothy Gish eram amantes. O alemão Emil Jannings, o primeiro a receber o Oscar de Melhor Ator, preferia rapazes. Clark Gable começou como garoto de programa, tendo entre seus clientes, o diretor de “Minha Bela Dama / My Fair Lady, George Cukor. Greta Garbo, a Divina, era lésbica. Joan Crawford gostava de ambos os sexos. O brilhante diretor F. W. Murnau morreu num acidente de carro com o sexo do seu motorista asiático na boca. James Whale, do clássico “Frankenstein / Idem (1931), não escondia seu homossexualismo. O controle moral nas telas foi ainda mais maniqueísta durante e pós-Segunda Guerra Mundial, quando a tradição familiar revelou-se intocável e não se casar gerava desconfiança. Astros e estrelas do porte de Rodolfo Valentino, Ramon Novarro, Rock Hudson, Arletty, Cary Grant, Jack Palance, Montgomery Clift, James Dean, Claudette Colbert, Robert Taylor, Tab Hunter, Barbara Stanwyck, Charles Laughton, Dirk Bogarde ou Alan Bates não davam nas vistas, mas assumiram publicamente romances heterossexuais, temendo a decepção dos fãs e o fracasso. Gary Cooper foi proibido pelo chefão da Paramount de ser visto ao lado de um amigo delicado e inseparável, Andy Lawler, com quem habitava sob o mesmo teto. A imprensa vendia o silêncio por muitos dólares. A corrosiva colunista Hedda Hopper tirava o sossego de Montgomery Clift, tendo em mãos uma cópia de uma queixa-crime por atentado ao pudor.

Os atrevimentos e a quebra de tabus morais ficaram por conta dos cineastas europeus, como o escritor e dramaturgo Jean Genet que realizou “Chant d’Amour (1950), e Roger Vadim, que enfatizou uma atração lésbica entre Elza Martinelli e Annette Stroyberg em “Rosas de Sangue / Et Mourir de Plaisir” (1961), talvez o seu melhor filme. Diretor menor, o italiano Vittorio Caprioli fez sucesso com o corajoso “Ascensão e Queda de Madame Royale / Splendore e Miserie de Madame Royale (1970), em que um ex-dançarino gay, que ama passar suas tardes de sábado vestido de mulher com seus amigos, acaba se metendo em encrenca quando é forçado a se tornar informante da polícia para ajudar sua filha adotiva e se apaixona por um policial. Nessa época, os Estados Unidos trataram o tema discretamente em “Infâmia / The Children`s Hour (1961), de William Wyler, contando os efeitos devastadores dos mexericos escandalosos envolvendo duas professoras (Audrey Hepburn e Shirley MacLaine) num colégio interno de garotas, e “Tempestade sobre Washington / Advise & Consent” (1962), de Otto Preminger, sobre um escândalo sexual entre senhores em altas esferas políticas. De lá pra cá, surgiram centenas de filmes enfocando a temática LGBT. Atualmente, os asiáticos Ang Lee e Stanley Kwan são referência na cinematografia gay. Além deles, os franceses André Tèchiné e François Ozon, os espanhóis Ventura Pons e Pedro Almodóvar, o grego Constantine Giannaris e os norte-americanos Todd Haynes e Gus van Sant.

paul newman e elizabeth taylor 
em gata em teto de zinco quente

2 comentários:

As Tertulías disse...

As irmas Gish eram o que? Antonio esta achei um pouco demais...

Anônimo disse...

http://filmesclassicoselivros.blogspot.com.br/2009/11/diferente-dos-outros.html