outubro 25, 2010

******** As CONFISSÕES ÍNTIMAS de SOPHIA

sophia loren em 1959


“Trabalhava como modelo fotográfico das revistas Fumetti, que publicam histórias românticas em quadrinhos. O salário era pequeno, mas suficiente para viver. Mantive essa profissão durante dois anos e meio até que algo aconteceu que mudou completamente o rumo de minha existência. Uma noite, numa das minhas raras saídas, fui a boite com um colega da revista, a fim de assistir ao concurso de beleza que estava tendo lugar ali. A determinada altura, um garçom trouxe-me um cartão de visita de um dos juízes, dizendo que ele queria falar comigo. O cartão trazia o nome de Carlo Ponti. Eu sabia que Mr. Ponti era um dos mais importantes produtores de filmes da Itália. Encaminhei-me para sua mesa.- Por que a “signorina” não está no concurso? - perguntou-me. - Ora, porque não sou bonita como as outras garotas! - respondi com sinceridade. - Bobagem - exclamou Ponti. - Vou inscrevê-la.

Não ganhei o concurso, mas após o mesmo, Mr. Ponti convidou-me para fazer um teste cinematográfico. Quase desmaiei ante a idéia. A princípio, pensei que tudo não passasse da habitual conversa de um velho conquistador, pois Ponti tinha o dobro da minha idade. Mas o tempo provou que seu interesse era genuíno e que de fato via possibilidade na minha pessoa. Passei a admirá-lo profundamente e uma grande amizade nasceu entre nós - amizade que os anos transformariam em amor.

Fui bem sucedida no teste, mas como ainda precisasse de experiência, Carlo arranjou para que eu freqüentasse uma escola de arte dramática, a fim de aprender os rudimentos da representação e da boa dicção. Quando me julgou suficientemente preparada, lançou-me, dando-me também um sobrenome: Loren. Participei de 29 produções durante o período de três anos. Do quarto escuro de uma pensão da zona pobre, passei para um belo apartamento no melhor bairro de Roma. Minha carreira nada deixava a desejar. Mas quando a Paramount mandou-me oferecer um contrato para vir a Hollywood, fiquei assustada. A maioria das minhas compatriotas atrizes haviam participado de filmes norte-americanos feitos no estrangeiro, mas quando fixavam residência em Hollywood e tentavam competir de perto com as estrelas locais, acabavam fracassando. Isa Miranda, Alida Valli e Rossana Podestá eram bons exemplos. Ao mesmo tempo, algo me impelia a aceitar a proposta, pois sabia que só em Hollywood uma atriz alcança a fama internacional.

Após a fase de festas - que parecia não acabar nunca - comecei um trabalho intenso, preparando-me para vencer em Hollywood. Aperfeiçoei o meu inglês e, sem um período de férias fiz vários filmes. Até agora, tudo indica que não fracassei, como temia, pois já me sinto parte da cidade e da colônia cinematográfica. Financeiramente, encontro-me em pé de igualdade com as grandes estrelas norte-americanas, recebendo a média de 300.000 dólares por filme. Contudo, o verdadeiro responsável por essa situação privilegiada que hoje ocupo é o homem que acreditou nas minhas possibilidades e teve a coragem de arriscar dinheiro em uma desconhecida: Carlo Ponti.

Não me casei com ele por gratidão, nem lhe destruí o lar, como fui acusada. Quando nos conhecemos, Carlo já se havia separado de sua esposa, e, posteriormente, ambos tentaram várias reconciliações para benefício dos filhos. Mas o tempo provou que não havia mesmo a menor compatibilidade entre o casal. Nosso amor não foi impetuoso, nem precipitado. Nasceu de uma grande amizade, da compreensão mútua, da confiança pessoal que ele sempre me inspirou. Nunca tolerei os rapazes da minha idade. A guerra e a luta pela vida deram-me um espírito maduro. Se depender de mim, nosso casamento jamais terminará em divórcio, como os das minhas colegas de Hollywood. Essa é a verdade a meu respeito".

(Fragmento de reportagem publicada na revista “O Cruzeiro”, em 1959, intitulada “Jura de Menina Pobre”)


loren nos anos 50

9 comentários:

Unknown disse...

Sophia é minha diva preferida. Adoro o cinema italiano e minha grande queda é pelos filmes da dupla Sophia e Marcello Mastroianni... Pra mim, um completa o outro! Os amo!

Anônimo disse...

Essa atriz é maravilhosa.É uma atriz ESPECIAL.Ela tem um jeito único de tratar seus personagens.
E ainda hoje é uma mulher bonita e fascinante.Essa atriz é pura poesia
andante.E assistir seus filmes
é como recitar poemas. É só felicidade.



Sérvio lima

A Arte de Inha Bastos disse...

Filmes com Sophia Loren e Marcello Mastroianni,são sempre benvindos,A Bela Moleira e Girassóis da Rússia,são flmes que gostaria de ter,me tire uma dúvida..o primeiro é quase um conto de fadas?
Um abraço

Unknown disse...

Eu adoro "Ieri Oggi Domani", " I Girasoli", "Peccato che sia una canaglia" e "Matrimonio all'italiana"..
Não vi a "Bela moleira" ainda, deve ser bacana!

Unknown disse...

Sophia é maravilhosa. Passa força e vulnerabilidade ao mesmo tempo. E os olhos... Inveja positiva rsrs

Héric Moura disse...

Que legal! Não sabia que ela havia trabalhado na fumetti.

Sensacional a matéria. Posso copiar o post no meu blog?

hehehe

AnnaStesia disse...

Sophia sim é uma diva!

Anônimo disse...

Realmente Sophia Loren deve tudo o que é ao produtor Carlo Ponti. Ele com seus contatos transformou uma jovem desconhecida em uma das mais glamurosas e invejadas atrizes que conseguiu com os anos respeito na Itália e nos EUA ( Apesar de nos anos 50 seus filmes eram " mediócres" e ela não era atiz, mas servia por sua beleza atuando nos filmes). Eu considero Sophia atriz a partir do filme ' La Ciociara" em que ganhou o Oscar de Melhor atriz em 1961. Ela mostrou que não era somente um rosto bonito, mas que tinha um talento a ser lapidado. Conquistou fama e a admiração de homens como Cary Grant ( Ele chegou mesmo a pedi-lá em casamento)e do próprio Carlo Ponti que apesar da diferença de idade nunca demostrou insegurança. Ele criou e moldou Sophia e a fez um símbolo sexual e um símbolo da beleza italiana. Sem ele a jovem de apenas 16 anos ( Quando o conheceu) não seria Sophia Loren.

Faroeste disse...

Linda, verdadeira, profissional de marca primeira. Tudo que esta bela morena fez foi de agrado e simpatia dos cinéfilos de todo o mundo. E quando se precisou de seu talento, de seu legítimo e promissor lado profissional, lá estava ela altiva, segura e imponente ao lado de Heston em El Cid.
Uma italiana de verdade, uma atriz de raiz latina e uma das mulheres mais bela do mundo.
jurandir_lima@bol.com.br