dezembro 20, 2025

********* ROBERT TAYLOR: BELO e CONSERVADOR

lana turner e robert taylor em 1941

 

Eu era louco por Bob Taylor....
Foi provavelmente uma das melhores
pessoas que eu conheci em toda a minha vida.
Era um bom ator. E foi o mais bonito de todos.
Ele era maravilhoso.
WILLIAM A. WELLMAN, diretor.

Eu me manifesto contra o comunismo
pela mesma razão que me manifestei
contra o nazismo: porque sou a favor
da liberdade e da decência.
ROBERT TAYLOR em 1951.

altura: 1,82 cm
olhos: azuis
cabelos: negros
apelidos: Arly, Bob, O Novo Rei
e O Homem com o Perfil Perfeito
Estrela da Metro-Goldwyn-Mayer por mais de vinte anos, foi um dos atores mais amados de Hollywood, popular entre o público e os colegas. Reconhecido como um dos galãs mais bonitos do cinema, seu pai era médico e sua mãe, uma dona de casa. Na adolescência, andava de pônei, teve aulas de violoncelo, participou de peças amadoras de teatro e venceu um concurso estadual de oratória. Em 1934, estudando música na Califórnia, foi descoberto por um agente da M-G-M, assinando um contrato de sete anos com o poderoso estúdio. Durante sua carreira, ROBERT TAYLOR (1911 – 1969. Filley, Nebraska / EUA) atuou em 72 filmes, sendo aclamado por longas românticos, de aventura e faroestes. Como ídolo das matinês, figurou como atração de bilheteria por três décadas. Recebeu um Globo de Ouro em 1954. Fora das telas, era politicamente de direita e detestava comunistas. Ávido amante da natureza, pescava no Rio Rogue, no Oregon, e caçava em Nebraska e Manitoba. Entre seus companheiros de caça, o escritor Ernest Hemingway e os atores Wallace Beery, Clark Gable e John Wayne.

Em seu primeiro filme, emprestado à 20th Century-Fox, atuou ao lado do lendário Will Rogers,
“O Prático Andy / Handy Andy” (1934). Após algumas participações menores, recebeu seu primeiro papel principal, novamente emprestado, desta vez para a Universal. O melodrama “Sublime Obsessão”, de 1935, estrelado por uma grande atriz, Irene Dunne, narra a história de um rapaz festeiro e despreocupado que, inadvertidamente, causa cegueira na jovem que deseja impressionar e, então, se torna médico para curá-la. Foi um estrondoso sucesso e o transformou em um astro da noite para o dia. Nos anos 1950, houve um remake ainda mais popular, “Sublime Obsessão / Magnificent Obsession” (1954), de Douglas Sirk, com Jane Wyman e Rock Hudson. No ano seguinte, ele protagonizou “A Dama das Camélias”, ao lado da diva Greta Garbo. Tornou-se um dos atores mais populares, recebendo cartas de fãs que superavam as do rei do cinema Clark Gable. Nos anos 1930, atuou em filmes de diferentes gêneros. A partir de 1940, mudou sua imagem de bom moço, aparecendo em personagens sombrios.

De beleza estonteante, e como acontecia com atores considerados “bonitos demais”, os críticos o viam de forma preconceituosa, como apenas um rosto bonito e não um ator genuíno (acusação feita também a seu contemporâneo, Tyrone Power, da Fox). Ele teve que suportar críticas injustas durante seus primeiros anos em Hollywood, mas era profissional – elogiado como um ator dedicado e de presença confiante e imponente – e não dava atenção a tais críticas, que ao longo dos anos desapareceriam. Após a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, fez dois filmes de guerra bem recebidos: “Às Portas do Inferno / Stand by for Action”, em 1942, e, no ano seguinte, interpretou um sargento durão em “A Patrulha de Bataan”. Patriota nato, se dedicou com fervor ao esforço de guerra, ingressando no Corpo Aéreo da Marinha dos EUA como tenente e tornando-se instrutor de voo, de 1943 a 1946. Durante esse período, estrelou e dirigiu 17 filmes de treinamento e narrou o documentário de 1944 “The Fighting Lady”, sobre a vida a bordo de um porta-aviões em tempos de guerra.

Ele tinha convicções políticas rígidas de direita. Conservador ferrenho, finalizada a guerra, se juntou à Motion Picture Alliance for the Preservation of American Ideals (Aliança Cinematográfica para a Preservação dos Ideais Americanos), fundada em 1944 por Sam Wood e Walt Disney, uma organização que exaltava o estilo tradicional de vida norte-americano e combatia a crescente onda de comunismo, nazismo, fascismo e crenças afins que buscavam, por meios subversivos, minar e mudar esse modo de sociedade familiar. Seus companheiros de ideologia incluíam Barbara Stanwyck, Ronald Reagan, John Wayne e Gary Cooper, entre dezenas de outros famosos. Durante o Comitê de Atividades Antiamericanas da Câmara dos Representantes (HUAC), criado em 1938 para investigar suspeitos de comunismo, ele foi convocado a depor como testemunha, já que tinha atuado em
“Canção da Rússia / Song of Russia” (1944). Ele citou três membros do Partido Comunista: os atores Howard Da Silva e Karen Morley, e o roteirista Lester Cole. Suas carreiras terminaram por ser afetadas e Cole foi preso.

Eterno cavalheiro, não se envolveu em escândalos, apesar dos breves e discretos casos com algumas estrelas durante seu primeiro casamento com a atriz Barbara Stanwyck.  Casou-se com ela em 1939. O casal namorava desde que atuaram em
“A Mulher de Meu Irmão / His Brother's Wife”, em 1936. Quando começaram a morar juntos, foram persuadidos a se casar legalmente por Louis B. Mayer, evitando fofocas e publicidade negativa. A primeira crise aconteceu em 1941, quando Bob teve um caso com Lana Turner, pedindo o divórcio. Descontrolada, Barbara cortou os pulsos, mas logo ele se arrependeu da infidelidade. Em 1944 o casamento novamente se abalou com o tórrido romance do galã com Ava Gardner. Superaram, mas seis anos depois ele a abandonou, deixando-a numa infelicidade que nunca cessou. Ela prometeu que não voltaria a se casar, e cumpriu a promessa. Citou ROBERT TAYLOR como o amor de sua vida. Após o divórcio, amargurada, leiloou a mansão do casal em Bel-Air, Los Angeles, com todo o conteúdo, e ficou com 15% dos rendimentos do ex-marido até a morte dele.

bob taylor e barbara stanwyck
Ao conhecê-lo, Barbara Stanwyck acabara de sair de um casamento traumático com o ator alcoólatra Frank Fay. Com ROBERT TAYLOR, foi amenizada pelo amor mútuo pela vida ao ar livre (eles frequentemente iam para o rancho dela no Vale de San Fernando), pela indiferença ao estrelato e pelas simpatias políticas conservadoras. Quatro anos mais velha que o marido, famosa desde 1929, ela o orientou para papéis mais vigorosos, incluindo o fora da lei em “Gentil Tirano / Billy the Kid”, de 1941, e o mafioso em “Estrada Proibida”, do mesmo ano. Durante a década de 1950, o ator protagonizou épicos de grande sucesso de bilheteria. Solteiro, se relacionou com Eleanor Parker, que fez três filmes com ele. Em 1954, casou-se com a bela alemã Ursula Thiess (seu melhor filme, Bandido / Idem, de 1956), que abandonou a carreira artística para cuidar da família, e tiveram dois filhos, um menino e uma menina. Nessa época, adquiriram um rancho na região de Brentwood, em Los Angeles, mais tarde conhecido como Rancho Robert Taylor, desfrutando de uma vida tranquila em contato com a natureza, longe dos holofotes de Hollywood.

Em 1954, ele foi eleito o astro mais popular pela Associação de Correspondentes da Imprensa Estrangeira de Hollywood. No entanto, após o êxito de
“Os Cavaleiros da Távola Redonda / Knights of the Round Table” (1953), a carreira de ROBERT TAYLOR entrou em declínio. Seu contrato com a M-G-M finalizou em 1958, e então ele migrou para a televisão, estrelando a série “The Detectives”, que foi um sucesso de audiência durante três anos. Quando seu amigo Ronald Reagan abandonou a carreira de ator para investir na política, ele assumiu seu lugar na série de televisão “Death Valley Days”, em 1966, permanecendo até sua morte em 1969. Fumante inveterado, morreu de câncer de pulmão com a idade de 57 anos. Reagan fez o elogio fúnebre. Barbara Stanwyck estava entre aqueles que compareceram ao funeral. Ele era extremamente querido em Hollywood. Joel McCrea e Clark Gable eram seus melhores amigos. Se sentindo abençoado por trabalhar na M-G-M, na época o principal estúdio do mundo, tinha “A Ponte de Waterloo” como seu filme favorito e Greta Garbo como a atriz mais admirável.
DEZ FILMES de ROBERT TAYLOR
(por ordem de preferência) 

01
A PONTE de WATERLOO
(Waterloo Bridge, 1940) 

direção de Mervyn LeRoy
elenco: Vivien Leigh, Lucile Watson, Maria Ouspenskaya
e C. Aubrey Smith

02
SUBLIME OBSESSÃO
(Magnificent Obsession, 1935) 

direção de John M. Stahl
elenco: Irene Dunne

03
A DAMA das CAMÉLIAS
(Camille, 1936) 

direção de George Cukor
elenco: Greta Garbo, Lionel Barrymore, Elizabeth Allan,
Jessie Ralph e Laura Hope Crews

04
QUO VADIS
(Idem, 1951) 

direção de Mervyn LeRoy
elenco: Deborah Kerr, Leo Genn, Peter Ustinov,
Patricia Laffan e Marina Berti

05
MURO de TREVAS
(High Wall, 1947) 

direção de Curtis Bernhardt
elenco: Audrey Totter e Herbert Marshall

06
ESTRADA PROIBIDA
(Johnny Eager, 1941) 

direção de Mervyn LeRoy
elenco: Lana Turner, Edward Arnold, Van Heflin
e Glenda Farrell

07
TRÊS CAMARADAS
(Three Comrades, 1938) 

direção de Frank Borzage
elenco: Margaret Sullavan, Franchot Tone, Robert Young,
Charley Grapewin e Monty Woolley

08
O CAMINHO do DIABO
(Devil's Doorway, 1950)

direção de Anthony Mann
elenco: Louis Calhern, Paula Raymond, Edgar Buchanan
e Spring Byington

09
A PATRULHA de BATAAN
(Bataan, 1943) 

direção de Tay Garnett
elenco: George Murphy, Lloyd Nolan, Thomas Mitchell,
Lee Bowman, Robert Walker e Desi Arnaz

10
FLOR dos TRÓPICOS
(Lady of the Tropics, 1939) 

direção de Jack Conway
elenco: Hedy Lamarr e Joseph Schildkraut
DEZ CO-ESTRELAS de ROBERT TAYLOR

AVA GARDNER
“Lábios que Escravizam / The Bribe” (1949)

BARBARA STANWYCK
“A Força do Coração / This Is My Affair” (1937)

DEBORAH KERR
“Quo Vadis” (1951)

ELIZABETH TAYLOR
“Traidor / Conspirator” (1949)

GRETA GARBO
“A Dama das Camélias” (1936)

HEDY LAMARR
“Flor dos Trópicos” (1939)

JEAN HARLOW
Seu Criado, Obrigado / Personal Property (1937) 

JOAN CRAWFORD
“De Mulher para Mulher / When Ladies Meet” (1941)

NORMA SHEARER
“Fuga / Escape” (1940)

VIVIEN LEIGH
“A Ponte de Waterloo” (1940)

DEPOIMENTOS

“Um ser humano quente, generoso e inteligente.”
AVA GARDNER, atriz.

“Quando se pensa em sua boa aparência extraordinária, ele tinha todo o direito de ser um pouco mimado, mas não Bob. Era despretensioso, de boa índole e tinha um maravilhoso senso de humor... Era um ator muito melhor do que recebeu crédito.”
DEBORAH KERR, atriz.

“Meu ator favorito. Ele era um cavalheiro. Isso é raro em Hollywood.”
GEORGE CUKOR, diretor.

“O cara mais legal do ramo do cinema... ele ficava longe de problemas, fazia seu trabalho e fazia isso bem. A equipe o amava.”
JOE PASTERNAK, produtor.

“Um verdadeiro cavalheiro e um artista mais fino do que ele admitiria para si mesmo ou para os outros. Era bem-educado, socialmente gentil e altamente inteligente. Norte-americano até o âmago, amava sua terra, mantinha a fé e procurou o melhor.”
LAWRENCE J. QUIRK, biógrafo.
“Bob é uma raridade. Realmente incrível. Além disso, ele é gentil, robusto e bonito, e isso é raro nos dias de hoje.”
RICHARD THORPE, diretor.

“Taylor era tão bonito que, como Tyrone Power, parecia quase feminino. Ele era o que poderia chamar de um homem bonito. Ele era uma pessoa maravilhosa. E um bom ator, também.”
ROBERT YOUNG, ator.

“Talvez cada um de nós tenha sua própria memória diferente de Bob, mas de alguma forma todos se somam ao ‘homem legal’.”
RONALD REAGAN, ator e presidente dos Estados Unidos.

“Ele foi o ator mais doce com quem trabalhei. Era cooperativo e compreensivo, ao contrário da maioria dos galãs de hoje, que tentam te empurrar para fora do alcance da câmera.”
SHELLEY WINTERS, atriz.

“Foi um dos grandes cavalheiros do mundo. Era sério, trabalhador e interessado. Apesar de sua boa aparência surpreendente, estava determinado a ser um bom ator, e não apenas uma estrela.”
TAY GARNETT, diretor.
FONTES
“The Films of Robert Taylor” (1975)
de Lawren”
de Lawrence J. Quirk

“The Life of Robert Taylor” (1987)
de Jane Ellen Wayne

“Relutant Witness: Robert Taylor, Hollywood, 
and Communism” (2008)
de Linda Alexander

“Robert Taylor: A Biography”
(2010)
 de Charles Tranberg

“Robert Taylor: Male Beauty, Masculinity, and 
Stardom in Hollywood” (2019)
de Gillian Kelly


GALERIA de FOTOS

JOHN WAYNE, um HERÓI de CINEMA

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