Nasceu
em uma família rica de proprietários de hotéis. Após a morte do seu pai,
CHARLES LAUGHTON (1899 – 1962. Scarborough, Yorkshire / Inglaterra) estudou
atuação e rapidamente se tornou um bem sucedido ator. Construiu uma filmografia expressiva, mesmo que sua figura corpulenta e seu rosto nada
bonito significassem que a maioria dos papéis principais não estava disponível
para ele. Recebeu três indicações ao Oscar de
Melhor Ator, ganhando em 1933 por “A Vida Privada de Henrique VIII”. Foi o
primeiro ator britânico a arrebatar a famosa estatueta dourada.
Presença imponente no palco e na tela, estrela de cinquenta filmes e quarenta peças, ele infelizmente está esquecido nos dias de hoje. Extremamente talentoso e complexo - uma lenda artística que, no entanto, vivia em conflito com seu rosto pouco atraente e o corpo obeso. Sua personalidade abrigava uma alma torturada e insegura, um menino-homem desajeitado. Perfeccionista, achava o teatro frustrante, preferindo as possibilidades do cinema. Apesar do sucesso imediato e duradouro, ele nunca estava satisfeito e se considerava um fracasso.
laughton e o oscar |
Exuberante,
CHARLES LAUGHTON era um ator excelente, encarnando personagens sádicos e cordiais,
assassinos e advogados, artistas e simplórios, e todos com o mesmo poder de
convicção. Voz poderosa e penetrante, interpretava com paixão e imaginação. Muito
longe do protótipo de um astro pela sua gordura, traços exagerados e voz
peculiar, tornou-se uma presença estelar no cinema de
Hollywood, especializando-se em papéis ambíguos.
Seu modo particular de abordar o personagem conseguia dotá-lo de um pano de
fundo de moralidade suspeita.
No
histórico “A Vida Privada de Henrique VIII” (1933), fez um monarca vigoroso.
Pouco depois foi a vez do tirânico Capitão Bligh em “O Grande Motim” (1935) e
outros filmes populares. Originalmente escalado para “David Copperfield / The Personal
History, Adventures, Experience, & Observation of David Copperfield the
Younger” (1935), clássico de George Cukor adaptado de Charles Dickens, abandonou
as filmagens. Na época, nos bastidores, foi dito que ele
assediou sexualmente o ator infantil Freddie Bartholomew. WC Fields ficou com o
papel de Micawber. Convidado para “O Corcunda de Notre Dame” (1939), adaptado de Victor Hugo, hesitou diante
do deformado e patético Quasimodo, já que tinha problemas com sua própria
aparência. Por fim, assumiu o projeto, tornando-se o seu filme mais popular.
laughton e elsa lanchester |
A
voz clara e distinta do ator fez muito sucesso em leituras no palco de grandes
obras da literatura, viajando pela América do Norte e Inglaterra. As leituras
começaram como entretenimento para as tropas hospitalizadas na Segunda Guerra
Mundial, e mais tarde se desenvolveram em performances públicas aclamadas e
altamente populares. Foram centenas de espetáculos. No palco, de
uma sacola cheia de livros, selecionava trechos de obras de Charles Dickens, Thomas Wolfe, William Shakespeare, Esopo e, muitas vezes, a “Bíblia”. Muitas
das leituras foram preservadas em gravações de áudio e na série
de televisão “This is Charles Laughton” (1953).
O
ator não temia a experimentação, colaborando com Bertolt Brecht em 1947 em “A
Vida de Galileu”. Na direção, Joseph Losey. Um de seus sucessos mais notáveis
no teatro foi ao interpretar o Diabo em “Don Juan no Inferno”, de
Bernard Shaw, em 1950. Ele dirigiu várias peças na Broadway. Desde um
poema épico da Guerra Civil, em 1953, estrelado por Tyrone
Power, a “A Nave da Revolta”, em 1954, um sucesso estrelado por Henry
Fonda que teve 415 apresentações. Também foi um conceituado
professor de teatro, tendo entre seus alunos, Albert Finney.
Embora temesse um escândalo, sempre trazia amantes para as filmagens para ajudá-lo a relaxar. O seu pior medo se materializou enquanto dirigia Henry Fonda em “A Nave da Revolta” (1954). Fonda, irritado com o desenvolvimento da peça, atacou o diretor na frente de todos: “O que você sabe sobre os homens, sua bicha gorda?”. Parte da homofobia internalizada de CHARLES LAUGHTON foi aliviada em 1960, depois que ele e sua esposa compraram uma casa em Santa Monica, ao lado do escritor gay Christopher Isherwood e seu companheiro Don Bachardy. Os dois casais se tornaram amigos íntimos, e o orgulho gay de Isherwood e Bachardy ajudaram o ator a alcançar uma certa aceitação emocional.
Dirigiu
apenas um filme, “O Mensageiro
do Diabo / The Night of the Hunter”, de
1955, estrelado por Robert Mitchum, Shelley Winters e Lillian Gish. Embora
tenha sido um fracasso de crítica e bilheteria, desde então vem sendo citado
como um dos maiores filmes da década de 1950. Na vida privada, CHARLES LAUGHTON
tinha o ator Burgess Meredith como um dos seus melhores amigos. Homem sensível,
apaixonado pela arte japonesa, era um conhecedor de arte, acumulando uma
coleção valiosa.
laughton e lanchester |
Suas
últimas peças foram “Sonhos de Uma Noite de Verão” e o papel título de “Rei
Lear”, em 1959. Foi muito elogiado por seu retrato de um senador desonesto em
seu derradeiro filme, “Tempestade em Washigton”. Em 1962, diagnosticado com
câncer na coluna, seu peso caiu para apenas quarenta quilos. Ficou em coma e morreu em dezembro do mesmo ano. Talento criativo completo,
certa vez Daniel Day-Lewis o citou como uma de suas inspirações: “Ele foi o melhor ator de cinema da sua época. Tinha algo notável. Sua
generosidade como ator alimentava seu trabalho e impedia o público de tirar os
olhos dele em cena.”
no premiado “a vida privada de henrique VIII” |
5 comentários:
A 123 anos nascia o grande astro inglês Charles Laughton vencedor do Oscar de melhor ator do filme Rembrandt e astro dos filmes clássicos: A grande revolta , Henrique 8 e suas mulheres, Agonia do amor , A testemunha de acusação e Spartacus e foi diretor do ótimo O Mensageiro do Diabo com Robert Mitchum em 1961 aos 61 anos nos deixou depois de sofrer um ataque cardíaco mas sempre será lembrado
Entre outros papéis, foi o melhor Quasimodo do cinema (O Corcunda de Notre Dame, 1939)..
Foi um grande ator mesmo, esse Testemunha de acusação e Spartacus são tampa demais ✌️
Seu trabalho em Testemunha de acusação é simplesmente inesquecível !
O notei pela primeira vez em Spartacus. E, sim, me marcou exatamente a ambiguidade do personagem. Em Testemunha de Acusação me pareceu histriônico demais, acho que foi a mão de Billy Wider nesse caso.
Dos demais fimes que citou vi apenas O Grande Motin, ele está ótimo como o detestável Blight.
Parabéns pelo seu texto completo. Não sabia de todas as facetas e história profissional de Charles Laughton.
Obrigado e um abraço!
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