dezembro 23, 2023

******** CINEMA BRASILEIRO: GRITOS e SILÊNCIOS

daniel de oliveira em a festa da menina morta

 

Conheço bem a trajetória de altos e baixos do cinema nacional. Do experimental “Limite” (1931), de Mário Peixoto, ao pioneiro Humberto Mauro. Da filmografia luxuosa da Vera Cruz às hilárias chanchadas, o Cinema Novo, o udigrúdi, a Retomada e longas mais recentes. Infelizmente é uma cinematografia sem plateia, com raros elogios da crítica sensata, totalmente impessoal. Vive dos cofres públicos, das políticas de fomento cultural. Resumindo: usa e abusa do dinheiro do povo.
 
Pra variar, o Senado prorrogou, até 2033, a obrigatoriedade de exibição de 10% de produções brasileiras nas salas de cinema. O mesmo acontece nos canais por assinatura. É como obrigar uma loja a vender produto ou grife de um determinado país. Um abuso de autoridade, suplantando qualquer espécie de racionalidade. Não funciona, não incentiva a audiência, os locais ficam praticamente vazios. 
 
lázaro ramos em cidade baixa
Viciado em dinheiro público, nosso cinema precisa ser desintoxicado, fazer obras relevantes (como na Argentina). Nos últimos anos, contam-se nos dedos filmes brasileiros competentes. Para uma renovação, seria preciso parar de copiar a dramaturgia televisiva. Chega de violência, sexo, humor tosco e lacração. Chega de valorizar diretores medíocres como Kleber Mendonça Filho ou Petra Costa.
 
Desconsiderado o paradoxo, a hora é de implantar o impacto da qualidade artística. Caso contrário, rejeitaremos ainda mais a indústria audiovisual brasileira. É, no mínimo curioso, que praticamente sem exibição ou público, ainda assim dezenas de filmes tupiniquins são produzidos anualmente. Quais são os critérios e parâmetros? Os cofres públicos e a farra das viagens internacionais aos festivais de cinema?
 
Cansamos de sustentar artistas lacradores incapazes de ir à luta como todos para sobreviver do seu ofício; da exploração mamateira, o fracasso maquiado, militante, feito pra causar choque. Queremos um cinema impetuoso, contundente, independente de verbas públicas. É desejar muito ou no Brasil só próspera a corrupção?
 
wagner moura em tropa de elite

ACERTOS do CINEMA BRASILEIRO no SÉCULO XXI
(por ordem de preferência)
 
01
LAVOURA ARCAICA 
(2001)
 

direção de Luiz Fernando Carvalho
 
02
ABRIL DESPEDAÇADO 
(2001)

direção de Walter Salles
 
03
CARANDIRU 
(2003)

direção de Hector Babenco
 
04
CINEMA, ASPIRINAS e URUBUS 
(2005)
 

direção de Marcelo Gomes
 
05
DESMUNDO 
(2003)

direção de Alain Fresnot
 
06
AMARELO MANGA 
(2002)
 

direção de Cláudio Assis
 
07
O LOBO ATRÁS da PORTA 
(2013)

direção de Fernando Coimbra
 
08
TROPA de ELITE I e II 
(2007 e 2010)


direção de José Padilha
 
09
A FESTA da MENINA MORTA 
(2008)
 

direção de Matheus Nachtergaele
 
10
CIDADE BAIXA 
(2005)

direção de Sérgio Machado
 
11
TATUAGEM 
(2013)

direção de Hilton Lacerda
 
12
FELIZ NATAL 
(2008)
 

direção de Selton Mello
 
13
BICHO de SETE CABEÇAS 
(2000)

direção de Laís Bodanzky
 
14
ESTÔMAGO 
(2007)

direção de Marcos Jorge
 
15
O CHEIRO do RALO 
(2007)

direção de Heitor Dhalia
 
16
BOI NEON 
(2015)

direção de Gabriel Mascaro
 
17
CIDADE de DEUS 
(2002)

direção de Fernando Meirelles e Kátia Lund
 
18
O INVASOR 
(2002)
 

direção de Beto Brant
 
GALERIA de FOTOS
 


novembro 27, 2023

********** MARILYN e JFK: a VERDADEIRA HISTÓRIA



“Não me falta homem, o que me falta é amor.”
 
“Detesto coisas mais ou menos, não sei amar mais ou menos, não me alimento de quases. É tudo ou nada.”
MARILYN MONROE
 

  
“Marilyn e JFK” (2008), do francês François Forestier, é um livro agradável, mas não 100% confiável. Há uns 20% de especulação. Confirma minhas suspeitas: MARILYN MONROE (1926 – 1962. Los Angeles, Califórnia / EUA) era suicida em potencial; e a teoria conspiratória que liga a sua morte a JOHN F. KENNEDY (1917 – 1963. Brookline, Massachusetts / EUA) é lorota para vender jornal. A biografia apresenta a estrela de Hollywood como manipuladora e insuportável. O icônico presidente surge como um sujeito mimado que, na vida pessoal, não praticava ética. Por trás da loira sedutora, uma ninfomaníaca, alcoólatra, viciada em drogas, que conduzia suas relações íntimas com sinceridade. Sob a máscara do jovem político bronzeado e popular, a obsessão pelo sexo, a infidelidade, o egocentrismo e a vaidade.
 
O suposto romance deles é um dos rumores mais populares e misteriosos da cultura pop. Atraiu mais interesse mediático do que qualquer outro. Existem vários depoimentos conflitantes sobre quando eles se conheceram. Segundo o famoso biógrafo James Spada, em entrevista na revista “People”, o charmoso e mafioso ator Peter Lawford – cunhado de JFK – apresentou em 1954 a diva ao futuro presidente. Em abril de 1957, ambos estavam em um baile no Waldorf-Astoria, em Nova York, mas acompanhados por seus respectivos cônjuges: Jackie e Arthur Miller. A festa teve mil convidados, então seus caminhos podem nem ter se cruzado naquela noite.
 
a única foto deles juntos
Há a possibilidade de que tenham se conhecido em 1961, em um jantar na residência de Lawford, em Santa Monica. Mas a maioria dos biógrafos acredita que tudo começou em março de 1962, na mansão do cantor-ator Bing Crosby em Palm Springs. No livro de Donald Spoto, “Marilyn Monroe: A Biografia” (1993), o massagista e amigo da atriz, Ralph Roberts, afirma que ela ligou desta festa para pedir conselhos sobre como fazer uma massagem. Ele garantiu que ouviu a voz do presidente e também falou com ele: “Marilyn me disse que esta noite foi a única vez em que dormiu com JFK. Muitas pessoas pensam que houve mais do que isso. Mas ela me afirmou que não foi um grande acontecimento para nenhum dos dois. Aconteceu uma vez e acabou.”
 
Esse relato é apoiado pela filha de Lee Strasberg, Susan – atriz, professora de atuação e amiga íntima de MARILYN -, em suas memórias publicadas na revista “Vanity Fair”: “Foi bom pra ela ir pra cama com um presidente carismático. Marilyn adorava o sigilo e o suspense da situação deles, mas Kennedy não era o tipo de homem com quem queria ter algo sério, e ela deixou isso bem claro.” Susan também confirmou que houve apenas uma única noite de sexo, onde ele a convidou para se apresentar em sua festa de 45º aniversário. Em 19 de maio de 1962 – apenas três meses antes de morrer, aos 36 anos –, no aniversário, ela usava um vestido creme justíssimo, adornado com pérolas e strass, costurado em seu próprio corpo, e coberto por um casaco de pele, que tirou quando subiu no palco. O evento foi transmitido pela TV para 40 milhões de norte-americanos.
 
no aniversário de kennedy
Provavelmente na versão mais sexy de todos os tempos da clássica canção, MARILYN MONROE interpretou um “Happy Birthday, Mr. President” de tirar o fôlego. JFK brincou: “Agora posso me aposentar da política depois de você ter cantado parabéns para mim de uma forma tão doce e saudável”. Não se sabe se eles ficaram novamente juntos, não há prova ou testemunho, e existe apenas uma foto da dupla - e de seu irmão, Robert - tirada após esse evento em uma festa na casa de um executivo de cinema. No entanto, muitos acreditam que os amantes se encontravam no Carlyle Hotel, em Nova York, ou na casa de praia de Peter Lawford, em Santa Mônica, onde tomavam banhos de mar pelados. Não há provas disso, só fofocas. O certo é que na época o adultério do presidente tornou-se o grande assunto dos EUA.
 
O livro “Estes Poucos Dias Preciosos. O Último Ano de Jack com Jackie”  (2013), de Christopher Andersen, conta que a atriz chegou a telefonar para Jackie Kennedy, dizendo que se casaria com seu marido. “Ótimo. Eu me mudo, e você fica com todos os problemas”, respondeu a primeira-dama. Ainda de acordo com narrativas, JFK não era o único Kennedy com quem a atriz mantinha relações sexuais. Embora o affair com Bobby nunca tenha sido testemunhado, em uma carta que MARILYN MONROE escreveu para um dos filhos de Arthur Miller, ela descreveu o encontro com ele: “Jantei ontem à noite com o procurador-geral dos Estados Unidos, Robert Kennedy. Ele é muito inteligente e, além de tudo isso, tem um ótimo senso de humor. Acho que você gostaria dele. Enfim, tive que ir a um jantar ontem à noite porque ele era o convidado de honra e quando perguntaram quem ele queria conhecer, ele quis me conhecer. Ele também não é um mau dançarino.”
 
kennedy e jackie
Há especulações de pessoas próximas da atriz que alegam que Robert Kennedy pode ter estado na casa da atriz no dia em que ela morreu e que houve uma discussão entre eles. Na BBC, em 1983, em uma entrevista entre o biógrafo e jornalista Anthony Summers e a governanta da estrela, Eunice Murray – que pode ser ouvida no documentário “The Mystery of Marilyn Monroe: The Unheard Tapes” (2022) –, ela diz que houve um “momento em que coloquei a cabeça entre as mãos e disse: 'Oh, por que tenho que continuar escondendo isso?'” Summers pergunta: “Encobrindo o quê, Sra. Murray?”. Ela responde: “Bobby Kennedy esteve lá. É verdade que ela teve um caso com ele”. Fala-se também que Bobby soube que ela estava grávida e a rejeitou, mudando os números de telefone de sua linha direta para que ela não pudesse mais encontrá-lo.
 
Juntamente com as supostas tendências comunistas de MARILYN MONROE (que fez com que o FBI abrisse um arquivo sobre ela, ao lado do dramaturgo Arthur Miller), as ligações da atriz com os Kennedy podem explicar por que as autoridades a estavam rastreando até o dia em que ela morreu. Embora o FBI tenha divulgado alguns arquivos editados que podem ser lidos online, não há nada que mencione o ex-presidente e seu irmão, o que significa que quaisquer relacionamentos amorosos, verdadeiros ou não, foram levados para o túmulo pelos três.

john f. kennedy
Por fim, recomendações para quem se interessa pela história desse triângulo. O melhor, mais completo e confiável livro que li sobre a vida da atriz foi “A Deusa: As Vidas Secretas de Marilyn Monroe” (1987), de Anthony Summers. Sobre JFK? “O Lado Negro de Camelot” (1998), do jornalista Seymour Hersh, que desmonta a tese de conspiração no assassinato de Kennedy.
 
Depois de John F. Kennedy, sem rumo, a loura mais amada do planeta fez mais um aborto e mergulhou numa maratona sexual desesperada, participando de orgias com Peter Lawford e Frank Sinatra. Álcool, drogas e sexo já não a saciavam. Acordava com doses de Bloody Mary e anfetaminas. Bebia champanhe o dia inteiro. Na madrugada de 5 de agosto de 1962, possuída por incontrolável solidão, morreu de overdose. Tinha 36 anos. Seu ex Joe DiMaggio, único homem que realmente a amou, organizou todos os detalhes de seu funeral e providenciou para que, ao lado da lápide, nunca faltassem rosas vermelhas.
 
As ÚLTIMAS FOTOS de MARILYN
 BERT STERN
(1929 – 2013. Nova Iorque / EUA)
1962