Felizmente, a realidade em um filme
- ao contrário de algumas crenças -
não se restringe a
temas sórdidos ou chocantes,
nem a uma linguagem grosseira,
nem à violência
gratuita etc.
A realidade em um filme de bom gosto
também é saudável, é amor e
romance.
É coragem, aventura, inspiração
e heroísmo. E todos nós somos
enriquecidos por causa disso.
LORETTA YOUNG
LORETTA YOUNG
Olhos: azul-acinzentados
Cabelos: castanhos claros
Apelidos: Santa Loretta e A Borboleta de Aço
Altura: 1,67 cm
Por trás do glamour, do carisma e do estrelato, era uma mulher requintada, de classe e dignidade, cuja verdadeira beleza estava em sua dedicação à família, sua profunda fé católica e sua busca para viver a vida com um propósito. Uma das maiores estrelas de Hollywood dos anos 30 e 40, ela filmou com John Ford, Frank Capra, Cecil B. DeMille e Orson Welles. Sua vitoriosa carreira começou no cinema mudo e terminou com um programa de tevê de sucesso, “The Loretta Young Show”, no horário nobre. No meio tempo, LORETTA YOUNG (1913 – 2000. Salt Lake City, Utah / EUA) ganhou um Oscar de Melhor Atriz em 1948 por “Ambiciosa”. Seus personagens cinematográficos geralmente são amorosos e justos, e na vida real ela era exatamente assim.
Nasceu Gretchen Young. Quando tinha três anos, seus pais se separaram e ela e suas duas irmãs foram morar em Hollywood, onde a mãe sobreviveu administrando uma pensão. Todas ajudavam na hospedaria e, com a indicação de um tio, que era assistente de direção, tornaram-se atrizes mirins. Exibida inicialmente no curta-metragem Arthur CardenesThe Only Way” (1914), fazendo uma criança chorosa deitada em uma mesa de operação. Ao filmar “The Primrose Ring” (1917), a super-star Mae Murray se ofereceu para adotá-la e ela viveu com os Murray por um ano e meio. LORETTA YOUNG também teve uma breve cena em “O Sheik / The Sheik” (1921), sucesso do latin lover Rodolfo Valentino. Sua mãe se casaria em 1922 com um de seus inquilinos, George Belzer.
Depois de estudar em um internato de freiras, aos 14 anos ela conseguiu um pequeno papel em “Em Maus Lençóis / Naughty But Nice”. Seguindo o conselho da estrela Colleen Moore, mudou seu nome, sendo anunciada como LORETTA YOUNG pela primeira vez em “Pancadas de Amor / The Whip Woman”, em 1928. No mesmo ano, protagonizou “Ria, Palhaço, Ria / Laugh Clown Laugh”, com o lendário Lon Chaney. Tinha uma voz agradável, rouca e fez facilmente a transição para o falado. Ambiciosa e trabalhadora, entre 1929 e 1930 apareceu em 16 filmes. Ao se apaixonar pelo ator Grant Withers, nove anos mais velho que ela, fugiu com ele para Yuma, no Arizona, e viveram juntos por oito meses, mas o casamento foi um fiasco e ela pediu a anulação.
Seu esforço profissional valeu a pena quando o produtor Darryl F. Zanuck, da Warner Brothers, a contratou. Ao deixar o estúdio para ir trabalhar na 20th Century Fox, em 1934, ele a levou. LORETTA YOUNG compartilhou as telas com os maiores astros da época - Lon Chaney, Clark Gable, James Cagney, Spencer Tracy, Ronald Colman, Charles Boyer, Warren William, Cary Grant, Tyrone Power, Robert Taylor, Don Ameche, Warner Baxter, Joel McCrea, David Niven, Fredric March, Brian Aherne, Alan Ladd, Gary Cooper, Robert Mitchum, William Holden, Van Johnson e Jeff Chandler, entre outros. Mesmo recatada, teve casos com os casados Spencer Tracy e Clark Gable. Em 1935, ao filmar “O Grito da Selva” (1935) com Gable, deu origem a um dos maiores segredos de Hollywood.
Eles se envolveram durante meses. Gable era casado e não planejava se divorciar. Ela engravidou e por causa das rígidas cláusulas de moralidade em seu contrato ninguém poderia ficar sabendo. Para evitar o escândalo que poderia arruinar a carreira de ambos, viajou “de férias” com sua mãe para a Europa, onde teve secretamente uma menina e depois a entregou a um orfanato. Dois anos depois, simulou a adoção de um bebê. O pai viu a garota apenas uma vez, quando ela tinha quinze anos. Ele nunca a reconheceu como filha, mas era visível a semelhança física entre ambos. No livro de memórias “Conhecimento Incomum”, Judy Lewis conta que no encontro trocaram algumas palavras e na despedida ele a beijou na testa. Nunca mais voltou a vê-lo.
loretta young e clark gable em 1935 |
A atriz recusou o papel de Ellie Andrews em “Aconteceu Naquela Noite / It Happened One Night” (1934), dando a Claudette Colbert a oportunidade de ganhar o Oscar de Melhor Atriz. Recusou também “Os Inocentes / The Inocents” (1961) e “Com a Maldade na Alma / Hush...Hush, Sweet Charlotte” (1964). No total, atuou em 90 filmes durante uma carreira de 26 anos. Na década de 1930, ela era a queridinha da América. Em 1938, teve um sucesso notável com “Romance do Sul / Kentucky”. Nos anos 1940, ainda era uma das mulheres mais bonitas de Hollywood. Consolidando sua reputação, causou impacto em 1946 como a esposa de um nazista em “O Estranho’’, de Orson Welles.
Em 1947, a comédia “Ambiciosa” foi um sucesso de crítica e bilheteria. Também em 1947, estrelou “Um Anjo Caiu do Céu”, com Cary Grant e David Niven, outro estrondoso sucesso. Outra comédia bem recebida foi “Mamãe, Ele e Eu / Mother Is a Freshman’’ (1949), com Van Johnson, e no mesmo ano ela recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz por sua participação em “Falam os Sinos / Come to the Stable”, ao lado da excelente Celeste Holm. O último papel de LORETTA YOUNG no cinema foi em 1953 na comédia “O Amor Resolve Tudo / It Happens Every Thursday”. Ao abandonar a sétima arte, começou uma segunda carreira igualmente bem-sucedida como apresentadora do “Letters to Loretta”, em 1953 - mais tarde “The Loretta Young Show”.
O triunfante programa de variedades foi perfeito para seu estilo conservador, voltado para a família, com a estrela lendo um poema ou uma passagem bíblica no final de cada edição. Ganhou três prêmios Emmy em oito anos. Ela fazia uma entrada espetacular, em vestidos deslumbrantes, e se tornou ainda mais famosa durante oito temporadas, finalizando em 1961. Após o fim do trabalho na TV, LORETTA YOUNG se aposentou, dedicando seu tempo ao serviço voluntário para instituições de caridade católicas, junto com suas amigas atrizes Jane Wyman e Maureen O'Hara. Saiu da aposentadoria para aparecer em dois filmes de televisão, “O Último Natal / Christmas Eve”, em 1986, pelo qual ganhou um Globo de Ouro, e “Lady in a Corner”, três anos depois.
Em 1940 ela se casou com Tom Lewis, produtor e roteirista, com quem teve dois filhos, Christopher e Peter Charles. Se divorciaram no início dos anos 1960. Em 1961 lançou a autobiografia “As Coisas que Tive que Aprender / The Things I Had to Learn”, sem citar o caso com Clark Gable. Em 1972, processou a rede NBC por transmitir ilegalmente seus programas de TV no exterior, ganhando 600 mil dólares. Foi dona de uma empresa de cosméticos na década de 1960, com sede em Nova York. Conservadora, republicana, apareceu em anúncios em apoio a presidentes como Dwight D. Eisenhower, Gerald Ford, Ronald Reagan e George W. Bush. Doou dinheiro ao Comitê Nacional Republicano e, com sua amiga Irene Dunne, foi ativa em eventos políticos de direita.
Casou pela terceira vez em 1993, aos 80 anos, com Jean Louis, um estilista vencedor do Oscar. Suas criações mais famosas incluem o vestido negro sem alças de Rita Hayworth em “Gilda / Idem” (1946), bem como o vestido de lantejoulas de Marilyn Monroe usado para cantar “Parabéns, sr. Presidente” para John F. Kennedy. Ele morreu em 1997. LORETTA YOUNG viveu uma aposentadoria tranquila em Palm Springs, Califórnia, até sua morte em 2000, de câncer de ovário, aos 87 anos.
FONTES
Behind The Door: the Real Story of Loretta Young (2016)
de Edward J. Funk;
As Coisas que Tive que Aprender
Behind The Door: the Real Story of Loretta Young (2016)
de Edward J. Funk;
As Coisas que Tive que Aprender
(The Things I Had To Learn, 1961)
de Loretta Young;
Conhecimento Incomum
de Loretta Young;
Conhecimento Incomum
(Uncommon Knowledge, 1994)
de Judy Lewis;
Forever Young: The Life, Loves, and Enduring Faith of a Hollywood Legend (2000)
de Joan Wester Anderson.
de Judy Lewis;
Forever Young: The Life, Loves, and Enduring Faith of a Hollywood Legend (2000)
de Joan Wester Anderson.
loretta young e tyrone power em “café metrópole” |
10 FILMES
de LORETTA YOUNG
(por ordem de preferência)
01
As CRUZADAS
(The Crusades, 1935)
(por ordem de preferência)
01
As CRUZADAS
(The Crusades, 1935)
direção de Cecil B. DeMille
elenco: Henry Wilcoxon, C. Aubrey Smith,
Joseph Schildkraut e Alan Hale
02
O ESTRANHO
(The Stranger, 1946)
02
O ESTRANHO
(The Stranger, 1946)
direção de Orson Welles
elenco: Orson Welles e Edward G. Robinson
03
Um ANJO CAIU do CÉU
(The Bishop's Wife, 1947)
Gladys Cooper e Elsa Lanchester
04
O PARAÍSO de um HOMEM
(Man's Castle, 1933)
04
O PARAÍSO de um HOMEM
(Man's Castle, 1933)
e Walter Connolly
05
O GRITO das SELVAS
(The Call of the Wild, 1935)
05
O GRITO das SELVAS
(The Call of the Wild, 1935)
direção de William A. Wellman
elenco: Clark Gable e Jack Oakie
06
A CONQUISTA de um IMPÉRIO
(Clive of India, 1935)
direção de Richard Boleslawski
elenco: Ronald Colman, Colin Clive e C. Aubrey Smith
07
SUEZ
(Idem, 1938)
e Nigel Bruce
08
AMBICIOSA
(The Farmer's Daughter, 1947)
08
AMBICIOSA
(The Farmer's Daughter, 1947)
e Lex Barker
09
O PASSADO de uma MULHER
(Midnight Mary, 1933)
09
O PASSADO de uma MULHER
(Midnight Mary, 1933)
e Una Merkel
10
MULHER, a QUANTO OBRIGAS
(Key to the City, 1950)
10
MULHER, a QUANTO OBRIGAS
(Key to the City, 1950)
Bette
Davis e Ingrid Bergman foram as melhores atrizes da minha época. Eram honestas,
cheias de integridade, vulneráveis. Acho que nunca veremos uma atuação melhor
no cinema do que Bette Davis em “Pérfida” ou “A Estranha Passageira”.
LORETTA YOUNG
LORETTA YOUNG