Altura: 1,68 m
Olhos: verdes
A TRISTE HISTÓRIA de FRANCES FARMER
Loira, inteligente, inconformada. Ela é uma lenda, com uma
história de rebeldia, tragédia, confinamento. Desde garota suas leituras de
dramaturgia eram de autores sofisticados e com elas o sonho de se tornar uma
renomada atriz de teatro. Ganhou um concurso para participar de uma peça e na
sequência, em 1935, a Paramount Pictures lhe ofereceu um contrato de sete anos.
Ela aceitou. Era o mais próximo daquilo que queria: fazer teatro
e ser uma boa atriz. Lançada como “a nova Garbo”, a belíssima FRANCES FARMER (Seattle,
Washington, EUA. 1913 - 1970) tinha tudo para se tornar uma estrela, mas não foi bem aproveitada pelo estúdio, atuando em filmes
inexpressivos. Além disso, negava-se a interpretar, fora das telas, o papel da diva linda, sensual e quase tola, esnobando o Star System hollywoodiano.
Hollywood explorou a sua beleza em fitas supérfluas e desprovidas de valor. Tentaram glamourizá-la. Torná-la numa estrela de estilo, elegância e vestidos bonitos. Mas tudo o que ela queria era
representar com qualidade. Emprestada ao produtor independente Samuel Goldwyn, atuou em seu melhor filme, “Meu Filho é Meu Rival / Come and Get It” (1936), dos grandes cineastas Howard Hawks e William Wyler. Sem brilho maior faria outros filmes, sendo um dos
últimos o simpático “Ódio no Coração / Son of Fury” (1942), de John Cromwell,
com Tyrone Power e Gene Tierney.
Negando o mundo de glórias, dinheiro e fama
oferecidos pelo cinema, a atriz resolveu investir nos seus velhos sonhos e trabalhar
nos palcos da Broadway. Destacou-se numa peça ao lado de John Garfield e Elia
Kazan, resultando em um confronto brutal com a mãe e o estúdio. Hollywood não
admitia uma retirada de cena tão inesperada. Sua mãe projetava nela sua ambição de grandeza e sucesso, e terminou por condená-la a tratamentos em hospícios,
suplícios e maltratos. Além de uma lobotomia, não oficialmente confirmada, com
o objetivo de aplacar seu suposto comportamento antissocial, agressivo e os
problemas com álcool.
Seu temperamento forte, a bebida e o infortúnio no
amor a levaram ao comportamento escandaloso. Aos 28 anos, repreendida por
dirigir embriagada e sem licença, insultou os patrulheiros,
agravando sua situação por desacato à autoridade e sentenciada a 180 dias de
prisão.
Em liberdade condicional, poucas semanas depois foi novamente autuada
por ter deixado de se apresentar à justiça. Histérica e furiosa, descontando em
qualquer um, deslocou o maxilar da cabeleireira do salão de beleza onde se
encontrava e fugiu de carro com os seios à mostra. Perseguida pelos policiais,
lutou selvagemente com eles, sendo levada para a delegacia nua, onde chocou as
autoridades ao escrever “piranha” no espaço destinado a sua ocupação profissional.
Na corte, atirou um tinteiro na cabeça do juiz. Condenada a seis
meses de prisão, agrediu um policial e foi levada a uma cela metida em
camisa-de-força. A atriz andava com o coração destroçado com o seu recente
divórcio do ator Leif Erickson e o fim do caso com o dramaturgo Clifford Odets.
Em cana, recusou-se a fazer qualquer trabalho voluntário. Cada vez mais
agressiva e revoltada com sua condição, passou meses em sanatórios, acabando
por ser considerada insana e confinada num hospício.
Voltaria a fazer um
modesto filme em 1958. Ela viveu seu martírio pessoal com as internações, em um
tempo em que a psiquiatria engatinhava e os tratamentos eram cruéis. Enquanto confinada, constantemente dopada, ia perdendo a fibra e
a força moral. Foi o preço por sua rebeldia e por renegar o
glamour exigido pelos estúdios. Vista pelos colegas como uma ingrata e uma louca
desbocada, FRANCES FARMER viveu atormentada pela solidão e por sua
própria mãe, que não a entendia.
Ela foi casada
três vezes, a primeira delas com Leif Erickson, de 1936 a 1942. Não teve
filhos. Em 1970, aos 56 anos, morreu vitimada pelo câncer. Após a sua morte,
foi assunto de filmes, livros, canções, poemas e artigos. Kurt Cobain, da banda “Nirvana”, confessou
admirar a atriz que quebrou as regras de Hollywood. No álbum “In Utero”, uma das faixas se chama “Frances Farmer will Have
her Revenge on Seattle”.
O mais horrível que aconteceu a FRANCES FARMER foi
nunca ter sido compreendida e respeitada como ser humano com vontade própria. O
preço exigido por Hollywood foi demasiado alto, resultando numa melancólica trajetória que rendeu o desconcertante “Frances / Idem” (1983), de Graeme
Clifford, com Jessica Lange em atuação memorável, nomeada ao Oscar de Melhor Atriz,
e um dos três filmes sobre sua vida. Uma reverência a
atriz que morreu longe de seus ideais de juventude, o palco que tanto amava,
fazendo apenas algumas aparições esporádicas na televisão. Entretanto, sua
história permanece além dos filmes e da decadência imposta.
10 FILMES de FRANCES
01
O ÚLTIMO ROMÂNTICO
direção de Norman
Taurog
elenco: Bing Crosby
02
MEU FILHO é MEU RIVAL
direção de Howard
Hawks e William Wyler
elenco: Edward Arnold,
Joel McCrea e Walter Brennan
03
direção de Alexander Hall
elenco: Fred MacMurray e Lloyd Nolan
04
ÍDOLO de NOVA IORQUE
direção de Rowland V.
Lee
elenco: Edward Arnold,
Cary Grant e Jack Oakie
05
SANGUE de COSSACO
direção de Alfred E. Green
elenco: Akim Tamiroff
06
Ao SUL de PAGO-PAGO
direção de Alfred E. Green
elenco: Victor McLaglen e Jon Hall
07
OURO LÍQUIDO
direção de Alfred E. Green
elenco: John Garfield e
Pat O’Brien
08
ESPIÕES do EIXO
direção de Ted
Tetzlaff
elenco: John Barrymore e Ricardo Cortez
09
HERANÇA de ÓDIO
direção de Stuart
Heisler
elenco: Albert Dekker e Susan
Hayward
10
ÓDIO no CORAÇÃO
direção de John
Cromwell
elenco: Tyrone Power,
Gene Tierney, George Sanders
e Roddy McDowall
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