Altura: 1,88 m
Cor dos olhos: Marrom escuro
Cabelos: Pretos
Apelido: Big Tam
A trajetória de SEAN CONNERY (Edimburgo,
Escócia. 1930) é uma odisseia. Primeiro foi leiteiro em sua terra natal, Escócia,
e hoje é reconhecido como um dos maiores astros do
cinema. Antes da primeira oportunidade na vida artística, serviu na Marinha
Real e trabalhou como motorista de caminhão, operário, padeiro, salva-vidas,
fisiculturista e modelo vivo para pintores e escultores. Por insistência de um
amigo, em 1953, aos 23 anos, fez testes para uma peça musical. Aprovado - mais
pela estampa, ele reconhece -, dois anos mais adiante estrearia no cinema.
Após trabalhos menores no cinema, o sucesso bateu na porta em 1962, contratado pelos produtores Harry Saltzman e Robert Broccoli
para viver James Bond, agente inglês com licença para matar. Diversos outros nomes foram considerados para o lendário papel:
Cary Grant, David Niven, Patrick McGoohan, Laurence Harvey, Richard Todd,
Trevor Howard, Rex Harrison, James Mason, Steve Reeves, Richard Johnson,
William Franklyn, Stanley Baker, Ian Hendry, Richard Burton, Rod Taylor e
George Baker. “007
Contra o Satânico Dr. No” lançou uma das mais bem sucedidas séries
cinematográficas, que resiste há mais de 50 anos. Nela, SEAN CONNERY fez seis
filmes oficiais e um independente, marcando o personagem de maneira definitiva.
Afinal, quem não o recorda pronunciado a frase emblemática: “Meu nome é Bond. James Bond”?
Considero o ator escocês o mais espetacular 007 que o cinema já
viu, embora goste de muitos outros. Sexy, valente, atrevido, destemido e
elegante espião a serviço de sua majestade britânica, tornou-se um dos símbolos fundamentais da cultura pop dos anos 1960. Frio na hora de matar e galanteador
com as mulheres, o ícone não era uma unanimidade, acusado de violento e
machista, mas se beneficiou de um fã célebre – o presidente dos EUA, John Kennedy,
notório mulherengo, declarou não haver diversão melhor para desanuviar as pressões
do cargo. SEAN CONNERY protagonizou o herói em “007 Contra o Satânico Dr. No”, “Moscou Contra
007”, “007 Contra Goldfinger”, “007 Contra a Chantagem Atômica”, “Com 007 Só Se
Vive Duas Vezes” e “007 - 0s Diamantes São Eternos”.
Em 1971, o ator optou por investir numa carreira diversificada. No
entanto, mais de dez anos depois, atendeu aos apelos dos produtores e do
público, voltando a participar de uma nova aventura do espião em “007 - Nunca
Mais Outra Vez”. Produção decepcionante, revelou-se
fracasso de crítica e de bilheteria. Felizmente SEAN CONNERY não ficou
restrito ao papel e, antes de abandoná-lo, usou a popularidade que a
série lhe proporcionou para participar de projetos mais ambiciosos. Filmou com Alfred Hitchcock, Richard Brooks, Fred Zinnemann, Sidney
Lumet, Martin Ritt e John Huston.
Alto e charmoso, sua presença na tela é radiante, fixando a
personalidade, gestos e o inconfundível modo de falar de James Bond, numa
combinação exata da atração exigida pelo herói literário criado por Ian Fleming
em 1953. “Admito que me pagam muito bem, mas eu mereço. Afinal, nem as
prostitutas, rodando bolsinha, foram mais abusadas do que eu na tela dos
cinemas”, disse na época. Conquistador nato, Lana Turner não
resistiu aos seus encantos em “Vítima de uma Paixão / Another Time, Another
Place” (1958), tampouco Tippi Hedren em “Marnie - Confissões de uma Ladra /
Marnie” (1964) ou Lorraine Bracco em “Medicine Man - O Curandeiro da Selva /
Medicine Man” (1992). Quase todas as bond-girls acabaram na sua cama.
Ele tirou do sério beldades como Ursula Andress, Claudine Auger e Jill St.
John.
James Bond foi a principal inspiração para os diretores George
Lucas e Steven Spielberg criarem Indiana Jones. Em sua homenagem, escolheram SEAN CONNERY para viver o pai do
aventureiro imortalizado por Harrison Ford em “Indiana Jones e a Última Cruzada
/ Indiana Jones and the Last Crusade” (1989). Com versatilidade e carisma, o
ator vem se destacando há décadas. Em 1999, aos 69 anos, careca (a calvície
começou aos 21 anos e teve que usar peruca nos filmes de 007), a revista “People” o
elegeu “o homem mais sexy do século”. Ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante
por “Os Intocáveis / The Untouchables” (1987). Na vida privada, casou-se com a
atriz Diane Cilento (de 1962 a 1973) e, após a separação, ela escreveu um livro
contando como ele foi péssimo marido. Desde 1975, vive com outra atriz,
Michelline Roquebrune.
Aos 88 anos, mais de 60 filmes no currículo e aposentado, anda
escrevendo um livro sobre sua vida, onde promete contar tudo.
CONNERY como JAMES BOND
007 – CONTRA o SATÂNICO Dr. NO
direção de Terence Young
Vilão: JOSEPH WISEMAN (“Dr. No”)
Bond-girl: URSULA
ANDRESS (“Honey Ryder”)
O chefe de operações da Inteligência Britânica na Jamaica é
assassinado. Em resposta, o agente James Bond - também conhecido como agente
007 - é enviado ao país caribenho para averiguar as circunstâncias. Durante a
investigação, conhece um pescador das Ilhas Cayman que atuava juntamente com o falecido nas ilhas vizinhas. Uma das ilhas é Crab Key, habitada
exclusivamente pelo misterioso Dr. No, um louco que pretende desviar o rumo dos
foguetes norte-americanos.
MOSCOU CONTRA OO7
direção de Terence Young
Vilão: ROBERT SHAW (“Grant”)
Bond-girl: DANIELA BIANCHI (“Tatiana Romanova”)
A Spectre planeja roubar um
leitor de códigos dos soviéticos e vendê-lo novamente aos mesmos, e
simultaneamente se vingar de James Bond pelo assassinato de Dr. No. Uma ex-agente
da Smersh é designada para chefiar a missão. Ela recruta profissionais para
deter 007. Para a missão, Bond viaja primeiro à Istambul, onde
conta com o apoio de Ali Kerim Bey. Ele não sabe que a terrível organização
criminosa pretende executá-lo.
007 – CONTRA GOLDFINGER
direção de Guy
Hamilton
Vilão: GERT FRÖBE (“Goldfinger”)
Bond-girl: HONOR
BLACKMAN (“Pussy Galore”)
Bond investiga o magnata Auric Goldfinger. No
primeiro encontro, ele impede que o vilão prossiga com suas trapaças nos jogos
de cartas. Enviado para investigar seu contrabando de ouro, segue o bandido
até sua base na Suíça. É capturado pelos capangas de
Goldfinger ao invadir uma indústria e levado para uma fazenda no Kentucky, onde
descobre que o criminoso tem planos muito maiores, pretendendo roubar as
reservas norte-americanas guardadas no Fort Knox. 007 termina apaixonando-se
por Pussy Galore, uma das capangas de Goldfinger, e que o ajuda a fugir.
007 – CONTRA a CHANTAGEM ATÔMICA
direção de Terence Young
Vilão: ADOLFO CELI (“Largo”)
Bond-girl: CLAUDINE
AUGER (“Domino”)
Bond investiga o sequestro de um Avro Vulcan transportando duas
bombas atômicas, que estavam sendo levadas pela Spectre. A organização exige a
devolução das bombas e um pagamento de 100 milhões de dólares em diamantes para
não explodir Miami. O agente segue uma pista até as Bahamas, encontrando um
aliado da CIA. A dupla suspeita de um rico habitante local, Emilio Largo, e busca provas relacionadas às bombas roubadas em seu iate particular.
COM 007 SÓ se VIVE duas VEZES
direção de Lewis
Gilbert
Vilão: DONALD
PLEASENCE (“Blofeld”)
Bond-girl: KARIN DOR
(“Helga Brandt”)
007 é enviado ao Japão para investigar o sequestro de uma nave
espacial norte-americana por forças desconhecidas. Sua situação se complica
quando uma espaçonave soviética some nas mesmas circunstâncias. Ele é obrigado
a resolver o caso em poucos dias para evitar que ocorra uma Terceira Guerra
Mundial. Ao chegar, Bond é contatado pelo Serviço Secreto Japonês.
O agente inglês conclui que a mente por detrás do sequestro é Ernst Stavro
Blofeld e a Spectre, em cooperação com um empresário local. Ele segue as
pistas até a base operacional de Blofeld. Durante o confronto que se segue, o
vilão consegue fugir e deixa a ilha em processo de auto-destruição. Bond e
parceiros escapam antes da explosão e são resgatados por uma equipe.
007 – Os DIAMANTES são ETERNOS
direção de Guy Hamilton
Vilão: CHARLES GRAY (“Blofeld”)
Bond-girl: JILL ST. JOHN (“Tiffany Case”)
Encarregado de investigar um misterioso fluxo de diamantes
envolvendo África, Estados Unidos e Holanda, Bond se disfarça como um
contrabandista profissional de nome Peter Franks. Viaja a Amsterdam para
contatar Tiffany Case. Recebe os diamantes e os leva aos Estados Unidos. Investigando os investimentos de Willard Whyte, o agente descobre a construção de um satélite a laser projetado pelo especialista
Dr. Metz. Ele descobre que, mais uma vez, as operações estão sendo conduzidas
por seu arqui-inimigo Blofeld.
OO7 – NUNCA MAIS OUTRA VEZ
direção de Irvin
Kershner
Vilão: KLAUS MARIA BRANDAUER (“Maximilian Largo”)
Bond-girl: KIM
BASINGER (“Domino Petachi”)
Remake de “007 Contra A Chantagem Atômica”, resultando em uma disputa judicial.
James Bond é convocado para reaver bombas nucleares roubadas pela Spectre. A terrível organização criminosa pretende lançá-las em cidades
norte-americanas. O agente terá que enfrentar uma sexy assassina profissional,
contratada especialmente para eliminá-lo.
OUTROS 007
GEORGE LAZENBY
(1939. Goulburn, New South Wales
/ Austrália)
1
007 - A SERVIÇO SECRETO de sua MAJESTADE
007 - A SERVIÇO SECRETO de sua MAJESTADE
(On Her Majesty's Secret Service, 1969)
ROGER MOORE
(1927 – 2017. Stockwell, Londres/ Inglaterra)
1
COM 007 VIVA e DEIXE MORRER
COM 007 VIVA e DEIXE MORRER
(Live and Let Die, 1973)
2
007 CONTRA o HOMEM com a PISTOLA DE OURO
007 CONTRA o HOMEM com a PISTOLA DE OURO
(The Man with the Golden Gun, 1974)
3
007: O ESPIÃO que me AMAVA
007: O ESPIÃO que me AMAVA
(The Spy Who Loved Me, 1977)
4
007 CONTRA o FOGUETE da MORTE
007 CONTRA o FOGUETE da MORTE
(Moonraker, 1979)
5
007 - SOMENTE para SEUS OLHOS
007 - SOMENTE para SEUS OLHOS
(For Your Eyes Only, 1981)
6
007 CONTRA OCTOPUSSY
007 CONTRA OCTOPUSSY
(Octopussy, 1983)
7
007 - NA MIRA dos ASSASSINOS
007 - NA MIRA dos ASSASSINOS
(A View to a Kill, 1985)
TIMOTHY DALTON
(1946. Colwyn Bay, Wales / Reino Unido)
1
007 MARCADO para a MORTE
007 MARCADO para a MORTE
(The Living Daylights, 1987)
2
007 - PERMISSÃO para MATAR
007 - PERMISSÃO para MATAR
(Licence to Kill, 1989)
PIERCE BROSNAN
(1953. Drogheda, County Louth / Irlanda)
1
007 CONTRA GOLDENEYE
007 CONTRA GOLDENEYE
(GoldenEye, 1995)
2
007 - O AMANHÃ NUNCA MORRE
007 - O AMANHÃ NUNCA MORRE
(Tomorrow Never Dies, 1997)
3
007 - O MUNDO NÃO é o BASTANTE
007 - O MUNDO NÃO é o BASTANTE
(The World Is Not Enough, 1999)
4
007 - UM NOVO DIA para MORRER
007 - UM NOVO DIA para MORRER
(Die Another Day, 2002)
DANIEL CRAIG
(1968. Chester, Cheshire /
Inglaterra)
1
007: CASSINO ROYALE
007: CASSINO ROYALE
(Casino Royale, 2006)
2
007 - QUANTUM of SOLACE
007 - QUANTUM of SOLACE
(Quantum of Solace, 2008)
3
007 - OPERAÇÃO SKYFALL
007 - OPERAÇÃO SKYFALL
(Skyfall, 2012)
4
007 CONTRA SPECTRE
007 CONTRA SPECTRE
(Spectre, 2015)
ENTREVISTA
O BOND DEFINITIVO
Enquanto James Bond era um ricaço formado em Oxford, que parecia
perfeitamente confortável dirigindo seu Aston Martin, vestindo ternos de
Saville Row e bebendo vodka martinis “batidas, não mexidas”, SEAN CONNERY é um escocês que prefere cerveja, nascido numa família da classe trabalhadora
de Edimburgo. Por anos, o ator se sentiu aprisionado por uma imagem que
impediu muitos cineastas de trabalharem com ele, por temer que o público não
tirasse da mente o agente fictício de Ian Fleming. É claro que, com “O Homem
que Queria ser Rei”, “Os Intocáveis” (pelo qual ganhou um Oscar) e “A Casa da
Rússia”, tornou-se muito mais do que Bond. Nessa entrevista, ele conta sua trajetória.
Mr. Connery, como é a sensação de ter sido o ator que transformou
James Bond em um ícone cultural
Eu odiava Bond. Fiquei terrivelmente deprimido por anos, pensando
em como Bond havia tomado minha vida. Digo, não é que eu não gostasse do
dinheiro que ganhei ou de toda a atenção que eu estava recebendo, eu só me
sentia frustrado por ser identificado constantemente com esse personagem – o
que, se você é um ator sério, é tipo a morte. Eu me senti preso. Mas era tudo o
que o público queria me ver fazendo, e passei anos tentando convencer os
cineastas de que eu poderia quebrar a imagem de Bond. Pensei que havia matado
minha carreira ao ter passado muito tempo com um mesmo personagem – durante os
anos 70, nenhum de meus amigos ousava tocar nesse assunto, porque eu estava
realmente amargurado. Mas então fui capaz de reverter esse processo atuando nos
papéis que pensei que iria atuar com trinta ou quarenta e poucos anos. Afinal
das contas, fiz as pazes com Bond. Ele é tipo um velho camarada que se parecia
comigo.
Qual tipo de características pessoais você acha que “trouxe” para
Bond?
Você tem de ser você mesmo nesse mundo. Se você não é, então não
quero conhecê-lo. Eu não sacaneio as pessoas e não faço intriga sobre elas
pelas costas. Chame isso de minha natureza escocesa ou do que preferir, mas eu
mantenho minha palavra, o que é uma comodidade bastante traiçoeira na indústria
cinematográfica. É por isso que processei quase todos os grandes estúdios de
Hollywood, exceto Paramount. Acho que, se você me traiu, se você roubou o
dinheiro que eu deveria ter ganho de acordo com nosso contrato, então você
merece ser preso. É bem simples… Eu prefiro acreditar na integridade dos outros
homens. É aí que eu penso na vantagem que as mulheres sobre os homens – elas
são bem mais leais aos próprios sentimentos e tem maior consideração pelos
outros. O homem é uma espécie mais implacável.
Como é que dois produtores norte-americanos, Cubby Broccoli e
Harry Saltzman, decidiram oferecer para você o papel de James Bond?
Eles me procuraram após perceberem que não tinham dinheiro o
suficiente para contratar uma celebridade como David Niven ou Richard Burton
para interpretar Bond. Eles tinham apenas um orçamento de umas 500.000 libras,
e eu ganharia 6.000 libras. Eles queriam que eu fizesse uma audição e alguns
testes, porque Ian Fleming (o autor dos livros) tinha o direito de recusar o
homem que eles escolhessem como Bond. Mas eu recusei porque detestava a ideia
de fazer qualquer teste. Eu lhes disse que havia trabalhado por cinco anos no
teatro e que havia feito vários filmes, e que essas eram minhas qualificações,
gostassem ou não. Então eles pediram que eu conhecesse Ian Fleming. Nós nos
damos bem e o papel foi meu.
Como era Ian Fleming?
Ele era meio esnobe, mas cheio de energia e de entusiasmo. Tinha
vivido uma vida bem interessante e passado por várias situações exóticas.
Muitas das situações pelas quais Bond passou foram baseadas em suas próprias
experiências. É claro que ele exagerou, mas tinha um conhecimento incrível das
últimas tecnologias e das técnicas de espionagem, que o ajudaram a dar uma base
concreta para Bond. Bond era uma composição dele mesmo e de um amigo com quem
estudou em Eton. Bond foi escrito originalmente como um ricaço inglês que
falava com um acento britânico bem aristocrático. Eu não tinha nada a ver com
isso, mas Fleming gostou bastante de mim e pensou que eu poderia adicionar
algum tempero no papel. Acho que, no fundo, ele queria que Cary Grant
interpretasse Bond, mas Grant havia se aposentado e contratá-lo teria custado
milhões.
Por fim, como você classificaria James Bond?
Como um sexy filho da puta! (Ri e levanta-se para apertar minha
mão).