premiere de “e o vento levou”em atlanta, georgia |
Em 1938, George
Cukor desistiu de dirigir a comédia “Ninotchka”, que vinha desenvolvendo com a
Metro-Goldwyn-Mayer, para comandar outro filme do estúdio, o lendário “E o
Vento Levou”. Seu estilo, porém, não agradou ao mega produtor do longa, David
O. Selznick, e ele foi demitido no meio das filmagens. Enquanto aguardava por
outro projeto, o cineasta acabou como substituto no set de “O Mágico de Oz”,
cujo diretor original também havia sido despedido. Sem assinar nenhum dos
trabalhos, Cukor participou dos que viriam a se tornar três dos maiores filmes
da história do cinema. E que, ao lado de vários clássicos lançados em 1939 –
“No Tempo das Diligências”, “A Mulher Faz o Homem”, “Vitória Amarga” e “Paraíso
Infernal”, dentre outros – fariam do ano uma espécie de “Eldorado” de
Hollywood, considerado por críticos até hoje como o melhor da história da
indústria norte-americana. Um marco que completa 75 anos em 2014. Era o momento
da maturidade do cinema clássico, tanto no que tange ao grande poderio dos
estúdios – em que o cinema se tornara uma indústria extremamente lucrativa, em
plena véspera de uma Guerra Mundial e logo após atravessar a Depressão – quanto
ao aprimoramento narrativo e da linguagem cinematográfica.
premiere de “e o vento levou” |
A filmografia de
1939 permanece icônica e forte no imaginário do público. Além de terem sido
fenômenos de público, esses filmes se tornaram verdadeiras referências,
paradigmas, do cinema de gênero realizado na época. “E o Vento Levou”, com o ajuste atual, é ainda a maior bilheteria de todos os tempos,
com cerca de US$ 4,5 bilhões arrecadados.
Em sua crítica no lançamento de “No Tempo das Diligências”, a Variety já dizia que o longa dirigido por John Ford “mantém um ritmo tenso e dramático, ao mesmo tempo em que injeta vários momentos cômicos, que delineiam seus personagens com sinceridade e humanidade”, dando a receita de sucesso de todo faroeste. “Ninotchka”, por sua vez, é um dos melhores exemplos do star system da época. Uma sátira ao comunismo construída a partir da simples premissa “Garbo ri”, criada pelo estúdio para atiçar a curiosidade do público em torno da primeira comédia da “diva gélida” Greta Garbo, conhecida por papéis dramáticos.
Em sua crítica no lançamento de “No Tempo das Diligências”, a Variety já dizia que o longa dirigido por John Ford “mantém um ritmo tenso e dramático, ao mesmo tempo em que injeta vários momentos cômicos, que delineiam seus personagens com sinceridade e humanidade”, dando a receita de sucesso de todo faroeste. “Ninotchka”, por sua vez, é um dos melhores exemplos do star system da época. Uma sátira ao comunismo construída a partir da simples premissa “Garbo ri”, criada pelo estúdio para atiçar a curiosidade do público em torno da primeira comédia da “diva gélida” Greta Garbo, conhecida por papéis dramáticos.
carole lombard e clark gable na premiere de “e o vento levou” |
É o típico filme para fazer as pessoas acreditarem na sociedade e na capacidade dos norte-americanos de vencerem a depressão econômica. O cinema de Capra na década de 30 é isso, mas com muito talento. Esse papel político denota o segundo aspecto que alicerça o poder desses filmes. Tendo sido lançados em 1939, eles foram realizados no início daquele ano, ou em 1938, sendo as últimas grandes produções do mundo pré-Segunda Guerra e, portanto, os derradeiros representantes de um imaginário romântico, fantasioso e heroico, típico do cinema clássico, que seria abalado pelos horrores do conflito, dando lugar a amargura e o pessimismo do noir.
Por esse novo mundo que estava prestes a surgir, 1939 permanece como o totem de um tempo que desaparecia. Apenas uma década depois, Hollywood entraria em declínio, com os estúdios perdendo seu monopólio; celebridades sendo acusadas de comunismo e as plateias se voltando para a televisão ou novas cinematografias. Hollywood sobrevive ainda hoje, mas tudo mudou com a decadência dos grandes estúdios.
mickey rooney e judy garland (oscar especial por “o mágico de oz |
Há sete décadas e meia o cinema estreava produções que iriam marcar para sempre a sétima arte. Foi uma safra de ouro, com destaque em todos os gêneros de filmes, consagrando diretores e artistas. Nesta época, acredite, já havia quase 18.000 salas de cinemas nos Estados Unidos, a entrada era módica (algo em torno de US$ 0,25), o mundo se preparava para uma terrível guerra, mas o público estava cada vez mais fascinado por esta forma de entretenimento.
A Segunda Guerra Mundial começaria naquele ano, mesmo que os EUA só tenham entrado nela em 1941. As economias recuperavam-se, de alguma forma, ainda dos efeitos devastadores da crise originária em 1929, com o crash da bolsa e Hollywood investia em grandes produções cinematográficas. Mesmo que, aparentemente, pudesse até ser um tempo sombrio ou de incertezas, o cinema surge como algo verdadeiramente mágico. Colorizava-se essa ideia de grandes filmes, as estreias eram badaladas, com a presença das grandes estrelas, que, muitas vezes, se apresentavam antes das sessões de lançamento, em tardes e noites glamourosas.
vivien leigh e o oscar |
O que aconteceu
naqueles dias foi um conjunto de coincidências que culminaram para que aquele
ano fosse singular na história do cinema, fazendo, assim, 1939 como um ano de
belíssimas produções. Para não exaltarmos apenas a grandiosidade de alguns
filmes em especial, basta identificarmos um dado inimaginável: foram cerca de
483 produções (tenho 70 delas na minha coleção) lançadas naquele ano, e não faltavam estrelas: Merle Oberon, Clark
Gable, Joan Crawford, Bette Davis, Greta Garbo, Gary Cooper, Cary Grant, Irene
Dunne, Jean Arthur, Laurence Olivier, Tyrone Power, Marlene Dietrich, Ginger
Rogers, Errol Flynn, Carole Lombard, disputando as bilheterias e rendendo algo em
torno de US$ 659.000.000,00.
Da safra de 1939, o mais cultuado sem dúvida é “E o Vento Levou”. Os direitos sobre a obra de Margaret Mitchell foram comprados US$ 50.000,00 para a adaptação. O livro já era um sucesso absoluto e a sua estreia nas telas foi esperada ansiosamente pelo público, que, após longo período de espera, pôde ver em technicolor o cultuado Clark Gable, ao lado da praticamente desconhecida Vivien Leigh. No entanto, teve inúmeras dificuldades para ser levado a efeito: confusões de bastidores envolvendo Gable e o diretor inicial George Cukor e a posterior substituição de Cukor por Fleming. Nada deteve a beleza de um resultado magnífico, e, ao final, o que se viu foram três horas e quarenta e dois minutos de um filme premiado com os Oscars de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz (Vivien Leigh), Melhor Atriz Coadjuvante (a maravilhosa Hattie McDaniel), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia em Cores, Melhor Cenografia e Melhor Montagem. Prêmios merecidos para cenas inesquecíveis.
Da safra de 1939, o mais cultuado sem dúvida é “E o Vento Levou”. Os direitos sobre a obra de Margaret Mitchell foram comprados US$ 50.000,00 para a adaptação. O livro já era um sucesso absoluto e a sua estreia nas telas foi esperada ansiosamente pelo público, que, após longo período de espera, pôde ver em technicolor o cultuado Clark Gable, ao lado da praticamente desconhecida Vivien Leigh. No entanto, teve inúmeras dificuldades para ser levado a efeito: confusões de bastidores envolvendo Gable e o diretor inicial George Cukor e a posterior substituição de Cukor por Fleming. Nada deteve a beleza de um resultado magnífico, e, ao final, o que se viu foram três horas e quarenta e dois minutos de um filme premiado com os Oscars de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz (Vivien Leigh), Melhor Atriz Coadjuvante (a maravilhosa Hattie McDaniel), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia em Cores, Melhor Cenografia e Melhor Montagem. Prêmios merecidos para cenas inesquecíveis.
E não pára por
ai. Havia ainda outros espetáculos naquele ano: “O
Mágico de Oz”. Podia parecer perigoso investir-se em duas superproduções em um
único ano, não fosse o estúdio MGM, que poderia arriscar tudo, com suas tantas
estrelas, como de um céu inspirado. Desta forma, a história infantil mágica
também foi às telas com Judy Garland ganhando o papel de Dorothy, a menininha
do Kansas. Shirley Temple foi até cogitada para o papel, mas a Paramount não
cedeu o seu maior trunfo para a MGM, fazendo com que ele voltasse às mãos de
Garland. A personagem acabou sendo o grande trunfo da jovem atriz e
ela rodou os EUA em apresentações antes das sessões,
rendendo mais circulação de dinheiro para a audaciosa MGM. Depois disto, é
impossível imaginar “Somewhere Over the Rainbow” fora do filme ou na voz de
alguém que não fosse Judy.
Uma coisa é
certa: para 1939 tudo era possível. Não havia limites para ousadia, foi o ano
em que Greta Garbo oficialmente riu. Em “Ninotchka”, uma comédia romântica
assinada por Billy Wilder, a eterna diva recebeu uma indicação ao Oscar. Neste
ano. ainda outra atriz magistral, Bette Davis em “Vitória
Amarga”.
Na sua 12° edição, o Oscar selecionou seus melhores filmes: “Adeus, Mr. Chips / Goodbye, Mr. Chips”, “Vitória Amarga”, “Ninotchka”, “O Morro dos Ventos Uivantes”, “O Mágico de Oz”, “No Tempo das Diligências”, “A Mulher Faz o Homem”, “Carícia Fatal” e “Duas Vidas”. Melhor Direção, indicados John Ford por “No Tempo das Diligências”, Frank Capra por “A Mulher Faz o Homem”, William Wyler por “O Morro dos Ventos Uivantes”, Sam Wood por “Adeus, Mr. Chips”. Levou Victor Fleming por “E o Vento Levou”. Wyler merecia o prêmio.
Melhor Ator, concorreram Clark Gable por “E o Vento Levou”, James Stewart por “A Mulher Faz o Homem”, Laurence Olivier por “O Morro dos Ventos Uivantes”. Ganhando Robert Donat por “Adeus, Mr. Chips”. Nenhum deles supera o Heathcliff de Olivier. Melhor Atriz, na disputa Irene Dunne por “Duas Vidas”, Greer Garson por “Adeus, Mr. Chips”, Greta Garbo por “Ninotchka”, Bette Davis por “Vitória Amarga”. Venceu Vivien Leigh por “E o Vento Levou”. Se possível, eu substituiria Greer Garson por Merle Oberon. No Top 10 de bilheteria, “E o Vento Levou” em primeiro lugar. A seguir, “Jesse James / Idem”, “A Mulher Faz o Homem”, “E as Chuvas Chegaram / The Rains Came”, “Sangue de Artista / Babes in Arms”, “Uma Cidade que Surge / Dodge City”, “Adeus Mr. Chips”, “O Mágico de Oz”, “O Corcunda de Notre Dame” e “Gunga Din”.
Na sua 12° edição, o Oscar selecionou seus melhores filmes: “Adeus, Mr. Chips / Goodbye, Mr. Chips”, “Vitória Amarga”, “Ninotchka”, “O Morro dos Ventos Uivantes”, “O Mágico de Oz”, “No Tempo das Diligências”, “A Mulher Faz o Homem”, “Carícia Fatal” e “Duas Vidas”. Melhor Direção, indicados John Ford por “No Tempo das Diligências”, Frank Capra por “A Mulher Faz o Homem”, William Wyler por “O Morro dos Ventos Uivantes”, Sam Wood por “Adeus, Mr. Chips”. Levou Victor Fleming por “E o Vento Levou”. Wyler merecia o prêmio.
Melhor Ator, concorreram Clark Gable por “E o Vento Levou”, James Stewart por “A Mulher Faz o Homem”, Laurence Olivier por “O Morro dos Ventos Uivantes”. Ganhando Robert Donat por “Adeus, Mr. Chips”. Nenhum deles supera o Heathcliff de Olivier. Melhor Atriz, na disputa Irene Dunne por “Duas Vidas”, Greer Garson por “Adeus, Mr. Chips”, Greta Garbo por “Ninotchka”, Bette Davis por “Vitória Amarga”. Venceu Vivien Leigh por “E o Vento Levou”. Se possível, eu substituiria Greer Garson por Merle Oberon. No Top 10 de bilheteria, “E o Vento Levou” em primeiro lugar. A seguir, “Jesse James / Idem”, “A Mulher Faz o Homem”, “E as Chuvas Chegaram / The Rains Came”, “Sangue de Artista / Babes in Arms”, “Uma Cidade que Surge / Dodge City”, “Adeus Mr. Chips”, “O Mágico de Oz”, “O Corcunda de Notre Dame” e “Gunga Din”.
E, assim, se
escreveu o ano mágico que mudou a história do cinema. Talvez a grande
contribuição daqueles dias fosse mesmo a de firmar a arte do cinema, de forma
mais difundida e ganhasse, definitivamente, um lugar de destaque na vida de
seus espectadores mais fiéis. A crítica cinematográfica reconhece ser este o
ano glorioso de criação de Hollywood. Para quem gosta verdadeiramente de
cinema, o ano de 1939 ainda não acabou. Passa-se o tempo, assiste-se a
estes filmes novamente e ainda se surpreende que eles sejam melhores do que da
última vez que o vimos.
don ameche e claudette colbert em “meia-noite” |
20 FILMES de 1939
(por ordem
de preferência)
01
O MORRO dos VENTOS UIVANTES
(Wuthering
Heights)
drama
direção de William Wyler
elenco: Merle Oberon, Laurence Olivier, David Niven,
Flora Robson, Donald Crisp e Geraldine Fitzgerald
(The Samuel Goldwyn Company)
Melhor Filme
do Círculo dos Críticos de Nova York;
Indicado ao
Oscar de Melhor Filme
Baseado no romance
de Emily Bronte, esta clássica história de amor, paixão, ódio e vingança,
tornou-se uma obra-prima do cinema, aclamada pela crítica e pelo público. Humilhado
por seu irmão de criação, o sombrio Heathcliff (impressionante Laurence
Olivier) torna-se um homem rico e em busca de vingança. Ao mesmo tempo, porém,
o rebelde nutre grande paixão por Cathy (Merle Oberon), irmã do homem
que deseja humilhar e que, durante os anos em que esteve ausente da Inglaterra,
casou-se com o nobre Edgar (David Niven). Primorosa fotografia do mestre Gregg
Toland, levando o Oscar, e atuação visceral de todo o elenco. Sublime.
02
As MULHERES
(The Women)
comédia
direção de George Cukor
elenco: Norma Shearer, Joan Crawford, Rosalind Russell,
Mary Boland, Paulette Goddard, Joan Fontaine,
Marjorie Main e Ruth Hussey
(Metro-Goldwyn-Mayer)
Baseado em uma
peça homônima, esta comédia é famosa por seu elenco totalmente feminino e a
direção hábil e elegante de George Cukor. O enredo foca em um grupo de mulheres
da alta-sociedade que passam os dias no salão de beleza e desfiles de moda. A
doce Mary (Norma Shearer, num dos seus melhores momentos) é uma esposa dedicada
que descobre que seu marido está tendo um caso com Crystal Allen (divina Joan
Crawford!). Essa confusão logo vira o assunto mais comentado nas rodas de suas
amigas, incluindo a invejosa Sylvia (a deliciosa Rosalind Russell, quase roubando
o filme) que vive no dilema de casar-se para logo se divorciar. Mary fica em
dúvida se continua casada, ignora o caso ou se pede a separação. Com diálogos
espirituosos e humor ácido, cortesia grande parte da veterana roteirista Anita
Loos, a comédia atinge o seu nível máximo nesta obra. Assim como as
caracterizações da venenosa Crawford, a divertida Russell e da esposa frustrada
Norma Shearer.
03
... E o VENTO LEVOU
(Gone with the Wind)
drama
direção de Victor Fleming
elenco: Clark Gable, Vivien Leigh, Leslie Howard,
Olivia De Havilland, Thomas Mitchelle Hattie McDaniel
(Selznick International Pictures /
Metro-Goldwyn-Mayer)
Oscar de
Melhor Filme
É “a produção
mais bem-sucedida de Hollywood” disse o famoso crítico norte-americano Leonard
Maltin, do Entertainment Tonight. Sob seu ponto de vista, “parece melhor com o
passar dos anos”. Este romance ambientado durante a Guerra Civil Americana
ganhou o impressionante número de 10 Oscars, incluindo Melhor Filme, e seus
imortais personagens, Scarlett, Rhett, Ashley, Melanie e Mammy,
popularizam esse épico de apelo permanente a todas as gerações. Para muitos, o maior filme de todos os tempos.
04
A MULHER FAZ o HOMEM
(Mr. Smith
Goes to Washington)
comédia
direção de Frank
Capra
elenco: James
Stewart, Jean Arthur, Claude Rains,
Edward Arnold, Thomas Mitchell, Eugene Pallette
e Beulah
Bondi
(Columbia
Pictures Corporation)
Indicado ao
Oscar de Melhor Filme
Jefferson Smith (adorável
James Stewart) é um homem humilde do interior que é convidado a se tornar
senador dos Estados Unidos em Washington. Ao chegar lá, ele vai ver como a política
é suja e como a maioria dos chefes de estado está afundada nessa lama. Apesar
de Smith ser um homem simples, ele não se acovarda perante aos outros, como
quando depois de sofrer falsas acusações, fez um discurso de várias horas que o
esgotou completamente. No meio dessa sujeira toda, o que ele acreditava em
relação a bondade e ao caráter dos governantes fica totalmente ameaçado. No
elenco, toda a capacidade da baixinha Jean Arthur. Um filme imortal.
05
No TEMPO das DILIGÊNCIAS
(Stagecoach)
western
direção de John Ford
elenco: John Wayne, Claire Trevor, Andy Devine,
John Carradine, Thomas Mitchell, George Bancroft
e Tim Holt
(Walter Wanger Productions)
Indicado ao
Oscar de Melhor Filme
Um grupo de nove
pessoas é obrigado a embarcar em uma perigosa jornada em cima de carruagem
através do Arizona, em um território indígena. Sendo levados por cavalos
durante bastante tempo, cada um tem o seu motivo pessoal para realizar tal
viagem. No meio do caminho eles terão que enfrentar Gerônimo e seus guerreiros
apaches, e contra eles contarão apenas com a ajuda do cowboy Ringo Kid (John
Wayne). Esta é a primeira das muitas colaborações entre John Ford e John Wayne,
que com o sucesso deste filme se tornaria um astro. Ao lado dele, a sensacional
e sensual Claire Trevor, especialistas em papeis de prostituta, brilhando em
filmes noir, westerns e comédias.
06
NINOTCHKA
(Idem)
comédia
direção de Ernst
Lubitsch
elenco: Greta
Garbo, Melvyn Douglas, Ina Claire
e Bela
Lugosi
(Metro-Goldwyn-Mayer)
Indicado ao
Oscar de Melhor Filme
Nina Yakushova (surpreendente
Greta Garbo), comissária do governo soviético, é mandada a Paris para averiguar
o comportamento de três representantes do governo que têm como missão negociar
uma joia. Aos poucos sucumbe ao capitalismo e a Leon d'Algout (o talentoso Melvyn
Douglas, um dos raros parceiros amorosos de tela que não foi ofuscado por Garbo),
um galanteador francês que está apaixonado por ela.
07
O CORCUNDA de NOTRE
DAME
(The Hunchback of Notre Dame)
drama
direção de William Dieterle
elenco: Charles Laughton, Maureen O'Hara, Cedric
Hardwicke,
Thomas Mitchell e Edmond O'Brien
(RKO Radio
Pictures)
Quasímodo (soberbo
Charles Laughton), o deformado sineiro da catedral de Notre Dame, localizada em
Paris, é injustamente condenado a ser açoitado. Quando pede água apenas uma
cigana (Maureen O'Hara, estreando em Hollywood) sente compaixão por ele. Quando
ela é injustamente acusada de assassinato, ele decide protegê-la. O melhor filme de Dieterle, um diretor cheio de altos e baixos. O produtor
Irving Thalberg apresentou o projeto a Laughton pela 1ª vez em 1934, mas terminou
por não ser realizado. Apenas cinco anos depois, quando Laughton assinou com a
RKO Radio Pictures, é que o ator escolheu a adaptação do livro de Victor Hugo
como seu primeiro filme no novo contrato. Marca a estreia de Edmond O'Brien no
cinema. Maureen O'Hara foi contratada por insistência de Laughton, que
acreditava que ela encaixaria perfeitamente no papel de Esmeralda. O ator
esperava duas horas e meia, todos os dias, para que a maquiagem de seu
personagem ficasse pronta.
08
GUNGA DIN
(Idem)
aventura
direção de George
Stevens
elenco: Cary Grant, Victor McLaglen, Douglas Fairbanks
Jr.,
Sam Jaffe e Joan Fontaine
(RKO Radio Pictures)
Três soldados profissionais
em serviço na Índia estão prestes a se separar porque o casamento do espirituoso
Ballantine (Fairbanks Jr.) se aproxima. Só que acontece uma reviravolta: eles
se deparam com uma seita fanática que pratica sacrifícios humanos e resolvem
entrar em ação. Seguem-se aí batalhas e derramamento de sangue, e na retaguarda
dessa guerra está Gunga Dim (impecável Sam Jaffe), um humilde e leal carregador
de água que sonha em um dia se tornar soldado, mas para isso antes ele terá que
provar seu valor. Oito maquiadores foram mandados para o set de filmagens, onde
eles trabalharam durante as seis semanas das filmagens que aconteceram em
estúdio. Além disso, mais de 600 figurantes participaram das cenas do Mount
Whitney.
09
MEIA-NOITE
(Midnight)
comédia
direção de
Mitchell Leisen
elenco: Claudette Colbert, Don Ameche, John Barrymore,
Francis Lederer, Mary Astor e Monty Woolley
(Paramount
Pictures)
Considerado um
dos clássicos da comédia maluca e como o melhor filme de Leisen. O roteiro foi
escrito por Billy Wilder e Charles Brackett, na primeira colaboração da dupla
com o diretor. Refilmado em 1945 como “Fantasia Mexicana / Masquerade in Mexico”, com o mesmo diretor,
porém com elenco (Dorothy Lamour, Arturo de Córdova e Patric Knowles), roteiro
e resultado inferiores. Corista desempregada, a norte-americana Eve Peabody (a
versátil Colbert, a estrela mais bem paga de sua época) chega a Paris em uma
noite chuvosa. À procura de emprego, toma o táxi de Tibor Czerny (charmoso
Ameche), um húngaro, que a leva de clube noturno em clube noturno. Quando o
taxista se apaixona por ela, Eve o larga e acaba em uma festa grã-fina, onde se
apresenta como a Baronesa Czerny. Impressionado, o milionário Georges
Flammarion propõe-lhe um lugar entre as socialites desde que seduza Jacques
Picot, amante de sua esposa Hélène. Mas Tibor descobre
seu paradeiro e apresenta-se como o Barão Czerny. Depois de mal-entendidos, frases de duplo sentido e confusões, todos ficam
felizes.
10
PARAÍSO INFERNAL
(Only Angels Have Wings)
aventura
direção de Howard Hawks
elenco: Cary Grant, Jean Arthur, Richard Barthelmess,
Rita Hayworth e Thomas Mitchell
(Columbia Pictures Corporation)
Em um pequeno
aeroporto na América do Sul, Bonnie Lee (Jean Arthur) conhece um grupo de
pilotos que se arriscam diariamente entre neblina e montanhas fazendo entregas
pela região. O frio e distante líder dos aviadores, Geoff Carter (Cary Grant),
chama especialmente sua atenção, mas para conquistá-lo ela terá antes que
afastar Judy MacPherson (Rita Hayworth no seu primeiro destaque) de
seu caminho. Para o papel de Judy, Howard Hawks testou Dorothy
Comingore, Rochelle Hudson e Rita Hayworth. Selecionou Rita porque, segundo
ele, tinha um rosto “que a câmera ama”.
11
HERÓIS ESQUECIDOS
(The Roaring Twenties)
criminal
direção de Raoul Walsh
elenco: James Cagney, Humphrey Bogart, Priscilla Lane
e Gladys George
(Warner Brothers)
Eddie Bartlett é
um veterano de guerra desempregado que se torna contrabandista, trocando as
batalhas por garrafas. Enquanto cresce seu império, Eddie enfrenta ameaças
externas e internas, constantes batalhas territoriais, confrontos de gangues e
traições. Marcante momento de extraordinário James Cagney e do veterano
injustamente esquecido Raoul Walsh, um dos grandes diretores da história do
cinema.
12
VITÓRIA AMARGA
(Dark
Victory)
drama
direção de Edmund
Goulding
elenco: Bette Davis, George Brent, Humphrey Bogart,
Geraldine Fitzgerald e Ronald Reagan
(Warner
Brothers)
Indicado ao
Oscar de Melhor Filme
Judith Traherne (comovente
Davis) é uma jovem herdeira que desfruta regaladamente de sua riqueza sempre
cercada por festas e por amigos, entre eles a fiel Ann King (Fitzgerald). Tendo
fortes dores na cabeça, Judith é aconselhada por seu médico a procurar um
especialista, o Dr. Frederick Steele (o canastrão Brent) que após realizar
alguns exames descobre que a jovem sofre de um maligno câncer cerebral. Abalado
com a jovialidade e entusiasmo da paciente, junto com Ann, ele decide esconder
o diagnóstico da mesma. No entanto, após se envolver sentimentalmente com seu médico
e de casamento marcado com ele, a protagonista descobre a real situação de sua
saúde e a partir de então passa a enfrentar amargos dias sabendo que lhe resta
menos de um ano de vida. Baseado numa aclamada peça teatral, esse melodrama
magnífico foi levado às telas graças à insistência de Bette Davis. Interessada
pelo papel de Judith ela convenceu o chefe do estúdio Jack Warner a realizar o filme.
Jack, segundo consta, não acreditara que o filme pudesse alcançar sucesso algum
afinal ele indagava: “Quem vai querer ver um filme onde a mocinha fica cega e
morre no final?”. Bette Davis, ao contrário de seu chefe, via em seu personagem
a oportunidade de vencer seu terceiro Oscar. De Fato o filme foi um sucesso e
levou milhares de pessoas aos cinemas. O assunto abordado referente a doenças
terminais e cirurgias cerebrais não era comum na época o que
despertara profundamente o interesse do público. Entre tantos outros ótimos
filmes de 1939, ele acabou se ofuscando, mas nunca perdeu seu brilho.
13
BEAU GESTE
(Idem)
aventura
direção de William A. Wellman
elenco: Gary Cooper, Ray Milland, Robert Preston,
Brian Donlevy, Susan Hayward e Broderick Crawford
(Paramount
Pictures)
Refilmagem da
produção de 1926, com Ronald Colman. Baseado no romance homônimo de P. C. Wren,
uma história clássica da fraternidade entre irmãos que se alistam na famosa
Legião Estrangeira Francesa. Significando esse serviço militar um verdadeiro
suicídio, a Legião era vista como uma saída honrosa para homens desesperados e
sem alternativas e que só esperavam a morte. Mas também podia ser uma aventura
irresistível para jovens cavalheiros, como eram os protagonistas do filme. Num
pequeno papel, Susan Hayward já mostra que vinha para ficar.
14
MÃE por ACASO
(Bachelor
Mother)
comédia
direção de Garson Kanin
elenco: Ginger Rogers, David Niven e Charles Coburn
(RKO Radio Pictures)
Polly Parrish
(hilária Rogers) trabalha como caixa em uma loja de departamentos e, um dia,
quando surge um bebê abandonado, acaba cuidando dele como se fosse seu filho.
Impressionado com sua conduta, seu patrão (o simpático e elegante Niven)
resolve empenhar-se para manter ela e a criança juntas. Com roteiro maravilhoso
de Norman Krasna, que prende a atenção do expectador do inicio ao fim do filme,
o diretor não explorou os dotes da dançarina de Ginger Roger, sim, bastante sua
veia humorística. Uma comédia inesquecível que continua atual até hoje.
Fantástica.
15
O MÁGICO de OZ
(The Wizard of Oz)
Fantasia musical
direção de Victor Fleming
elenco: Judy Garland, Frank Morgan, Ray Bolger e Margaret
Hamlton
(Metro-Goldwyn-Mayer)
Indicado ao
Oscar de Melhor Filme
Em Kansas,
Dorothy (ícone Judy Garland) vive em uma fazenda com seus tios. Quando um
tornado ataca a região, ela se abriga dentro de casa. A menina e seu cachorro
são carregados pelo ciclone e aterrissam na terra de Oz, caindo em cima da
Bruxa Má do Leste e a matando. Vista como uma heroína, mas o que ela quer é
voltar para Kansas. Para isso, precisará da ajuda do Poderoso Mágico de Oz que
mora na Cidade das Esmeraldas. No caminho, ela será ameaçada pela Bruxa Má do
Oeste (Margaret Hamilton), que culpa Dorothy pela morte de sua irmã, e
encontrará três companheiros: um Espantalho (Ray Bolger) que quer ter um
cérebro, um Homem de Lata (Jack Haley) que anseia por um coração e um Leão
covarde (Bert Lahr) que precisa de coragem. A MGM pagou a L. Frank Baum US$ 75
mil pelos direitos de seu livro, uma quantia
recorde na época. Teve cinco diretores. Richard Thorpe iniciou as filmagens e
rodou por várias semanas até ser demitido, por consideraram
seu trabalho insatisfatório. Nenhuma das cenas rodadas por Thorpe foi incluída
na versão final do filme. Ainda em busca de um diretor substituto, os
produtores contrataram George Cukor como diretor temporário. Victor Fleming
assumiu a direção logo em seguida, mas teve que abandoná-la para dirigir “... E o Vento Levou”. Após a saída de Fleming, King Vidor rodou as sequências restantes. O roteiro foi escrito tendo em
mente W.C. Fields para o Mágico de Oz. LeRoy ofereceu então
um salário de US$ 75 mil a Fields, que recusou e pediu US$ 100 mil. Foi a vez
então do produtor recusar. Uma pena, Fields era maravilhoso.
16
ATIRE a PRIMEIRA PEDRA
(Destry
Rides Again)
western
direção de George Marshall
elenco: Marlene Dietrich, James Stewart, Mischa Auer,
Una Merkel e Brian Donlevy
(Universal Pictures)
O vilão da
incontrolável cidade de Bottleneck mata o xerife local, e nomeia como seu
sucessor Destry (James Stewart), um homem com uma personalidade destoante da
maioria dos xerifes, e que foi eleito porque achavam que ele seria inofensivo.
Afinal Destry prefere leite a uísque e se recusa a andar armado, porém mesmo
com essas características ele se mostra durão na hora de lutar contra o crime.
Alguém tão excêntrico acaba por despertar o interesse da artista de saloon
Frenchy (Marlene Dietrich), que protagoniza cena típica dos
faroestes: a briga de saloon. Só que dessa vez entre duas mulheres. O papel Destry era de Gary Cooper, mas ele queria mais dinheiro do
que os produtores estavam dispostos a pagar. Foi o primeiro faroeste de Stewart.
Ele e Marlene tiveram um caso que durou o tempo das filmagens.
Posteriormente, ela declarou que teve que fazer um aborto depois que Stewart a
engravidou.
17
DUAS VIDAS
(Love
Affair)
drama
direção de Leo
McCarey
elenco: Irene
Dunne, Charles Boyer e Maria Ouspenskaya
(RKO Radio
Pictures)
Indicado ao
Oscar de Melhor Filme;
Sofisticado
europeu e bela novaiorquina se apaixonam durante cruzeiro em transatlântico.
Mas a história de amor será interrompida por uma série de percalços. O próprio
diretor refilmaria a mesma história quase 20 anos mais tarde como “Tarde Demais para Esquecer / An
Affair to Remember” (1957), com Cary Grant e Deborah Kerr. Belo filme, que
recebeu seis indicações ao Oscar: Melhor Filme, Atriz, Atriz
Coadjuvante (Ouspenskaya), Argumento, Cenário, Música.
Primeira das duas maravilhosas versões sobre a mesma história romântica dirigidas
pelo ótimo Leo McCarey.
18
Ao RUFAR dos TAMBORES
(Drums Along
the Mohawk)
drama
direção de John Ford
elenco:
Claudette Colbert, Henry Fonda, Edna May Oliver,
John Carradine e Ward Bond
(20th Century-Fox)
Clássico do mestre Ford. Em 1776, Magdelana Borst (Claudette Colbert) e Gilbert Martin (Henry Fonda) se casam e vão para o
Vale do Mohawk. Porém, os repetidos ataques dos índios os fazem ir, juntamente
com outros colonos do vale, para um forte próximo, de onde assistem os índios
devastarem suas fazendas e cabanas. Sarah McKlennar (vibrante Edna May Oliver),
uma solteirona com uma grande fazenda, vai ajudá-los e contrata Gilbert, dando aos Martin um lugar para morar. A vida dura do campo não é fácil para Lana, que foi criada na riqueza. Com o tempo ela aprende a amar a
nova vida.
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CARÍCIA FATAL
(Of Mice and Men)
drama
direção de Lewis Milestone
elenco: Lon Chaney Jr., Burgess Meredith, Betty Field
e Charles Bickford
(Hal Roach Studios)
Indicado ao
Oscar de Melhor Filme
Baseado no romance
de John Steinbeck, conta a história dos amigos George e Lennie, que tentam
perseguir o seu sonho de possuírem o seu próprio rancho em vez de terem de
trabalhar para outros. O grandalhão tem a mente infantil, e devido à sua força,
machuca homens e animais. George, menor fisicamente, é mais esperto.
Devido às encrencas, vão trabalhar numa nova fazenda.
Quando estão prestes a realizar seu sonho, Lennie acidentalmente mata uma moça.
Foi nomeado para quatro Oscars.
20
CONFLITO de DUAS ALMAS
(Golden Boy)
drama
direção de Rouben Mamoulian
elenco: Barbara Stanwyck, Adolphe Menjou, William Holden,
Lee J. Cobb
e Joseph Calleia
(Columbia
Pictures Corporation)
Empresário
desonesto ilude um jovem violinista (Holden, estreando muito bem no cinema),
convencendo-o a desistir da música em favor de uma carreira no boxe.