“Tive uma
vida adorável. Fui abençoada. Conheci o sucesso nos palcos e no cinema”.
“Sempre
acreditei que atuar é um instinto. Ou você tem ou não tem”.
CLAUDETTE
COLBERT
Altura:
1,64 m
Olhos: negros
Cabelos:
castanhos-avermelhados
Apelido:
Lírio e Tio Claude
Ela foi
uma estrela por quase três décadas. Desfrutou de popularidade do início dos
anos 1930 até meados da década de 1950. Famosa por comédias malucas, era também
uma excelente atriz dramática. Seu êxito nas telas começou realmente em 1932,
com uma cena sensual em “O Sinal da Cruz”, do mítico Cecil B. DeMille. Seguiu-se
uma série de sucessos. Em 1935, recebeu o Oscar de Melhor Atriz. Logo seria conhecida pela respeitável
marca da atriz mais bem paga, superando Greta Garbo, Barbara Stanwyck, Bette
Davis ou Joan Crawford. Em 1938, seu salário de US$ 426.944 foi
nomeado pelo Departamento do Tesouro como o segundo maior em Hollywood (depois
do chefão da M-G-M, Louis B. Mayer) e o quarto nos EUA.
Com grandes olhos castanhos, eternas franjas, bochechas de maçã e pernas
deslumbrantes, CLAUDETTE COLBERT (1903 - 1996. Paris / França) parecia que
jamais envelheceria, continuando sensacional por muitos anos. Não era uma
aparência artificial, mas de uma naturalidade encantadora. Da geração de estrelas que devia a si mesmo e ao seu público
ter a melhor aparência possível. Certa vez, a famosa e ferina colunista Hedda
Hopper a definiu como “a mais inteligente, mais suave e mais sagaz senhora de
18 quilates que eu já vi em Hollywood.”
Trouxe uma inteligência instantânea e autoconfiança para uma ampla gama
de papéis. Essas qualidades brilharam na tela em mais de 60 filmes. Podia ser
engraçada, comovente, espirituosa, atordoada, sofisticada, sexy. No set, fazia exigências sobre como deveria ser iluminada e fotografada,
e só trabalhava até as 17 horas. Segundo o diretor de fotografia Joseph August,
Frank Capra e ela “acabaram se odiando” nas filmagens de “Filhos da
Fortuna / For the Love of Mike” (1927), piorando a situação em “Aconteceu Naquela Noite”.
Seja por
causa de seu intenso treinamento na Broadway, ou simplesmente porque tinha o
talento nato para se comportar na frente da câmera, as suas
performances se mantém notavelmente atuais. Apesar dos penteados estranhos, dos
vestidos glamourosos e das sobrancelhas desenhadas, a galante CLAUDETTE COLBERT
exala frescor entre artistas que acreditavam que atuar no cinema significava caras
e bocas. Ela tinha uma mistura sedutora de sofisticação, encanto e realidade, independentemente
de o filme exigir que fosse cômica, pungente, sensual ou romântica.
Ao contrário de
sua imagem pública graciosa e elegante, a deusa do celulóide era determinada e podia ser dura com colegas artistas/técnicos que não atendiam aos
seus padrões de profissionalismo. Descontente, xingava como um brutamontes. Era
uma empresária astuta, negociando termos favoráveis para atuar em filmes ou
peças. Além disso, se alguém
tentasse mexer em seu imutável penteado ou maquiagem, descartava com as palavras “Estou no negócio de Claudette
Colbert há muito tempo”.
Não era
bonita. Tinha um rosto em forma de coração e um sorriso brilhante. A maioria dos
seus filmes mostra seu perfil esquerdo. Ela considerava seu melhor lado e
raramente permitia fotos de rosto inteiro ou de perfil direito. Uma lesão no
nariz havia criado uma insignificante protuberância à direita. Certa vez, um
set teve que ser reconstruído para que ela não mostrasse seu lado direito,
resultando que Mary Astor apelidou o perfil direito do seu rosto de “o
lado escuro da lua”.
Uma
vez disse que nunca considerou atuar a coisa principal em sua vida, afirmando
que nunca teve a intenção de ser atriz. Nascida Lily Claudette Chauchoin, em um
subúrbio de Paris, seu pai era dono de uma confeitaria. A família mudou-se para Nova York em 1906, quando ela tinha três anos. A futura estrela queria ser
pintora, estudando arte e design. Após a formatura, conseguiu um emprego em uma
loja de roupas para aprender mais sobre moda e dava aulas de francês para
aumentar sua renda. Ao longo da vida, continuou a pensar, sonhar e orar em
francês, e falava em sua língua nativa com a mãe.
Ao
conhecer a dramaturga Anne
Morrison, em 1923, foi convidada por ela para um pequeno papel em uma peça de teatro, “The Wild Westcotts”, com Edna
May Oliver. Durante os ensaios, mudou de nome, adotando o CLAUDETTE COLBERT. Nos
três anos seguintes, a jovem atriz fez papéis menores e turnês mal sucedidas. Em 1927 teve sua chance em
“The Barker”. A peça teve 172 apresentações na Broadway. Em 1928, casou-se com
o ator e diretor Norman Foster, divorciando-se em 1935. No mesmo ano, casou-se com o cirurgião Joel Pressman, até a morte dele em 1968.
Seu primeiro filme, o drama mudo “Filhos da Fortuna”,
dirigido por Frank Capra, fracassou. Desanimada com os resultados pouco
inspirados, jurou nunca mais atuar nas telas. No entanto, com a crise na
Broadway, aceitou o contrato oferecido pela Paramount Pictures, fazendo um
filme atrás do outro, geralmente papéis ingratos de mocinhas doces e virtuosas. Seu talento finalmente foi revelado em “O
Sinal da Cruz”, como a lasciva e cruel imperatriz Pompéia. A cena em que nua toma
banho de leite de burra foi uma bomba para a época pudica. Seguiu como a principal
estrela feminina da Paramount por quinze anos, finalizando o contrato em
1944. Versátil, escolhia os papéis que queria, adorando trabalhar e estando
constantemente ocupada.
Em 1934, atraída
pela possibilidade de atuar ao lado do lendário Clark Gable e também pelo alto
salário oferecido, aceitou ser emprestada para a Columbia Pictures, estrelando
“Aconteceu Naquela Noite”. Trata-se de uma comédia inteligente sobre uma
herdeira mimada fugitiva que se apaixona por um jornalista charmoso e
desempregado.
Antes dela, Miriam Hopkins, Myrna Loy, Margaret Sullavan e
Constance Bennett foram convidadas para protagonizar o futuro clássico. Todas
recusaram, mas CLAUDETTE COLBERT aceitou a tarefa, mesmo sem acreditar no
projeto e odiando o diretor. Para
espanto de todos, o filme foi indicado a cinco prêmios da Academia e ganhou em
todas as categorias: Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Diretor e
Melhor Roteiro.
CLAUDETTE COLBERT não tinha esperanças de vencer e, na noite da
cerimônia, estava pegando um trem para Nova York, quando foi levada por
funcionários do estúdio para o Biltmore Hotel, onde recebeu a estatueta.
A atriz protagonizou
inúmeros sucessos nos anos 1930. Durante a Segunda Guerra Mundial, seu preço
por filme oscilava entre US$ 150.000 e US$ 200.000, e ela fazia cerca de dois
por ano. Cooperou na Cruz Vermelha, na Hollywood Victory Caravan e se preocupou
com parentes presos na França ocupada. A guerra inspirou duas de suas
performances mais poderosas: a enfermeira do Exército durante a batalha de
Bataan, em “A Legião Branca / So
Proudly We Hail” (1943), e a esposa e mãe em “Desde que Partiste”, ganhando uma
terceira indicação ao Oscar.
Conseguiu elogios da crítica com “Feras
que Foram Homens / Three Came Home” (1950), um relato angustiante da vida real de uma mulher em um campo de prisioneiros de guerra japonês.
Infelizmente sofreu uma lesão nas filmagens, quebrando uma
vértebra em uma cena violenta.
Hospitalizada, perdeu o papel principal de “A
Malvada / All About Eve” para Bette Davis. Entre 1951 a 1953 fez dois filmes na
Europa. Embora sua carreira cinematográfica estivesse em um declínio
irreversível, financeiramente, pelo menos, ela estava em excelente forma. Por fim, sua última aparição na tela foi em “No Vale das Grandes Batalhas / Parrish” (1961).
Em 1956,
CLAUDETTE COLBERT retornou à Broadway, substituindo Margaret Sullavan por dois
meses em “Janus”, de Carolyn Green. Em 1958, reuniu-se com Charles Boyer em
“The Marriage-Go-Round”, de Leslie Stevens, que teve 450 apresentações e
percorreu 13 estados. Ela voltou regularmente ao teatro até meados dos anos 80.
Sua última peça foi “Are't We All?”, de 1985, com Rex Harrison, que viajou por
todo o país e por cinco meses na Austrália. Ao
mesmo tempo, participou de vários programas de TV, atuou em produções especiais
e em 1957 numa produção da CBS, “One Coat of White”, com Paul Henreid. Apresentou
uma série de documentários, “Woman”, e estrelou ao lado de Edward G. Robinson o
programa “Maxwell House Coffee”, nas temporadas de 1963 a 1965.
Sua aparição final diante das câmeras foi em uma minissérie da NBC, “O Crime do
Século / The Two Mrs. Grenvilles” (1987), interpretando uma matrona nobre que
protege sua nora homicida. Baseada no best-seller de Dominick Dunne, o produtor
queria Loretta Young para o papel, mas ela recusou. Ginger Rogers, Bette Davis,
Olivia de Havilland e Jane Wyman lutaram por ele. CLAUDETTE COLBERT acabou ganhando o Globo de Ouro e uma indicação ao Emmy. Ao aposentar-se, morando em Barbados, nas Antilhas, numa casa de
fazenda do século 18, hospedava celebridades como Frank Sinatra, Mia
Farrow, Ronald Reagan e esposa.
A estrela
nunca assumiu que era lésbica nem que viveu casamentos de aparência. Não dividia a mesma casa em Hollywood com seu primeiro marido, Norman Foster. Vivia
com sua mãe dominadora. Com o segundo marido, Joel Pressman, também moravam em
residências separadas. Ficavam juntos apenas em eventos sociais.
Em meados da
década de 1950, quando CLAUDETTE COLBERT mudou-se para Nova York, continuaram separados, mas eram bons amigos e a morte dele foi um choque
para ela. Diversos livros e artigos afirmam que a atriz teve casos com Joan
Crawford, Barbara Stanwyck e Marlene Dietrich. Com a rica artista plástica
Verna Hull, a união durou de 1958 a 1967. Terminando num rompimento brusco.
Ao longo
dos anos, ela teve várias amigas íntimas. Talvez o relacionamento com Helen
O'Hagan, executiva da Saks, tenha sido o mais importante. Sua companheira
por 20 anos, viveram uma vida glamorosa. Embora fosse quase 30 anos
mais velha, viajavam juntas, se divertiam em Barbados e dividiam um
apartamento em Nova York. Helen conhecia toda a história da parceira, ano por ano, filme por filme. Ela a idolatrava. Em 1993, CLAUDETTE COLBERT teve um
derrame, Helen cuidou dela. Quando faleceu, deixou a maior parte da
sua fortuna para a amada.
Em 30 de
julho de 1996, às 15h15, a estrela morreu aos 92 anos, olhando pela janela para
o mar. Beulah, a cozinheira, desmaiou. Catherine, outra cozinheira, se
jogou no chão, soluçando. O padre Jim Grear pediu que todos dessem as mãos. Suas
cinzas foram colocadas em uma caixa de mogno no túmulo ao lado do marido
e da mãe. E ela não foi esquecida. Recentemente ficou no décimo segundo lugar
entre as 50 maiores lendas do cinema, na conceituada lista do American Film Institute
(AFI).
15 FILMES
de CLAUDETTE COLBERT
(por
ordem de preferência)
01
A OITAVA ESPOSA do BARBA AZUL
(Bluebeard's
Eighth Wife, 1938)
Elenco: Gary Cooper, Edward Everett Horton e
David Niven
02
ACONTECEU NAQUELA NOITE
(It
Happened One Night, 1934)
Direção
de Frank Capra
Elenco: Clark
Gable, Walter Connolly e Alan Hale
03
MULHER de
VERDADE
(The Palm
Beach Story, 1942)
Direção
de Preston Sturges
Elenco: Joel
McCrea, Mary Astor e Rudy Vallee
04
CLEÓPATRA
(Cleopatra,
1934)
Direção
de Cecil B. DeMille
Elenco: Warren
William, Henry Wilcoxon, Joseph Schildkraut e C. Aubrey Smith
05
DESDE que PARTISTE
(Since
You Went Away, 1944)
Direção
de John Cromwell
Elenco: Jennifer
Jones, Joseph Cotten, Shirley Temple, Monty Woolley, Lionel Barrymore, Robert
Walker, Hattie MacDaniel, Agnes Moorehead, Alla Nazimova, Keenan Wynn e Guy
Madison
06
IMITAÇÃO da VIDA
(Imitation
of Life, 1934)
Direção
de John M. Stahl
Elenco: Warren
William, Rochelle Hudson, Louise Beavers e Alan Hale
07
O SINAL
da CRUZ
(The Sign
of the Cross, 1932)
Direção
de Cecil B. DeMille
Elenco: Fredric
March, Elissa Landi e Charles Laughton
08
FRUTO PROIBIDO
(Boom
Town, 1940)
Direção
de Jack Conway
Elenco: Clark
Gable, Spencer Tracy, Hedy Lamarr, Frank Morgan e Chill Wills
09
ZAZÁ
(Zaza, 1938)
Direção
de George Cukor
Elenco: Herbert
Marshall, Bert Lahr, Helen Westley e Constance Collier
10
Ao RUFAR
dos TAMBORES
(Drums
Along the Mohawk, 1939)
Elenco: Henry Fonda, Edna May Olivier, John
Carradine e Ward Bond
11
MEIA-NOITE
(Midnight,
1939)
Direção
de Mitchell Leisen
Elenco: Don
Ameche, John Barrymore, Mary Astor e Monty Wooley
12
O TENENTE
SEDUTOR
(The
Smiling Lieutenant, 1931)
Direção
de Ernst Lubitsch
Elenco: Maurice
Chevalier, Miriam Hopkins, Charles Ruggles e Elizabeth Patterson
13
O LÍRIO DOURADO
(The Gilded Lily, 1935)
Direção de Wesley Ruggles
Elenco: Fred MacMurray, Ray Milland e C.
Aubrey Smith
14
SONHA,
MEU AMOR
(Sleep,
My Love, 1948)
Direção
de Douglas Sirk
Elenco: Robert
Cummings, Don Ameche e Rita Johnson
15
LEVANTA-TE,
MEU AMOR
(Arise,
My Love, 1940)
Direção
de Mitchell Leisen
Elenco: Ray
Milland, Dennis O`Keefe e George Zucco
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