Altura: 1,63 m
Cabelos: loiros
Olhos: castanhos
Ao assistir “Vítimas do Terror”, drama intenso de 1938, fiquei encantado com a atriz que interpreta a esposa grávida do
mocinho George Brent. Uma beldade platinum
blonde com um notável porte de estrela, estilo Carole Lombard, Alice Faye
ou Jean Harlow. Nunca tinha visto um filme seu, nada sabia sobre ela. Curioso,
pesquisei e sua história me surpreendeu: filha de uma rica família, fez sucesso
no primeiro filme, capa de inúmeras revistas, atuou em 23 filmes e decaiu
rapidamente, morrendo aos 28 anos de idade. Confira a impressionante e triste trajetória
de GLORIA DICKSON (1917 – 1945. Pocatello, Idaho / EUA).
Na infância, ela se apegou firmemente ao pai
dedicado, um banqueiro que amava as atividades ao ar livre, costumando levar a
filha às montanhas, onde
cavalgavam e pescavam trutas. À noite, durante horas, liam biografias,
literatura clássica e peças de teatro. Ele a incentivava a se tornar atriz,
aconselhando: “Se mantiver seus ideais de fazer peças de qualidade e manter os
pés no chão, irá longe”. Em 1929, com a morte súbita do pai, ela se viu
desamparada e procurou superar a tristeza dedicando-se integralmente ao teatro
amador.
Encorajada por professores de arte dramática,
apresentou-se em clubes e estações de rádio. Em 1935, membro do grupo Hart
Players, apareceu em diversos tipos de peças, de Shakespeare a textos modernos.
Em 1936, enquanto trabalhava numa delas, foi vista por um caçador de talentos
da Warner Brothers, que a contratou. Sua estreia no cinema, aos 19 anos, em “Esquecer,
Nunca!”, foi um êxito, rendendo enorme publicidade. O crítico do “Times”, Frank
Nugent, achou a película perfeita: “um drama social brilhante contra
a intolerância e o ódio”. Os elogios destacaram todos os envolvidos, do diretor
aos atores. De uma hora para outra, GLORIA DICKSON estava na capa de inúmeras
revistas e tornou-se tema de artigos de cinema com títulos como “A Garota mais
Sortuda do Mundo” ou “A Estrela do Ano”.
Sua performance fascinante no filme de estreia levou
a previsões de estrelato. Proclamada como uma das mais promissoras jovens
atrizes de Hollywood da época, sua estrela cintilou e logo se apagou, vítima de
filmes inferiores, escolhas ruins e vida privada tempestuosa. Inicialmente,
convidada para filmar em outros estúdios e até recebendo propostas da Broadway,
ela tinha esperanças em vencer no mundo cinematográfico. No entanto, decepcionada com os papéis
que era escalada, quase sempre em filmes B, percebeu que não teria oportunidade
de crescer como atriz.
No primeiro dia na Warner conheceu o famoso maquiador
Perc Westmore. As faíscas românticas entre eles logo se transformaram em um
relacionamento sério. Sua influência sobre GLORIA DICKSON seria
muito forte nos anos seguintes. Casaram-se em junho de 1938. A princípio, a
união parecia ideal, pois pareciam ter hobbies
e interesses parecidos. Perc levava a esposa ao camping e a pesca em alto
mar, compartilhando seu amor pela natureza. Um notório festeiro e mulherengo,
ele logo se revelou controlador e extremamente ciumento.
Enamorada, ela cedeu à insistência do marido, que
queria que fosse mais glamorosa e fizesse uma plástica no nariz. Não deu certo.
O procedimento cirúrgico maculou sua aparência. Em 1939, a atriz rodou seis
filmes e apenas um deles tinha algum interesse: “Tornaram-me um Criminoso”,
ao lado do excelente John Garfield. Embora a performance dinâmica do ator domine
a cena, ela tem alguns bons momentos. No ano seguinte, insatisfeita, resolve não renovar seu contrato, percebendo dolorosamente
que sua carreira estava em ruínas.
Na vida íntima, seu casamento estava em
frangalhos. Ela questionava as orientações e interferências de Perc. Além disso, o marido bebia demais e ela passou a ter o mesmo hábito.
O casal vivia bebendo e brigando. Em junho de 1940, o relacionamento
chegou oficialmente ao fim. Mas os anos de união conjugal haviam afetado GLORIA
DICKSON tanto profissionalmente quanto pessoalmente. Ela engordou e vivia
ébria. Durante as filmagens do
fraco “Mania do Divórcio / I Want a Divorce” (1940), envolve-se com o diretor Ralph Murphy e se casa com ele. Outro matrimônio infeliz. 22 anos mais
velho, como Perc ele era festeiro e infiel.
Os problemas pareciam inevitáveis. Já em 1942,
ciente de que seu segundo casamento estava condenado, esforçou-se para
recuperá-lo, mas sem sucesso. Terminaram nos tribunais, ele sendo acusado de
crueldade mental. Durante o processo judicial, ela bradou: “Ralph fica fora de
casa quatro ou cinco dias, dificultando o nosso casamento. Ele me disse que não
me ama e não é feliz”. Em 1944, nas filmagens do seu último trabalho, na
Metro-Goldwyn-Mayer, conhece um ex-boxeador e
guarda-costas, William Fitzgerald, e se casa mais uma vez. Foram felizes durante uns poucos meses juntos.
Faria cinco filmes entre 1942-1945,
nenhum dos quais traria de volta o status de atriz principal. A demanda pelos
seus serviços havia diminuído drasticamente. Os rumores sobre o consumo excessivo de álcool fizeram com que produtores tivessem dúvidas em contratá-la.
A refrescante beleza que tanto impressionara Hollywood foi substituída por uma mulher amarga e mundana. Ainda na casa
dos vinte anos, GLORIA DICKSON, desempregada e com excesso de quilos, parecia pelo
menos uma década mais velha e não conseguia superar o alcoolismo.
No verão
de 1944, o casal Fitzgerald alugou uma grande casa na encosta de West
Hollywood, com vista para a Sunset Strip. Era um lar incomum, com janelas grandes
no térreo e outras minúsculas no andar de cima, a 6 metros do solo. Numa
terça-feira, 10 de abril de 1945, a atriz deveria se encontrar com seu agente,
Leon Lance, para discutir projetos cinematográficos. Ela acreditava que faria um bom filme, revitalizando sua filmografia. Poucas semanas
antes, a popular colunista de cinema Louella Parsons anunciara: “Gloria
Dickson, que começou de forma tão promissora, perdeu quilos e está
pronta para retornar à tela”. No entanto, nunca mais filmaria.
Neste mesmo dia, morreria em um incêndio na sua
casa, causado por um cigarro deixado aceso que caiu numa cadeira estofada,
enquanto estava no andar de cima. Seu corpo e o do seu cachorro boxer foram
encontrados no banheiro, e supõe-se que tentou escapar pela pequena janela do
local, mas
acabou asfixiada pela fumaça e sofrendo queimaduras de primeiro e segundo graus
em todo o corpo. A polícia acredita que GLORIA DICKSON deve ter passado uma hora trancada no banheiro à espera do resgate.
Quando a tragédia a matou, com a idade de 28 anos,
poucos se lembravam dela. Estava em decadência e se deprimia em papéis
medíocres. O viúvo apaixonado teria uma vida curta. Morreu em 1958 por complicações
de doenças venéreas, na penitenciária de Nebraska, aos 47 anos, depois de passar
cheques sem fundo. Seu corpo foi enterrado no cemitério da prisão.
DEZ FILMES de GLORIA DICKSON
01
ESQUECER,
NUNCA!
Direção de Mervyn LeRoy
Elenco: Claude Rains, Edward Norris e Lana
Turner
02
CAVADORAS em PARIS
Direção de Ray Enright
Elenco: Rudy Vallee e Rosemary Lane
03
VÍTIMAS do TERROR
Direção de Lloyd Bacon
Elenco: Humphrey
Bogart e George Brent
04
SEGREDOS de uma ATRIZ
Direção de William Keighley
Elenco: Kay Francis e George Brent
05
TORNARAM-ME um CRIMINOSO
Direção de Busby Berkeley
Elenco: John Garfield e Claude Rains
06
DANÇARINA RUSSA
Direção
de Ray Enright
Elenco: Vera Zorina, Eddie Albert e Alan
Hale
07
ISTO é
AMOR
Direção de Alexander Hall
Elenco: Rosalind Russell, Melvyn Douglas e
Binnie Barnes
08
A MORTE DIRIGE o ESPETÁCULO
Direção
de William A. Wellman
Elenco: Barbara Stanwyck, Michael O'Shea
09
DILEMA de MÉDICO
Direção
de Eugene Forde
Elenco: Warner Baxter e Lynn Merrick
10
RATIONING
Direção
de Willis Goldbeck
Elenco:
Wallace Beery e Marjorie Main
GALERIA de FOTOS
2 comentários:
Nossa...parecia ter bem mais idade. Alcoolismo é terrivel!
Vi ela em vítimas do terror na qual o site setcinemaeentretenimento já a tinha mencionado.
Postar um comentário