abril 03, 2016

***************** 25 VEZES SHAKESPEARE no CINEMA

the angelic conversation

Ele é o mais influente dramaturgo do mundo. Produziu a maior parte de sua obra entre 1590 e 1613, chegando ao ápice da sofisticação e do talento artístico. Este mês, abril, o Bardo de Stratford-upon-Avon, WILLIAM SHAKESPEARE (1564 - 1616), faz 400 anos de falecimento. De sua produção literária, restaram até os dias de hoje 38 peças, 154 sonetos, dois longos poemas narrativos, e mais alguns versos esparsos, cuja autoria, no entanto, é ainda duvidosa.

Respeitado em sua própria época, sua reputação só viria a atingir o nível em que se encontra hoje no século XIX. Os românticos, especialmente, aclamaram a genialidade de SHAKESPEARE, e os vitorianos idolatraram-no como um herói, com uma reverência que George Bernard Shaw chamava de “bardolatria”. No século XX foi adotado e redescoberto repetidamente por novos movimentos teatrais. Suas peças são peculiares, complexas, misteriosas e com um fundo psicológico espantoso. Elas permanecem extremamente populares, e são estudadas, encenadas e reinterpretadas, em diversos contextos culturais e políticos, por todo o mundo. Elas resistiram ao tempo.

william shakespeare
Dramaturgo mais encenado de todos os tempos, WILLIAM SHAKESPEARE também segue imbatível em quantidade de adaptações para o cinema: suas peças inspiraram cerca de 450 produções audiovisuais, entre longas e curtas para o cinema e TV. Apesar dessa influência assombrosa, poucas fitas com a grife do poeta inglês se tornaram fenômenos de bilheteria. 

Os cinéfilos fãs da sua obra tem a sorte do resultado talentoso de inúmeras adaptações cinematográficas. Na lista a seguir estão 25 filmes de diferentes gêneros e épocas inspirados na literatura do autor. Dentre as versões que assisti, são as preferidas. Elas, de forma alguma, devem ser encaradas como substitutas ao trabalho original do escritor, mas são boas opções para aqueles que desejam se aproximar da sua obra.

SONHO de UMA NOITE de VERÃO
(A Midsummer Night’s Dream, 1935)
direção de Max Reinhardt e William Dieterle
elenco: James Cagney, Mickey Rooney, Olivia de Havilland, 
Dick Powell e Anita Louise

O famoso diretor teatral austríaco Max Reinhardt adapta uma comédia de erros de SHAKESPEARE para o cinema com grande elenco. James Cagney e Olivia de Havilland, aos 19 anos, estrelam a história dos casais trocados e enfeitiçados por um fauno na floresta neste belíssimo filme passado na Itália no início do século XX. Concorreu ao Oscar de Melhor Filme e ganhou o de Melhor Fotografia.

ROMEU e JULIETA
(Romeo and Juliet, 1936)
direção de George Cukor
elenco: Norma Shearer, Leslie Howard, John Barrymore,
 Edna May Olivier e Basil Rathbone

O mestre Cukor dirige sensivelmente este conto imortal sobre amantes ardentes divididos por diferenças familiares. Romeu, um Montéquio, se apaixona pela bela Julieta, uma Capuleto. Norma Shearer e Leslie Howard, interpretando os personagens-título, estão maravilhosos, quase esquecemos que são velhos demais para os papéis. Indicado a quatro Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Atriz. Sets e figurinos impecáveis (quadros de Botticelli inspiram o guarda-roupa de Shearer), refletindo o polpudo orçamento investido pela Metro-Goldwyn-Mayer.

HENRIQUE V
(The Chronicle History of King Henry the Fift with
His Battell Fought at Agincourt in France, 1944)
direção de Laurence Olivier
elenco: Laurence Olivier, Robert Newton, Leslie Banks
 e Renée Asherson

Rodado às vésperas da invasão da Normandia pelos aliados, um claro paralelo foi traçado entre a conquista da França pelo rei inglês no século XV e o início da derrota dos invasores nazistas. Dedicado aos combatentes, usa a poesia heroica de SHAKESPEARE como uma trombeta, um chamado à nação, e mostra seu potencial como propaganda de guerra. O filme se inicia com uma representação teatral na Londres de 1603 e em seguida transporta a ação para um campo de batalha na França. Ousadias como essa iam de encontro à maneira como o bardo era tratado no cinema até então - com reverência e profundo respeito.

Plateias, estudiosos e críticos ficaram extasiados. Os cenários se inspiram em pinturas medievais, Paolo Uccello e no filme “Alexander Nevsky / Idem” (1938), de Sergei Eisenstein. Considerado um dos melhores filmes da carreira de Laurence Olivier. Concorreu ao Oscar de Melhor Filme e Melhor Ator. Foi o Melhor Ator do Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York e do National Board of Review. O primeiro dos três filmes baseados em peças de WILLIAM SHAKESPEARE que Olivier dirigiu. Também o primeiro a receber críticas entusiasmadas e a dar lucro.

HAMLET
(Hamlet, 1948)
direção de Laurence Olivier
elenco:  Laurence Olivier, Jean Simmons, Eileen Herlie 
e Anthony Quayle

Olivier exigiu que fosse fotografado em preto e branco. Tornou-se o primeiro filme britânico a ganhar o Oscar de Melhor Filme. Mas é objeto de controvérsia, com os “puristas” da obra de SHAKESPEARE criticando as alterações do diretor-ator para condensar a peça de quatro horas em duas horas de filme.

Retirados os elementos políticos do texto, deu-se ênfase à psicologia dos personagens. Muito próximo do Expressionismo Alemão e do film noir. Os ambientes lúgubres e as escadarias tortuosas corresponderiam aos labirintos da mente de Hamlet. Oscar de Melhor Ator, Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Ator, Melhor Ator do Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York e Melhor Atriz e Melhor Fotografia no Festival de Veneza.

MACBETH, REINADO de SANGUE
(Macbeth, 1948)
direção de Orson Welles
elenco:  Orson Welles, Jeanette Nolan, Dan O'Herlihy 
e Roddy McDowall

Em 1947, Orson Welles queria filmar um drama de SHAKESPEARE e tentou convencer produtores a financiarem uma adaptação de “Otelo”. Sem conseguir esse objetivo, ele mudou para “Macbeth”, cuja história definia como “uma mistura perfeita de O Morro dos Ventos Uivantes e A Noiva de Frankenstein.” Conseguiu convencer Herbert Yates, presidente da Republic Pictures, a fazer o filme. Yates queria trazer prestígio para o estúdio que crescera com os westerns de Roy Rogers e outras produções de baixo orçamento.

O diretor concordou em filmar em três semanas ao custo de 700 mil dólares. Ele pensou em Vivien Leigh para Lady Macbeth. Outras atrizes cogitadas foram Tallulah Bankhead, Anne Baxter e Mercedes McCambridge, até que Jeanette Nolan, uma atriz de rádio sem experiência no cinema ou teatro, fosse a escolhida. Welles trouxe o ator irlandês Dan O'Herlihy para o seu primeiro papel nos Estados Unidos e incluiu no elenco o astro-mirim Roddy McDowall. Resultou numa tragédia digna, bem conduzida.

JÚLIO CÉSAR
(William Shakespeare’s Julius Caesar, 1953)
direção de Joseph L. Mankiewicz
elenco: Marlon Brando, James Mason, John Gielgud, 
Greer Garson, Deborah Kerr, Louis Calhern 
e Edmond O`Brien

Adaptação bem sucedida, preservando a beleza das falas e a excitação do enredo, presentes no original. O foco é mantido no drama de Bruto, que se debate entre a lealdade a César e o bem estar da população, e nas implicações políticas de uma rebelião violenta. Marlon Brando, com uma dicção longe dos habituais resmungos e murmúrios, foi lembrado pela Academia.

Ao todo, o filme recebeu cinco indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, tendo vencido na categoria Melhor Direção de Arte. “Júlio César” já fora filmado três anos antes, com Charlton Heston como Marco Antônio. Heston voltaria a interpretar o mesmo personagem em 1970, no filme também intitulado “Júlio César / Julius Caesar”, dessa vez com John Gielgud interpretando o personagem-título. Várias outras adaptações têm sido feitas regularmente, tanto para o cinema quanto para a televisão. A de Mankiewicz é a melhor.

ROMEU e JULIETA
(Romeo and Juliet, 1954)
direção de Renato Castellani
elenco: Laurence Harvey, Susan Shentall, Flora Robson 
e John Gielgud

Suntuoso e poético. Castellani ganhou com ele o Grand Prix no Festival de Cinema de Veneza e os prêmios de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Diretor do National Board of Review. Estabelecendo o sistema de classes e o catolicismo da Renascença em Verona, e a natureza da disputa entre famílias, altera muitas vezes o clássico original, inclusive reduzindo alguns personagens fundamentais. Pauline Kael, que admirava o filme, elogiou a atuação de Mervyn Johns como Frei Laurence.  A protagonista, Susan Shentall, foi descoberta pelo diretor em um pub de Londres, mas se casou logo após as filmagens, e nunca mais fez cinema.

RICARDO III
(Richard III, 1955)
direção de Laurence Olivier
elenco: Laurence Olivier, Claire Bloom, Cedric Hardwicke, 
Ralph Richardson, John Gielgud e Pamela Brown 
                                                                       
Saudado como o maior intérprete de WILLIAM SHAKESPEARE de seu tempo, Laurence Olivier fechou o trio cinematográfico shakespeariano com este elogiado filme. Indicado pela Academia em apenas uma categoria (Melhor Ator). Foi, entretanto, largamente premiado: Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro; BAFTA de Melhor Filme e Melhor Ator; David di Donatello de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Ator Estrangeiro. O personagem-título, depois de colocar o irmão Eduardo no trono da Inglaterra, agora o quer para si. Para tanto, desenvolve um plano onde não faltam a manipulação, a fraude e o assassinato. As consequências, todavia, são trágicas.

PLANETA PROIBIDO
(Forbidden Planet, 1956)
direção de Fred M. Wilcox
elenco: Walter Pidgeon, Anne Francis e Leslie Nielsen

Inspirado na peça “A Tempestade”. Aqui, em vez de uma ilha, o lugar deserto e desconhecido a ser explorado é um novo planeta. O longa apresenta Morbius (Walter Pidgeon), um cientista que parte da Terra em uma nave espacial em companhia de sua filha, Altaira (Anne Francis), personagens que lembram o duque de Milão, Próspero, e sua filha, Miranda, da peça de SHAKESPEARE.

TRONO MANCHADO de SANGUE
(Kumonosu-Jo, 1957)
direção de Akira Kurosawa
elenco: Toshiro Mifune, Isuzu Yamada e Takashi Shimura

Considerada pelo crítico literário Harold Bloom como a melhor adaptação cinematográfica de “Macbeth”. Kurosawa transpôs a obra para o Período Sengoku japonês. As guerras civis sacodem o país. Dois valentes samurais, os generais Washizu Taketori (Mifune em extraordinária atuação) e Miki (Minoru Chiaki), regressam aos seus domínios depois de uma batalha vitoriosa. No caminho, uma misteriosa senhora profetiza o grandioso futuro deles. A partir deste fato Washizu, auxiliado por sua esposa Asaji (Yamada), se vê imerso numa trágica e sangrenta luta pelo poder. Magníficas atuações. Obra-prima.

HAMLET
(Gamlet, 1964)
direção de Grigori Kozintsev
elenco: Innokenty Smoktunovsky, Mikhail Nazvanov, Elza Radzina, 
Yuriy Tolubeev e Anastasiya Vertinskaya

Baseado em uma tradução livre de Boris Pasternak, autor de “Doutor Jivago”. O diretor Grigori Kozintsev havia dirigido em 1954 uma montagem teatral de “Hamlet”, no Teatro Pushkin, em Leningrado. Ao contrário de Laurence Olivier, que removeu a maior parte da dimensão política da peça para se concentrar em turbulência interna, esta versão cinematográfica é bastante política. Onde em Olivier tinha escadas estreitas e sinuosas, em Kozintsev tem avenidas largas, povoado de embaixadores e cortesãos.

O papel do castelo como uma prisão é enfatizada. A câmera frequentemente olha através das barras e grades. Muitos dos exteriores foram filmados na fortaleza de Ivangorod, na fronteira da Rússia e da Estônia. A sua recepção crítica foi positiva. Trilha sonora e fotografia magníficas. Um filme digno, profundo e selvagem, épico e bárbaro. Melhor Ator no Festival de Veneza.

ROMEU e JULIETA
(Romeo and Juliet, 1968)
direção de Franco Zefirelli
elenco: Leonard Whiting, Olivia Hussey, John McEnery, 
Robert Stephens e Michael York

Sempre achei legal a versão suntuosa de Zeffirelli. Um conto de amor, intolerância, conflito de gerações e ousadia dos jovens. Uma das mais populares adaptações shakespearianas, ganhou sobrevida em VHS, na TV, em DVD e seguramente arrecadou muitos milhões de dólares. Indicado ao Oscar de Melhor Filme, ganhou nas categorias de Melhor Figurino e Fotografia. Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Diretor do National Board of Review. O belo e novato casal romântico protagonista, mesmo com o estrondoso sucesso mundial do filme, teve carreira cinematográfica inexpressiva. Visualmente impecável, o longa tem majestosa trilha sonora de Nino Rota, com a canção A Time for Us, um hit na época.

HAMLET
(Idem, 1969)
direção de Tony Richardson
elenco: Nicol Williamson, Judy Parfitt, Anthony Hopkins 
e Marianne Faithfull

Dirigido pelo premiado Tony Richardson com base na sua própria montagem teatral, no Teatro Roundhouse, em Londres. No elenco, Anthony Hopkins como o Rei Claudius e a cantora Marianne Faithfull como Ofélia. Feito com um orçamento enxuto, minimalista. O fantasma do pai de Hamlet é representado apenas por uma luz. O filme coloca ênfase em aspectos sexuais da peça, ao ponto de incluir uma relação incestuosa entre Laertes e Ofélia. Ótima atuação de Nicol Williamson como o atormentado Hamlet.

MACBETH
(Macbeth, 1971)
direção de Roman Polanski
elenco: Jon Finch, Francesca Annis e Martin Shaw

Inquietante, desigual e inegavelmente atraente em sua brutalidade implacável. Recebeu críticas desiguais. Alguns críticos acharam que a violência e nudez perturbadora dos personagens diminuíram a complexidade e ambiguidade do texto original. Outros, no entanto, elogiaram sua excelência técnica, a atmosfera bizarra e a convincente interpretação moderna da tragédia de SHAKESPEARE.

Feito por Polanski no rastro do assassinato de sua esposa grávida, Sharon Tate, e vários de seus amigos, pelos membros da família Manson em sua casa em Beverly Hills, na noite de 9 de agosto de 1969. Após os assassinatos, afundando em profunda depressão, ele se culpava pela tragédia. Depois de meses de luto, resolveu adaptar “Macbeth”. Rodado no País de Gales. Considerado Melhor Filme do Ano pelo National Board of Review.

REI LEAR
(King Lear, 1971)
direção de Peter Brook
elenco: Paul Scofield, Irene Worth, Cyril Cusack
 e Jack MacGowran

Decidido a afastar-se do governo, o rei Lear resolve dividir seu reino entre as filhas Goneril, Regan e Cordélia. Em troca, pede declarações públicas de afeto. Exasperado diante do posicionamento de Cordélia – sua preferida – e das traições cometidas pelas outras, Lear vê seu mundo ruir, enquanto, gradativamente, perde a sanidade. Em sua adaptação, o diretor Peter Brook transpõe a peça original para cenários desoladores, utilizando a linguagem cinematográfica a fim de gerar uma atmosfera lúgubre e estabelecer diálogos com Beckett e outros mestres do modernismo.

MACBETH
(A Performance of Macbeth, 1979)
direção de Trevor Nunn
elenco: Ian McKellen e Judi Dench

A versão cinematográfica praticamente reproduz a produção teatral realizada no The Other Place, pequeno teatro em Stratford-upon-Avon. Ele havia sido apresentada para audiências pequenas, palco nu e figurino simples. A filmagem preserva esse estilo: os atores atuam em um conjunto circular num fundo quase sempre escuro. Mudanças são indicadas apenas pela iluminação. O brilho fica por conta das atuações de McKellen e Dench.

RAN
(Ran, 1985)
direção de Akira Kurosawa
elenco:  Tatsuya Nakadai, Akira Terao, Jinpachi Nezu, 
Daisuke Ryû e Mieko Harada

Kurosawa não mediu esforços na sua versão de uma das grandes tragédias da língua inglesa, “Rei Lear”. No ano do lançamento foi considerado o filme japonês mais caro já produzido. Adiciona elementos ocidentais à trama e amplia o impacto das decisões do rei, mas sem se afastar dos temas centrais da peça. No Japão do século XVI, o senhor feudal Hidetora, patriarca do clã Ichimonji, aos 70 anos, decide dividir o reino entre os três filhos. Nos seus planos, os filhos, unidos, manteriam as conquistas da família, mas a ambição desmedida destrói qualquer lealdade.

Concorreu ao Oscar de Melhor Diretor. BAFTA de Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Filme Estrangeiro da Associação dos Críticos de Cinema de Los Angeles, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Diretor do National Board of Review e Melhor Filme Estrangeiro do Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York.

THE ANGELIC CONVERSATION
(1987)
direção de Derek Jarman
elenco: Paul Reynolds e Phillip Williamson

O cinema experimental de Jarman aqui tem seu tom definido pela justaposição de imagens fotográficas, em movimento lento, e sonetos de SHAKESPEARE interpretados pela atriz Judi Dench. Imagens homoeróticas e paisagens de sonho, em um mundo de magia e ritual. A violência se apresenta em carros em chamas e sistemas de radar.

HENRIQUE V
(Henry V, 1989)
direção de Kenneth Branagh
elenco: Kenneth Branagh, Derek Jacobi, Emma Thompson, 
Judi Dench, Paul Scofield, Robert Stephens 
e Ian Holm

O Rei Henrique V da Inglaterra é insultado pelo Rei da França, Carlos VI. Como consequência, ele lidera seu exército contra os franceses, precisando estar atento e manter suas tropas motivadas e unidas. Recebeu aclamação mundial crítica e tem sido amplamente considerado uma das melhores adaptações para o cinema de uma obra de SHAKESPEARE. Branagh, em sua estreia na direção, foi indicado ao Oscar de Melhor Diretor e também Melhor Ator.

Agitado, corajoso e agradável, o longa oferece uma infinidade de belas performances de alguns dos mais brilhantes talentos do Reino Unido. Frequentemente comparado com a versão de 1944, dirigida e estrelada por Laurence Olivier. No entanto, o estilo visual do filme de Branagh é mais corajoso e mais realista do que o de Olivier. BAFTA de Melhor Direção, Melhor Ator do European Film Awards e Melhor Diretor do National Board of Review.

HAMLET
(Idem, 1990)
direção de Franco Zefirelli
elenco: Mel Gibson, Glenn Close, Helena Bonham Carter, 
Alan Bates, Paul Scofield e Ian Holm

Ao longo de toda a história do cinema, já foram realizadas mais de 70 adaptações de “Hamlet”. Príncipe da Dinamarca, Hamlet (Gibson, em surpreendente atuação) retorna ao seu país-natal quando seu pai, o rei, morre. Ao chegar, encontra sua mãe (Glenn Close) casada com seu tio (Alan Bates), que se tornara rei. Mas logo o fantasma do pai de Hamlet surge e conta ao filho que seu tio e sua mãe o tinham assassinado. Hamlet passa então a ser atormentado pela decisão de vingar a morte do pai ou ter uma atitude passiva em relação ao fato.

O filme foge do aspecto teatral da história e se destaca pela elaborada pesquisa de ambientação. A trama, ainda que não tome muitas liberdades em relação ao texto original, acrescenta climas de fitas de ação para fisgar os fãs de Gibson. Recebeu duas indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino.

ROSENCRANTZ e GUILDERSTERN ESTÃO MORTOS
(Rosencrantz & Guildenstern are Dead, 1990)
direção de Tom Stoppard
elenco:  Gary Oldman, Tim Roth e Richard Dreyfuss

Rosencrantz (Oldman) e Guildenstern (Roth) são personagens secundários na tragédia clássica de WILLIAM SHAKESPEARE, “Hamlet”, porém, nesta saborosa comédia, os dois amigos do Príncipe da Dinamarca são protagonistas das mais absurdas tentativas de fugirem de seus destinos. A dupla é convocada pelo Rei Cláudio para descobrir por que Hamlet está agindo de forma tão estranha. O roteiro é excelente, assim como a atuação do trio protagonista. Melhor Filme e Melhor Ator (Dreyfuss) no Festival de Veneza.

A ÚLTIMA TEMPESTADE
(Prospero`s Books, 1991)
direção de Peter Greenaway
elenco: John Gielgud, Michael Clark, Michel Blan, 
Erland Josephson e Isabelle Pasco

Adaptação da obra de WILLIAM SHAKESPEARE, com experimentalismos e belas imagens. Próspero vive numa ilha com sua filha Miranda, após ter sido banido pelo Rei de Nápoles. Mas o destino faz com que seus inimigos venham ao seu encontro, dando início a um romance proibido e a uma série de conspirações e vinganças.

Greenaway transforma os delirantes sonhos vingativos de Próspero (magistral John Gielgud), Duque de Milão exilado, em fatos reais, para refletir acerca da criação artística, ao mesmo tempo angelical e diabólica, pois, embora capaz de gerar a beleza redentora e de absorver todo o conhecimento do mundo, traz consigo, inseparável, o poder do artista, tanto sobre a obra e os personagens, quanto sobre o público para quem se dirige.

Dessa forma, enquanto Prospero, cercado por figuras mitológicas (sobretudo Ariel e Calibã, o Anjo e o Demônio, respectivamente), escreve a trama de vingança, Greenaway aproveita para relacionar a obra em gestação com todos os livros que ajudaram a construir o imaginário do artista, que agora se apropria e se utiliza da rede de signos conhecida a priori a fim de criar o novo, ato em si mágico, misterioso e inexplicável, exprimindo os sonhos fantásticos que lhe atravessam a alma e o corpo.

HAMLET
(Hamlet, 1996)
direção de Kenneth Branagh
elenco: Kenneth Branagh, Kate Winslet, Julie Christie, 
Gérard Depardieu e Jack Lemmon

Uma versão reduzida de “Hamlet”, de aproximadamente duas horas e meia, foi exibida nos cinemas brasileiros. Apenas nas fitas em vídeo e na tv a cabo foi exibida a versão original, que tem quase quatro horas de duração. Após terminar seus estudos, Hamlet (Branagh), Príncipe da Dinamarca, retorna para o Palácio de Elsinore e encontra seu tio Claudius (Jacobi) casado com Gertrude (a eterna musa Christie), sua mãe.

Vendo a aparição do falecido pai, Hamlet a segue através do bosque. Ao encontrá-la, ela diz que precisa ser vingado, pois, apesar de se ter tido que o falecido monarca morreu devido uma picada de cobra, afirma que a serpente que picou seu pai usa agora sua coroa e que, de uma única vez, tudo lhe foi tirado: a vida, a coroa e a rainha. Hamlet jura vingança. Mas várias tragédias estão reservadas para Elsinore. Grande momento de Kate Winslet como a infeliz Ofélia. Recebeu quatro indicações ao Oscar.

ROMEU + JULIETA
(Romeu + Julieta, 1996)
direção de Baz Luhrmann
elenco: Leonardo DiCaprio, Claire Danes, John Leguizamo, 
Harold Perrinea, Pete Postlethwaite, Paul Sorvino 
e Brian Dennehy

Uma festa de cores, sons e emoções. A primeira vez que SHAKESPEARE foi adaptado ao cinema usando o texto original numa época atual. Aqui os Montecchio e os Capuletto são famílias de gangues rivais na fictícia Verona Beach. A trilha sonora inclui nomes como Garbage, Radiohead e The Cardigans e no elenco DiCaprio e Danes estão encantadores como o casal apaixonado. O diretor australiano irritou puristas com uma versão atualizada, extravagante e violenta para uma das peças mais conhecidas do bardo inglês. Apesar de todas as mudanças, os diálogos originais sobrevivem às invencionices. Melhor Ator no Festival de Berlim.

MACBETH: AMBIÇÃO e GUERRA
(Macbeth, 2015)
direção de Justin Kurzel
elenco: Michael Fassbender e Marion Cotillard
 

Exibição elogiada no Festival de Cannes 2015. Caracterização de época e estrutura fiel à peça. A produção faz uso, inclusive, de diálogos originais escritos no século XI para contar uma história movida à ambição, traição e poder. Em crítica publicada recentemente, o jornal The Guardian considerou o longa uma “versão extremamente elegante” da obra do dramaturgo inglês. Tem razão.

NOTA

A obra do dramaturgo pode ser encontrada traduzida para download gratuito na biblioteca eletrônica “Domínio Público”, do Governo Federal, ou textos no original no site “The Complete Works of William Shakespeare”.


william shakespeare

18 comentários:

Arthur Hoffmann disse...

Texto muito bom.

Jean Guilherme Paixão disse...

Magnífica listagem. Vi alguns, verei outros.

Angela Pieruccini disse...

Ícone da minha adolescência
Olívia e Leonard em Romeu e Julieta

Yuri Hícaro disse...

Franco Zeffirelli genial Emoticon heart

Ilma Lagos disse...

Faltou A Tempestade(2010) de Julie Taymor, Homem Mau Dorme Bem (1960) de Akira Kurosawa (inspirado em Hamlet), e Otelo(1952) de Orson Welles. Filmes excelentes!

Ilma Lagos disse...

Há também: A Megera Domada(1967) do Zeffirelli, Muito Barulho por Nada(1993) de Keneth Branagh e Sonho de uma Noite de Verão(1999).

Janice Prates disse...

Que maravilha! Obrigada.

Gustavo Chacon disse...

Romeu e Julieta de Zefirelli é muito lindo.

Maria Jose Menezes Rudokas disse...

Demais!!

Moises Silva disse...

Show!!!!!!

Kley Coelho disse...

A versão de Hamlet, recontada por dois coadjuvantes em "Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos' do Tom Stoppard é muito interessante, a começar pelas invenções sugeridas pelo personagem de Oldman.

Mauro Sérgio Magalhães disse...

Shakespeare eterno !!!

Riani Mendes disse...

Maravilhoso !

Ana Paula Chagas disse...

Ótima seleção! Gostei de ver "Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos" na lista.

Madalena Mendonça disse...

Sou fã das obras de Shakespeare.Laurence Olivier ensinou Hollywood a filmar Shakespeare quando fez Henrique V e é um filme fabuloso.

Orlando Fitti disse...

Julio Cesar é uma das minhas obras preferidas do bardo. Recomendo a todos que tem ideias erradas sobre Shakespeare. O desenvolvimento dos acontecimentos na elegia a Cesar, os diálogos que antecedem o fim de Brutus, bem como o clima de catástrofe eminentemente que sai das linhas para a mente do leitor não pode ser explicado, precisa ser experimentado.

Anônimo disse...

E o Othelo do Laurence Olivier, o mais escuro de todos?

Ana Paula Chagas disse...

Ótima seleção! Gostei de ver "Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos" na lista.