Ele é
o mais influente dramaturgo do mundo. Produziu a maior parte de sua obra entre
1590 e 1613, chegando ao ápice da sofisticação e do talento artístico. Este mês, abril, o Bardo de Stratford-upon-Avon, WILLIAM
SHAKESPEARE (1564 - 1616), faz 400 anos de falecimento. De sua produção
literária, restaram até os dias de hoje 38 peças, 154 sonetos, dois longos
poemas narrativos, e mais alguns versos esparsos, cuja autoria, no entanto, é ainda duvidosa.
Respeitado
em sua própria época, sua reputação só viria a atingir o nível em que se
encontra hoje no século XIX. Os românticos, especialmente, aclamaram a
genialidade de SHAKESPEARE, e os vitorianos idolatraram-no como um herói, com
uma reverência que George Bernard Shaw chamava de “bardolatria”. No século XX foi
adotado e redescoberto repetidamente por novos movimentos teatrais. Suas peças são
peculiares, complexas, misteriosas e com um fundo psicológico espantoso. Elas
permanecem extremamente populares, e são estudadas, encenadas e reinterpretadas,
em diversos contextos culturais e políticos, por todo o mundo. Elas resistiram
ao tempo.
Dramaturgo mais encenado de todos os tempos, WILLIAM SHAKESPEARE também segue imbatível em quantidade de adaptações para o cinema: suas peças inspiraram cerca de 450 produções audiovisuais, entre
longas e curtas para o cinema e TV. Apesar dessa influência assombrosa, poucas
fitas com a grife do poeta inglês se tornaram fenômenos de bilheteria.
Os cinéfilos fãs da sua obra tem a sorte do resultado talentoso de inúmeras adaptações cinematográficas. Na lista a seguir estão 25 filmes de diferentes gêneros e épocas inspirados na literatura do autor. Dentre as versões que assisti, são as preferidas. Elas, de forma alguma, devem ser encaradas como substitutas ao trabalho original do escritor, mas são boas opções para aqueles que desejam se aproximar da sua obra.
Os cinéfilos fãs da sua obra tem a sorte do resultado talentoso de inúmeras adaptações cinematográficas. Na lista a seguir estão 25 filmes de diferentes gêneros e épocas inspirados na literatura do autor. Dentre as versões que assisti, são as preferidas. Elas, de forma alguma, devem ser encaradas como substitutas ao trabalho original do escritor, mas são boas opções para aqueles que desejam se aproximar da sua obra.
SONHO de UMA NOITE de VERÃO
(A Midsummer Night’s Dream, 1935)
direção de Max Reinhardt e William Dieterle
elenco: James Cagney, Mickey Rooney, Olivia de
Havilland,
O famoso
diretor teatral austríaco Max Reinhardt adapta uma comédia de erros de
SHAKESPEARE para o cinema com grande elenco. James Cagney e Olivia de
Havilland, aos 19 anos, estrelam a história dos casais trocados e enfeitiçados
por um fauno na floresta neste belíssimo filme passado na Itália no início do
século XX. Concorreu ao Oscar de Melhor Filme e ganhou o de Melhor Fotografia.
ROMEU e JULIETA
(Romeo and Juliet, 1936)
direção de George Cukor
elenco: Norma Shearer, Leslie Howard, John Barrymore,
O
mestre Cukor dirige sensivelmente este conto imortal sobre amantes ardentes
divididos por diferenças familiares. Romeu, um Montéquio, se apaixona pela bela
Julieta, uma Capuleto. Norma Shearer e Leslie Howard, interpretando os
personagens-título, estão maravilhosos, quase esquecemos que são velhos demais para
os papéis. Indicado a quatro Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Atriz.
Sets e figurinos impecáveis (quadros de Botticelli inspiram o guarda-roupa de Shearer),
refletindo o polpudo orçamento investido pela Metro-Goldwyn-Mayer.
HENRIQUE V
(The Chronicle History of King Henry
the Fift with
His Battell Fought at Agincourt in
France, 1944)
direção de Laurence Olivier
elenco:
Laurence Olivier, Robert Newton, Leslie Banks
Rodado
às vésperas da invasão da Normandia pelos aliados, um claro paralelo foi
traçado entre a conquista da França pelo rei inglês no século XV e o início da
derrota dos invasores nazistas. Dedicado aos combatentes, usa a poesia heroica
de SHAKESPEARE como uma trombeta, um chamado à nação, e mostra seu potencial
como propaganda de guerra. O filme se inicia com uma representação teatral na
Londres de 1603 e em seguida transporta a ação para um campo de batalha na
França. Ousadias como essa iam de encontro à maneira como o bardo era tratado
no cinema até então - com reverência e profundo respeito.
Plateias,
estudiosos e críticos ficaram extasiados. Os cenários se inspiram em
pinturas medievais, Paolo Uccello e no filme “Alexander Nevsky / Idem” (1938),
de Sergei Eisenstein. Considerado um dos melhores filmes da carreira de Laurence Olivier. Concorreu ao Oscar de Melhor Filme e Melhor Ator. Foi o Melhor Ator do
Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York e do National Board of Review. O
primeiro dos três filmes baseados em peças de WILLIAM SHAKESPEARE que Olivier dirigiu. Também o primeiro a receber críticas entusiasmadas e a dar
lucro.
HAMLET
(Hamlet, 1948)
direção de Laurence Olivier
elenco: Laurence Olivier, Jean Simmons, Eileen Herlie
Olivier
exigiu que fosse fotografado em preto e branco. Tornou-se o primeiro filme
britânico a ganhar o Oscar de Melhor Filme. Mas é objeto de controvérsia, com
os “puristas” da obra de SHAKESPEARE criticando as alterações do diretor-ator
para condensar a peça de quatro horas em duas horas de filme.
Retirados os elementos políticos do texto, deu-se ênfase à psicologia dos
personagens. Muito próximo do Expressionismo Alemão e do film noir. Os
ambientes lúgubres e as escadarias tortuosas corresponderiam aos labirintos da
mente de Hamlet. Oscar de Melhor Ator, Globo de Ouro de Melhor Filme
Estrangeiro e Melhor Ator, Melhor Ator do Círculo dos Críticos de Cinema de
Nova York e Melhor Atriz e Melhor Fotografia no Festival de Veneza.
MACBETH, REINADO de SANGUE
(Macbeth, 1948)
direção de Orson Welles
elenco: Orson Welles, Jeanette Nolan, Dan O'Herlihy
Em
1947, Orson Welles queria filmar um drama de SHAKESPEARE e tentou convencer produtores a financiarem uma adaptação de “Otelo”. Sem conseguir esse
objetivo, ele mudou para “Macbeth”, cuja história definia como “uma mistura
perfeita de O Morro dos Ventos Uivantes e A Noiva de Frankenstein.” Conseguiu
convencer Herbert Yates, presidente da Republic Pictures, a fazer o filme.
Yates queria trazer prestígio para o estúdio que crescera com os westerns de
Roy Rogers e outras produções de baixo orçamento.
O
diretor concordou em filmar em três semanas ao custo de 700 mil dólares. Ele
pensou em Vivien Leigh para Lady Macbeth. Outras atrizes cogitadas foram
Tallulah Bankhead, Anne Baxter e Mercedes McCambridge, até que Jeanette Nolan,
uma atriz de rádio sem experiência no cinema ou teatro, fosse a escolhida. Welles
trouxe o ator irlandês Dan O'Herlihy para o seu primeiro papel nos Estados
Unidos e incluiu no elenco o astro-mirim Roddy McDowall. Resultou numa tragédia
digna, bem conduzida.
JÚLIO CÉSAR
(William Shakespeare’s Julius Caesar, 1953)
direção de Joseph L. Mankiewicz
elenco:
Marlon Brando, James Mason, John Gielgud,
Greer Garson, Deborah Kerr, Louis
Calhern
e Edmond O`Brien
Adaptação
bem sucedida, preservando a beleza das falas e a excitação do enredo, presentes
no original. O foco é mantido no drama de Bruto, que se debate entre a lealdade
a César e o bem estar da população, e nas implicações políticas de uma rebelião
violenta. Marlon Brando, com uma dicção longe dos habituais resmungos e
murmúrios, foi lembrado pela Academia.
Ao
todo, o filme recebeu cinco indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, tendo
vencido na categoria Melhor Direção de Arte. “Júlio César” já fora filmado três
anos antes, com Charlton Heston como Marco Antônio. Heston voltaria a
interpretar o mesmo personagem em 1970, no filme também intitulado “Júlio César
/ Julius Caesar”, dessa vez com John Gielgud interpretando o personagem-título.
Várias outras adaptações têm sido feitas regularmente, tanto para o cinema
quanto para a televisão. A de Mankiewicz é a melhor.
ROMEU e JULIETA
(Romeo and Juliet, 1954)
direção de Renato Castellani
elenco:
Laurence Harvey, Susan Shentall, Flora Robson
Suntuoso
e poético. Castellani ganhou com ele o Grand Prix no Festival de Cinema de
Veneza e os prêmios de
Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Diretor do National Board of Review.
Estabelecendo o sistema de classes e o catolicismo da Renascença em Verona, e a
natureza da disputa entre famílias, altera muitas vezes o clássico
original, inclusive reduzindo alguns personagens fundamentais. Pauline Kael,
que admirava o filme, elogiou a atuação de Mervyn Johns como Frei
Laurence. A protagonista, Susan
Shentall, foi descoberta pelo diretor em um pub de Londres, mas se casou logo
após as filmagens, e nunca mais fez cinema.
RICARDO III
(Richard III, 1955)
direção de Laurence Olivier
elenco: Laurence Olivier, Claire Bloom, Cedric
Hardwicke,
Saudado
como o maior intérprete de WILLIAM SHAKESPEARE de seu tempo, Laurence
Olivier fechou o trio cinematográfico shakespeariano com este elogiado filme. Indicado
pela Academia em apenas uma categoria (Melhor Ator). Foi, entretanto,
largamente premiado: Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro; BAFTA de Melhor
Filme e Melhor Ator; David di Donatello de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor
Ator Estrangeiro. O personagem-título, depois de colocar o irmão Eduardo no
trono da Inglaterra, agora o quer para si. Para tanto, desenvolve um plano onde
não faltam a manipulação, a fraude e o assassinato. As consequências, todavia,
são trágicas.
PLANETA PROIBIDO
(Forbidden Planet, 1956)
direção de Fred M. Wilcox
Inspirado
na peça “A Tempestade”. Aqui, em vez de uma ilha, o lugar deserto e
desconhecido a ser explorado é um novo planeta. O longa apresenta Morbius
(Walter Pidgeon), um cientista que parte da Terra em uma nave espacial em
companhia de sua filha, Altaira (Anne Francis), personagens que lembram o duque
de Milão, Próspero, e sua filha, Miranda, da peça de SHAKESPEARE.
TRONO MANCHADO de SANGUE
(Kumonosu-Jo, 1957)
direção de Akira Kurosawa
Considerada
pelo crítico literário Harold Bloom como a melhor adaptação cinematográfica de
“Macbeth”. Kurosawa transpôs a obra para o Período Sengoku japonês. As guerras
civis sacodem o país. Dois valentes samurais, os generais Washizu Taketori
(Mifune em extraordinária atuação) e Miki (Minoru Chiaki), regressam aos seus domínios depois de
uma batalha vitoriosa. No caminho, uma misteriosa senhora profetiza o grandioso
futuro deles. A partir deste fato Washizu, auxiliado por sua esposa Asaji (Yamada), se vê imerso numa trágica e sangrenta luta pelo poder. Magníficas
atuações. Obra-prima.
HAMLET
(Gamlet, 1964)
direção de Grigori Kozintsev
elenco:
Innokenty Smoktunovsky, Mikhail Nazvanov, Elza Radzina,
Baseado
em uma tradução livre de Boris Pasternak, autor de “Doutor Jivago”. O diretor Grigori
Kozintsev havia dirigido em 1954 uma montagem teatral de “Hamlet”, no Teatro
Pushkin, em Leningrado. Ao contrário de Laurence Olivier, que removeu a maior
parte da dimensão política da peça para se concentrar em turbulência interna, esta
versão cinematográfica é bastante política. Onde em Olivier tinha escadas
estreitas e sinuosas, em Kozintsev tem avenidas largas, povoado de embaixadores
e cortesãos.
O
papel do castelo como uma prisão é enfatizada. A câmera frequentemente olha
através das barras e grades. Muitos dos exteriores foram filmados na fortaleza
de Ivangorod, na fronteira da Rússia e da Estônia. A sua recepção crítica foi positiva. Trilha sonora e fotografia magníficas. Um filme digno, profundo e
selvagem, épico e bárbaro. Melhor Ator no Festival de Veneza.
ROMEU e JULIETA
(Romeo and Juliet, 1968)
direção de Franco Zefirelli
elenco: Leonard Whiting, Olivia Hussey, John
McEnery,
Sempre
achei legal a versão suntuosa de Zeffirelli. Um conto de amor, intolerância,
conflito de gerações e ousadia dos jovens. Uma das mais populares adaptações
shakespearianas, ganhou sobrevida em VHS, na TV, em DVD e seguramente arrecadou
muitos milhões de dólares. Indicado ao Oscar de Melhor Filme, ganhou nas categorias de Melhor Figurino e Fotografia. Globo de Ouro de
Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Diretor do National Board of Review. O belo e novato
casal romântico protagonista, mesmo com o estrondoso sucesso mundial do filme,
teve carreira cinematográfica inexpressiva. Visualmente impecável, o longa tem majestosa trilha sonora de Nino Rota, com a canção “A Time for Us”, um hit na época.
HAMLET
(Idem, 1969)
direção de Tony Richardson
elenco: Nicol Williamson, Judy Parfitt, Anthony
Hopkins
Dirigido
pelo premiado Tony Richardson com base na sua própria montagem teatral, no
Teatro Roundhouse, em Londres. No elenco, Anthony Hopkins como o Rei Claudius e
a cantora Marianne Faithfull como Ofélia. Feito com um orçamento enxuto, minimalista.
O fantasma do pai de Hamlet é representado apenas por uma luz. O filme coloca ênfase
em aspectos sexuais da peça, ao ponto de incluir uma relação incestuosa entre
Laertes e Ofélia. Ótima atuação de Nicol Williamson como o atormentado Hamlet.
MACBETH
(Macbeth, 1971)
direção de Roman Polanski
Inquietante,
desigual e inegavelmente atraente em sua brutalidade implacável. Recebeu
críticas desiguais. Alguns críticos acharam que a violência e nudez perturbadora
dos personagens diminuíram a complexidade e ambiguidade do texto original. Outros,
no entanto, elogiaram sua excelência técnica, a atmosfera bizarra e a convincente
interpretação moderna da tragédia de SHAKESPEARE.
Feito
por Polanski no rastro do assassinato de sua esposa grávida, Sharon Tate, e
vários de seus amigos, pelos membros da família Manson em sua casa em Beverly
Hills, na noite de 9 de agosto de 1969. Após os assassinatos, afundando em
profunda depressão, ele se culpava pela tragédia. Depois de meses de luto, resolveu
adaptar “Macbeth”. Rodado no País de Gales. Considerado Melhor Filme do Ano
pelo National Board of Review.
REI LEAR
(King Lear, 1971)
direção de Peter Brook
elenco: Paul Scofield, Irene Worth, Cyril Cusack
Decidido
a afastar-se do governo, o rei Lear resolve dividir seu reino entre as filhas
Goneril, Regan e Cordélia. Em troca, pede declarações públicas de afeto.
Exasperado diante do posicionamento de Cordélia – sua preferida – e das
traições cometidas pelas outras, Lear vê seu mundo ruir, enquanto,
gradativamente, perde a sanidade. Em sua adaptação, o diretor Peter Brook
transpõe a peça original para cenários desoladores, utilizando a linguagem
cinematográfica a fim de gerar uma atmosfera lúgubre e estabelecer diálogos com
Beckett e outros mestres do modernismo.
MACBETH
(A Performance of Macbeth, 1979)
direção de Trevor Nunn
A versão
cinematográfica praticamente reproduz a produção teatral realizada no The Other
Place, pequeno teatro em Stratford-upon-Avon. Ele havia sido apresentada para
audiências pequenas, palco nu e figurino simples. A filmagem preserva esse
estilo: os atores atuam em um conjunto circular num fundo quase sempre escuro. Mudanças
são indicadas apenas pela iluminação. O brilho fica por conta das atuações de
McKellen e Dench.
RAN
(Ran, 1985)
direção de Akira Kurosawa
elenco: Tatsuya Nakadai, Akira Terao, Jinpachi Nezu,
Kurosawa
não mediu esforços na sua versão de uma das grandes tragédias da língua inglesa,
“Rei Lear”. No ano do lançamento foi considerado o filme japonês mais caro já
produzido. Adiciona elementos ocidentais à trama e amplia o impacto das
decisões do rei, mas sem se afastar dos temas centrais da peça. No Japão do
século XVI, o senhor feudal Hidetora, patriarca do clã Ichimonji, aos 70 anos,
decide dividir o reino entre os três filhos. Nos seus planos, os filhos,
unidos, manteriam as conquistas da família, mas a ambição desmedida destrói qualquer
lealdade.
Concorreu
ao Oscar de Melhor Diretor. BAFTA de Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Filme
Estrangeiro da Associação dos Críticos de Cinema de Los Angeles, Melhor Filme
Estrangeiro e Melhor Diretor do National Board of Review e Melhor Filme
Estrangeiro do Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York.
THE ANGELIC CONVERSATION
(1987)
direção de Derek Jarman
O cinema
experimental de Jarman aqui tem seu tom definido pela justaposição de imagens fotográficas, em movimento lento, e sonetos de SHAKESPEARE interpretados pela atriz Judi Dench. Imagens homoeróticas e paisagens de sonho, em um mundo de magia e
ritual. A violência se apresenta em carros em chamas e sistemas de radar.
HENRIQUE V
(Henry V, 1989)
direção de Kenneth Branagh
elenco: Kenneth Branagh, Derek Jacobi, Emma
Thompson,
Judi Dench, Paul Scofield, Robert Stephens
O Rei
Henrique V da Inglaterra é insultado pelo Rei da França, Carlos VI. Como
consequência, ele lidera seu exército contra os franceses, precisando estar
atento e manter suas tropas motivadas e unidas. Recebeu aclamação
mundial crítica e tem sido amplamente considerado uma das melhores adaptações
para o cinema de uma obra de SHAKESPEARE. Branagh, em sua estreia na direção, foi indicado ao Oscar de Melhor Diretor e também Melhor Ator.
Agitado,
corajoso e agradável, o longa oferece uma infinidade de belas performances de
alguns dos mais brilhantes talentos do Reino Unido. Frequentemente comparado
com a versão de 1944, dirigida e estrelada por Laurence Olivier. No entanto, o
estilo visual do filme de Branagh é mais corajoso e mais realista do que o de
Olivier. BAFTA de Melhor Direção, Melhor Ator do European Film Awards e Melhor
Diretor do National Board of Review.
HAMLET
(Idem, 1990)
direção de Franco Zefirelli
elenco:
Mel Gibson, Glenn Close, Helena Bonham Carter,
Ao
longo de toda a história do cinema, já foram realizadas mais de 70 adaptações
de “Hamlet”. Príncipe da Dinamarca, Hamlet (Gibson, em surpreendente atuação) retorna
ao seu país-natal quando seu pai, o rei, morre. Ao chegar, encontra sua mãe
(Glenn Close) casada com seu tio (Alan Bates), que se tornara rei. Mas logo o
fantasma do pai de Hamlet surge e conta ao filho que seu tio e sua mãe o tinham
assassinado. Hamlet passa então a ser atormentado pela decisão de vingar a
morte do pai ou ter uma atitude passiva em relação ao fato.
O
filme foge do aspecto teatral da história e se destaca pela elaborada pesquisa
de ambientação. A trama, ainda que não tome muitas liberdades em relação ao
texto original, acrescenta climas de fitas de ação para fisgar os fãs de Gibson.
Recebeu duas indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Direção de Arte e
Melhor Figurino.
ROSENCRANTZ e GUILDERSTERN ESTÃO
MORTOS
(Rosencrantz & Guildenstern are
Dead, 1990)
direção de Tom
Stoppard
Rosencrantz
(Oldman) e Guildenstern (Roth) são personagens secundários na tragédia clássica
de WILLIAM SHAKESPEARE, “Hamlet”, porém, nesta saborosa comédia, os dois amigos
do Príncipe da Dinamarca são protagonistas das mais absurdas tentativas de
fugirem de seus destinos. A dupla é convocada pelo Rei Cláudio para descobrir
por que Hamlet está agindo de forma tão estranha. O roteiro é excelente, assim
como a atuação do trio protagonista. Melhor Filme e Melhor Ator (Dreyfuss) no
Festival de Veneza.
A ÚLTIMA TEMPESTADE
(Prospero`s Books, 1991)
direção de Peter Greenaway
elenco: John Gielgud, Michael Clark, Michel Blan,
Adaptação
da obra de WILLIAM SHAKESPEARE, com experimentalismos e belas imagens. Próspero
vive numa ilha com sua filha Miranda, após ter sido banido pelo Rei de Nápoles.
Mas o destino faz com que seus inimigos venham ao seu encontro, dando início a
um romance proibido e a uma série de conspirações e vinganças.
Greenaway
transforma os delirantes sonhos vingativos de Próspero (magistral John
Gielgud), Duque de Milão exilado, em fatos reais, para refletir acerca da
criação artística, ao mesmo tempo angelical e diabólica, pois, embora capaz de
gerar a beleza redentora e de absorver todo o conhecimento do mundo, traz
consigo, inseparável, o poder do artista, tanto sobre a obra e os personagens,
quanto sobre o público para quem se dirige.
Dessa
forma, enquanto Prospero, cercado por figuras mitológicas (sobretudo Ariel e
Calibã, o Anjo e o Demônio, respectivamente), escreve a trama de vingança,
Greenaway aproveita para relacionar a obra em gestação com todos os livros que
ajudaram a construir o imaginário do artista, que agora se apropria e se
utiliza da rede de signos conhecida a priori a fim de criar o novo, ato em si
mágico, misterioso e inexplicável, exprimindo os sonhos fantásticos que lhe
atravessam a alma e o corpo.
HAMLET
(Hamlet, 1996)
direção de Kenneth Branagh
elenco: Kenneth Branagh, Kate Winslet, Julie
Christie,
Uma
versão reduzida de “Hamlet”, de aproximadamente duas horas e meia, foi exibida
nos cinemas brasileiros. Apenas nas fitas em vídeo e na tv a cabo foi exibida a
versão original, que tem quase quatro horas de duração. Após terminar seus
estudos, Hamlet (Branagh), Príncipe da Dinamarca, retorna para o Palácio de
Elsinore e encontra seu tio Claudius (Jacobi) casado com Gertrude (a eterna
musa Christie), sua mãe.
Vendo
a aparição do falecido pai, Hamlet a segue através do bosque. Ao encontrá-la,
ela diz que precisa ser vingado, pois, apesar de se ter tido que o falecido
monarca morreu devido uma picada de cobra, afirma que a serpente que picou seu
pai usa agora sua coroa e que, de uma única vez, tudo lhe foi tirado: a vida, a
coroa e a rainha. Hamlet jura vingança. Mas várias tragédias estão reservadas
para Elsinore. Grande momento de Kate Winslet como a infeliz Ofélia. Recebeu quatro
indicações ao Oscar.
ROMEU + JULIETA
(Romeu + Julieta, 1996)
direção de Baz Luhrmann
elenco:
Leonardo DiCaprio, Claire Danes, John Leguizamo,
Harold Perrinea, Pete
Postlethwaite, Paul Sorvino
Uma
festa de cores, sons e emoções. A primeira vez que SHAKESPEARE foi adaptado ao
cinema usando o texto original numa época atual. Aqui os Montecchio e os
Capuletto são famílias de gangues rivais na fictícia Verona Beach. A trilha
sonora inclui nomes como Garbage, Radiohead e The Cardigans e no elenco DiCaprio
e Danes estão encantadores como o casal apaixonado. O diretor australiano
irritou puristas com uma versão atualizada, extravagante e violenta para uma das
peças mais conhecidas do bardo inglês. Apesar de todas as mudanças, os diálogos
originais sobrevivem às invencionices. Melhor Ator no Festival de Berlim.
MACBETH: AMBIÇÃO e GUERRA
(Macbeth, 2015)
direção de Justin Kurzel
Exibição elogiada no Festival de Cannes 2015. Caracterização de
época e estrutura fiel à peça. A produção faz uso, inclusive, de diálogos
originais escritos no século XI para contar uma história movida à ambição,
traição e poder. Em crítica publicada recentemente, o jornal “The Guardian” considerou o longa uma “versão extremamente elegante” da obra do dramaturgo
inglês. Tem razão.
NOTA
18 comentários:
Texto muito bom.
Magnífica listagem. Vi alguns, verei outros.
Ícone da minha adolescência
Olívia e Leonard em Romeu e Julieta
Franco Zeffirelli genial Emoticon heart
Faltou A Tempestade(2010) de Julie Taymor, Homem Mau Dorme Bem (1960) de Akira Kurosawa (inspirado em Hamlet), e Otelo(1952) de Orson Welles. Filmes excelentes!
Há também: A Megera Domada(1967) do Zeffirelli, Muito Barulho por Nada(1993) de Keneth Branagh e Sonho de uma Noite de Verão(1999).
Que maravilha! Obrigada.
Romeu e Julieta de Zefirelli é muito lindo.
Demais!!
Show!!!!!!
A versão de Hamlet, recontada por dois coadjuvantes em "Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos' do Tom Stoppard é muito interessante, a começar pelas invenções sugeridas pelo personagem de Oldman.
Shakespeare eterno !!!
Maravilhoso !
Ótima seleção! Gostei de ver "Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos" na lista.
Sou fã das obras de Shakespeare.Laurence Olivier ensinou Hollywood a filmar Shakespeare quando fez Henrique V e é um filme fabuloso.
Julio Cesar é uma das minhas obras preferidas do bardo. Recomendo a todos que tem ideias erradas sobre Shakespeare. O desenvolvimento dos acontecimentos na elegia a Cesar, os diálogos que antecedem o fim de Brutus, bem como o clima de catástrofe eminentemente que sai das linhas para a mente do leitor não pode ser explicado, precisa ser experimentado.
E o Othelo do Laurence Olivier, o mais escuro de todos?
Ótima seleção! Gostei de ver "Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos" na lista.
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