Supõe-se que o protagonista de “Assim
Estava Escrito / The Bad and the Beautiful” (1952), o despótico produtor de cinema Jonathan
Shields, interpretado
por Kirk Douglas, foi criado pensando nele. Um dos mais lendários produtores de
Hollywood, ele ficou famoso por produzir “...E o Vento Levou” e lançar a
carreira de Alfred Hitchcock em Hollywood com “Rebecca, A Mulher Inesquecível” -
ambos vencedores do Oscar de Melhor Filme. Astuto, confiante e
extremamente talentoso, DAVID O. SELZNICK (1902 – 1965) alcançou o topo do sucesso com
filmes que são agora clássicos,
como “Ave do Paraíso / Bird of Paradise”, “Jantar às Oito / Dinner at Eight”, “David
Copperfield”, “O Prisioneiro de Zenda / The Prisoner of Zenda”, “Nasce Uma
Estrela” ou “Duelo ao Sol”.
Ele foi fundamental na projeção de estrelas como Vivien Leigh, Ingrid Bergman, Joseph Cotten, Gregory Peck, Katharine Hepburn, Joan Fontaine, Fred Astaire, Leslie Howard, Myrna Loy e Jennifer Jones, sua esposa. Trabalhando incansavelmente, produziu longas de qualidade com três marcas: estrelas de primeira grandeza, os melhores roteiristas e nenhuma despesa poupada. Enquanto produzia, praticamente se esgotava, buscando a perfeição nos mínimos detalhes e insistindo em suas próprias ideias. Estava preocupado com “o melhor possível”, e seu perfeccionismo levou a muitas lutas com os diretores.
“… E o Vento Levou” começou com George Cukor na direção, seu amigo pessoal. Foi substituído por Victor Fleming, e este por Sam Wood. Durante as filmagens de “Coração Indômito / Gone to Earth”, desentendimentos com Michael Powell e Emeric Pressburger resultaram em praticamente dois filmes: a versão original britânica e a norte-americana (intitulada “The Wild Heart”), parcialmente refilmada por Rouben Mamoulian. “Adeus às Armas / A Farewell to Arms” viu uma rivalidade teimosa entre Selznick e John Huston, que foi substituído por Charles Vidor.
Ele foi fundamental na projeção de estrelas como Vivien Leigh, Ingrid Bergman, Joseph Cotten, Gregory Peck, Katharine Hepburn, Joan Fontaine, Fred Astaire, Leslie Howard, Myrna Loy e Jennifer Jones, sua esposa. Trabalhando incansavelmente, produziu longas de qualidade com três marcas: estrelas de primeira grandeza, os melhores roteiristas e nenhuma despesa poupada. Enquanto produzia, praticamente se esgotava, buscando a perfeição nos mínimos detalhes e insistindo em suas próprias ideias. Estava preocupado com “o melhor possível”, e seu perfeccionismo levou a muitas lutas com os diretores.
“… E o Vento Levou” começou com George Cukor na direção, seu amigo pessoal. Foi substituído por Victor Fleming, e este por Sam Wood. Durante as filmagens de “Coração Indômito / Gone to Earth”, desentendimentos com Michael Powell e Emeric Pressburger resultaram em praticamente dois filmes: a versão original britânica e a norte-americana (intitulada “The Wild Heart”), parcialmente refilmada por Rouben Mamoulian. “Adeus às Armas / A Farewell to Arms” viu uma rivalidade teimosa entre Selznick e John Huston, que foi substituído por Charles Vidor.
selznick, joan fontaine, hitchcock e sua esposa alma |
PRIMEIROS ANOS
Nasceu
em Pittsburgh, em 1902, filho um imigrante russo que ganhou e perdeu uma
fortuna no negócio do cinema. Com confiança ilimitada nas habilidades de seus
dois filhos, Myron e David, o patriarca não poupou despesas para criá-los. A fortuna da família foi varrida
no crash (quebra) da bolsa de valores
de Nova York. Todos os bens da família, inclusive as joias da Sra.
Selznick foram vendidas. Aos quinze anos, DAVID O. SELZNICK passou a trabalhar
como avaliador de histórias, e depois na condução do departamento de
publicidade da Select Pictures, de seu pai. Com a falência da empresa, prometeu
ao pai que um dia recuperaria o prestígio do seu nome no mundo do cinema. Para
tal, concretizou cinejornais em Nova Iorque com algum êxito. Realizou também
dois documentários, um sobre o treinamento de um lutador de boxe e outro que
mostrava Rodolfo Valentino como jurado de um concurso de beleza no Madison
Square Garden.
Na METRO-GOLDWYN-MAYER
Apesar
da hostilidade entre Louis B. Mayer e seu pai, DAVID O. SELZNICK acabou
contratado pela M-G-M em 1926. Sua ascensão foi meteórica: de leitor de
roteiros, logo se tornou chefe do mesmo departamento. Em 1927, era o executivo
mais promissor da equipe do lendário Irving G. Thalberg. Nesse ano, tornou-se
assistente e, em seguida, editor de roteiros. Conseguiu aumentar a
produtividade do departamento ao diminuir o número de profissionais e instituir
a dead line date, isto é, prazos
finais para cada fase dos trabalhos. Questionando Thalberg duramente, à vista
de seus boquiabertos assistentes, foi despedido. Thalberg ainda disse que
cancelaria a demissão desde que pedisse desculpas formalmente. Orgulhoso e
arrogante, Selznick recusou-se e deixou o estúdio. Ele já tinha destino certo:
a Paramount Pictures.
irene mayer selznick, a primeira esposa |
Na PARAMOUNT
Contratado
pela Paramount como assistente do diretor de produção, trouxe sangue novo para
o estúdio. Entre suas contratações, Joseph L. Mankiewicz, os diretores de
teatro George Cukor e John Cromwell, e também roteiristas famosos em Nova
Iorque. A Paramount, uma das majors de
Hollywood, planejava concluir a transição para o sistema sonoro. Para isso, ela via em Selznick o elemento capaz de coordenar o
desenvolvimento de roteiros e permitir uma leva completa de filmes falados na
temporada 1929-1930. Colocado atrás de uma mesa, restou ao ambicioso jovem
escrever memorandos (pelos quais ficaria famoso em Hollywood, chegando a enviar
centenas no decurso de cada filme) sobre elencos e roteiros de longas-metragens
sob sua responsabilidade. Passou 1930 imerso nesse trabalho administrativo.
No
ano seguinte, ficou decidido que supervisionaria cinco grandes produções. Entretanto,
a Grande Depressão bateu às portas da Paramount e os lançamentos não saíram do
papel. Cortes salariais foram anunciados. Selznick não aceitou essas condições,
pedindo demissão. Em
abril de 1930, casou-se com Irene Mayer, a filha mais nova de Louis B. Mayer, o
chefe da M-G-M. Ele ficou furioso com o casamento da filha, até se recusou a
falar com o genro por um tempo.
dolores del rio em “ave do paraíso”, produção de selznick para a rko |
Na RKO
Em outubro
de 1931, a RKO Radio Pictures, estúdio de médio porte criado em 1928, lhe
ofereceu emprego. Sem alternativas, aceitou e, aos vinte e nove anos, tornou-se
o vice-presidente encarregado da produção, com salário de dois mil e quinhentos
dólares por semana. O estúdio nem de longe contava com artistas, técnicos e
recursos do nível dos concorrentes. Duas únicas estrelas, Irene Dunne e Dolores del Rio, a quem se
juntavam atores do segundo time, como Richard Dix, e também jovens promessas,
como Joel McCrea e Fay Wray. A maioria dos diretores da casa também era fraca e
ele fez uma limpeza, ficando apenas com Wesley Ruggles, Gregory La Cava e
George Cukor.
Os
resultados logo apareceram, apesar da falta de recursos. Ele supervisionava
apenas os longas-metragens mais importantes. Como produtor executivo, trabalhou
principalmente com George Cukor e Gregory La Cava. Em um ano, ele conseguiu
reduzir em um terço as despesas da RKO, sem sacrificar a quantidade e a
qualidade da produção. Apesar de seu desempenho, um novo executivo tentou
diminuir sua autoridade. O conflito foi inevitável. Finalmente, em 1933, DAVID O. SELZNICK demitiu-se, aprovando antes o teste de Fred Astaire, bailarino da
Broadway, magro, meio calvo e já meio velho, que ainda não tivera chance em
Hollywood. Retornou aos braços do sogro, como vice-presidente da M-G-M e chefe
de sua própria unidade de produção.
OUTRA VEZ na M-G-M
Recebido
com frieza pela maioria dos executivos do estúdio, ele rapidamente provou seu
talento, produzindo “Jantar às Oito”, um grande sucesso que calou a boca
daqueles que viam em sua contratação um mero exemplo de nepotismo. Mayer lhe oferecera
a vaga logo que Irving Thalberg ficara doente, pois se adivinhava que sua
convalescença seria demorada. Ainda
em 1933, produziu dois triunfos, ambos estrelados por Clark Gable - “Asas da
Noite / Night Flight” e “Amor de Dançaina / Dancing Lady”.
Já em 1934, ampliou seu campo de experiências com duas películas importantes. A primeira foi “Vencido pela Lei /Manhattan Melodrama”, saga sobre gângsteres de baixo orçamento que rendeu mais de um milhão de dólares e reviveu a carreira em baixa de William Powell. A outra, “David Copperfield”, adaptação cinematográfica do romance clássico de Charles Dickens. O filme foi um enorme sucesso, tendo faturado quase três milhões de dólares durante as oitenta e seis semanas em que ficou em cartaz nos EUA, sem contar um rendimento excepcional no exterior.
Entretanto, apesar de seu prestígio na M-G-M, DAVID O. SELZNICK estava incomodado com o conservadorismo e a crescente preocupação com os custos demonstrados pelo estúdio. Ele desejava produções de primeira linha e, sobretudo, sua própria companhia, sem ter que dar satisfações a ninguém. Anunciou, então, que criaria uma produtora independente, que produziria poucos filmes de prestígio anualmente, com distribuição da United Artists. Demitiu-se em 1935, antes concluindo seus dois últimos projetos: “Anna Karenina” e “A Conquista da Bastilha / A Tale of Two Cities”, triunfos que faturaram, cada um, mais de dois milhões de dólares.
Já em 1934, ampliou seu campo de experiências com duas películas importantes. A primeira foi “Vencido pela Lei /Manhattan Melodrama”, saga sobre gângsteres de baixo orçamento que rendeu mais de um milhão de dólares e reviveu a carreira em baixa de William Powell. A outra, “David Copperfield”, adaptação cinematográfica do romance clássico de Charles Dickens. O filme foi um enorme sucesso, tendo faturado quase três milhões de dólares durante as oitenta e seis semanas em que ficou em cartaz nos EUA, sem contar um rendimento excepcional no exterior.
Entretanto, apesar de seu prestígio na M-G-M, DAVID O. SELZNICK estava incomodado com o conservadorismo e a crescente preocupação com os custos demonstrados pelo estúdio. Ele desejava produções de primeira linha e, sobretudo, sua própria companhia, sem ter que dar satisfações a ninguém. Anunciou, então, que criaria uma produtora independente, que produziria poucos filmes de prestígio anualmente, com distribuição da United Artists. Demitiu-se em 1935, antes concluindo seus dois últimos projetos: “Anna Karenina” e “A Conquista da Bastilha / A Tale of Two Cities”, triunfos que faturaram, cada um, mais de dois milhões de dólares.
SELZNICK INTERNATIONAL PICTURE
Produtor
respeitado pela comunidade cinematográfica, não foi difícil para DAVID O.
SELZNICK conseguir mais de três milhões de dólares para fundar sua sonhada
Selznick International Picture. Assim, no verão de 1935, aos trinta e três anos
de idade, tornava-se o presidente, principal executivo e único produtor de um
estúdio dedicado exclusivamente a películas de luxo. Para ele, sua companhia
teria sempre um filme na fase de elaboração do roteiro, outro sendo rodado e um terceiro na sala de edição.
Em 1936, após concluir dois dramas de época, “O Pequeno Lord Fauntleroy / Little Lord Fauntleroy” e “O Jardim de Alah / The Garden of Allah”, um dos primeiros filmes coloridos, protagonizado por Marlene Dietrich, comprou por cinquenta mil dólares os direitos sobre o romance “...E o Vento Levou”, de Margaret Mitchell. Seu “Nasce Uma Estrela”, também em Technicolor, foi um grande sucesso em 1937 e lhe deu um lucro de cem mil dólares.
Em 1936, após concluir dois dramas de época, “O Pequeno Lord Fauntleroy / Little Lord Fauntleroy” e “O Jardim de Alah / The Garden of Allah”, um dos primeiros filmes coloridos, protagonizado por Marlene Dietrich, comprou por cinquenta mil dólares os direitos sobre o romance “...E o Vento Levou”, de Margaret Mitchell. Seu “Nasce Uma Estrela”, também em Technicolor, foi um grande sucesso em 1937 e lhe deu um lucro de cem mil dólares.
Ele
contratava estrelas, diretores e roteiristas apenas para um ou dois filmes. O projeto seguinte, “O
Prisioneiro de Zenda”, foi marcado por conflitos com o diretor John
Cromwell, além de demissões, interferências indevidas e problemas com a censura
(devidos à menção a um filho ilegítimo, nascido muito antes do início da
história). Durante a produção, contratou Ben Hecht para escrever “Nada é Sagrado”, dirigido por
William A. Wellman. Foram quatro caóticos meses, as filmagens realizadas
sem um roteiro definitivo e a história reescrita inúmeras vezes. Sanados os
problemas, estreou com sucesso. Em dezembro de 1937, a Selznick
International Pictures tinha cinco produções em seu currículo, realizadas em
quatorze meses. Foi o período mais fecundo de DAVID O. SELZNICK enquanto
produtor.
... E o VENTO LEVOU
Pela
grandiosidade do projeto, DAVID O. SELZNICK contratou o consagrado escritor
Sidney Howard, Premio Pulitzer de 1937, para condensar as 1.037 páginas do
caudaloso best-seller. Tallulah
Bankhead, Norma Shearer, Bette Davis, Joan Bennett, Miriam Hopkins, Claudette
Colbert e Loretta Young foram mencionados para o papel de Scarlett O'Hara em “...E o Vento Levou”. Tão
forte era o interesse público que, quando Norma Shearer recusou o papel,
o The New York Times lamentou sua decisão em um editorial. Vivien Leigh, uma
jovem e promissora atriz britânica, apresentada por seu irmão Myron, foi
finalmente a escolhida. “Quero que conheça Scarlett O'Hara”, disse Myron. A
procura chegara ao fim.
Na busca de Clark Gable, ele concordou com um acordo financeiro com o estúdio do astro, em que a M-G-M investiu metade dos custos de produção em troca da distribuição e uma participação nos lucros. Selznick pensou inicialmente para o papel em Gary Cooper, Ronald Colman e Errol Flynn, enquanto Basil Rathbone era o preferido da autora do romance. Mas o público escolheu Gable.
Na busca de Clark Gable, ele concordou com um acordo financeiro com o estúdio do astro, em que a M-G-M investiu metade dos custos de produção em troca da distribuição e uma participação nos lucros. Selznick pensou inicialmente para o papel em Gary Cooper, Ronald Colman e Errol Flynn, enquanto Basil Rathbone era o preferido da autora do romance. Mas o público escolheu Gable.
selznick, vivien leigh e o oscar |
A produção proporcionou a DAVID O. SELZNICK o Prêmio Memorial Irving G. Thalberg daquele ano. Na época, o filme foi o mais caro ($ 4250000) e um dos mais longos (3 horas e 45 minutos) já produzidos. Desde então, arrecadou mais de US $ 50 milhões. Representa o ápice da carreira do produtor e um dos principais filmes da história do cinema. Em 1944, a marca do leão adquiriu direitos totais sobre o filme e Selznick perdeu milhões com os vários relançamentos ao longo dos anos. Afogado em dívidas, nos bastidores seus inimigos e invejosos repetiam a frase recorrente, “E o vento levou Selznick
HITCHCOCK sob CONTRATO
Desde
1937, DAVID O. SELZNICK tentava atrair Alfred Hitchcock, o já respeitado diretor
britânico. Na verdade, cortejara vários outros produtores-diretores, pois
precisava aumentar a produção. No entanto, sabedores dos métodos tirânicos do
produtor, todos se recusavam a trabalhar para ele, de Frank Capra a Mervyn LeRoy, de Gregory La Cava e Leo McCarey. Ao encontrar Hitchcock em 1938, em mais uma investida
infrutífera, escreveu à esposa: “Enfim conheci Hitchcock. O homem é até
simpático, mas não é o gênero de sujeito que se leva para um acampamento”.
Finalmente, em março de 1939, depois de muitas idas e vindas, o diretor assinou
um contrato de exclusividade por sete anos. Seu primeiro trabalho seria a adaptação do romance “Rebecca”,
da escritora Daphne Du Maurier, best-seller lançado em 1938.
selznick e hitchcock |
JENNIFER JONES
Os
melodramas, os filmes sobre paixões destrutivas e as personagens excessivamente
apaixonadas serviam à atriz como uma luva, e DAVID O. SELZNICK sempre procurou
os melhores de entre estes para a atriz. Nos seus anos de ouro, da década de 1940
a meados da de 1950, ela filmou com realizadores como John Cromwell, Ernst
Lubitsch, Vincente Minnelli, John Huston, Michael Powell e Emeric Pressburger,
William Wyler, Vittorio de Sica ou King Vidor. Muito tímida e ciosa da sua
privacidade, era também emocionalmente frágil e teve uma vida pessoal agitada.
Separou-se do ator Robert Walker, com o qual tinha dois filhos, para se tornar
amante de Selznick, em 1943. Walker começou a beber demais, a abusar dos
anti-depressivos e chegou a estar internado num sanatório. A sua morte, em
1951, é associada ao desgosto que teve com o divórcio.
Ainda
muito jovem, ela foi apresentada a DAVID O. SELZNICK, e este se encantou com
seus grandes olhos cor de mel. Chamava-se Phylis Isley e acabara de fazer um teste desastroso
para o filme “Cláudia / Idem”, de Edmund Goulding, e chorava
copiosamente. O produtor a viu assim, bela e frágil, e se encantou irremediavelmente. Decidiu fazer dela a maior das atrizes. Mudou-lhe tudo:
nome, vida, talentos. Chamou-lhe Jennifer Jones, pagou-lhe lições de
interpretação, dança, até literatura. Dois anos depois, já devidamente moldada,
ela conquistaria o Oscar por sua primeira atuação como protagonista, em “A Canção de Bernadette / The Song of
Bernadette”, de Henry King. No dia seguinte à cerimônia, em fevereiro de 1944,
a atriz anunciava seu divórcio do ator Robert Walker. O produtor e sua estrela casaram-se em 1949.
Dona
de uma beleza agreste e de um estilo de atuação marcado mais pela intensidade
do que pela técnica, numa crise de depressão Jennifer Jones tentou o suicídio
jogando-se de um penhasco, em 1967, dois anos depois da morte de Selznick. A
única filha do casal matou-se saltando de um 20º andar em 1976.
Definitivamente, a vida da estrela não foi um mar de rosas.
DAVID O. SELZNICK PRODUCTIONS
O sucesso de “Rebecca, a Mulher Inesquecível”
e, principalmente, de “... E o Vento Levou”, estabeleceu novos parâmetros para
as produções de luxo na
era de ouro de Hollywood e colocaram DAVID O. SELZNICK no topo da indústria
cinematográfica. No entanto, tudo isso teve um preço. Após tanto esforço, o
produtor encontrava-se esgotado, física, mental e emocionalmente. Além disso,
sem uma extensa grade de produções, não havia como reinvestir os lucros e nem
desaguá-los em pagamento de despesas, o que gerou uma enorme tributação.
Desgostosos, em agosto de 1940, os acionistas majoritários decidiram liquidar a
produtora. Selznick anunciou que se retiraria dos negócios por tempo
indeterminado. Contudo, incansável, pouco depois fundou a David O. Selznick
Productions.
Ele
descobriu que poderia ganhar mais dinheiro emprestando seus contratados para
outros estúdios do que produzindo filmes. Tinha sob contrato nomes como Alida
Valli, Dorothy Mcguire, Gregory Peck, Ingrid Bergman, Jennifer Jones, Joan
Fontaine, Joseph Cotten, Louis Jourdan, Shirley Temple e Vivien Leigh. A
prática do empréstimo de astros e pessoal técnico já era largamente utilizada
na época, mas Selznick redefiniu a função do agente e produtor ao criar uma
espécie de agente de pacotes. Esse agente reunia os principais elementos de uma
produção - especialmente estrela, roteirista e diretor - e vendia o pacote ao
estúdio interessado.
Em 1944, voltou a produzir filmes, e o
primeiro, “Desde que Partiste / Since You Went Away” foi um enorme sucesso. Uma
história lacrimosa de uma
abnegada mãe e suas duas filhas, que permaneciam em casa enquanto o pai lutava
na II Guerra Mundial. Além de Jennifer Jones, ele queria promover duas aquisições
recentes, Joseph Cotten e Shirley Temple. Na fase de pós-produção do longa foi
abalado pela morte do irmão Myron, em decorrência de alcoolismo.
Seu filme seguinte, um faroeste extravagante com elenco estelar, “Duelo ao Sol”, mostrou um DAVID O. SELZNICK completamente obcecado, usando nada menos que oito diretores. Greves contínuas e outros problemas o abalaram emocional e financeiramente. No final de 1946, quando finalmente o filme foi concluído, ele estava exausto e não tinha mais condições e recursos para continuar a produzir. Sua equipe técnica estava esfacelada e suas estrelas recusavam-se a renovar os contratos. Sabia que alcançara seu limite. O lucro de mais de dois milhões de dólares alcançado por “Duelo ao Sol” ainda o animou, mas ele estava cada vez mais isolado em Hollywood.
Seu filme seguinte, um faroeste extravagante com elenco estelar, “Duelo ao Sol”, mostrou um DAVID O. SELZNICK completamente obcecado, usando nada menos que oito diretores. Greves contínuas e outros problemas o abalaram emocional e financeiramente. No final de 1946, quando finalmente o filme foi concluído, ele estava exausto e não tinha mais condições e recursos para continuar a produzir. Sua equipe técnica estava esfacelada e suas estrelas recusavam-se a renovar os contratos. Sabia que alcançara seu limite. O lucro de mais de dois milhões de dólares alcançado por “Duelo ao Sol” ainda o animou, mas ele estava cada vez mais isolado em Hollywood.
O FIM
Na
década de 1950 continuou desenvolvendo a carreira de Jennifer Jones. Em 1953, co-produziu “Quando a Mulher
Erra / Stazione Termini”, mas a experiência de Vittorio De Sica foi um injusto fracasso de público e de crítica. Com os astros
Montgomery Clift e Jennifer Jones no elenco, narra um caso de amor proibido que tem uma estação ferroviária como cenário. O
derradeiro filme de DAVID O. SELZNICK, “Adeus às Armas” (1957), uma malograda versão do clássico
de Ernest Hemingway estrelada por Jennifer Jones e Rock Hudson, não foi bem
recebido, e quase o quebrou financeiramente. Desde 1949, ele se envolvia em co-produções
internacionais e venda de seus filmes para a televisão. Entre seus projetos
cinematográficos nunca concretizados,
a versão do romance de Leon Tolstoi, “Guerra e Paz”; da peça de Shakespeare, “Antonio
e Cleópatra”, e até pensou na possibilidade de uma remake musical de “...E o
Vento Levou”.
Maior
produtor independente da história de Hollywood, DAVID O. SELZNICK faleceu em 22
de junho de 1965, aos sessenta e três anos de idade, após uma sequência de
ataques cardíacos. Deixou dois filhos do primeiro matrimônio e uma filha com
Jennifer Jones. Eles viviam em uma elegante casa no topo de uma colina com vista
para Beverly Hills. Na aposentadoria, confessou que em algumas manhãs se levantava com a determinação de produzir outro filme, mas depois de alguns
telefonemas e a leitura de esboços de roteiros, decidia esquecê-lo.
FILMOGRAFIA: 10 FILMES
(por ordem de preferencia)
01
DUELO ao SOL
(Duel in the Sun, 1946)
direção de King Vidor
com Jennifer Jones, Joseph Cotten,
Gregory Peck,
Lionel Barrymore, Herbert Marshall,
Lillian Gish
e Walter Huston
02
NASCE uma ESTRELA
(A Star Is Born, 1937)
direção de William A. Wellman
com Janet Gaynor, Fredric March e
Adolphe Menjou
03
O TERCEIRO HOMEM
(The Third Man, 1949)
(The Third Man, 1949)
direção de Carol Reed
com Orson Welles, Joseph Cotten,
Alida Valli
e Trevor Howard
04
… E o VENTO LEVOU
direção de Victor Fleming
com Clark Gable, Vivien Leigh, Leslie
Howard,
Olivia de Havilland, Thomas Mitchell
e Hattie McDaniel
05
ANNA KARENINA
(Anna
Karenina,1935)
direção de
Clarence Brown
com
Greta Garbo, Fredric March, Freddie Bartholomew,
Maureen
O’Sullivan e Basil Rathbone
06
REBECCA, a MULHER INESQUECÍVEL
REBECCA, a MULHER INESQUECÍVEL
(Rebecca, 1940)
direção de Alfred Hitchcock
com Laurence Olivier, Joan Fontaine e Judith Anderson
07
NADA é SAGRADO
(Nothing Sacred, 1937)
direção de William A. Wellman
com Carole Lombard, Fredric March e Walter
Connolly
08
DAVID COPPERFIELD
(The Personal History, Adventures, Experience,
& Observation of David Copperfield the Younger, 1935)
& Observation of David Copperfield the Younger, 1935)
direção de George Cukor
com Freddie Bartholomew, W. C. Fields,
Edna May Olivier
Basil Rathbone, Lionel Barrymore e
Elsa Lanchester
09
O PREÇO da GLÓRIA
(What Price Hollywood, 1932)
direção de George Cukor
com Constance Bennett, Lowell Sherman e
Neil Hamilton
10
O RETRATO de JENNIE
direção de William Dieterle
com Jennifer Jones, Joseph Cotten, Ethel
Barrymore
e Lillian
Gish
14 comentários:
Ficou excelente.
ADOREI.
O melhor.
Sempre o melhor.
Beleza
Megalomaníaco, tinha talento era para os negócios das superproduções e dos contratos de estrelas. Mas Hithcock é que teria muito a dizer sobre suas ingerências prepotentes, já que mais tarde, livre do produtor, acabou até por satirizá-lo cruelmente no assassino vivido por Raymond Burr em Janela Indiscreta.
O tempo leva e traz.
E o vento levou sempre será o melhor.
E o vento levou é um filme inesquecível. Elenco extraordinário, vai permanecer ainda por muitas gerações um dos melhores filmes.
Como o filme retratou bem a euforia ilógica do Sul! A cena, antes ou pós baile, em que se chegou a notícia do início da guerra, com a aristocracia sulista festejando, recebeu, em seguida, um balde de água fria do sensato Rhett Butler, o mocinho do filme, viajado como era, bom conhecedor de ambas as partes em conflito, dizendo a todos que não tivessem muita ilusão e insensatez, dada a potência econômica e industrial que era o norte, em contraste com o sul, praticamente agrário.A verdade dói, mas ouviram. Estava certo Butler. Embora o Sul tenha demonstrado uma resistência além de suas potencialidades, acabou sendo vencido..
...E o Vento Levou ficará para sempre em nossas mentes e corações.
Impressionante é notar a visão desse produtor. Realmente o cara era muito fera. A começar pela escolha precisa da atriz principal, e isso contra a vontade de Clark Gable, o maioral na época.
É de se tirar o chapéu. Pena que não teve juízo.
Valéry , Paul
A guerra é um massacre entre pessoas que não se conhecem para proveito de pessoas que se conhecem mas não se massacram.
E o vento levou é um super clássico!!! Já assisti diversas vezes!!!
Grande produtor e visionário, mas também um cabeça dura, não confiava no talento dos diretores e não dava a liberdade para eles realizarem o filme que eles poderiam fazer. Um exemplo disso estáno no site (http://starsandletters.blogspot.com.br/),que mostra as duas edições de algumas cenas de “Quando a Mulher Erra / Stazione Termini”, uma editada por Selznick e outra pelo Vittorio De Sica. O diretor usava seu estilo neorealista dando voz e ação aos figurantes, tornando tudo mais verdadeiro e Selznick focava mais na estrela Jones. Vendo as cenas tem-se um vislumbre do que o filme poderia ter sido se a visão de De Sica tivesse prevalecido, com certeza o filme seria melhor.
Ele podia ser bem cruel também, obrigou Robert Walker, que estava devastado com o divórcio a fazer par romântico com Jenifer Jones em Desde que partiste (Since You Went Away).
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