ROMÂNTICO e SEDUTOR
Além de francês e inglês, CHARLES BOYER (1899 - 1978. Figeac, Lot / França) falava italiano, alemão e espanhol. Da estréia em 1920, aos 23 anos, em “O Homem do Mar / L'Homme du Large” até “Questão de Tempo / A Matter of Time”, realizado em 1976, e seu último trabalho, fez mais de oitenta filmes. Indicado quatro vezes ao Oscar, não venceu em nenhuma delas. Contudo, foi um dos atores mais prestigiados e atuantes nos anos 1930, 1940 e 1950. Nascido na França, estreou nos palcos parisienses em 1920 com sucesso imediato, aparecendo logo a seguir em vários filmes mudos. Partindo para Hollywood, teve sua primeira chance num pequeno papel ao lado da platinum-blonde Jean Harlow em “A Mulher Parisiense dos Cabelos de Fogo / Red-Headed Woman” (1932). No entanto, sua voz arrebatadora e porte charmoso logo fez dele uma estrela romântica, contracenando com as principais atrizes da época: Claudette Colbert, Katharine Hepburn, Marlene Dietrich, Greta Garbo etc. Teve sua interpretação mais popular como o bandido sedutor Pepe Le Moko, de “Argélia / Algiers” (1938).
Em contraste com a imagem glamourosa, o baixinho Boyer perdeu cedo o cabelo e tinha a barriga acentuada. Em 1940, ao vê-lo pela primeira no set de “Tudo Isso e o Céu Também / All This, and Heaven Too”, Bette Davis não o reconheceu e tentou impedi-lo de trabalhar no filme. Felizmente não conseguiu. Na década de 1950 voltou a fazer teatro, além de atuar na televisão. Com a peça “The Marriage-Go-Round” (1958 - 1960), ao lado de Claudette Colbert, ficou dois anos em cartaz na Broadway. Continuou fazendo sucesso no cinema com “Desejos Proibidos / Madame De...” (1953) de Max Ophuls, “Naná / Idem” (1955), “Fanny / Idem” (1961), “Como Roubar um Milhão de Dólares / How to Steal a Million” (1966), “Descalços no Parque / Barefoot in the Park” (1967) e “Stavisky / Idem” (1974), pelo qual ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante dos Críticos de Cinema de Nova York e recebeu homenagem no Festival de Cannes. Em 1966, gravou um disco romântico muito vendido, “Where Does Love Go?”. Uma das maiores tragédia de sua vida aconteceu em 1965: o suicídio de seu filho único, Michael, aos 22 anos, após romper com a namorada. Inconformado com o fim de um casamento de 44 anos, CHARLES BOYER também se suicidou - com uma overdose de Seconal -, em 1978, aos 80 anos e dois dias depois do falecimento da esposa, a atriz Pat Paterson, acentuando ainda mais a sua mitologia romântica.
IL MATTATORE
Desde que o vi no hilário “Aquele Que Sabe Viver”, de Dino Risi, como Bruno, o bon-vivant anti-herói, me encantei com o charme e o talento de VITTORIO GASSMAN (1922 - 2000. Gênova /Itália). Aclamado como ator e diretor de teatro, teve “Arroz Amargo / Riso Amaro” (1949) como o seu primeiro sucesso no cinema, interpretando um escroque que tenta seduzir a bela camponesa Silvana Mangano. O filme impulsionou as carreiras de Mangano, Gassman e Raf Vallone, o outro personagem do triângulo amoroso da história. Um ano depois, Alberto Lattuada escalou o mesmo trio para o drama “Anna / Idem”. Ele dominava com segurança o seu ofício, sendo capaz de interpretar o bruto Kowalski de “Um Bonde Chamado Desejo” no teatro com a mesma eficiência com que fazia no cinema um bonachão como o Brancaleone. Nascido em 1922, estreou no teatro em 1942, protagonizando desde comédias burguesas a um sofisticado teatro intelectual, sem aparentar dificuldades em passar de um estilo a outro. Nessa época, seduziu público e crítica como um dos atores da companhia teatral de Luchino Visconti. Anos depois, fundaria uma conhecida escola de teatro em Florença.
Nos anos 1950, comandando um programa de televisão chamado “Il Mattatore”, obteve um inesperado êxito, O título deste show televisivo ficou como um apelido que viria a lhe acompanhar pelo resto da vida. Apareceu nas telas pela primeira vez em 1946, emocionando com personagens inesquecíveis em mais de 100 filmes: o boxeador fracassado de “Os Eternos Desconhecidos / I Soliti Ignoti” (1958), de Mario Monicelli; o burguês oportunista Gianni em “Nós que Nos Amávamos Tanto / C´eravamo Tanti Amati” (1974), de Ettore Scola; o capitão cego de “Perfume de Mulher / Profumo di Donna” (1974), de Dino Risi, prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes. Atuou em filmes mundo afora. Durante sua temporada em Hollywood, contratado pela Metro-Goldwyn-Mayer, casou-se com Shelley Winters. Além dela, casou-se com as atrizes Nora Ricci, Juliette Maynel (mãe de filho Alessandro, também ator) e Diletta D'Andrea. De intensas emoções e honestidade intelectual, VITORIO GASSMAN era criticado por sua conturbada vida privada, divórcios e ateísmo (posteriormente substituído por uma fé pessoal). Em declarações e entrevistas, emitia comentários francos e pouco convencionais, colecionando inimigos. Nos últimos anos de vida, acometido de depressão, isolou-se. Morreu de ataque cardíaco em 2000.
Um comentário:
Obrigado pelo comentário. Gostei muito de seu Blog. Espero que troquemos idéias. Grande abraço!
Marcelo
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