para ANDRÉ SETARO
(1951 - 2014) in memoriam
Ela marcou seu nome na
história pela beleza estonteante. Numa época de estrelas glamourosas, surgiu de cabelos soltos, maquiagem leve e roupas despojadas, e de repente conquistou
o mundo no final dos anos 1950. O símbolo sexual em questão, a francesa BRIGITTE
BARDOT (Paris, França. 1934), revelada no drama erótico “E Deus Criou a Mulher”, de seu então marido,
Roger Vadim. Desde que abandonou o cinema, aos 39 de idade, a formosa sereia vive reclusa, tornou-se vegetariana e é ativista dos direitos
dos animais através da Fundação Brigitte Bardot. No entanto, seu posicionamento político sobre imigração e homossexualidade resultou em diversos processos, custando parte da
popularidade conquistada no cinema.
Entre 1997 e 2003 ela foi processada por diversas entidades religiosas, devido a críticas aos imigrantes muçulmanos do seu país, e foi
acusada de racismo e suposto incitamento anti-racial contra imigrantes,
chegando a ser condenada a pagar 5 mil euros de multas em corte. Por
comentários recebidos como insultuosos aos homossexuais, feitos no seu livro de
2003, “A Scream in the Silence”, sofreu processo. Em junho de 2008, foi
condenada pela quinta vez num processo de incitação ao racismo, sendo obrigada a pagar 15 mil euros de multa.
Chamada pela mídia sensacionalista de “devoradora de homens”, pela
rapidez com que terminava seus relacionamentos e pela quantidade deles, seus
filmes ficavam lotados por plateias formadas, em sua maioria, por homens. Ela
também agradava às mulheres, que desejavam viver como ela, um Don Juan de saias que escolhia seus amantes e os largava. No período, era chocante. As leitoras
se regalavam com a leitura do folhetim da sua vida amorosa.
A atriz casou-se quatro vezes: o primeiro aos dezoito anos com Roger Vadim, cineasta que a descobriu e a lançou ao estrelado, de 1952 a 1957; o segundo, de 1959 a 1962, com o ator Jacques Charrier, do qual teve seu único filho, Nicolas-Jacques Charrier, que negligenciou; o terceiro, entre 1966 e 1969, com o playboy multimilionário alemão Gunter Sachs; o quarto e último foi em 1992, aos 58 anos, com Bernard d'Ormale, ex-conselheiro do político de extrema-direita Jean-Marie Le Pen e que perdura até hoje. Além dos quatro maridos, viveu romances com os atores Jean-Louis Trintignant e Sami Frey, os cantores Gilbert Bécaud, Serge Gainsbourg e Sacha Distel, o escritor John Gilmore e o escultor Miroslaw Brozek.
A atriz casou-se quatro vezes: o primeiro aos dezoito anos com Roger Vadim, cineasta que a descobriu e a lançou ao estrelado, de 1952 a 1957; o segundo, de 1959 a 1962, com o ator Jacques Charrier, do qual teve seu único filho, Nicolas-Jacques Charrier, que negligenciou; o terceiro, entre 1966 e 1969, com o playboy multimilionário alemão Gunter Sachs; o quarto e último foi em 1992, aos 58 anos, com Bernard d'Ormale, ex-conselheiro do político de extrema-direita Jean-Marie Le Pen e que perdura até hoje. Além dos quatro maridos, viveu romances com os atores Jean-Louis Trintignant e Sami Frey, os cantores Gilbert Bécaud, Serge Gainsbourg e Sacha Distel, o escritor John Gilmore e o escultor Miroslaw Brozek.
Ao longo da vida, BRIGITTE BARDOT foi maltratada. Seus pais
desejavam um filho homem. “Você é feia, burra e má”, dizia a mãe dela,
resumindo, diante da criança desventurada pelo uso de um aparelho dentário e
óculos de lentes grossas. Amblíope, ela não enxerga de um olho. Fez aulas de
dança e música na infância. Na adolescência tentou a carreira de modelo e foi parar na revista “Elle” aos 15 anos. Estreou no cinema em
1952, em “Le Trou Normand”, de Jean Boyer, ao lado do comediante Bourvil. Depois
de alguns filmes sem repercussão, em 1956 protagonizou o grande sucesso “E Deus
Criou a Mulher”, que a consagrou internacionalmente. Fazendo o papel de Juliette, dona de um
voraz apetite sexual, vestido molhado colado no corpo, tornou-se uma das mais
perfeitas sínteses da sensualidade feminina.
Na moralista Hollywood dos anos 1950, onde o maior símbolo sexual,
Marilyn Monroe, no máximo aparecia nas telas de maiô, seu perfil erótico desnudo
a transformou numa aposta arriscada, e isso, além do sotaque e
inglês limitado, impediram-na de fazer carreira no cinema norte-americano. De
qualquer modo, ela se tornou uma das mais famosas atrizes da década
de 1960 e um dos maiores símbolos sexuais de todos os tempos. Fez 43 filmes, gravou canções populares e chocou o mundo com seus amores e cenas de nudismo.
Em 1962, diante do juiz, compenetrada, com um ar altamente
dramático, a bombshell francesa disse: “É tudo mentira!”. A
cena impressionou. Ela compareceu ao tribunal para defender Samy Frey no
processo que este ator movia contra a revista “Ici Paris”, que publicou uma
reportagem jurando que ele andava impondo o seu amor à sua companheira de “A
Verdade”. Frey, segundo a revista, obrigara a atriz,
entre outras coisas, a pedir divórcio de Jacques Charrier, e a viver isolada
numa casa com cães ferozes soltos a fim de impedir a entrada de repórteres e
fotógrafos. A estrela negou tudo. Entretanto, teve um relacionamento amoroso
complicado com Frey, como mais adiante confirmou.
Durante três décadas, de meados dos anos 1950 aos
1970, os paparazzi perseguiram a estrela infeliz – como ela mesma se definia publicamente.
“Eu daria tudo por uma vida obscura, como a de uma simples dona de casa”,
desabafou certa vez e, meses depois, foi encontrada com os pulsos cortados na
sua casa de campo, na Riviera. Engoliu várias pílulas para dormir e cortou os
pulsos com uma gilete, sendo socorrida por um agricultor
das vizinhanças. Na sua trajetória, foi cuspida e apedrejada pelo público. Teve também câncer de mama.
Em 1964 veio ao Brasil com o namorado Bob Zagury, hospedando-se em
Búzios, que ficou famosa após sua visita. Em sua homenagem, a prefeitura da
cidade criou a Orla Bardot, na Praia da Armação, e instalou uma estátua de
bronze da atriz em tamanho natural. Em sua biografia, ela registrou que os períodos passados na região
foram os mais lindos de sua vida. Com sua audácia, BRIGITTE BARDOT derrubou
velhos tabus, assumindo-se como símbolo de uma sexualidade libertária. Ela subia
a temperatura de plateias em todo o mundo. Ainda hoje, desleixada e amargurada,
não eclipsou o mito erótico.
DEZ FILMES de BB
(por ordem de preferência)
01
VIDA PRIVADA
(Vie Privée, 1962)
direção de Louis Malle
elenco: Marcello Mastroianni
02
A VERDADE
(La Vérité, 1960)
direção de Henri-Georges Clouzot
elenco: Paul Meurisse, Charles Vanel, Samy Frey,
Marie-José Nat e Jacques Perrin
Marie-José Nat e Jacques Perrin
03
O DESPREZO
(Le Mépris, 1963)
direção de Jean-Luc Godard
elenco: Jack Palance e Michel Piccoli
04
As GRANDES MANOBRAS
(Les Grands Manoeuvres, 1955)
direção de René Clair
elenco: Michéle Morgan, Gérard Philipe e Magali Noel
05
VIVA MARIA!
(idem, 1965)
direção de Louis Malle
elenco: Jeanne Moreau, George Hamilton e Paulette Dubost
06
AMAR é a MINHA PROFISSÃO
(En Cas de Malheur, 1958)
direção de Claude Autant-Lara
elenco: Jean Gabin e Edwige Feuillère
07
EU SOU o AMOR
(À Coeur Joie, 1967)
direção de Serge Bourguignon
elenco: Laurent Terzieff e Jean Rochefort
08
E DEUS CRIOU a MULHER
(Et Dieu... Créa La Femme, 1956)
direção de Roger Vadim
elenco: Curd Jurgens e Jean-Louis Trintignant
09
A MULHER e o FANTOCHE
(La Femme et Le Pantin, 1959)
direção de Julien Duvivier
elenco: Antonio Vilar, Lila Kedrova e Daniel Ivernel
10
DESFOLHANDO a MARGARIDA
(En Effeuillant a la
Marguerite, 1956)
direção de Marc Allégret
elenco: Daniel Gélin
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