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romy schneider, 1960
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“Na França, ninguém é ator se não tiver sido
fotografado pelo Studio Harcourt.”
ROLAND BARTHES
“Mythologies” (1957)
O
retrato é um dos mais poderosos gêneros da história das artes visuais, com uma
presença que se estende desde pelo menos o século 270 a.C. até os dias de hoje.
O mais antigo exemplo de retrato em pintura sobre tela é uma madona de 1410. Em
meados do século 19, a iniciante fotografia cresceu com o avanço tecnológico
das lentes e do suporte sensível à luz, possibilitando o registro de retratos
fotográficos. Surgiram
grandes estúdios mundo afora, ajudando a transformar a fotografia
num dos mais lucrativos negócios. Em Paris, França, 1934, nasceu o lendário STUDIO HARCOURT.
Memória
pictórica de icônicas figuras artísticas, culturais e políticas do século XX. Um belo trabalho fotográfico num
jogo lúdico - e misterioso - de sombra e luz. O STUDIO HARCOURT retratou alguns dos mais célebres nomes
da sétima arte na França, estrelas como Brigitte Bardot, Alain Delon,
Jean Gabin, Joséphine Baker, Jean Cocteau, Serge Gainsbourg, Yves Montand e
Simone Signoret. Ainda no campo do cinema, Marlène Dietrich, Jean Marais, Jeanne
Moreau, Catherine Deneuve e Michèle Morgan. “Deixar uma marca, uma imagem enaltecida, é essa a vocação da
foto Harcourt.”, disse um de seus proprietários, Francis Dagnan.
Desde
o início da empresa que a marca “Harcourt Paris”, qual selo
hierático, assina o retrato. Transformado em mito, ganhou fama acreditando na “fotografia de arte”, enaltecendo o retrato fotográfico. A grife STUDIO HARCOURT, reconhecida em todo o mundo, inspira-se nas raízes glamourosas do
cinema clássico preto e branco. São imagens inconfundíveis: muitas vezes um facho
de luz corta o quadro, contornando a expressão, dando vida ao olhar, revelando
texturas. E o fotografado ganha a dimensão de personagem, afirmando sua
personalidade. Há um
elo privilegiado entre a razão e o espírito mágico. O retrato tanto se entrega
ao olhar do observador como o observa atentamente, o que pode ser ao mesmo
tempo reconfortante e ameaçador.
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cosette harcourt |
Tudo
começou graças a Cosette Harcourt. Com o nome verdadeiro de Germaine
Hirschefeld, ela nasceu em Paris no ano de 1900, filha de comerciantes judeus alemães
estabelecidos na França. Com o deflagrar da Primeira Guerra Mundial, a família
imigrou para Inglaterra. Voltamos a encontrar Mademoiselle Harcourt em Paris,
em 1930, aprendendo fotografia nos estúdios Manuel Frères. Em 1933, conheceu
Jacques Lacroix. Ele e seu irmão, Jean Lacroix, tinham criado, em 1927, uma
sociedade de imprensa, então em expansão.
Em 1928, a sua revista Guérir registra um enorme sucesso junto do grande
público. Depois fundaram com Robert Ricci, filho de Nina Ricci, uma agência de
publicidade, a Pro-Publicité. Após conhecer Cosette, Jacques Lacroix cria, com
o seu irmão e Robert Ricci, o STUDIO HARCOURT, ficando a responsabilidade da organização
com Cosette. Muito rapidamente, o renome se instala e o sucesso acontece. Toda
Paris vem ampliar sua fama e imortalizá-lo.
Com o
intuito de protegê-la dos nazistas, no início da Segunda Guerra Mundial,
Jacques Lacroix se casa com a judia Cosette, em agosto de 1940. Eles se
divorciam em 1946, mas permanecem juntos durante toda a vida. Então, Cosette
deixa Paris, instalando-se no sul da França, depois na Inglaterra. O estúdio
continua sua atividade, apesar de tudo. É a era dourada. Está em todo lugar: nos
títulos de imprensa dos irmãos Lacroix, na Agência France Presse e em muitos
cinemas, que exibem os retratos de atrizes e atores. Na década de 1950, tinha
mais de mil clientes por mês, ou cerca de quarenta por dia. Eles talvez nao soubessem que as culturas ditas primitivas não deixavam de ter razão quando instruíam seus membros a evitarem a fotografia: não é só a aparência do fotografado que a máquina captura, mas também seu espírito, sua essência. O retrato é, assim, um constante exercício de psicologia social e individual.
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marlene dietrich |
Os
irmãos Lacroix separam-se em 1969, ficando somente Jacques à frente dos
negócios. Cosette Harcourt morre em 1976, e em 1980 Jacques Lacroix liquida o
estúdio. Desde então, ele muda de mãos sucessivamente, oscilando entre a
tradição e a modernidade. Por iniciativa de Jack Lang, então ministro da
cultura francês, o acervo HARCOURT de negativos e arquivos foi adquirido pelo governo
francês e depositado na Midiateca da Arquitetura e do Patrimônio, no forte de
Saint-Cyr.
MOSTRA FOTOGRÁFICA
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joséphine baker |
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yves montand |
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edwige feuillère |
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jean marais |
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michèle morgan |
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édith piaf |
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georges marchal |
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catherine deneuve |
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alain delon |
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jean-louis trintignant |
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viviane romance |
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ginette leclerc |
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danielle darrieux |
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martine carol |
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jean gabin |
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simone signoret |
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micheline presle |
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jean-paul belmondo |
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lino ventura |
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brigitte bardot |
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gérard philipe |
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jeanne moreau |
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louis jourdan |
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anouk aimée |
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arletty |
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serge reggiani |
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maría casares |
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annie girardot |
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henri vidal |
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jean-pierre aumont |
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juliette gréco |
13 comentários:
Encantado com a postagem, curto demais esse jogo de luz e sombra nas fotos.
Bela coleção de renomados franceses. Por sinal, há tempos não via uma foto do ator Jean Marais, o queridinho de Jean Cocteau, amizade que foi a salvação do poeta surrealista, em 1944, com o fim da ocupação alemã, acusado de colaboracionista. Membro da Resistência, Marais foi a mão que salvou Cocteau das malhas da chamada "épuration", investigação e julgamento que levavam os acusados de colaboracionismo com os alemãs, com sorte, a anos de cadeia.
Que matéria incrível! Eu conhecia muitos desses retratos, mas não tinha conhecimento sobre o Estúdio Harcourt e sua história. Simplesmente morta com a fofura do Belmondo!
- Rafaella
http://imperioretro.blogspot.com.br/
Magníficas fotografias!
Gosto demais deste post
Feliz ano novo, Falcão. Muito amor, paz, saúde e inspiração em 2016. Que a cada dia floresçam novas ideias para alimentar a nós.. Fãs sedentos de ti.
Coisa boa!
Obrigado amigo Antonio Nahud II, vai direto pro meu baú de "coisas".
As fotos em preto e branco são super belas e reais!
Muito massa!
Putz, cada foto linda!
Show!!! Belíssimas fotografias!!
A foto em cores não suplantara jamais a em preto e branco, com seu jogo de luz, claro e escuro. Muito mais impactante!
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