O poeta Vinicius de Moraes, enquanto crítico de cinema, atacou impiedosamente JENNIFER JONES (1919 - 2009) num artigo intitulado “La Femme à Trent’ans”: “Tão bonitinha, tão ruinzinha. Enfim, cada um tem lá seus tico-ticos. Ela tem mania de ser grande atriz: deixá-la... Seria pior se ela tivesse mania de saltar de bonde andando”. Com certeza, um juízo equivocado. A atriz tinha força dramática como poucas. Durante cerca de duas décadas fez personagens memoráveis, construindo uma trajetória reconhecida e premiada. “A Canção de Bernadette”, que a lançou ao estrelato, marcou época, e ainda hoje é reprisado na tevê. Fez santas e devassas, loucas e ambiciosas. Pode ser comparada às melhores atrizes.
Na pele de “lady” hollywoodiana, foi criticada pelo romance adúltero com o poderoso produtor David O. Selznick. Mas, e daí? O que seria de Norma Shearer sem Irving Thalberg, Joan Bennett sem Walter Wanger, Sophia Loren sem Carlo Ponti ou Silvana Mangano sem Dino De Laurentiis? É uma questão de sorte, ajuda muito, mas sem competência ninguém sobrevive (caso da ucraniana Anna Sten - lançada por Samuel Goldwyn - ou da polonesa Bella Darvi - por Darryl F. Zanuck).
Na pele de “lady” hollywoodiana, foi criticada pelo romance adúltero com o poderoso produtor David O. Selznick. Mas, e daí? O que seria de Norma Shearer sem Irving Thalberg, Joan Bennett sem Walter Wanger, Sophia Loren sem Carlo Ponti ou Silvana Mangano sem Dino De Laurentiis? É uma questão de sorte, ajuda muito, mas sem competência ninguém sobrevive (caso da ucraniana Anna Sten - lançada por Samuel Goldwyn - ou da polonesa Bella Darvi - por Darryl F. Zanuck).
Nascida em Tulsa, Oklahoma, JENNIFER JONES chegou à Hollywood em 1939, aos 20 anos de idade, ainda chamando-se Phyllis Lee. Depois de alguns testes cinematográficos, no mesmo ano atuou no faroeste “New Frontier”, com John Wayne, e no seriado “Novas Aventuras de Dick Tracy / Dick Tracy's – Men”, ambos produzidos pela Republic Pictures. Em 1941, depois de fracassar num teste para a Paramount Pictures, ela conseguiu um papel na peça “Hello Out There”, em Santa Bárbara, que foi um tremendo sucesso.
Contratada pela companhia independente Selznick International (no seu all star cast, Vivien Leigh, Gregory Peck, Ingrid Bergman, Joseph Cotten, Joan Fontaine, Louis Jourdan, Alida Valli etc.), David O. Selznick prometeu torná-la uma atriz do primeiro escalão. Trocou o seu nome e a preparou para o estrelato. Ao tomar conhecimento que a 20th Century-Fox andava em busca de uma revelação feminina para “A Canção de Bernadette”, sugeriu seu nome. Impressionando o diretor Henry King, ela foi escolhida para o cobiçado papel, superando centenas de candidatas.
Contratada pela companhia independente Selznick International (no seu all star cast, Vivien Leigh, Gregory Peck, Ingrid Bergman, Joseph Cotten, Joan Fontaine, Louis Jourdan, Alida Valli etc.), David O. Selznick prometeu torná-la uma atriz do primeiro escalão. Trocou o seu nome e a preparou para o estrelato. Ao tomar conhecimento que a 20th Century-Fox andava em busca de uma revelação feminina para “A Canção de Bernadette”, sugeriu seu nome. Impressionando o diretor Henry King, ela foi escolhida para o cobiçado papel, superando centenas de candidatas.
O marido da atriz, o ator em ascensão Robert Walker (seu melhor personagem, o psicopata Bruno Anthony de “Pacto Sinistro / Strangers on a Train”, 1951, de Alfred Hitchcock), com a ajuda de Selznick conseguiu um contrato na Metro-Goldwyn-Mayer, indicando um futuro promissor. Ao iniciar um affair com seu protetor, JENNIFER JONES acelerou o fim do casamento, desgastado em cenas de ciúmes e acusações de traição. Durante as filmagens de “Desde que você foi Embora”, em que ambos atuam sob a produção de Selznick, a tensão era insustentável. O divórcio levou o ator, ferido de amor, a uma morte prematura em 1951, depois de anos de álcool, drogas, colapso nervoso e desilusão.
O sucesso de “A Canção de Bernadette” deu à iniciante JENNIFER JONES o status de estrela, principalmente quando agraciada com o Globo de Ouro de Melhor Atriz-Drama e um merecido Oscar de Melhor Atriz pelo comovente desempenho da inocente e doente adolescente que tem visões da Virgem Maria (a bela Linda Darnell). Ela venceu fortes concorrentes: Ingrid Bergman (uma de suas melhores amigas), Jean Arthur, Joan Fontaine e Greer Garson. Enquanto isso, o relacionamento com Selznick se intensificava, mas só casariam em 1949, depois do divórcio dele com Irene Mayer – a filha do chefão da Metro-Goldwyn-Mayer -, num iate na costa italiana. Segundo depoimento dela, Selznick foi o maior amor de sua vida.
O sucesso de “A Canção de Bernadette” deu à iniciante JENNIFER JONES o status de estrela, principalmente quando agraciada com o Globo de Ouro de Melhor Atriz-Drama e um merecido Oscar de Melhor Atriz pelo comovente desempenho da inocente e doente adolescente que tem visões da Virgem Maria (a bela Linda Darnell). Ela venceu fortes concorrentes: Ingrid Bergman (uma de suas melhores amigas), Jean Arthur, Joan Fontaine e Greer Garson. Enquanto isso, o relacionamento com Selznick se intensificava, mas só casariam em 1949, depois do divórcio dele com Irene Mayer – a filha do chefão da Metro-Goldwyn-Mayer -, num iate na costa italiana. Segundo depoimento dela, Selznick foi o maior amor de sua vida.
Em sua vitoriosa carreira de 25 filmes (geralmente escolhidos pelo marido, que inclusive enviava memorandos volumosos para produtores e diretores que contratavam sua esposa), JENNIFER JONES ganhou um Oscar, concorrendo outras quatro vezes: Melhor Atriz Coadjuvante em “Desde que você foi Embora”; e Melhor Atriz em “Um Amor em Cada Vida / Love Letters” (1945), “Duelo ao Sol” (1946); e, finalmente, por sua popular performance em “Suplício de uma Saudade / Love Is a Many Splendored Thing” (1955). Sua beleza e natureza sensível agradaram ao público, abrindo caminho para uma gama variada de personagens, em clássicos como “O Retrato de Jennie”, “Adeus às Armas / A Farewell to Arms” (1957) – fracassado canto de cisne de Selznick - e “Suave é a Noite / Tender is the Night” (1962).
O maior êxito da atriz foi o melodrama “Suplício de uma Saudade”, de Henry King, fazendo par romântico com William Holden. Em 1974 encerrou sua participação no cinema na fita de catástrofe “Inferno na Torre / The Towering Inferno”, estrondoso campeão de bilheteria que tem no elenco Fred Astaire, William Holden, Steve McQueen e Paul Newman. A cena de sua morte foi a mais comovente desta superprodução. Ela ajuda duas crianças a escapar de um incêndio de um prédio, quando cai de uma altura de cerca de 110 andares, do elevador que evacuava os frequentadores da festa de inauguração. Esta intervenção marcante lhe rendeu a indicação ao Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante.
Permaneceu com David O. Selznick até o falecimento deste, em 1965, mas ao se ver sem amparo, com a carreira interrompida, endividada e emocionalmente destroçada, JENNIFER JONES tentou se suicidar pulando de um penhasco, em 1967. Hospitalizada em estado de coma, recuperou-se. Em 1971, seis anos depois de ficar viúva, casou-se pela terceira vez, com o industrial multimilionário e colecionador de arte Norton Simon. Em 1993 voltou a enviuvar. Ela era extremamente tímida, sempre fugindo dos holofotes e optando por uma vida social reservada. Perdeu boas oportunidades ao permitir que o enamorado e dominador Selznick recusasse filmes em seu nome, por considerá-los indignos, entre eles o policial noir “Laura / Idem” (1944), de Otto Preminger, um inesperado sucesso e depois um clássico cult. Aposentada, rejeitou, em 1983, o papel central de “Laços de Ternura / Terms of Endearment”, pelo qual Shirley MacLaine levou o Oscar.
A atriz viveu seus últimos anos tranquilamente, no sul da Califórnia, ao lado de um dos filhos. Ela não dava entrevistas e raramente aparecia em público, morrendo de causas naturais aos 90 anos de idade. Hoje em dia, é relativamente desconhecida em comparação a estrelas como Katharine Hepburn, Vivien Leigh ou Greta Garbo. Mas não há como negar seu talento e fascínio que cativou multidões.
1O FILMES de JENNIFER JONES
A CANÇÃO de BERNADETTE
(The Song of Bernadette, 1943)
direção de Henry King
com William Eythe e Charles Bickford
DESDE que VOCÊ foi EMBORA
(Since You Went Away, 1944)
direção de John Cromwell
com Claudette Colbert e Joseph Cotten
O PECADO de CLUNY BROWN
(Cluny Brown, 1946)
direção de Ernst Lubitsch
com Charles Boyer e Peter Lawford
DUELO ao SOL
(Duel in the Sun, 1946)
direção de King Vidor
com Gregory Peck e Joseph Cotten
O RETRATO de JENNIE
(Portrait of Jennie, 1948)
direção de William Dieterle
com Joseph Cotton e Ethel Barrymore
RESGATE de SANGUE
(We Were Strangers, 1949)
direção de John Huston
com John Garfield e Pedro Armendáriz
MADAME BOVARY
(Idem, 1949)
direção de Vincente Minnelli
com James Mason, Van Heflin e Louis Jourdan
PERDIÇÃO por AMOR
(Carrie, 1952)
direção de William Wyler
com Laurence Olivier e Miriam Hopkins
A FÚRIA do DESEJO
(Ruby Gentry, 1952)
direção de King Vidor
com Charlton Heston e Karl Malden
QUANDO uma MULHER ERRA
(Stazione Termini, 1953)
direção de Vittorio De Sica
com Montgomery Clift
25 comentários:
Adoro a Jennifer Jones
E especialmente a "Sedutora madame Bovary.
Muito bom o seu texto, Antônio!
Jennifer Jones é uma de minhas atrizes preferidas. Vinícius de Morais perdeu a oportunidade de ficar de boca fechada!
Para mim a melhor performance de uma atriz é a dela em "A Canção de Bernadette". Para a cena em que Bernadette tem a visão de Maria, o próprio Henry King dirigiu os testes de tela, instruindo suas atrizes para olhar para além da câmera em uma luz brilhante. Jennifer Jones foi a primeira e - de acordo com King - "ela não apenas olhou, ela viu".
Um abraço!
Beleza
Assisti Suplício de uma Saudade. ...faz tempo, mas lembro que gostei e achei triste!
lembrei de o retrato de jennie, estava perfeita
The most fascinating actress ever...
"Quando a Mulher Erra". Inesquecível.
Linda e talentosa. Amo demais.
Suplício de uma saudade, filme inesquecível, grande Jennifer Jones, deixou muita saudade. Parabéns pelo blog Nahud, tá show.
Ded peruca loura em O Diabo Riu POr Ultimo e em Suave e a noite
Belíssima morena, é uma das grandes heroínas românticas do cinema.
Memorável em A canção de Bernadete, Desde que partiste, Duelo ao sol e é claro, O suplício de uma saudade.
Grande atriz!!! Em Duelo ao Sol ela destrói.
Minha mãe gostava muito dela, principalmente em "A Canção de Bernadette" ,"Duelo Ao Sol" e "Suplício de Uma Saudade".
Duelo ao Sol,Madame Bovary e Súplicio de uma saudades, meus filmes favotitos dela.
Grande atriz que também esta entre as minhas prediletas. Foi santa em A CANÇÃO DE BERNADETE e a sensual Perla de DUELO AO SOL, entre outros trabalhos de notabilíssimo talento.
Estava com saudades das suas marcações, Antonio Nahud! Jennifer eu amo demais, pra sempre! Uma das minhas favoritas. Ótima atriz, intensa, com uma capacidade incrível de nos prender. Principalmente no Drama.
Que linda essa mulher! Que bom vê-lo voltar à ativa, Antonio Nahud!
Stazione termmini, co Montgomery clift
Eu gosto muito , é uma das minhas colecionáveis, me faltam poucos dela.
Deusa... provavelmente uma de minhas atrizes favoritas Emoticon heart
Adoro essa atriz
Remember suplício de uma saudade
Duelo ao Sol , maravilhoso . Linda e otima atriz .
assisti todos os filmes! Essa atriz além de bela, tinha um talento incrível!! E o marido sabia disso, maravilhosa, infelizmente perdeu-a a filha que se suicidou, e o outro filho, fez grandes eventos sobre saúde mental, viveu bem morreu bem!!!🙏
Postar um comentário