Acabei de ler “Jane
Fonda – A Vida Privada de Uma Mulher / Jane Fonda, The Private Life of a Public
Woman” (2011), excelente biografia escrita por Patricia Bosworth. “A minha vida
representa o espírito do meu tempo”, resume a atriz no livro. Ele disseca a personalidade de uma mulher que
é fenômeno midiático há mais de 50 anos. “Ela tem uma capacidade extraordinária
de se reinventar”, diz a autora, narrando a metamorfose de uma jovem insegura em uma mulher rica e livre. Segundo Bosworth - autora também de
biografias de Diane Arbus, Marlon Brando e Montgomery Clift -, JANE FONDA (nasceu em 1937) é volúvel e calculista. “Ao mesmo
tempo, anseia por aceitação”. A carência é uma resposta à eterna frieza do pai,
o ator Henry Fonda, e ao suicídio da mãe, France. “Jane é perfeccionista como o
pai e obcecada por sexo, aparência e dinheiro como a mãe”, revela no livro.
O cuidado com o corpo, segundo a autora,
sempre foi doentio, a atriz teve bulimia por mais de duas décadas, mas “a forma
física é essencial para a criação do seu mito”.
Além de seus papéis no cinema, a atriz assumiu personagens na vida real. Primeiro garota bem comportada, tradicional; depois, sex-symbol, conhecida como “a Brigitte Bardot norte-americana”; a seguir, Hanói Jane, apelido que recebeu como militante contra a guerra do Vietnã e acusada de traição pelo governo dos EUA. Mais tarde, tornou-se guru da boa forma física com seus vídeos de aeróbica, e ainda ecologista-cristã. Muitas dessas fases tiveram influência de seus maridos, como ela mesma confessou em sua autobiografia.
Além de seus papéis no cinema, a atriz assumiu personagens na vida real. Primeiro garota bem comportada, tradicional; depois, sex-symbol, conhecida como “a Brigitte Bardot norte-americana”; a seguir, Hanói Jane, apelido que recebeu como militante contra a guerra do Vietnã e acusada de traição pelo governo dos EUA. Mais tarde, tornou-se guru da boa forma física com seus vídeos de aeróbica, e ainda ecologista-cristã. Muitas dessas fases tiveram influência de seus maridos, como ela mesma confessou em sua autobiografia.
henry fonda e jane em 1943 |
Quando JANE FONDA nasceu em Nova York, o pai
encontrava-se em Hollywood filmando “Jezebel / Idem” (1938), de William Wyler.
O seu nome foi inspirado em Lady Jane Seymour, uma nobre inglesa que se tornou
rainha de Inglaterra no século XVI e era um dos antepassados do lado
materno da família. Jane tem um irmão, Peter Fonda, também ator. Bridget Fonda
é sua sobrinha. Ela nunca conseguiu se aproximar afetivamente do pai, que não tolerava ser incomodado pelos filhos, e tinha dificuldade de livrar-se das manias aristocráticas da mãe.
Sem aceitar o pedido de divórcio de Henry, sua mãe suicidou-se em abril de 1950, cortando a garganta com uma gilete. Frances já havia estado num hospital psiquiátrico, o que acabaria por não ser suficiente para evitar a tragédia. Peter, inconformado com a morte da mãe, tenta o suicídio dando um tiro na barriga com uma pistola calibre 22. A filha, apos 12 anos, não soube de imediato a verdade, sendo-lhe dito que a sua mãe sofrera um ataque cardíaco. Henry Fonda voltou a casar-se no mesmo ano em que ficou viúvo, com Susan Blanchard, também uma figura proeminente na alta sociedade norte-americana. O casamento terminaria cinco anos depois.
Sem aceitar o pedido de divórcio de Henry, sua mãe suicidou-se em abril de 1950, cortando a garganta com uma gilete. Frances já havia estado num hospital psiquiátrico, o que acabaria por não ser suficiente para evitar a tragédia. Peter, inconformado com a morte da mãe, tenta o suicídio dando um tiro na barriga com uma pistola calibre 22. A filha, apos 12 anos, não soube de imediato a verdade, sendo-lhe dito que a sua mãe sofrera um ataque cardíaco. Henry Fonda voltou a casar-se no mesmo ano em que ficou viúvo, com Susan Blanchard, também uma figura proeminente na alta sociedade norte-americana. O casamento terminaria cinco anos depois.
Estudou dança na adolescência e foi modelo, surgindo em
diversas capas de revistas, entre elas a Vogue. Em 1954, aos dezessete anos, JANE FONDA atuou com o pai na peça “The
Country Girl”, que foi à cena no Teatro Comunitário de Omaha (Nebraska), onde trinta anos antes Henry Fonda estreara como amador. Dois anos depois, pai e filha voltam juntos ao palco, como protagonistas da peça “The Male Animal”. Após concluir
a licenciatura, ela muda-se para Paris, com o objetivo de estudar arte. No
regresso, conheceu Lee Strasberg, do Actors Studio, que acredita no seu talento de atriz.
Estreia na Broadway em 1960, recebendo dois prêmios como revelação. Estreou no cinema em “Até os Fortes Vacilam / Tall Story” (1960), dirigido pela mão segura do seu padrinho de batismo, Joshua Logan. Ela interpreta uma estudante caprichosa e fútil, líder da torcida de um time de basquete da universidade, cuja estrela é o noivo (o estranho Anthony Perkins). Em 1962, recebeu o Globo de Ouro de “Jovem Atriz Mais Promissora do Ano” por sua atuação no seu segundo filme, “Pelos Bairros do Vício / Walk on the Wild Side”. No ano seguinte, a revista “Harvard Lampoon” a elegeu a “Pior Atriz do Ano”. Em 1965, ela casou-se com o cineasta francês Roger Vadim. Divorciaram-se em 1973.
Estreia na Broadway em 1960, recebendo dois prêmios como revelação. Estreou no cinema em “Até os Fortes Vacilam / Tall Story” (1960), dirigido pela mão segura do seu padrinho de batismo, Joshua Logan. Ela interpreta uma estudante caprichosa e fútil, líder da torcida de um time de basquete da universidade, cuja estrela é o noivo (o estranho Anthony Perkins). Em 1962, recebeu o Globo de Ouro de “Jovem Atriz Mais Promissora do Ano” por sua atuação no seu segundo filme, “Pelos Bairros do Vício / Walk on the Wild Side”. No ano seguinte, a revista “Harvard Lampoon” a elegeu a “Pior Atriz do Ano”. Em 1965, ela casou-se com o cineasta francês Roger Vadim. Divorciaram-se em 1973.
jane fonda e roger vadim |
Em 1964, convidada pelo diretor francês René Clement, ela cruza o Atlântico para estrelar o filme “Jaula Amorosa / Les Félins”, ao lado de Alain Delon. Durante as filmagens, Jane tem um caso com Delon, provocando um rompimento entre o ator e Romy Schneider, sua eterna namorada. O caso com Delon é ruidosamente explorado pela imprensa e muito discutido na França. Uma canção popular compara Jane a uma gazela, e o elitista Cahiers du Cinéma lhe dedica oito páginas. Para completar, era chamada de “a Brigitte Bardot norte-americana”. Mas JANE FONDA se tornaria uma estrela realmente reconhecida a partir do ano seguinte, com o grande sucesso comercial do western cômico “Dívida de Sangue / Cat Ballou” (1965), ao lado de Lee Marvin. O filme conseguiu cinco nomeações para o Oscar e ficou no Top 10 dos mais rentáveis daquele ano. No ano seguinte, ao parecer com os seios nus numa Playboy, provoca um grande escândalo.
Em 1968, desempenhou uma musa interplanetária na tola aventura de ficção-científica “Barbarella”, consolidando o status de sex-symbol inventado pelo marido Vadim. Brilhou em “A Noite dos Desesperados”, sendo altamente elogiada pela crítica e nomeada pela primeira vez ao Oscar. No final da década de 1960, ela esnobou a maioria dos papéis que lhe eram oferecidos, tendo recusado, entre outros, protagonizar as obras-primas “Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas / Bonnie and Clyde” (1967) e “O Bebe de Rosemary / Rosemary’s Baby” (1968).
Em 1970, após
filmar “Klute, o Passado Condena”, JANE
FONDA foi presa, acusada de tráfico de drogas alucinógenas – a polícia suspeitou de suas
cápsulas de vitamina. Passaram-se meses até que testes provassem que as cápsulas
eram inofensivas, e ela, inocente. Logo depois, ouviria em Paris discursos de
Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre contra a Guerra do Vietnã. Em 1972,
ganhou o apelido de Hanói Jane, depois de deixar-se fotografar ao lado de
soldados norte-vietnamitas. Vista como ameaça nacional, teve o telefone
grampeado e um informante do FBI entre os seus guarda-costas.
Devido às diversas causas nas quais ela se engajou, o FBI, a polícia federal norte-americana, acumulou um dossiê a seu respeito com mais de 20 mil páginas. Em 1973, ela casou-se com o ativista político Tom Hayden, passando a envolver-se de forma ativa na política norte-americana. Tornou-se uma crítica sem trégua da política de relações exteriores do país, além de defender incondicionalmente as minorias sociais e raciais oprimidas em seu país: negros, índios e mexicanos. Depois disso ninguém apostava mais no futuro artístico de Jane, o presidente Nixon havia fechado para ela as portas de Hollywood.
Devido às diversas causas nas quais ela se engajou, o FBI, a polícia federal norte-americana, acumulou um dossiê a seu respeito com mais de 20 mil páginas. Em 1973, ela casou-se com o ativista político Tom Hayden, passando a envolver-se de forma ativa na política norte-americana. Tornou-se uma crítica sem trégua da política de relações exteriores do país, além de defender incondicionalmente as minorias sociais e raciais oprimidas em seu país: negros, índios e mexicanos. Depois disso ninguém apostava mais no futuro artístico de Jane, o presidente Nixon havia fechado para ela as portas de Hollywood.
no vietnam |
Após a marcante atuação de JANE FONDA como uma prostituta em
“Klute, o Passado Condena”, ganhando o seu primeiro Oscar de Melhor Atriz, fez filmes que não conseguiram relevo, inclusive foi dirigida experimentalmente por
Jean-Luc Godard. O seu regresso ao sucesso vem em 1977, depois da queda de Nixon, com a comédia “Adivinhe Quem
Vem Para Roubar / Fun with Dick and Jane” e o inesquecível drama “Júlia”, de denso conteúdo feminista. Daí
em diante se destacaria em elogiados filmes dramáticos. A sua atuação em
“Amargo Regresso” valeu-lhe seu segundo Oscar de Melhor Atriz. Em sua filmografia, destacam-se também “Raízes da Ambição / Comes a Horseman” (1978), “Síndrome
da China / The China Syndrome” (1979), “Agnes de Deus / Agnes of God” (1985) e “Gringo Velho / Old Gringo” (1989).
Ganhou o Emmy de Melhor Atriz com o elogiado telefilme “Esculpindo minha Vida / The Dollmaker” (1984). Em 1980, ela é eleita a segunda mulher mais influente dos Estados Unidos, depois de Katharine Graham (editora do jornal Washington Post e da revista Newsweek). No mesmo ano, após o sucesso de crítica e público de “Como Eliminar Seu Chefe / Nine to Five”, adquiriu os direitos para cinema da peça “Num Lago Dourado / On Golden Pond” (1981).
Tinha como meta concretizar o sonho de trabalhar com o pai e dessa forma abrandar a difícil relação entre ambos. Sensível e talentoso, o drama encerrou a premiada carreira de Henry Fonda (1905–1982) com chave de ouro. Ao lado da impressionante Katharine Hepburn, ele brilha intensamente e venceu o único Oscar da sua extraordinária trajetória. Foi a filha quem recebeu o premio em nome do pai, que se encontrava doente e impossibilitado de sair de casa. Cinco meses após o Oscar, o grande Henry faleceu.
Ganhou o Emmy de Melhor Atriz com o elogiado telefilme “Esculpindo minha Vida / The Dollmaker” (1984). Em 1980, ela é eleita a segunda mulher mais influente dos Estados Unidos, depois de Katharine Graham (editora do jornal Washington Post e da revista Newsweek). No mesmo ano, após o sucesso de crítica e público de “Como Eliminar Seu Chefe / Nine to Five”, adquiriu os direitos para cinema da peça “Num Lago Dourado / On Golden Pond” (1981).
Tinha como meta concretizar o sonho de trabalhar com o pai e dessa forma abrandar a difícil relação entre ambos. Sensível e talentoso, o drama encerrou a premiada carreira de Henry Fonda (1905–1982) com chave de ouro. Ao lado da impressionante Katharine Hepburn, ele brilha intensamente e venceu o único Oscar da sua extraordinária trajetória. Foi a filha quem recebeu o premio em nome do pai, que se encontrava doente e impossibilitado de sair de casa. Cinco meses após o Oscar, o grande Henry faleceu.
jane e henry em 1981 |
Nos anos 1980, a atriz lançou seu
programa de aeróbica, que se tornaria uma verdadeira febre e até hoje é a série
de vídeo de maior sucesso nos Estados Unidos. O primeiro vídeo, “Jane Fonda’s
Workout” (1982), vendeu 17 milhões de cópias. O livro ficou na lista dos mais
vendidos do "New York Times" por dois anos. JANE FONDA usou o dinheiro ganho
com vídeos de ginástica para pagar dívidas do marido Tom Hayden. Em 1989, abandonada, divorcia-se, casando-se com o magnata conservador Ted
Turner, dono das redes de televisão por assinatura CNN e TNT. Ao descobrir que
ele era mulherengo, ela se sentiu anulada. O casamento se dissolveu em 2000.
Além dos três casamentos, a atriz esteve envolvida em relacionamentos com o diretor teatral Andreas Voutsinas; o cineasta Alexander “Sandy” Whitelaw; os atores Alain Delon, Timmy Everett e Donald Sutherland; e o cabeleireiro Barry Matalon. Do primeiro casamento, nasceu a documentarista Vanessa Vadim. Com Hayden, teve o filho Troy Garity e criou Mary Luana Williams.
Além dos três casamentos, a atriz esteve envolvida em relacionamentos com o diretor teatral Andreas Voutsinas; o cineasta Alexander “Sandy” Whitelaw; os atores Alain Delon, Timmy Everett e Donald Sutherland; e o cabeleireiro Barry Matalon. Do primeiro casamento, nasceu a documentarista Vanessa Vadim. Com Hayden, teve o filho Troy Garity e criou Mary Luana Williams.
Em 1990, após rodar o bonito “Stanley & Iris / Idem”,
de Martin Ritt, ao lado de Robert De Niro, JANE
FONDA anunciou que se iria retirar do mundo do cinema. Quinze anos após o
seu afastamento, regressou à tela na comédia “A Sogra / Monster-in-Law”
(2005), que alcançaria excelentes resultados de bilheteira. Tem feito bonito em
filmes como “Ela é a Poderosa / Georgia Rule” (2007), “E se Vivêssemos Todos
Juntos? / Et si on Vivait tous Ensemble?” (2011) e “O Mordomo da Casa
Branca / The Butler” (2013). Voltou à Broadway em 2009, 46 anos após a sua
última peça, em “33 Variations”, de Moisés Kaufman.
Aos 77 anos, vive em Atlanta, nos EUA. Tornou-se cristã devota, financia e gerencia um programa de prevenção de gravidez para adolescentes pobres e acabou de rodar dois filmes, sempre bela e majestosa. Enfim, JANE FONDA é a estrela norte-americana de sua geração, a mais bem preparada para enfrentar as mudanças sofridas por Hollywood.
Aos 77 anos, vive em Atlanta, nos EUA. Tornou-se cristã devota, financia e gerencia um programa de prevenção de gravidez para adolescentes pobres e acabou de rodar dois filmes, sempre bela e majestosa. Enfim, JANE FONDA é a estrela norte-americana de sua geração, a mais bem preparada para enfrentar as mudanças sofridas por Hollywood.
DEZ GRANDES FILMES de JANE FONDA
01
A NOITE dos DESESPERADOS
(They Shoot Horses, Don't They?, 1969)
direção de Sydney Pollack
com Michael Sarrazin e Susannah York
02
JÚLIA
(Idem, 1977)
direção de Fred Zinnemann
com Vanessa Redgrave, Jason Robards, Maximilian Schell
e Meryl
Streep
03
KLUTE, o PASSADO CONDENA
(Klute, 1971)
direção de Alan J.
Pakula
com Donald
Sutherland e Roy Scheider
04
AMARGO REGRESSO
(Coming Home, 1978)
direção de Hal Ashby
com Jon
Voight e Bruce Dern
05
CAÇADA HUMANA
(The Chase, 1966)
direção de Arthur
Penn
com Marlon
Brando e Robert Redford
06
O INCERTO AMANHÃ
(Hurry
Sundown, 1967)
direção de Otto Preminger
com Michael Caine, John Phillip Law e Faye Dunaway
07
A MANHÃ SEGUINTE
(The Morning After, 1983)
direção de Sidney Lumet
com Jeff
Bridges e Raul Julia
08
CASA de BONECAS
(A Doll's House, 1973)
direção de Joseph Losey
com Edward Fox, Trevor Howard e Delphine Seyrig
09
AGNES de DEUS
(Agnes of God, 1985)
direção de Norman Jewison
com Anne Bancroft e Meg Tilly
10
DESCALÇOS no PARQUE
(Barefoot in the Park, 1967)
direção de Gene Saks
com Robert Redford e Charles Boyer
GALERIA de FOTOS
10 comentários:
sou fã de carerinha desta gatesima, um que quero ver, mas so encontri em "voice over" e les felins, com allain Dellon, roger Vadim projetou para os mundo das telas todo o seu taento, esteve bem em Raizes da Ambiçao e esteve Gracuiosa em Ate os Fortes Vacilam, com anthony perkins
Muito linda
Ela é linda e super super talentosa.
Excelente, Antonio Nahud, seu artigo ilustrado sobre Jane Fonda no Falcão Maltês. Não vi menção ali à interessante autobiografia escrita há alguns anos por Jane Fonda, Minha Vida até agora (My Life so far), com muitas revelações sobre seus problemas com alimentação, relações com a família e de sua vida profissional, inclusive sua conversão a mentora de exercícios fisicos. Vale a pena ler.
Mulher linda!
Sou Fã desta grande Actriz aliás como também de seu pai.
Lindíssima!
Uma delícia de post! Adorei!
Olá, boa noite!
Este livro que voce leu está traduzido pro portugues? Nao estou achando ele para comprar!
Obrigada!
Jane Fonda sempre será a diva, rainha e dama das telas americanas
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