O cinema NEO-REALISTA italiano caracterizou-se pelo uso de elementos da realidade numa peça de ficção, aproximando-se até certo ponto das características do documentário. Ao contrário do cinema tradicional, buscou representar a realidade social e econômica de uma época, com pouco recursos, linguagem simples, temáticas contestadoras, tomadas ao ar livre, planos seqüência, participação de atores não-profissionais nos papéis principais (à exceção de Anna Magnani, Raf Vallone e alguns outros) e o realismo em primeiro lugar, num retrato do dia-a-dia de proletários, camponeses e da pequena burguesia.
Esse movimento cultural surgiu na Itália, ao final da Segunda Guerra Mundial e seus maiores realizadores foram Vittorio De Sica, Roberto Rosselini, Luchino Visconti, Pietro Germi, Giuseppe De Santis, Alberto Lattuada, Renato Castellani, Luciano Emmer, Luigi Zampa e Aldo Vergano. Todos fortemente influenciados pelos filmes da escola do Realismo Poético Francês. Além dos cineastas citados, cabe destacar o roteirista Cesare Zavattini. Foi ele quem adaptou e roteirizou vários dos filmes do período NEO-REALISTA e tantos outros clássicos posteriores. Segundo o crítico de cinema Andre Bazin, o sonho de Zavattini era fazer um filme de 90 minutos sobre a vida de um homem onde nada acontecesse.
Esse movimento cultural surgiu na Itália, ao final da Segunda Guerra Mundial e seus maiores realizadores foram Vittorio De Sica, Roberto Rosselini, Luchino Visconti, Pietro Germi, Giuseppe De Santis, Alberto Lattuada, Renato Castellani, Luciano Emmer, Luigi Zampa e Aldo Vergano. Todos fortemente influenciados pelos filmes da escola do Realismo Poético Francês. Além dos cineastas citados, cabe destacar o roteirista Cesare Zavattini. Foi ele quem adaptou e roteirizou vários dos filmes do período NEO-REALISTA e tantos outros clássicos posteriores. Segundo o crítico de cinema Andre Bazin, o sonho de Zavattini era fazer um filme de 90 minutos sobre a vida de um homem onde nada acontecesse.
A renovação dessa corrente cinematográfica ocorre na temática, na linguagem e na relação com o público, numa experiência que teve duração relativamente curta, mas causou enorme impacto sobre as demais cinematografias e se expressou de diferentes formas em outros países, influenciando cineastas e movimentos cinematográficos do mundo inteiro em diferentes épocas, inclusive o Cinema Novo, no Brasil. No entanto, nenhum dos magistrais filmes desse período agradaram ao público italiano da época, que ansiava por esquecer as agruras da guerra.
Na década de 50, o cenário que se avistava era outro, de crescimento econômico, com a televisão ganhando mais espaço. Assim, o NEO-REALISMO encontrou rapidamente o esgotamento enquanto movimento cinematográfico, sendo superado por comédias leves, mais ao gosto do público e de maior apelo comercial. Abbas Kiarostami, Amos Gitai, Mohsen Makhmalbaf e Siddiq Barmak, são alguns dos cineastas atuais, consagrados mundialmente, que adotam características NEO-REALISTAS em seus filmes. Finalizo lembrando 10 filmes representativos do famoso movimento:
Na década de 50, o cenário que se avistava era outro, de crescimento econômico, com a televisão ganhando mais espaço. Assim, o NEO-REALISMO encontrou rapidamente o esgotamento enquanto movimento cinematográfico, sendo superado por comédias leves, mais ao gosto do público e de maior apelo comercial. Abbas Kiarostami, Amos Gitai, Mohsen Makhmalbaf e Siddiq Barmak, são alguns dos cineastas atuais, consagrados mundialmente, que adotam características NEO-REALISTAS em seus filmes. Finalizo lembrando 10 filmes representativos do famoso movimento:
anna magnani em “roma, cidade aberta” |
ROMA, CIDADE ABERTA / Roma, Città Aperta (1945), direção de Roberto Rossellini
Com: Aldo Fabrizi, Anna Magnani e Marcello Pagliero
A situação de opressão, medo e miséria a que ficou sujeita a população italiana durante a ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial. Começou a ser rodado ainda durante a ocupação, com tomadas das tropas alemães sendo feitas às escondidas por Rossellini e seus ajudantes, dentre eles Federico Fellini. A cena em que a personagem de Anna Magnani é morta por soldados, estes são interpretados por soldados alemães presos após a guerra.
Grande Prêmio do Festival de Cannes; Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz do National Board of Review, USA; Melhor Filme Estrangeiro do Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York.
LADRÕES de BICICLETA / Ladri di Biciclette (1948), direção de Vittorio De Sica
Com: Lamberto Maggiorani, Enzo Staiola e Lianella Carell
A comovente história do pai e seu filho em busca de sua bicicleta roubada, da qual depende a manutenção do emprego recém obtido e a manutenção da família. Ele pede ajuda à polícia, à igreja e ao sindicato, e mesmo assim, não consegue reaver seu objeto de trabalho. Obra-prima absoluta.
Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro; Melhor Filme e Melhor Diretor do National Board of Review, USA; Melhor Filme Estrangeiro do Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York.
SOB o SOL de ROMA / Sotto Il Sole di Roma (1948), direção de Renato Castellani
Com: Oscar Blando, Liliana Mancini e Alberto Sordi
Adolescente pobre, filho de um vigia e de uma dona de casa, passa os dias vagando por uma Roma ocupada pelos alemães.
A TERRA TREME / La Terra Trema: Episodio del Mare (1948), direção de Luchino Visconti
O fracasso de uma rebelião de pescadores sicilianos contra os mercadores que os exploram.
silvana mangano em “arroz amargo” |
ARROZ AMARGO / Riso Amaro (1949), direção de Giuseppe De Santis
Com: Silvana Mangano, Vittorio Gassman e Raf Vallone
Descreve a exploração de jovens mulheres que são levadas a trabalhar em arrozais e recebem baixos salários e péssimas acomodações. Revelou a estonteante Silvana Mangano.
O CAMINHO da ESPERANÇA / Il Cammino della Speranza (1950), direção de Pietro Germi
Com: Raf Vallone, Elena Varzi e Saro Urzi
Numa pequena cidade mineira siciliana, trabalhadores da mina refugiam-se no seu local de trabalho em protesto contra a decisão do patrão em encerrar o local.
DOMINGO de AGOSTO / Domenica D’Agosto (1950), direção de Luciano Emmer
Com: Anna Baldini, Vera Carmi, Emilio Cigoli, Franco Interlenghi e Marcello Mastroianni
Uma multidão variada, de todas as classes sociais, por meio de vários meios de transporte, deixa Roma em direção à praia de Ostia, para passar o dia inteiro fora.
O CAPOTE / Il Cappotto (1952), direção de Alberto Lattuada
Com: Renato Rascel e Yvonne Sanson
A história de um pobre funcionário da prefeitura cujo único desejo é possuir um casaco novo. Baseado no famoso conto russo de Gogol.
UMBERTO D / Umberto D (1952), direção de Vittorio De Sica
Com: Carlo Battiste e Maria Pia Casilio
Sua figura central é um solitário aposentado, utilizando uma visão aguda sobre a solidão, o desespero, o egoísmo e a miséria humana em um nível que nenhum outro filme havia feito até então. A única pessoa a lhe dedicar um pouco de afeto é a criada da casa onde mora, e de onde será despejado.
Melhor Filme Estrangeiro do Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York.
A ROMANA / La Romana (1954), direção de Luigi Zampa
Com: Gina Lollobrigida, Daniel Gélin e Franco Fabrizi
O casamento e a hipocrisia são os temas desta descrição da perda da inocência de uma jovem de 18 anos. Romance de Alberto Moravia adaptado por Pier Paolo Pasolini.
14 comentários:
Preciso conhecer mais sobre o cinema italiano. E quando venho aqui passo a conhecê-lo com cautela. Como sempre seus escritos nos deixam bem informados. Abraço.
O neo-realismo italiano foi como dizes uma corrente do cinema do pós guerra que teve grande êxito, pois nos mostrava a realidade do povo.
Não vi todos os filmes aqui apresentados mas os dois mais marcantes foram sem duvida,para mim, "Roma, cidade aberta" e "Ladrões de Bicicletas".
Há dois filmes que penso se podem enquadrar neste tipo de cinema e de que muito gostei: "Os inúteis" de Fellini e "O Grito" de Antonioni.
Não conhecia Arroz Amargo. Valeu a dica.
Tenho uma amiga que cursa Cinema e Audio Visual, que não gosta muito de filmes antigos e em preto e branco, preferindo mais as cores do cinema atual; entretanto, ela é fascinada por Ladrões de Bicicletas. Parece que a arte superou barreiras.
Apesar de gostar do Neo-Realismo, ainda prefiro o cinema posterior italiano, com todos aqueles toques majestosos de Antonioni, Zurlini, Fellini, Scola, De Sica, Visconti, Zeffireli e Leone.
Me encanta o rosto expressivo, o talento dramático e forte personalidade de Anna Magnani, a Nannarella, como era chamada carinhosamente. Sua projeção internacional aconteceu em 1945, quando fez Roma, Cidade Aberta, dirigida por Roberto Rossellini – com quem viveu um tumultuado romance até ele conhecer Ingrid Bergman -, tornando-se a figura símbolo do neo-realismo italiano.
Antonio, que tal um tributo à inesquecível Magnani?
O neorrealismo italiano é mais uma prova de que alguns filmes foram feitos à frente de seu tempo. Hoje produções como Ladrões de Bicicleta são mundialmente cultuados. Entendo que os italianos não queriam ver mais problemas nas telas logo depois de sair da guerra, mas não consigo imaginar como resistiram ao carisma do jovem Enzo Staiola!
Abraços, Lê.
Uma turma italiana da pesada! Otimos filmes com eles! Precisam ser revisitados!!
Cinema Italiano lembra-me Ettore Scola, Fellini, Bertolucci, Antonioni, Vittorio De Sica, entre outros ... todos fantásticos!
Não há como pensar em cinema crítico e renovador, a partir dos anos 50, sem o molde do neo-realismo italiano. Grande momento da arte do filme.Muito boa lembrança, Antonio Júnior. E àqueles que morreram muito cedo, saudades. Um forte abraço.
Não há como pensar em cinema crítico e renovador, a partir dos anos 50, sem o molde do neo-realismo italiano. Grande momento da arte do filme.Muito boa lembrança, Antonio Júnior. E àqueles que morreram muito cedo, saudades. Um forte abraço.
Olhando essa lista, percebo que já vi umas boas coisas do neo-realismo, mas sei que preciso ver mais coisas, principalmente do de Sicca. Curiosamente, Ladrões de Bicicleta é o melhor dos que eu conferi, obra-prima inconfundível e extremamente tocante.
Dos meus movimentos preferidos do Cinema!
P.S.: Sobre o filme "A Lenda do Espantalho", é possível sim. Eu vi pelo Youtube, inclusive!
O cinema realista Italiano foi um verdadeiro contraste se comparado ao cinema norte americano. Enquanto a Itália tinha filmes que mostrava a verdadeira realidade do dia a dia, o cinema americano insistia em apresentar seus personagens bem vestidos e bem de vida nos filmes convencionais. Somente John Ford é que desceu o pau da barraca e mostrou a verdadeira realidade nua e crua quando os americanos estavam passando na maior necessidade na época da depressão, sendo muito bem retratado no filme As Vinhas da Irá.
É sempre bom vir ao seu blog para aprender um pouco mais sobre a Sétima Arte. Conheço muito pouco sobre o cinema italiano; vou dar uma pesquisada nos filmes que me pareceram ótimos!
Aliás, quero aproveitar e indicar um filme que eu assisti há algum tempo. Chama-se La Cabalgata del Circo (tem a belíssima Evita Perón no elenco, vale a pena!)
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