Numa Roma em pleno Renascimento, o tirano e sanguinário César Bórgia casa sua formosa e promíscua irmã Lucrécia com o Duque de Aragão, assegurando assim uma aliança política oportunista. Na véspera do casamento de conveniência, revoltada, a lasciva donzela secretamente participa de um carnaval de rua, conhecendo e se apaixonando instantaneamente por um estranho mascarado - que se revela mais tarde ser o seu futuro e adorável marido, inevitavelmente condenado a um triste fim. Esse é o argumento de Os AMORES de LUCRÉCIA BÓRGIA, uma suntuosa e artificial superprodução franco-italiana dirigida por Christian-Jacques, que pode perfeitamente exemplificar a febre de filmes históricos dos anos 50, de “A Rainha Virgem / Young Bess” (1953) a “Salomão e a Rainha de Sabá / Salomon and Sheba” (1959).
Maravilhosamente rodado em technicolor, com atenção meticulosa nos elaborados figurinos de Marcel Escoffier (o mesmo de “Lola Montès”) e na cenografia deslumbrante, para não falar das excitantes e bem coreografadas seqüências de ação, a obra peca pelo simpático retrato da protagonista-título, tratada como um fantoche dos esquemas maquiavélicos do irmão incestuoso, ou seja, uma inocente vítima de desagradáveis jogos políticos, muito diferente do que afirmam os historiadores. Sendo assim, é difícil engolir os nobres sentimentos e as lágrimas da famosa italiana de vida tempestuosa e curta (morreu aos 39 anos), porém seria injusto não valorizar essa imponente produção.
Ambicioso, o filme escorrega feio na escolha do elenco, com o implacável César Bórgia do mexicano Pedro Armendariz beirando a canastrice e um mocinho sem qualquer atrativo interpretado pelo inexpressivo Massimo Serato. No entanto, a pungência carnal da belíssima MARTINE CAROL ilumina o espetáculo do início ao fim, imortalizando a cena em que aparece desnuda numa banheira. Sua Lucrécia supera de longe a de muitas outras atrizes que fizeram idêntico papel nas telas, caso de Edwige Feuillère e Belinda Lee. Além de Martine, destacam-se em pequenas participações nomes como Valentine Tessier (musa de Jean Renoir), Louis Segnier, Maurice Ronet e Christian Marquant. Para quem gosta de dramas pontuados por crimes, intrigas, tragédias e amores impossíveis, o filme é um prato cheio.
Maravilhosamente rodado em technicolor, com atenção meticulosa nos elaborados figurinos de Marcel Escoffier (o mesmo de “Lola Montès”) e na cenografia deslumbrante, para não falar das excitantes e bem coreografadas seqüências de ação, a obra peca pelo simpático retrato da protagonista-título, tratada como um fantoche dos esquemas maquiavélicos do irmão incestuoso, ou seja, uma inocente vítima de desagradáveis jogos políticos, muito diferente do que afirmam os historiadores. Sendo assim, é difícil engolir os nobres sentimentos e as lágrimas da famosa italiana de vida tempestuosa e curta (morreu aos 39 anos), porém seria injusto não valorizar essa imponente produção.
Ambicioso, o filme escorrega feio na escolha do elenco, com o implacável César Bórgia do mexicano Pedro Armendariz beirando a canastrice e um mocinho sem qualquer atrativo interpretado pelo inexpressivo Massimo Serato. No entanto, a pungência carnal da belíssima MARTINE CAROL ilumina o espetáculo do início ao fim, imortalizando a cena em que aparece desnuda numa banheira. Sua Lucrécia supera de longe a de muitas outras atrizes que fizeram idêntico papel nas telas, caso de Edwige Feuillère e Belinda Lee. Além de Martine, destacam-se em pequenas participações nomes como Valentine Tessier (musa de Jean Renoir), Louis Segnier, Maurice Ronet e Christian Marquant. Para quem gosta de dramas pontuados por crimes, intrigas, tragédias e amores impossíveis, o filme é um prato cheio.
Os AMORES de LUCRÉCIA BÓRGIA
Lucrèce Borgia
(1953)
País: França e Itália
Gênero: Drama Histórico
Duração: 120 mins.
Cor
Produção: Alexandre Mnouchkine, George Dancigers
e Francis Coste (Fimsonor, Francinex e Les Films Ariane)
Direção: Christian-Jacque
Roteiro: Christian-Jacque, Cécil Saint -Laurent
e Jacques Sigurd
Adaptação do romance de Alfred Schirokauer
Fotografia: Christian Matras
Edição: Jacques Desagneaux
Música: Maurice Thiriet
Cenografia: Robert Gys (d.a.); Jacques Chavelt,
Pierre Charron e Pierre Duquesne (déc.)
Vestuário: Marcel Escoffier
Elenco:
Martine Carol (“Lucrécia Bórgia”)
Pedro Armendariz
Pedro Armendariz
(“César Bórgia”)
Massimo Serato (“Afonso de Aragão”),
Massimo Serato (“Afonso de Aragão”),
Valentine Tessier (“Julie Farnese”)
Arnold Foá,
Arnold Foá,
Piéral
Christian Marquand (“Paolo”)
Tanya Fedor
Christian Marquand (“Paolo”)
Tanya Fedor
Maurice Ronet (“Perotto”)
Louis Segnier (“O Mago”)
Louis Segnier (“O Mago”)
Howard Vernon
e George Lannes
e George Lannes
Nota: *** (bom)
A BELA MARTINE
Confesso que tinha certa aversão a pin-up MARTINE CAROL (1920 - 1967). Havia visto apenas um único filme dela, o extraordinário “Lola Montès / idem” (1955), concluindo que a obra de Max Ophuls seria perfeita se o papel-título não fosse interpretado por ela, talvez por Simone Signoret ou Jeanne Moreau. Ao revê-la em “Os Amores de Lucrécia Bórgia” (1953) tomei um choque, fiquei fascinado, ela realmente era uma estrela, tinha carisma e postura cênica encantadora. Mais conhecida na França do que fora dela, chamada para fazer loiras elegantes e sedutoras, deixou sua marca em populares personagens históricos ou literários como Caroline de Bièvre, Madame DuBarry, Naná, Lola Montès e Josefine.
Começou no teatro, em “Fedra”, estreando em 1941 no cinema com o anti-semita “Les Corrupteurs”. Posteriormente, chamou a atenção de Henri-Georges Clouzot que a contratou para protagonizar "O Gato", baseado no romance de Colette, mas o projeto não deu certo. No entanto, logo a seguir Richard Pottier tirou proveito de sua beleza fotogênica e naturalidade diante das câmeras em “La Femme aux Loups”, garantindo sua continuidade nas telas. Teve seu auge nos anos 50, tornando-se a maior símbolo sexual do cinema francês e tendo a chance de trabalhar com diretores competentes, que extraíram dela atuações bastante memoráveis em “Essas Mulheres / Adorables Créatures” (1952), de Christian-Jaque; “Esta Noite é Minha / Les Belles de Nuit” (1952), de René Clair; “Passado que Condena / La Spiaggia” (1954), de Alberto Lattuada; “As Memórias do Major Thompson / Les Carnets du Major Thompson” (1955), de Preston Sturges; “A Primeira Noite / La Prima Notte” (1959), de Alberto Cavalcanti; “A Dez Segundos do Inferno / Ten Seconds to Hell” (1959), de Robert Aldrich; “Com Sangue Se Escreve a História / Austerlitz” (1960), de Abel Gance; e “Vanina Vanini / idem” (1961), de Roberto Rossellini.
Com a ascensão de Brigitte Bardot, a reputação de MARTINE CAROL como símbolo sexual foi abalada, eclipsando uma popular trajetória profissional. Embora tivesse fama e fortuna, sua vida pessoal foi recheada de turbulências, onde se incluem uma tentativa de suicídio em 1947, saltando de uma ponte no Sena, infeliz com o tórrido romance com o ator Georges Marchal, então casado com a atriz Dany Robin; abuso de drogas e álcool; depressão; seqüestro por um gangster apaixonado; e quatro casamentos fracassados. Uma das mais belas mulheres da sétima arte, morreu relativamente jovem, aos 46 anos, de um misterioso e inesperado ataque cardíaco, no banheiro de um hotel em Mônaco. Ainda assim não descansou imediatamente: seu túmulo terminou por ser violado e saqueado.
Começou no teatro, em “Fedra”, estreando em 1941 no cinema com o anti-semita “Les Corrupteurs”. Posteriormente, chamou a atenção de Henri-Georges Clouzot que a contratou para protagonizar "O Gato", baseado no romance de Colette, mas o projeto não deu certo. No entanto, logo a seguir Richard Pottier tirou proveito de sua beleza fotogênica e naturalidade diante das câmeras em “La Femme aux Loups”, garantindo sua continuidade nas telas. Teve seu auge nos anos 50, tornando-se a maior símbolo sexual do cinema francês e tendo a chance de trabalhar com diretores competentes, que extraíram dela atuações bastante memoráveis em “Essas Mulheres / Adorables Créatures” (1952), de Christian-Jaque; “Esta Noite é Minha / Les Belles de Nuit” (1952), de René Clair; “Passado que Condena / La Spiaggia” (1954), de Alberto Lattuada; “As Memórias do Major Thompson / Les Carnets du Major Thompson” (1955), de Preston Sturges; “A Primeira Noite / La Prima Notte” (1959), de Alberto Cavalcanti; “A Dez Segundos do Inferno / Ten Seconds to Hell” (1959), de Robert Aldrich; “Com Sangue Se Escreve a História / Austerlitz” (1960), de Abel Gance; e “Vanina Vanini / idem” (1961), de Roberto Rossellini.
Com a ascensão de Brigitte Bardot, a reputação de MARTINE CAROL como símbolo sexual foi abalada, eclipsando uma popular trajetória profissional. Embora tivesse fama e fortuna, sua vida pessoal foi recheada de turbulências, onde se incluem uma tentativa de suicídio em 1947, saltando de uma ponte no Sena, infeliz com o tórrido romance com o ator Georges Marchal, então casado com a atriz Dany Robin; abuso de drogas e álcool; depressão; seqüestro por um gangster apaixonado; e quatro casamentos fracassados. Uma das mais belas mulheres da sétima arte, morreu relativamente jovem, aos 46 anos, de um misterioso e inesperado ataque cardíaco, no banheiro de um hotel em Mônaco. Ainda assim não descansou imediatamente: seu túmulo terminou por ser violado e saqueado.
9 comentários:
Antonio, preciso ver esse filme! Lucrecia Borgia é uma personagem polêmica e interessante. Sabia sobre esta obra, mas nunca tinha visto, tampouco sabia sobre a atriz. Ainda bem que existe o seu blog!
Não me lembro de já ter visto algum filme da Martine Carol, mas admito que ela era linda. Estou aqui com Lola Montês pra ver.
Os melhores votos para você e seu muito caprichado e criterioso trabalho!
Abraço!
Lafayette Villela.
Salomão e a Rainha de Sabá/Salomon and Sheba” (1959) é um filme que queria muito assistir, principalmente porque cresci vendo a satira que o chaves fazia num especial do Chapolim.
Ela tinha porte e carisma. Uma diva.
Bom saber um pouco mais sobre essa atriz de vida tão complicada.
O seu blog continua maravilhoso.
Leandra Leal
Olá Antonio, boa noite!
Pouco sei da Martine Carol, também a acho fascinante em Lola, porque adoro filmes de Max Öphuls, não tenho certeza , mas acho que só a ví neste filme e em A Volta ao Mundo em 80 dias.
Lucrécia achou para baixar???
Estou na fase de pegar filmes da Kate no BLOG Desvendando ...
Viu alguns lá, raros...
Beijos!
Que linda mulher! Como esta bela e mágica arte fabrica tão belas mulheres!
Conhecia Martine Caroll de nome, porém nunca havia visto seu rosto com tanta nitidez ou assistido qualquer de seus filmes.
E confesso; fiquei encantado com a perfeição dos traços do seu rosto. E Veja-se; nunca tive, nem acho que terei, a graça de contemplar sua plástica por inteiro e, ainda assim me vejo envolto neste encanto por tão bela mulher!
jurandir_lima@bol.com.br
Prezado Antonio,
Grande surpresa. Estarei acompanhando-o atentamente.
Talves você aprecie algo no gênero, principalmente ao destaque que dei a certos diálogos que acompanham beijos famosos do cinema. Veja em:
http://bemditosfilmes.blogspot.com/
Parabéns. Estou divulgando seu blog no Facebook.
Sempre gostei da Martine Carol e fiquei encantada com a postagem, que divulga a beleza e o talento dessa atriz do cinema francês.
Lembro-me de um filme em que ela aparecia em uma banheira em forma de concha, se não me engano, era "Caprichos de Uma Mulher".Foi muito bom, através do seu blog, rever a bela Martine!
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