Eles tinham
uma química inigualável e são reconhecidos como a dupla mais famosa do musical
cinematográfico. Entretanto, odiavam-se. FRED
ASTAIRE (1899 - 1987) dizia que GINGER
ROGERS (1911 - 1995) era caipira e não conseguia executar passos mais
complicados. Ela, por
sua vez, irritava-se ao ter sua imagem associada à dele. Alguns anos depois do fim da
parceria, declarou: “Eu fazia tudo o que ele fazia, só que de salto alto e para
trás”. Nas filmagens de “O Picolino”, Fred teve uma crise de espirros por causa
do vestido de penas de avestruz usado pela atriz, mas, para sorte do figurinista,
descontou sua raiva na parceira, que apenas usava o vestido. Ele não queria
formar uma dupla fixa, depois da longa e bem sucedida parceria com sua irmã
Adele, mas o mundo se apaixonou por eles e tiveram que fazer dez filmes juntos.
Katherine Hepburn teria dito sobre os dois: “Ele lhe dá classe e ela lhe dá sex-appeal”.
Ele fazia o tipo aristocrata, era magro, um pouco baixo, e estava longe dos padrões de beleza estabelecidos para os galãs de Hollywood, mas isso não impediu que se tornasse uma força nas telas. Os seus números musicais misturavam várias influências, fossem elas clássicas ou inspiradas na cultura de massa da periferia, como sapateado. Perfeccionista, ensaiava muito antes das filmagens e repetia os takes dezenas de vezes até ficar como ele queria. Certa vez, os ensaios chegaram a três meses, com dez horas diárias de trabalho, repetições feitas passo a passo e movimentos de câmara acompanhando a coreografia.
FRED ASTAIRE deu nova emoção à dança. Sua interpretação enriquecia-se pelo que James Cagney chamava de “o toque do vagabundo". Sempre trajado a rigor, seu charme tornou-se lendário. Antes dele, as coreografias dos musicais apareciam através dos recursos cinematográficos: na formação das dançarinas, na montagem e no ângulo da câmera. Quando ele entrou para o ramo, decidiu cortar esses efeitos. A câmera passou a ficar estática, frontal, capturando o corpo inteiro do dançarino e quase não havia cortes. Dizia: “Ou dança a câmera ou danço eu”. O talento, o charme, o perfeccionismo e a sua elegância eram suficientes para hipnotizar.
Nascida no Missouri (EUA), GINGER ROGERS começou a receber aulas de dança e canto muito cedo. Aos cinco anos já aparecia em comerciais impressos. Aos 15 anos ganhou um concurso de dança estilo “Charleston” e, logo depois, juntou-se a um circuito que percorreu os estados do sul e do meio Oeste dos Estados Unidos com seu número “Ginger e os Cabeças-Vermelhas”. Sua mãe, Lela, repórter e escritora, trabalhou como sua empresária e com ela viajou na condição de acompanhante, na verdade para protegê-la de assédios. Lela e o pai da atriz se divorciaram logo após seu nascimento. A mãe, sua principal incentivadora, continuaria a cuidar da carreira da filha até a sua morte, em 1971.
O nome Ginger surgiu, quando ainda menina, a sua prima mais nova não conseguia dizer Virginia e então dizia “Ginja”. Após grande sucesso na Broadway com o musical “Girl Crazy”, de George Gershwin, onde trabalhou ao lado de Ethel Merman, a atriz mudou-se para Hollywood, em 1931. Trabalharia numa série de filmes em vários estúdios, desempenhando o papel de loira objeto de pilhérias, até se firmar na RKO. À parte seus graciosos movimentos de dança, GINGER ROGERS também mostrou sólidas credenciais como artista dramática, conquistando o Oscar de Melhor Atriz em “Kitty Foyle / Idem”, de 1940.
Ele fez
sua primeira apresentação no palco aos cinco anos com a irmã Adele, que o
acompanhava em revistas musicais nos anos 1920, em Londres. Depois de carreira
na Broadway, estreou no cinema em 1933, aparecendo ao lado de Joan Crawford em “Amor
de Dançarina / Dancing Lady”. FRED
ASTAIRE foi nomeado pelo American Film Institute (AFI) como o quinto maior
astro de todos os tempos (Ginger ficou em 14° na eleição feminina), ganhando um
Oscar Honorário em 1950, das mãos de Rogers, “por sua arte única e suas
contribuições para a técnica dos filmes musicais”. Segundo muitos, o maior
dançarino da história do cinema (eu prefiro Gene Kelly), permanece ainda hoje
imbatível em termos de criatividade, virtuosismo e elegância.
Aventurou-se em vários gêneros, mas nada maculou a pureza de sua dança, sozinho ou com parceiras sensacionais como Rita Hayworth, Cyd Charisse ou Leslie Caron.
Aventurou-se em vários gêneros, mas nada maculou a pureza de sua dança, sozinho ou com parceiras sensacionais como Rita Hayworth, Cyd Charisse ou Leslie Caron.
Na
RKO Radio Pictures, de “Voando Para o Rio” (1933) a “A História de Vernon e
Irene Castle” (1939), a dupla marcou a década de 1930 encantando as plateias
com suas comédias românticas embaladas por belas canções e números vigorosos de
dança. Todos os filmes de FRED
ASTAIRE e GINGER ROGERS são
maravilhosos e seguem uma fórmula: Fred se apaixona por Ginger à primeira vista
e, por algum mal-entendido, ela o rejeita até o fim da história, quando ela não
resiste aos encantos e cortejos dele, além de seu sapateado, e juntos dançam de
forma sublime.
Dois desses musicais se destacam: o primeiro, “O Picolino”, no qual é possível encontrar um dos maiores duetos românticos da história do cinema: a canção “Cheek to Cheek”. Outro número inesquecível desse musical é “Isn’t a Lovely Day?”. O segundo destaque é “Ritmo Louco”, de George Stevens, do qual saíram canções igualmente adoráveis como “Pick Yourself Up” e “The Way You Look Tonight”; e números de dança como “Never Gonna Dance” (talvez o melhor da dupla) e “Bojangles of Harlem”, tributo ao dançarino afro-americano Bill Robinson, que Astaire faz caracterizado como um negro (assim como Al Jolson em “O Cantor de Jazz / The Jazz Singer”, 1927, o que seria considerado ofensivo e inaceitável nos dias de hoje nos quais impera o politicamente correto).
Dois desses musicais se destacam: o primeiro, “O Picolino”, no qual é possível encontrar um dos maiores duetos românticos da história do cinema: a canção “Cheek to Cheek”. Outro número inesquecível desse musical é “Isn’t a Lovely Day?”. O segundo destaque é “Ritmo Louco”, de George Stevens, do qual saíram canções igualmente adoráveis como “Pick Yourself Up” e “The Way You Look Tonight”; e números de dança como “Never Gonna Dance” (talvez o melhor da dupla) e “Bojangles of Harlem”, tributo ao dançarino afro-americano Bill Robinson, que Astaire faz caracterizado como um negro (assim como Al Jolson em “O Cantor de Jazz / The Jazz Singer”, 1927, o que seria considerado ofensivo e inaceitável nos dias de hoje nos quais impera o politicamente correto).
Além
dos nove filmes na RKO, repetiriam sua parceria mais uma vez em 1949,
completando dez filmes juntos, em um luxuoso musical da Metro-Goldwyn-Mayer, “Ciúme,
Sinal de Amor”, o único em cores, no qual foi utilizado o Technicolor.
Os 10 FILMES da DUPLA
01
01
VOANDO para o RIO
(Flying Down to Rio, 1933)
de Thornton Freeland
02
A ALEGRE DIVORCIADA
(The Gay Divorcee, 1934)
de Mark Sandrich
03
O PICOLINO
(Top Hat, 1935)
de Mark Sandrich
04
ROBERTA
(Idem, 1935)
de William A. Seiter
RITMO LOUCO
(Swing Time , 1936)
Nas ÁGUAS da ESQUADRA
(Follow the Fleet, 1936)
de Mark Sandrich
VAMOS DANÇAR?
(Shall We Dance, 1937)
de Mark Sandrich
DANCE
COMIGO
(Carefree, 1938)
de Mark Sandrich
A HISTÓRIA de VERNON e IRENE CASTLE
(The Story of Vernon and Irene Castle, 1939)
CIÚME,
SINAL de AMOR
(The Barkleys of Broadway, 1949)
de Charles Walters
16 comentários:
Que bom que você voltou.........cinema de verdade é aqui.
abs
Muito bom ver você de volta com o blog (costumava ler sempre o site também, mas nem sempre comentava).
Frd e Ginger são imbatíveis. Adorei o detalhamento da trajetória dos dois.
Mais recentemente, vi Vamos Dançar?, mas ainda preciso ver Voando para o Rio.
Abraços!
Adoro !!!
LOVƸ LOVƸ LOVƸ LOVƸ
Ídolos inigualáveis. A d o r o !!
Incrível!
Não perdi um único filme deles!
Que coisa linda!!!!
Sensacionais!!!!
adoro essa dupla, esplendidos. amigo Antonio Nahud ,obrigado Menino de Ouro.beijos
Ótimo post! Revi alguns números no you tube à medida em que ia lendo... Eles continuam inigualáveis!
Eles embelezaram um pouco o mundo no século XX...
Maravilha!
Apesar de tudo eram maraviilhosos
Um novo começo em Antonio. Tudo de bom
Deliciosa postagem... e infalível de agardar: esta dupla "de ouro" é eterna! Obrigado!
Muito bom texto. Não sabia dessa rivalidade entre eles. É sempre interessante poder aprender algo mais sobre aquilo que gosta. Escrevi um pequeno texto sobre os filmes de Fred Astaire e Ginger Rogers lá no meu blog:
http://sigacena.blogspot.com.br/2014/12/a-musica-no-cinema-fred-astaire-e.html
Abraço.
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