shelley winters |
Suas histórias excêntricas fazem parte do folclore de Hollywood, alimentando a reputação de explosiva e atrevida, de falar o que pensava e de propagar um conceito político muito liberal. Atriz corajosa e versátil, SHELLEY WINTERS (1920 - 2006) jamais pedia desculpas por qualquer coisa e o público amava esse seu jeito extravagante, próprio de uma personalidade forte. Em sua notável carreira de mais de 50 anos, atuou em 101 filmes e 44 séries de TV (ou filmes feitos para a tevê), contracenando com os maiores atores de sua geração, entre os quais Burt Lancaster, Alan Ladd, John Garfield, Robert Mitchum, William Holden, Montgomery Clift e Paul Newman.
Ela começou bancando a pin-up gostosona, reinventando-se em personagens densos. Interessada em política, membro do Partido Democrata, lutou por causas humanitárias, apoiando publicamente John F. Kennedy e Martin Luther King. Suas aparições em programas de tevê eram quase sempre censuradas, devido a linguagem chula e opiniões francas. No popular “The Tonight Show”, de Johnny Carson, respondeu a um comentário machista do ator inglês Oliver Reed derramando um jarro de água gelada sobre sua cabeça.
Ela começou bancando a pin-up gostosona, reinventando-se em personagens densos. Interessada em política, membro do Partido Democrata, lutou por causas humanitárias, apoiando publicamente John F. Kennedy e Martin Luther King. Suas aparições em programas de tevê eram quase sempre censuradas, devido a linguagem chula e opiniões francas. No popular “The Tonight Show”, de Johnny Carson, respondeu a um comentário machista do ator inglês Oliver Reed derramando um jarro de água gelada sobre sua cabeça.
Nascida em uma família humilde, em Illinois, mudou-se para Nova York, estreando na Broadway em 1941. Já havia tentado o papel de Scarlett O'Hara em “...E o Vento Levou / Gone with the Wind”, mas o diretor George Cukor, delicadamente, aconselhou-a a estudar interpretação. Ela seguiu o valioso conselho, trabalhando como modelo e corista para pagar aulas de atuação no Actor’s Studio. Em 1943, morando em Hollywood, contratada pela Columbia Pictures, aceitou papéis quase sempre secundários e muitas vezes nem creditados, até surgir o oportuno personagem de uma garçonete assassinada por um louco Ronald Colman em “Fatalidade / A Double Life” (1947). Logo depois, fez os interessantes “Uma Vida Marcada / Cry of the City” (1948) e “Até o Céu Tem Limites / The Great Gatsby” (1949)
A atriz somente se estabeleceria como intérprete séria interpretando uma simplória operária em “Um Lugar ao Sol / A Place in the Sun” (1951), de George Stevens. É uma de suas melhores e mais famosas atuações, disputando com Elizabeth Taylor o amor de Montgomery Clift. Por este papel, recebeu sua primeira indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Atriz. Ficou famosa a história da premiação daquele ano, em que, segundo consta, SHELLEY WINTERS tinha tanta certeza da vitória, que, logo depois do anúncio do nome da ganhadora, inconscientemente ela se levantou da poltrona para se dirigir ao palco e receber seu prêmio, quando Vittorio Gassman, seu marido à época, percebendo a gafe, a segurou dizendo: “Não, Shelley, a vencedora é Vivien Leigh”. Porém, a nomeação foi o suficiente para colocá-la no mapa de Hollywood.
A atriz somente se estabeleceria como intérprete séria interpretando uma simplória operária em “Um Lugar ao Sol / A Place in the Sun” (1951), de George Stevens. É uma de suas melhores e mais famosas atuações, disputando com Elizabeth Taylor o amor de Montgomery Clift. Por este papel, recebeu sua primeira indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Atriz. Ficou famosa a história da premiação daquele ano, em que, segundo consta, SHELLEY WINTERS tinha tanta certeza da vitória, que, logo depois do anúncio do nome da ganhadora, inconscientemente ela se levantou da poltrona para se dirigir ao palco e receber seu prêmio, quando Vittorio Gassman, seu marido à época, percebendo a gafe, a segurou dizendo: “Não, Shelley, a vencedora é Vivien Leigh”. Porém, a nomeação foi o suficiente para colocá-la no mapa de Hollywood.
Apesar de ser uma excelente atriz e abraçar causas nobres, SHELLEY WINTERS também era conhecida por suas atitudes temperamentais no set. Depois de trabalhar com James Stewart em “Winchester 73 / Idem” (1950), de Anthony Mann, este declarou: “Ela merece ser espancada”. Foi o que literalmente aconteceu nos seus casamentos tempestuosos, entre eles com os atores Vittorio Gassman (com quem teve uma filha chamada Vittoria) e Anthony Franciosa. Separou-se desse último ao confirmar o caso dele com Lauren Bacall. Durante o romance infiel, Bacall encontrou casualmente Winters e reclamou: “Eu estou esperando Tony há uma hora. Onde, diabos, ele está?”. A traída atacou, indignada: “Você tem coragem de reclamar para mim que meu marido está atrasado para um encontro com você?”. Bacall respondeu: “Se o seu marido não respeita o seu casamento, por que eu?”.
Por um tempo, no final dos anos 40, ela dividiu apartamento com sua grande amiga Marilyn Monroe. Ambas perseguiam o estrelato, que chegou mais ou menos ao mesmo tempo para uma e outra. Ainda assim, depois da badalação de “Um Lugar ao Sol”, a carreira de SHELLEY WINTERS parecia não deslanchar, recebendo quase sempre convites para papéis de loira voluptuosa em filmes Classe “B”. Desiludida e determinada a ser reconhecida como atriz de qualidade, voltou aos palcos da Broadway, restabelecendo a sua reputação nas peças “Cárcere sem Grades” (1955) e “Uma Rua Chamada Pecado” (1955), ao lado de Marlon Brando. Antes de deixar o cinema de lado por quatro anos, além de fitas descartáveis, participou de bons filmes como “Por Amor Também se Mata / He Ran All the Way” (1951), “Um Homem e Dez Destinos / Executive Suite” (1954), “A Grande Chantagem / The Big Knife”(1955) e “O Mensageiro do Diabo / The Night of the Hunter” (1955).
Por um tempo, no final dos anos 40, ela dividiu apartamento com sua grande amiga Marilyn Monroe. Ambas perseguiam o estrelato, que chegou mais ou menos ao mesmo tempo para uma e outra. Ainda assim, depois da badalação de “Um Lugar ao Sol”, a carreira de SHELLEY WINTERS parecia não deslanchar, recebendo quase sempre convites para papéis de loira voluptuosa em filmes Classe “B”. Desiludida e determinada a ser reconhecida como atriz de qualidade, voltou aos palcos da Broadway, restabelecendo a sua reputação nas peças “Cárcere sem Grades” (1955) e “Uma Rua Chamada Pecado” (1955), ao lado de Marlon Brando. Antes de deixar o cinema de lado por quatro anos, além de fitas descartáveis, participou de bons filmes como “Por Amor Também se Mata / He Ran All the Way” (1951), “Um Homem e Dez Destinos / Executive Suite” (1954), “A Grande Chantagem / The Big Knife”(1955) e “O Mensageiro do Diabo / The Night of the Hunter” (1955).
De volta a Hollywood, encerrou a década com chave de ouro como namorada de um bandido racista em “Homens em Fúria / Odds Against Tomorrow” (1959), de Robert Wise, e a Sra. Petronella Van Daan na adaptação cinematográfica de “O Diário de Anne Frank / The Diary of Anne Frank” (1959), novamente dirigida por George Stevens. A Academia se rendeu ao seu talento e lhe concedeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, que ela doou para a Anne Frank Museum, em Amsterdam, situado na casa onde a jovem judia e os membros de sua família viveram escondidos antes de serem deportados e morrerem num campo de concentração nazista. Logo após, SHELLEY WINTERS brindou o público com uma das suas melhores interpretações, como a mãe suburbana e vulgar da ninfeta Lolita, no filme de mesmo nome, que Stanley Kubrick adaptou das páginas do romance de Nabokov. Para muitos críticos, essa foi a sua melhor atuação. De qualquer forma, “Lolita” (1962) representou um ponto de virada em sua carreira audaciosa.
Nessa época, atuou em “A Vida Íntima de Quadro Mulheres / The Chapman Report” (1962), de George Cukor, ao lado de Jane Fonda e Claire Bloom; “O Balcão / The Balcony” (1963), de Joseph Strick; “Os Indiferentes / Gli Indifferenti”(1964), de Francesco Maselli, baseado em Alberto Moravia; e “As Três Irmãs / The Three Sisters” (1966), inspirado em Tchecov. Mas brilhou especialmente como uma detestável prostituta, mãe de uma cega, cujo sonho era dirigir um bordel, em “Quando Só o Coração Vê / A Patch of Blue” (1965), ao lado de Sidney Poitier e Elizabeth Hartman (uma excelente atriz de carreira efêmera) e ganhando seu segundo Oscar.
No ano seguinte, fez muito sucesso como uma advogada amoral na comédia “Como Conquistar as Mulheres / Alfie” e uma atriz alcoólatra em “Harper – O Caçador de Aventuras / Harper”. Continuou sua trajetória vitoriosa chamando a atenção na superprodução “O Destino do Poseidon / The Poseidon Adventure” (1972), onde quase levou o seu terceiro Oscar. Para o papel da bondosa e obesa judia com talento para a natação, engordou vários quilos, e nunca mais os perdeu.
uma das auto-biografias |
No ano seguinte, fez muito sucesso como uma advogada amoral na comédia “Como Conquistar as Mulheres / Alfie” e uma atriz alcoólatra em “Harper – O Caçador de Aventuras / Harper”. Continuou sua trajetória vitoriosa chamando a atenção na superprodução “O Destino do Poseidon / The Poseidon Adventure” (1972), onde quase levou o seu terceiro Oscar. Para o papel da bondosa e obesa judia com talento para a natação, engordou vários quilos, e nunca mais os perdeu.
A atriz chegou a sua quarta década de trabalho com participações de destaque em “Fúria Audaciosa / Flap” (1970), de Carol Reed; “Próxima Parada, Bairro Boêmio / Next Stop, Greenwich Village”(1975), de Paul Mazursky; “O Inquilino / The Tenant” (1976), de Roman Polanski; “Gran Bollito” (77), de Mauro Bolognini; e “Um Borghese Piccolo Piccolo” (77), de Mario Monicelli. Na Broadway, em 1978, foi elogiada por “Os Efeitos dos Raios Gama Sobre as Margaridas do Campo”. Nos anos 80, fez “S.O.B. / Idem” (1981), de Blake Edwards, e publicou dois best-seller autobiográficos - “Shelley: Also Know as Shirley” e "Shelley II: The Middle of My Century” - contando segredos da indústria cinematográfica e detalhes de sua agitada vida amorosa, com romances quentes com estrelas como Laurence Olivier, Errol Flynn, Burt Lancaster, Marlon Brando, William Holden, Sean Connery e Clark Gable, só citando alguns.
O último grande momento de SHELLEY WINTERS no cinema aconteceu na adaptação de Henry James, “Retrato de uma Dama / The Portrait of a Lady” (1996), de Jane Campion. Nos anos 90, atuou numa popular série cômica para a televisão, “Roseanne”, em que personificava o papel da avó da protagonista. Sua última aparição nas telas foi na comédia italiana “La Bomba”, em 1999, ao lado do ex-marido Vittorio Gassman. Morreu de insuficiência cardíaca, decorrente de um ataque cardíaco, aos 86 anos.
O último grande momento de SHELLEY WINTERS no cinema aconteceu na adaptação de Henry James, “Retrato de uma Dama / The Portrait of a Lady” (1996), de Jane Campion. Nos anos 90, atuou numa popular série cômica para a televisão, “Roseanne”, em que personificava o papel da avó da protagonista. Sua última aparição nas telas foi na comédia italiana “La Bomba”, em 1999, ao lado do ex-marido Vittorio Gassman. Morreu de insuficiência cardíaca, decorrente de um ataque cardíaco, aos 86 anos.
13 comentários:
Poxa. Uq a velhice n faz, eim? Ela era linda quando jovem.
Gordinha, mas já foi magrinha quando estreou no cinema fazendo pontas e nos seus primeiros filmes. Shelley fez uma ponta no grande western Rio Vermelho, com John Wayne e Montgomery Clift. Com Clift estrelou o excelente filme UM LUGAR AO SOL, qdo ainda era uma magrinha sexi...
Amei, querido Antonio, tantas informacoes sobre a preciosa Shelley... Ao contrário do comentário acima (de pudimdecinema) nao acho que a idade a deixou feia... se se considera beleza ter um espírito aberto e indomável, estar "de bem consigo", ser uma pessoa querida, amada, espontanea e sincera - bem, qualidades que nunca faltaram à Shelley - entao ela era uma das pessoas mais lindas do cinema! Senti falta de uma filme esquecido chamado "What's the matter with Hellen?" ao lado de Debbie Reynolds... boa interpretacao dela... Assustante até... Nao sou muito fa do "Poseidon" apesar de ser baseado numa estória do meu escritor predileto, Paul Gallico... Voce conhece as imitacoes de Bette Midler fazendo Winters no Poseidon??? :-)) Voce se lembra da profesora de piano de "Stepping out"? Papel mínimo mas tao simpática... Sim Shelley era a simpatia personificada!!!!!! Linda pessoa!!! Obrigado por estas gostosas lembrancas... Fizeram tao bem... Ricardo
Ah, eu gostei muito de saber sobre a Shelley Winters.
Já que as produções com Hugh Jackman demorarão, ficarei no aguardo. Sou fã dele!
Estou no aguardo por um novo filme do Jackman, faz um bom tempinho que ele está afastado das telas. Antônio coloquei teu blog na minha lista de blogs recomendados dê uma olhada lá.
http://thecinefileblog.blogspot.com/
Abração!
Shelley Winters foi uma excelente actriz, mesmo sem a fama de muitas outras.
Quanto ao que está fazendo o Hugh Jackman, eu preferia saber o que ele estava disposto a fazer...hehehe.
SHELLEY WINTERS mesmo quando era em papel bem secundário roubava a cena. Nunca me esqueci a cara dela de atonica quando viu o corpo estendido de Roman Polansk após pular a janela no filme Inquilino, nada mais era do que uma representação de quem assistia aquele filme. Se saia muito bem como uma desiquilibrada como em Lolita, mas o publico em geral sempre irá se lembrar da gordinha simpatica em Poseidon.
Quanto a HUGH JACKMAN, ele deveria parar em fazer somente Wolverine, pois é um ator versatil que pode muito bem atuar em papeis que o desafiem. Mesmo eu tendo gostado muito de ele ter interpretado um dos meus personagens preferidos das HQ, ainda acho que o melhor momento dele no cinema foi A Fonte de Vida. Não concordam?
Esse blog é ma-ra-vi-lho-so! Só vc, Antonio, para homenagear Shelley Winters. Prefiro a fase dela dos anos 60, gordinha, em filmes do estilo Harper.
Desconhecia essa fome de amor da mulher que pertenceu a Bogart. Bacall parecia não ser sopa, uma vez ter ido para a cama de Sinatra, quando ainda vivia com o beberrão e durão do cinema Bogart. Agora usa o marido de Winters. Puxa! Quando dizem; "de onde menos se espera é daí que sai", não se trata mesmo de um ditado vão.
Quanto à boa atriz Winters, teve esta uma carreira positiva, de muitos e bons filmes. Também acho seu ponto alto de atuação Um Lugar ao Sol.
jurandir_lima@bol.com.br
gosto muito das atuações da Shelley em Um Lugar ao Sol e Lolita ela tinha uma versatilidade em suas atuações que poucas tinham em sua epoca
Ela está muito bem em Winchester 73, um filme que gosto muito
Shelley Winters era antes de tudo uma atriz muito versátil. Em 1951, ela interpretou uma moça iludida em Um Lugar ao Sol, e apenas 8 anos depois em O Diário de Anne Frank, ela interpretou a mãe de Richard Beymer.
Shelley foi uma grande atriz e uma figuraça de presença marcante e personalidade forte. Divertidíssima! Muito justa a lembrança e a homenagem.
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