O lúcido e irônico cineasta MARIO MONICELLI (1915 - 2010. Viareggio / Itália) considerado um dos mestres da comédia à italiana, morreu no mês passado aos 95 anos. Ele suicidou-se saltando da janela do quarto andar do hospital San Giovanni, em Roma, onde estava internado devido a um câncer de próstata em fase terminal. Com uma carreira prolífica e extremamente irreverente, não é de se espantar que saia de cena desta maneira, surpreendendo a todos de forma trágica e com uma atitude totalmente inusitada. Filho de um crítico teatral e jornalista, comunista ferrenho, até o final de 1940 colaborou em cerca de 40 filmes, às vezes como roteirista, outras como diretor-assistente. O começo oficialmente registrado de seu trabalho ocorre em 1949, em parceria com Steno, em “Totó Procura Casa / Totó Cerca Casa”, já começando a imprimir seu particular estilo narrativo, simples, mas eficaz e funcional. Em 1953, inicia a carreira solo, que seria marcada por vários êxitos. O primeiro deles é considerado a semente da tradicional “commedia all'italiana”, um gênero que floresceria nas duas décadas seguintes. Esse filme, “Os Eternos Desconhecidos / I Soliti Ignoti” (1958), apresenta um elenco especial, composto por várias estrelas do cinema italiano. Em 1959, lança outra obra-prima, “A Grande Guerra / La Grande Guerra”, ganhando o Leão de Ouro do Festival de Cinema de Veneza, e rendendo sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. A segunda viria em 1963, com “Os Companheiros / I Compagni”, com Marcello Mastroianni no papel de um militante de esquerda que entrega a vida à causa. MARIO MONICELLI também produziu para o teatro e a televisão, mas ficou conhecido principalmente pelos 65 filmes. Sempre crítico, tinha o raro dom de fazer um cinema com conteúdo que diverte. Era o humor negro levado ao excesso, ao limite da ironia e do escárnio. Em contrapartida, podia ser terno, doce e melancólico. Se há algo que ligue os seus filmes, é seu olhar compreensivo em relação aos personagens ridículos e patéticos que ele acreditava que faziam parte de todos nós.
5 comentários:
Ele merece todas as homenagens! Um diretor maravilhoso que não obteve em vida o reconhecimento que realmente merece!
"Parente é Serpente", "Mon Amici Miei" e "Brancaleone" são pérolas inesquecíveis.
Meu querido e sempre gentil amigo,
Belo texto sobre o mestre italiano! Vc é rápido no gatilho! Eu demoro tanto a escrever um artigo, depois que decido escrevê-lo... Quanto ao blog, de um modo geral: raro caso de unanimidade inteligente. Todos, simplesmente todos, não só o aprovam como o idolatram! Mas o blog, de fato, é muito bem concebido, de muito bom gosto e com uma função imensa.
Parabéns!!
Monicelli tem uma carreira de muitas obras-primas, que vão desde Parente é Serpente até os mais antigos: A Grande guerra, Os Companheiros, Quinteto Irreverente, Brancaleone. Um mestre da comédia de costumes à la italiana.
Um dos grandes nomes do cinema italiano. Seu talento nos brindou com filmes fantásticos. Eternos desconhecidos, Brancaleone, Parente é serpente (adoro!), Quinteto irreverente, sem esquecer de sua parceria com Totó. Perdemos um mestre mas o céu ficou cinematograficamente mais iluminado. Addio Mario.
Monicelli foi diretor de obras
inesquecíveis, num período que cinema italiano foi o melhor da
Europa e um melhores do mundo.
Este post é uma bela lembrança de um tempo que nem para os italianos volta mais.
Postar um comentário