“Eu não
sou uma pessoa muito interessante. Eu nunca fiz nada, exceto ser outras
pessoas. Eu realmente não sou Henry Fonda! Ninguém pode ser. Ninguém poderia
ter tanta integridade.”
HENRY
FONDA
Apelidos:
One-Take Fonda e Hank
Altura:
1,87
cm
Olhos:
azuis
Cabelos:
castanho escuro
Considerado
uma das maiores lendas dos velhos tempos de Hollywood, sua notável carreira no
cinema, que durou quase 50 anos, é completada por performances significativas
no teatro e na televisão. De fala mansa e andar felino, começou como um jovem
tímido. Com o passar dos anos, amadureceu e se tornou um astro que simbolizava
não apenas integridade e retidão, mas também um ideal de cidadão comum lutando
contra a injustiça social e a opressão. Ele foi eleito como o sexto maior
ator de todos os tempos pelo American Film Institute e o décimo maior
astro da história do cinema pela “Premiere Magazine”. Recebeu uma estrela
na Calçada da Fama de Hollywood.
Seus atraentes
olhos azuis cintilantes, rosto elegante e ar duro, mas honesto, fizeram desse
jornalista sem vocação um dos clássicos da Hollywood dourada. Em uma
entrevista, no início da carreira, ele afirmou que como ator queria apenas “ser
bom e convincente”. A verdade é que HENRY FONDA (1905
- 1982. Grand Island, Nebraska / EUA) foi mais, muito mais. A economia de gestos
e a intensidade de sua persona, evidenciaram um estilo de interpretação que destaca
uma autenticidade especial. Poucos, como ele, revelaram tanta profundidade
emocional em seus personagens.
Muitas
vezes interpretou figuras fortes, defensivas e heroicas, em busca de paz e
justiça. A voz inconfundível, a sinceridade contagiante e a personalidade forte
foram fundamentais para o sucesso e permitiram popularizar o protótipo de um
herói justo e muito humano. Ele não tinha dificuldades de expressar os abismos
da alma, muito pelo contrário, fluíam na intensidade do olhar azul. A
naturalidade sempre foi sua maior virtude. Alfred Hitchcok o definiu como um
típico “homem comum”.
A sua biografia
começa em Grand Island, no Nebraska. Seu pai tinha uma gráfica modesta e daí
surgiu o impulso de estudar jornalismo. Depois de ter uma história publicada em
um jornal local, decidiu estudar na Universidade de Minnesota. Por um tempo, para
pagar seu curso, ele tentou vários empregos temporários, de mecânico a
vitrinista. Então, apesar da oposição dos pais, aceitou a oferta de Dorothy,
mãe de Marlon Brando, para interpretar o papel-título em “Merton of the Movies”,
uma
produção de um grupo de teatro amador, o Omaha Community Playhouse. Seu
pai não falou com ele por um mês. A peça e protagonista receberam críticas
bastante positivas na imprensa local.
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fonda e margaret sulavan |
Empolgado,
passou a trabalhar na University Players, colega de James Stewart e Joshua
Logan, e depois na Broadway, em Nova York, dedicando-se inteiramente a carreira
teatral de 1926 a 1934. Seus primeiros papéis incluem “New Faces of America” e “The
Farmer Takes a Wife”. Atuando ao lado da talentosa Margaret Sullavan, terminaram
casando, mas a separação aconteceu em menos de três meses. Por fim, seu agente o
convenceu a se tornar um ator de cinema, apesar das dúvidas iniciais e da
relutância de HENRY FONDA. Os direitos de uma de suas peças foram adquiridos, e ele foi parar em Hollywood, integrando o elenco de “Amor Singelo / The
Farmer Takes a Wife” (1935), com Janet Gaynor.
O filme
fez sucesso, ele continuou na meca do cinema e dois anos depois estourou internacionalmente
num clássico de Fritz Lang, “Vive-se Só Uma Vez” (1937).
Seguiu-se outro excelente drama - de William Wyler, “Jezebel / Idem” (1938). Em
1939, fez “A Mocidade de Lincoln / Young Mr. Lincoln” (1939), de John Ford,
emendando no mesmo ano com outro filme do diretor, “Ao Rufar dos Tambores /
Drums Along the Mohawk” (1939). Por meio deles, e nos anos seguintes em “Vinhas
da Ira”, a obra-prima de Ford; “Jesse James / Idem” (1939), de Henry King, e “A
Volta de Frank James / The Return of Frank James” (1940), de Lang, entre outros,
esculpiu um tipo de personagem sólido, íntegro, uma espécie de herói
cotidiano com senso de dever cívico.
Um dos
seus maiores amigos foi James Stewart. A amizade surgiu antes do
sucesso deles, quando trabalhavam juntos nos palcos. Por alguns anos,
dividiram um quarto no Madison Square Hotel, em Nova York, e novamente em
1935 em Hollywood, alugando um lugar ao lado da mansão de Greta Garbo. Ambos
se alistaram para lutar na Segunda Guerra Mundial. Na época, HENRY FONDA disse:
“Eu não quero estar em uma guerra falsa em um estúdio.” Ele serviu por três
anos e ganhou a Estrela de Bronze, a quarta maior condecoração por bravura em conflito com o inimigo.
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jane darwell e henry fonda em “as vinhas da ira” |
De
personalidade forte, ele era conhecido como mulherengo, tendo se envolvido em
casos com muitas atrizes. Passou por cinco casamentos e uma relação distante
com os filhos Jane e Peter, ambos atores. Ele era reservado e tinha imensa
dificuldade em expressar seus sentimentos. Sua vida privada foi marcada pelo
suicídio de duas de suas esposas. Descrito como frio, indiferente e
frequentemente zangado fora da tela, seus filhos tiveram a melhor educação, mas
nunca foram mimados. Jane ressentiu-se, mais até do que Peter. Muitos avaliam
que suas diferentes fases - mito sexual, ativista política, etc. - podem ter
sido para provocar o pai. Só se acertaram nos últimos meses da vida dele, quando atuaram juntos em “Num Lago
Dourado / On Golden Pond” (1981).
Em 1948, HENRY
FONDA mudou-se para Nova York, só voltando para Hollywood em 1955. Embora o
motivo central de sua estada prolongada longe das telas fosse seu papel
principal em uma peça na Broadway, ele confidenciou a amigos que não tolerava o
clima político na Califórnia naqueles tempos de macartismo. Durante anos,
representou “Mister Roberts” com êxito, ganhando o Tony Award em 1948
como Melhor Ator Dramático. Quando virou filme, em 1955, voltou a fazer cinema,
outra vez dirigido pelo genial John Ford. Mas tinha uma concepção do personagem,
que representara durante anos nos palcos, que não era a mesmo do cineasta.
A
amizade e colaboração antiga terminou quando o diretor deu um soco nele e teve
que ser substituído por Mervyn LeRoy.
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jane, henry e peter fonda |
Seguiu
sua carreira cinematográfica com filmes de excelentes diretores: King Vidor,
Alfred Hitchcock, Anthony Mann, Sidney Lumet, Otto Preminger, Richard
Fleischer, Don Siegel, Sergio Leone, Joseph L. Mankiewicz e Billy Wilder, entre
outros. Ao contrário de muitas estrelas que começaram na Broadway, HENRY FONDA
voltou regularmente aos palcos ao longo da vida. Em 1968, formou uma parceria
com os atores Robert Ryan e Martha Scott, co-fundando a produtora teatral
Plumstead Playhouse, em Nova York. Ganhou um prêmio especial Tony em 1979. No
entanto, a doença restringiu seu trabalho, terminando por
desmaiar de exaustão, em 1974, após uma apresentação. Em 1978, ele seguiu o
conselho de seus médicos e abandonou os palcos, continuando a estrelar filmes e
televisão.
Seu
último papel no cinema foi em “Num Lado Dourado”, no qual se juntou a Katharine
Hepburn e a sua filha Jane numa sensível história de reconciliação com a morte como
pano de fundo. Por esse trabalho ganhou um Oscar (havia recebido um especial,
pela carreira, no ano anterior). Pouco tempo depois, o grande HENRY FONDA,
aquele que deu vida ao duro fazendeiro Tom Road, ao lendário xerife Wyatt Earp,
ao músico Manny Balestrero e tantos personagens memoráveis, morreu aos 77 anos,
deixando
um legado duradouro. Foi um grande astro, um dos maiores. Destacou-se no drama,
no western, em filmes de guerra e comédias. Mas o que o torna singular é que
foi seletivo e intenso.
10 FILMES
de HENRY FONDA
(por
ordem de preferência)
01
VINHAS da
IRA
(The
Grapes of Wrath, 1940)
Direção de John Ford
Elenco: Jane Darwell e John Carradine
02
TEMPESTADE
SOBRE WASHINGTON
(Advise
& Consent, 1962)
Direção
de Otto
Preminger
Elenco:
Charles Laughtn, Don Murray, Franchot Tone, Walter Pidgeon, Gene Tierney e
Burgess Meredith
03
CONSCIÊNCIAS
MORTAS
(The
Ox-Bow Incident, 1942)
Direção
de William
A. Wellman
Elenco:
Dana Andrews, Anthony Quinn, William Eythe e Jane Darwell
04
PAIXÃO dos
FORTES
(My
Darling Clementine, 1946)
Direção
de John Ford
Elenco:
Linda Darnell, Victor Mature, Walter Brennan, Tim Holt e Jane Darwell
05
DOZE
HOMENS e uma SENTENÇA
(12 Angry
Men, 1957)
Direção
de Sidney Lumet
Elenco:
Lee J. Cobb, E. G. Marshall, Martin Balsam, Jack Warden e Ed Begley
06
As TRÊS
NOITES de EVA
(The Lady
Eve, 1941)
Direção
de Preston
Sturges
Elenco:
Barbara Stanwyck, Charles Coburn e Eugene Pallette
07
O HOMEM
ERRADO
(The
Wrong Man, 1956)
Direção
de Alfred Hitchcock
Elenco:
Vera Miles e Anthony Quayle
08
VASSALOS da
AMBIÇÃO
(The Best
Man, 1964)
Direção
de Franklin J. Schaffner
Elenco:
Cliff Robertson, Edie Adams, Margareth Leighton e Ann Sothern
09
VIVE-SE uma
SÓ VEZ
(You Only
Live Once, 1937)
Direção
de Fritz Lang
Elenco:
Sylvia Sidney, Barton MacLane e Ward Bond
10
O MAIS
LONGO dos DIAS
(The
Longest Day, 1962)
Direção
de Ken Annakin, Andrew Marton e Bernhard Wicki
Elenco:
Richard Burton, Sean Connery, Robert Mitchum, Robert Ryan, Arletty, Curt
Jurgens, Rod Steiger e John Wayne
“Eu
realmente não gosto de mim mesmo. Nunca gostei. As pessoas me confundem com os
personagens que interpreto. Não sou um grande cara como o Doug Roberts de
Mister Roberts. Eu gostaria de ser, mas não sou.”
HENRY
FONDA
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5 comentários:
Sou um grande fã desde os anos 50. É um super ator! Seu único erro foi a filha comunista.
Oi Antônio gosto muito do seu blog amei a postagem poderias falar também do James Stewart
A melhor atuação dele para mim sempre foi e sempre será em Era Uma Vez no Oeste.
Anos atrás eu não fazia ideia que a Bridgete Fonda era neta do "cara" que genética a família Fonda é uma das mais bonitas de Hollywood se não for a mais bonita ✌️
Depois que vi "A Juventude de Lincoln" passei a admirar Henry Fonda. Seu "...Era Uma Vez no Oeste" de Sergio Leone, foi o filme que revelou minha paixão pelo Cinema. É dele a frase: "Todos dizem: Amo a Deus. Mas o difícil é amar o próximo". mlmlmarcoslima@gmail.com.
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