maio 05, 2011

********** O ESPELHO tem muitas FACES

brigitte bardot

Certa vez, o centenário realizador português Manoel de Oliveira declarou numa entrevista: “O cinema é o espelho da vida”. No entanto, o ESPELHO tem muitas faces, e que faces são essas? O que vemos nele ou como somos vistos? O que nos permitimos ver? Exibindo a importância da construção da imagem, ele explora os mitos modernos, traduz vaidade, sensualidade e beleza. Reflete várias sensibilidades individuais, vários olhares, direcionando-se para um público determinado, que nem sempre é capaz de interpretar e compreender sua significância. 

Transborda inteligência e capacidade de comunicação, metáfora de encontro/desencontro, extraindo o que as estrelas cinematográficas têm de melhor, fazendo com que elas reconheçam seu próprio valor ou se desesperem com a inevitável decadência física. É na diferença que o encontro verdadeiro acontece, numa espécie de imagem de ficção, isto é, algo inventada, criada. O ESPELHO penetra numa experiência coletiva que o transcende.


Deste modo, procurando ressaltar o olhar sobre imagens míticas, entendo que a tela de cinema pode ser um campo de pesquisa, passível de observação e interpretação. Pensando os filmes como produtos culturais que criam, constroem e fazem circular máscaras, traços culturais e valores coletivos, pressuponho que as imagens projetadas acompanham o espectador mesmo depois que o filme acaba, marcando-o em lembranças e modelando seu comportamento, seus gestos e suas idéias. Arte-ESPELHO, os filmes são poderosos veículos de construção e divulgação de imaginários, conceitos, valores e significados. 

Essa abordagem privilegia esse elemento (imaginário ou não) que imprime estranho fascínio nas pessoas, procurando uma reflexão estética sobre a imagem em que a ficção se volta para a ilusão, a sedução ameaçadora, a simulação e a artificialidade lançada por todo esse jogo de espelhos que cria duplicatas, fragmentações. Num contexto mais amplo, o ESPELHO retrata os pensamentos, as ambições, os sonhos e as emoções, a inconstância do eu e do outro nas personagens e no encontro entre o mundo real e a ficção. 

Parece que jamais conheceremos os atores e as atrizes tal como eles são em si mesmos, pois a aparência é o que está ao nosso alcance. O que enxergamos não é o objeto real, mas apenas a sua sombra, uma reprodução, aquilo que reflete a construção do mito. Neste contexto, o cinema funciona como uma espécie de ESPELHO enganador, refletindo e dissimulando tudo, inclusive a platéia.

angie dickinson
ava gardner
arlene dahl
hattie mcDaniel
marlene dietrich
leslie caron
lillian gish
marilyn monroe
natalie wood
mae west
tallulah bankhead
cena de "the vogues of 1938"

7 comentários:

Marcelo Castro Moraes disse...

Bem dito. Eu só fico me perguntando que tipo de pessoa é o meu pai, ele dorme em qualquer tipo de filme...coitado.

Luiz Santiago (Plano Crítico) disse...

Caramba! Postagem que mixa fotografia, cinema e ótimos apontamentos sobre esse elemento narcísico. =)

Janaína disse...

A bela Arlene Dahl foi casada com o argentino canastrão Fernando Lamas.

Janaína

LIMA TRINDADE disse...

O Falcão Maltês está um céu de estrelas, hehehe!

AnnaStesia disse...

O espelho é uma das mais cruéis invenções da humanidade. Crueldade irresistível. Mas acho que Ava, Mae, Bardot e Marlene não tinham motivos para se preocupar com as possíveis revelações refletidas no objeto e muito menos na celulóide.
Concordo que o espelho cinematográfico é dissimulado e enganador, mas é irresistivelmente sedutor.
Adorei o texto, Antônio!

Rubi disse...

Já estive no seu blog diversas vezes, mas é a primeira vez que procuro algo de Hattie McDaniel, sou super fã dela haha, e por sorte, achei um post incrível como este. Grandes nomes do cinema!

Cl. disse...

Só faltou Bettinha! http://s3.amazonaws.com/data.tumblr.com/tumblr_lpwegu08f51qh58jjo1_1280.png?AWSAccessKeyId=AKIAJ6IHWSU3BX3X7X3Q&Expires=1318725706&Signature=wyKbDfkifP5dc7gXJD7RX2HLDVE%3D