maio 02, 2020

** A INTENSA VIDA BISSEXUAL de JOAN CRAWFORD



 
O amor é fogo. 
Mas nunca se sabe se vai aquecer 
ou incendiar a casa.
JOAN CRAWFORD

Altura: 1,6 m
Cabelos: castanhos
Olhos: azuis
Apelidos: Oxicoco e Billie


Durante uma surpreendente carreira de mais de cinquenta anos, JOAN CRAWFORD (San Antonio, Texas, EUA. 1904 - 1977) manteve seu nome em destaque. Podemos até não gostar dela, mas não podemos ignorá-la. Ela era simplesmente grande demais para ser ignorada. Tudo nela era enorme: boca larga, rosto quadrado, olhos enormes, sobrancelhas, queixo, ombros e, claro, seus gestos. Na mitologia da estrela de cinema, ela era a Cinderela. Nascida na extrema pobreza, tornou-se rica e famosa através de muito trabalho e determinação. Aperfeiçoamento era sua palavra de ordem. Alegrias e tristezas particulares, escorregões e retornos profissionais auspiciosos foram relatados por jornais e revistas acompanhados por um público fiel. Secretárias, garçonetes e operárias encontraram inspiração e desejo de realização na sua saga cinematográfica.
 
Nenhuma estrela sofreu nas telas como JOAN CRAWFORD. Era a especialidade dela. Filme após filme, foi vítima de amantes psicóticos, donos malandros de casas noturnas lascivas, filhas intoleráveis, políticos corruptos e maridos alcoólatras. Vestida de pérolas e vison, ela enfrentou agonias com elegância e queixo erguido, enquanto seus olhos traduziam as torturas que sofria. Chegou ao estrelato no final dos anos 20, interpretando mulheres de origem humilde que lutam pelo sucesso. Nesse momento de sua carreira, era incrivelmente bonita. Muitos pensam nela como a matrona dos anos 50 (com sobrancelhas grossas), mas na juventude sua beleza era arrebatadora.

A M-G-M forneceu às revistas de cinemas páginas de material sobre o passado de JOAN CRAWFORD, desde seu nascimento como Lucille Le Seur até seu trabalho como balconista em uma loja de departamentos em Kansas City, Missouri. Como resultado, seus fãs acreditavam saber tudo sobre sua ascensão. Para eles, a vida pessoal e personalidade dela na tela eram inseparáveis. Atuou em mais de 80 filmes, mas o ponto alto de sua trajetória aconteceu em 1945, com Alma em Suplício, pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Atriz. Na vida privada, namorou os maiores astros da sua época. De Clark Gable a Spencer Tracy a Kirk Douglas. Ela também não dispensava mulheres e seu magnetismo sexual levou para a cama Greta Garbo, Marlene Dietrich, Barbara Stanwyck, Katharine Hepburn, Audrey Hepburn e até Marilyn Monroe.
 
douglas fairbanks jr. e joan
Depois de trabalhar como dançarina em espetáculos baratos, JOAN CRAWFORD ganhou um concurso de dança, resultando em contrato na M-G-M, fazendo inicialmente pequenos papéis. Em 1929, enquanto filmava Donzelas de Hoje / Our Modern Maidens, casou-se com seu co-astro Douglas Fairbanks Jr., filho de Douglas Fairbanks e enteado de Mary Pickford, considerados a família real de Hollywood da época. Eles se opuseram ao casamento e não convidaram o casal para sua casa, a famosa mansão Pickfair, nos meses seguintes. A união ajudou ao estrelato da atriz, deixando para trás fotos nuas, rumores de prostituição e supostas aparições em filmes pornográficos.

O seu nome artístico surgiu em um concurso realizado nas páginas da popular revista “Movie Weekly”. Venceu Joan Arden, mas já havia uma atriz desconhecida com o mesmo nome, que ameaçou processá-la, e a escolha recaiu no segundo colocado, sugerido por Marie M. Tisdale, uma senhora inválida que vivia em Nova Iorque e ganhou US $ 500 pela criação. Ambiciosa, JOAN CRAWFORD tinha um rosto peculiar e inconfundível, com traços pronunciados e expressivos, e uma atração hipnotizante, tornando-se uma das atrizes mais carismáticas e talentosas de Hollywood. O ditado “O rosto é o espelho da alma” descreve sua personalidade avassaladora e seu temperamento forte que rendeu inúmeros atritos.
 
franchot tone e joan
Uma das baixarias aconteceu no set do western Johnny Guitar / Idem (1954). Ela fez sexo com Fletcher Markle, marido da co-protagonista, Mercedes McCambridge, originando tensão e discussões. Bêbada, JOAN CRAWFORD jogou o figurino da rival numa rodovia, deixando que carros passassem por cima dele. Indignada, McCambridge disse em entrevista que ela era “uma dama malvada, embriagada, poderosa e podre”. Crawford rebateu: “Eu tenho quatro filhos, não preciso de outro, pode ficar com seu marido”.

Considerada a décima maior estrela feminina de todos os tempos pelo “American Film Institute”, ela levou uma das vidas sexuais mais ardentes de Hollywood. Em sua autobiografia, Jackie Cooper, famoso pelo clássico A Ilha do Tesouro / Treasure Island (1934), afirma que ainda garoto teve um caso com a atriz, que era sua vizinha. Ela também seduziu Dorothy Arzner, que a dirigiu em Felicidade de Mentira / The Bride Wore Red (1937), e diversos cineastas e produtores. Reforçando sua fama de predadora sexual, sua arqui-inimiga Bette Davis afirmou que ela tinha dormido “com todas as estrelas da M-G-M, exceto a cadela Lassie”.

A rivalidade com Bette Davis é notória, gerando até uma recente série, Feud: Bette e Joan / Feud: Bette and Joan (2017), com Jessica Lange e Susan Sarandon. A briga começou por conta de Franchot Tone. Ao filmar com ele Perigosa / Dangerous (1935), Bette se apaixonou. Ao ser informada, JOAN CRAWFORD, recém-divorciada de Fairbanks Jr., o convidou para um jantar. Ao chegar na sua residência, ela estava nua. No dia seguinte, foi filmar com o rosto sujo de batom. Bette tentou reverter a situação em um intervalo da filmagem, dando prazer a Tone ajoelhada no camarim. “Eles me viram e não se importaram, continuando a sacanagem”, disse o produtor Harry Joe Brown. 
 
phillip terry e joan
As investidas sexuais de Bette Davis não tiveram êxito. Logo seria anunciado noivado de Tone com JOAN CRAWFORD e não demorou se casaram, para infelicidade da antagonista. “Ela o tirou de mim”, disse a atriz décadas depois. “Fez isso com frieza, de propósito, com total crueldade. Nunca a perdoei e nunca a perdoarei”. O casamento durou quatro anos, mas a amizade nunca se acabou. Em 1968, Tone sofria de câncer no pulmão e ela o levou para o seu apartamento e cuidou dele até a morte.

Em sua autobiografia, a estrela afirma que manteve relações sexuais com seu padrasto aos 11 anos, mas que diferente do que se podia esperar, ela não considerava abuso ou estupro, mas sim um ato afetuoso e consensual. Diz que sempre tratou a sexualidade de uma maneira diferente das mulheres do seu tempo. “Minha forma de agir sexualmente era considerada apropriada apenas para os homens. Eu tinha uma necessidade sexual física e emocional. Tive vantagens no prazer que me trouxe, mas me fez uma vítima, uma dependente”, confessou em entrevista polêmica.
 
joan e clark gable
Um dos seus amantes, Kirk Douglas, contou em suas memórias que a obsessão por limpeza da atriz era conhecida no meio artístico. Ele recorda um encontro particularmente perturbador. Estavam na cama em pleno ato sexual e ela sussurrou ao seu ouvido: “O que mais gosto em você é a sua limpeza. Estou maravilhada com suas axilas depiladas”. Ele ficou sem jeito, a depilação vinha do filme que rodava, “O Invencível / Champion” (1949), mas o astro admite que ela era um furacão sexual.

Assumidamente bissexual, JOAN CRAWFORD nunca teve problemas com sua sexualidade. Certa vez confessou que Clark Gable foi o grande amor de sua vida. Os dois nunca casaram, mas tiveram um caso ao longo de oito filmes juntos. Eles se conheceram durante as filmagens de Quando o Mundo Dança / Dance, Fools, Dance (1931). A química foi tão intensa que secretamente não se separaram durante muitos anos. Apesar da paixão, a amizade foi mais importante. Quando Gable perdeu a esposa Carole Lombard em um acidente de avião, ela o amparou emocionalmente e sexualmente.
 
alfred steele e joan
Adotou cinco crianças depois de sofrer uma série de abortos espontâneos com seus maridos e ser informada pelos médicos de que nunca seria capaz de ter um bebê. Um deles foi tomado de volta pela mãe biológica. Mas nunca foi uma mãe típica. Ela tinha inúmeros amigos fiéis, entre eles William Haines, um famoso ator do cinema mudo que abandonou a carreira para viver com um homem, Jimmy Shields. JOAN CRAWFORD dizia que era o casamento mais feliz de Hollywood. Além dele, também era amiga de Van Johnson, Cesar Romero, Barbara Stanwyck, Myrna Loy, Marlene Dietrich, Rosalind Russell e George Cukor.

A estrela casou-se quatro vezes: com Douglas Fairbanks Jr. de 1929 a 1934; Franchot Tone, de 1935 a 1939; Phillip Terry, de 1942 a 1946; e Alfred Steele, de 1956 a 1959. Os seus casamentos nunca duravam muito, era difícil e com o espírito livre. O último deles, com um magnata dos refrigerantes, só teve fim por conta de um repentino ataque cardíaco do parceiro. Ela se deprimiu, pois o considerava sua alma gêmea, continuando a colocar um lugar para ele na mesa de jantar. Como herdeira, tornou-se uma das principais acionistas da Pepsi-Cola e exerceu um cargo na diretoria da empresa até 1977, quando morreu por conta de um câncer no fígado aos 73 anos, resultado de décadas de excessos etílicos. Nos últimos anos, confinada em seu apartamento luxuoso, recusando entrevistas e homenagens, pesava cerca de 30 quilos e bebia um litro de vodka por dia. Como costumava dizer, “eu fui criação da M-G-M. Ela me deu um nome, uma carreira e um estilo de vida”. Ave, Joan.

FONTE
“My Way of Life: Joan Crawford”

joan e barbara stanwyck
joan e marlene dietrich
joan e greta garbo
 
Sobre JOAN CRAWFORD: