novembro 14, 2012

****** EDWARD G. ROBINSON, o COLECIONADOR



Ele traduzia seu entusiasmo insaciável de colecionador como “obsessão”. Começou com figurinhas de jogadores de beisebol, prosseguiu com postais de atrizes de teatro/music hall, seguiu com caixas de charutos, cachimbos e livros (apreciando especialmente ensaios e biografias), chegando ao ápice com uma valiosa coleção de arte, cobiçada principalmente por inúmeras obras de impressionistas franceses. Quando morreu, os oitenta e oito quadros que EDWARD G. ROBINSON (1893 - 1973) possuía foram vendidos por mais de cinco milhões de dólares. Em 1971, eles estamparam a publicação “Edward G. Robinson's World Of Art”, com textos do autor de sua autobiografia, “All my Yesterdays”, Leonard Spigelgass, e de sua esposa, além de ilustrações de algumas telas pintadas pelo ator. 

O fabuloso acervo pictórico incluía pinturas de Paul Cézanne, Marc Chagall, Jean-Baptiste-Camille Corot, Degas, Eugène Delacroix, Henri Matisse, Claude Monet, Berthe Morisot, Pablo Picasso, Camille Pissarro, Pierre-Auguste Renoir, Georges Rouault, Georges Seurat, Vincent van Gogh e Grant Wood, entre outros. Em 1956, ele foi forçado a vender parte dessa coleção, uma das maiores do mundo de propriedade privada, para firmar o acordo de divórcio com sua esposa, a atriz e socialite Gladys Lloyd. Mesmo assim, restou um precioso lote para a segunda mulher, Jane Adler, depois da morte do astro na década de 70.

Nascido em Bucareste, na Romênia, em uma família judaica que se mudou para os Estados Unidos no início do século XX, notabilizou-se por personagens desagradáveis ​​e violentos envolvidos no submundo, tornando-se o primeiro astro de Hollywood a fazer sucesso interpretando esse tipo de papel, marcando um estilo que seria seguido por Paul Muni, James Cagney, George Raft e Humphrey Bogart. Baixinho, feio, sofisticado, culto e excelente intérprete, acumulou fortuna e prestígio. 

Atuou em clássicos das décadas de 30, 40 e 50 - como “Alma no Lodo” (1931), “Pacto de Sangue” (1944), “Almas Perversas” (1945), “Paixões em Fúria” (1948) e “Os Dez Mandamentos” (1956). Nunca levou o Oscar. Em 1973, seis meses após o seu falecimento, a Academia de Hollywood corrigiu o erro concedendo-lhe uma estatueta póstuma, “como ator memorável, patrono das artes, dedicado cidadão, enfim, um homem renascentista”

EDWARD G. ROBINSON  teve uma vida pessoal assolada por problemas. Apesar de reconhecido por suas atividades patrióticas durante a Segunda Guerra – inclusive, doando 100.000 dólares para o esforço de guerra e trabalhando em transmissões para países ocupados pelos nazistas (falava sete idiomas, incluindo iídiche, romeno e alemão) -, seu nome foi associado ao comunismo e teve que depor perante a Comissão de Atividades Antiamericanas. Por fim, terminou inocentado de qualquer suspeita. 

Durante este período, ele também foi perturbado pelo desajuste de seu único filho, que entrou em atritos frequentes com a lei e tentou o suicídio várias vezes. Apesar dos contratempos, continuou sua incansável carreira atuando na tevê e no cinema até o ano de sua morte. Em 1956, voltou aos palcos da Broadway depois de uma longa ausência, fazendo grande sucesso com “Middle of the Night” e concorrendo ao Tony de Melhor Ator.

Comprando a sua primeira pintura a óleo em um leilão, em 1926, logo seu gosto fixou-se em pinturas impressionistas e pós-impressionistas. Comprometido e exigente, costumava visitar pintores e escultores em seu local de trabalho. Assim aconteceu com Henri Matisse, em Paris, e Marc Chagall, em Roma. Em 1939, encomendou a Édouard Vuillard um retrato de família. Em uma viagem ao México, visitou o muralista Diego Rivera, comprando algumas pinturas dele. Rivera mostrou-lhe aquarelas de sua esposa Frida Kahlo e EDWARD G. ROBINSON adquiriu várias delas. Ainda pouco conhecida, Frida ficou emocionada, escrevendo no seu diário: “Para mim foi uma surpresa tão grande que fiquei maravilhada e disse: ‘Dessa maneira eu vou poder ser livre, vou poder viajar e fazer o que bem entender, sem precisar pedir dinheiro a Diego”

Sensível e educado, o ator era querido pelos colegas. Atuou em 40 peças e cerca de 100 filmes, sendo o último “No Mundo de 2020 / Soylent Green” (1973), ao lado de Charlton Heston. Em 1999, o American Film Institute (AFI) nomeou-o na vigésima quarta posição entre “As 50 Maiores Lendas do Cinema”.


DEZ  FILMES de EDWARD G. ROBINSON
(por ordem de preferência)

01
ALMAS PERVERSAS
(Scarlet Street, 1945)
direção de Fritz Lang
com: Joan Bennett e Dan Duryea

02
PACTO de SANGUE
(Double Indemnity, 1944)
direção de Billy Wilder
com: Barbara Stanwyck e Fred MacMurray

03
PAIXÕES em FÚRIA
(Key Largo, 1948)
direção de John Huston
com: Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Lionel Barrymore
e Claire Trevor

04
SANGUE do meu SANGUE
(House of Strangers, 1949)
direção de Joseph L. Mankiewicz
com: Susan Hayward, Richard Conte e Debra Paget

05
Um RETRATO de MULHER
(The Woman in the Window, 1944)
direção de Fritz Lang
com: Joan Bennett, Raymond Massey e Dan Duryea

06
ALMA no LODO
(Little Caesar, 1931)
direção de Mervyn Leroy
com: Douglas Fairbanks Jr. e Glenda Farrell

07
Um PECADO em CADA ALMA
(The Violent Men, 1955)
direção de Rudolph Maté
com: Glenn Ford, Barbara Stanwyck e Brian Keith

08
O ESTRANHO
(The Stranger, 1946)
direção de Orson Welles
com: Orson Welles e Loretta Young

09
O HOMEM que NUNCA PECOU
(The Whole Town’s Talking, 1935)
direção de John Ford
com: Jean Arthur

10
A MESA do DIABO
(The Cincinnati Kid, 1965)
direção de Norman Jewison
com: Steve McQueen, Ann-Margret, Tuesday Weld
e Joan Blondell

 

19 comentários:

Cristina Liantonio disse...

¡Buen Estado!

Elisandra Pereira disse...

Adoro Edward G. Robinson e seus filmes! Só não sabia desse lado colecionador.

Anônimo disse...

Sou uma pessoa nova e nunca tinha ouvido falar do Edward G. Robinson. Gostei da história dele, e vou aproveitar esse meu momento de fuçar filmes antigos para ver alguns que ele participou.

Adorei o blog, é informativo e de qualidade (:

Mari

http://cxdamari.blogspot.com.br/

Marcelo Castro Moraes disse...

Conheci ele nos Dez Mandamentos e vi ele recentemente em Retrato de Uma Mulher, que por pouco quase não vi, pois achava que fosse Almas Perversas que já tinha assistido.

Excelente ator e que se diferenciava dentre os outros atores.

renatocinema disse...

O lado colecionador desse belo ator, não conhecia.....eu como colecionador (HQ, filmes, álbuns de figurinhas, bonecos) me encantou.....

ESPETACULAR SEU TEXTO.

Hugo disse...

Grande ator, que fez uma bela carreira interpretando personagens marcantes.

Não sabia de sua hobby como colecionador.

Abraço

El Bueno de Cuttlas disse...

Muy interesante tu entrada sobre este estupendo actor, no conocía su afición a la pintura.

¡Saludos cinéfilos desde España!

Sonia Dias Moreira Leser disse...

Um Retrato de Mulher- entre outros, o meu preferido.

marta muricy disse...

é o tipo de ator que rouba a cena. precisa ser muito bom para contracenar com ele. feio, sim, mas tinha uma voz marcante, forte, poderosa.

marta muricy

João Roque disse...

Não sei porquê, mas é um actor que nunca foi dos meus preferidos; talvez por representar sempre o mesmo tipo de papéis, mas a sua expressão facial também não dava para outros desempenhos.
E por falar nos "10 Mandamentos", este foi um dos grandes filmes da minha vida, talvez porque sempre adorei História e este filme é uma lição grande da história da Humanidade.

disse...

Como boa fã de filmes de gângster, tenho carinho por Edward, que também está ótimo em "Pacto de Sangue". Muitos outros astros do cinema se interessaram por arte e até colecionaram algumas obras, mas a coleção de Edward com certeza se destaca.
Abraços!

Pedro Ferreira de Freitas disse...

Gosto muito dele no filme "A Cidade dos Desiludidos" de Vincent Minelli

Mitchell Wheeler disse...

He is one of my very favorite actors,...he lacked pretense. LOVE HIM!

M. disse...

Vir ao seu blog é um grande aprendizado para mim. Excelente post.

Gilberto Carlos disse...

O único dos filmes citados de Edward G. Robinson que vi foi O estranho, que é bom apesar de ser um dos Orson Wells menores.

Fiquei muito feliz em saber que você também é apaixonado pelo cinema nacional e coleciona filmes, tendo cerca de 400 deles. Além de DVDs originais, onde você você compra os filmes mais raros? Nos sites especializados? Eu devo ter cerca de 300 filmes nacionais...

Flávia D'Angelo disse...

Meu preferido é ''Almas Perversas''!

AnnaStesia disse...

Grande ator, personalidade e vilão. Aliás, sempre morri de medo daquele olhar. Ahaha! Brincadeira! Está excelente em Almas perversas e Pacto de sangue. Sua cultura é algo invejável. Homenagem merecida!

Anônimo disse...

Um ator de primeiríssimo nível. Talentoso, elegante, charmoso. Destacado em suas atuações, sendo difícil não roubar a cena dos filmes que participou

Anônimo disse...

O melhor ator de filme noir sem dúvida, e um dos melhores de todos os tempos.