Uma
das estrelas mais queridas do cinema mudo, adorada por público e críticos, NORMA TALMADGE atuou em 141 filmes e era conhecida pela versatilidade
e sofisticação. De beleza morena, sorriso de covinhas, personalidade
calorosa e amigável, destacou-se pela sutileza e naturalismo de suas
performances em melodramas. Hoje quase ninguém mais se lembra dela, porque seus
filmes inexplicavelmente são menos acessíveis do que os de outros famosos da época. Alguns
historiadores mencionam o seu nome apenas de passagem ou emitem um julgamento
impreciso sobre a sua capacidade artística. Como se isto não bastasse, a atriz foi
alvo de caricaturas injustas em clássicos famosos. No musical “Cantando na
Chuva / Singin’ in the Rain” (1952) é parodiada como Lina Lamont (Jean Hagen),
uma estrela da cena muda, cujo sotaque prejudica sua estreia no cinema falado
num drama histórico francês (muita gente atribuiu o fracasso do segundo filme
sonoro de Norma, “Du Barry, a Sedutora / Du Barry, Woman of Passion”, ao seu
sotaque do Brooklyn).
Billy Wilder a usou como modelo de Norma Desmond, a decadente diva do cinema silencioso de “Crepúsculo dos Deuses / Sunset Boulevard” (1950). Interpretada por Gloria Swanson, uma das maiores rivais de Norma nos anos 1920, a personagem inspira-se na reclusão de atriz (que abandonou o cinema no começo da década de 1930, passando a morar numa mansão em Beverly Hills com a enorme fortuna que ganhou nos seus dias de glória); no seu badalado romance com um ator onze anos mais jovem do que ela, o belo Gilbert Roland, seu parceiro em vários filmes de sucesso; e no seu comportamento excêntrico.
Billy Wilder a usou como modelo de Norma Desmond, a decadente diva do cinema silencioso de “Crepúsculo dos Deuses / Sunset Boulevard” (1950). Interpretada por Gloria Swanson, uma das maiores rivais de Norma nos anos 1920, a personagem inspira-se na reclusão de atriz (que abandonou o cinema no começo da década de 1930, passando a morar numa mansão em Beverly Hills com a enorme fortuna que ganhou nos seus dias de glória); no seu badalado romance com um ator onze anos mais jovem do que ela, o belo Gilbert Roland, seu parceiro em vários filmes de sucesso; e no seu comportamento excêntrico.
Nascida
em Jersey City, New Jersey (EUA), em 1894, filha mais velha de Fred Talmadge,
um alcoólatra que estava sempre desempregado, e da audaciosa “Peg” Talmadge, sua
infância foi marcada pela pobreza. Num dia de Natal, o pai saiu de casa para
comprar alimentos e nunca mais voltou, deixando para a esposa a tarefa de criar
as três filhas pequenas do casal (além de Norma, Constance e Natalie, também
atrizes). NORMA TALMADGE, a mais bonita, foi a primeira a ser estimulada pela
mãe a iniciar uma carreira como atriz de cinema. Mãe e filha rumaram para os
estúdios da Vitagraph, em Nova York. A jovem de 16 anos terminou sendo contratada para pequenos papéis em filmes curtos, entre 1910 e 1912, e, em 1911, chamou a
atenção como Mimi, a costureirinha que acompanha o mocinho para a guilhotina na
primeira versão cinematográfica de “A Tale of Two Cities”, de Charles Dickens.
A
ambiciosa “Peg” percebeu que poderia levar mais adiante a carreira da filha, partindo com a família para a Califórnia. Numa festa, em 1916, NORMA TALMADGE
conheceu um milionário, Joseph M. Schenck, que tinha a pretensão de produzir filmes.
Dois meses depois eles casaram. Ela chamava o marido bem mais velho de “Papai”.
Ele passou a dirigir, controlar e impulsionar a carreira da esposa. Em 1917, o
casal fundou a Norma Talmadge Film Corporation, uma empresa que se tornaria
muito lucrativa.
Schenck queria fazer de sua amada a maior de todas as estrelas, reservando para ela as melhores histórias, os figurinos mais luxuosos, os cenários mais opulentos, os elencos mais talentosos e os diretores de maior prestígio, juntamente com uma publicidade espetacular (o mesmo que faria anos depois, Irving G. Thalberg com Norma Shearer, David O. Selznick com Jennifer Jones, Alexander Korda com Merle Oberon, Walter Wanger com Joan Bennett, Carlo Ponti com Sophia Loren, Dino De Laurentiis com Silvana Mangano e Franco Cristaldi com Claudia Cardinale). Em pouco tempo, as mulheres de todo o mundo queriam ser a romântica estrela e corriam em massa para ver seus filmes extravagantes.
Schenck queria fazer de sua amada a maior de todas as estrelas, reservando para ela as melhores histórias, os figurinos mais luxuosos, os cenários mais opulentos, os elencos mais talentosos e os diretores de maior prestígio, juntamente com uma publicidade espetacular (o mesmo que faria anos depois, Irving G. Thalberg com Norma Shearer, David O. Selznick com Jennifer Jones, Alexander Korda com Merle Oberon, Walter Wanger com Joan Bennett, Carlo Ponti com Sophia Loren, Dino De Laurentiis com Silvana Mangano e Franco Cristaldi com Claudia Cardinale). Em pouco tempo, as mulheres de todo o mundo queriam ser a romântica estrela e corriam em massa para ver seus filmes extravagantes.
A
primeira produção da companhia, “Pantéia / Panthea” (1917), de Allan
Dwan, teve como assistente de direção o genial e incompreendido Erich Von Stroheim. Neste melodrama, com a Rússia Imperial como
pano de fundo, NORMA TALMADGE é a pianista que perde a honra
para salvar o marido. Filme de grande sucesso, consagrou-a como uma
excelente atriz dramática. No mesmo ano, brilharia também em “Cidade Proibida /
The Forbidden City”, de Sidney Franklin. Em 1921, celebrada como a atriz
mais popular do mundo, sua ascensão parecia imbatível. Na primeira metade da década de 1920, protagonizaria inúmeros
êxitos, especialmente “Morrer Sorrindo / Smilin’ Through” (1922), considerado o filme mais popular de toda a sua carreira, e “Segredos /
Secrets” (1924). O primeiro seria refilmado duas
vezes pela Metro-Goldwyn-Mayer: com Norma Shearer, em 1932; e Jeanette MacDonald em 1941.
Seu
virtuosismo para viver personagens de variadas etnias, classes sociais e idades,
era uma das características marcantes da atriz. Em 1926, inovando, atuou na comédia “Kiki / Idem”, ao lado de Ronald Colman. Depois rodou “A Dama das
Camélias / Camille” (1927), “A Mulher Cobiçada / The Dove” (1928) e “Pecadora
sem Mácula / The Woman Disputed” (1928). Durante a filmagem de “A Dama das
Camélias”, NORMA TALMADGE se apaixonou perdidamente pelo ator mexicano Gilbert Roland,
pedindo o divórcio para Schenck, porém este não estava pronto para concedê-lo.
Apesar de seus sentimentos pessoais, ele produziu os próximos três filmes dela,
que passaram a ser distribuídos pela United Artists, companhia da qual acabara
de assumir a presidência. A estrela nada fez em 1929, preparando-se para a estreia no cinema sonoro, ou seja, aperfeiçoando a
voz com a veterana atriz Laura Hope Crews.
Retornou
às telas em 1930 com “Noites de Nova York / New York Nights” e “Du Barry, a
Sedutora”, dois fracassos, mas não pelo motivo
geralmente citado. Sua voz não tinha qualquer traço de sotaque do Brooklyn. Na
verdade, o público desejava caras novas, desprezando as estrelas
do cinema mudo, particularmente aquelas que, como Norma, estavam em cena desde
os primeiros tempos. Com a carreira encerrada, nunca mais fez
outro filme. Pouco
depois de sua aposentadoria precoce, ao sair de um restaurante em Hollywood, uma horda de caçadores de autógrafos cercou-a. Docemente, ela disse para eles:
“Vão embora, meninos, não preciso mais de vocês”.
Em 1927, ao pisar acidentalmente no cimento fresco na calçada do Chinese Theater, NORMA TALMADGE deu origem a uma famosa tradição em Hollywood: a Calçada da Fama. Schenck, em 1929, finalmente desistiu de fazer parte da vida dela, embora eles ainda não estivessem divorciados. A separação
oficial aconteceu em 1934 e, nove dias depois, ela se casou, não com
Gilbert Roland, mas com o comediante George Jessel. Ela nunca esteve
à vontade com o fardo da celebridade, transformou-se em uma reclusa, evitando
principalmente a imprensa. Muito rica, passava o tempo viajando, vindo a falecer em 1957, aos 63 anos. Foi premiada em 1956 como uma das cinco estrelas mais importantes do cinema
mudo.
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42 comentários:
De fato, os filmes dela são raros de encontrar, por isso tenho mais conhecimento dos trabalhos da irmã Constance Talmadge. Não sabia que Norma tinha "inventado" a tradição de imprimir pés e mãos no cimento.
Abraços!
Muito linda.
Uma grande estrela da época.
Maravilhosa!
Ótimo texto
Antonio Nahud,
muito obrigado pelo convite para sua lista de amigos.
....e vendo algumas coisas muito boas no blogspot.
Pena que muitos não gostam de história e informação.
Acompanho sempre os filmes considerados clássicos pela TCM.
Esse como "Norma Desmond", onde tem William Holden na interpretação/narrativa, vi mais de 30 vêzes numa intenção de decifrar pormenores.
O que tenho a dizer?
Meus parabéns pelo interesse e trabalho!
Such a beauty!
Grande mulher!!!
Acho a personagem Norma Desmond genial
Diva!
Vale a pena rever Norma Talmadge no filme New York Nights.
Que linda !
Linda...
Linda e charmosa!
Um luxo estas atrizes dos anos 20. Pena que o tempo e a falta de cuidado, tornaram esquecidas!!!!!!
Não conheço essa atriz
O Blog O Falcão Maltês é um dos melhores blogs sobre cinema que conheço. Concordo 100% por tudo o que já li do mesmo.
Muito linda.
Todos esses filmes clássicos deveriam estar no YouTube...
nusss e eu nunca ouvi falar, perdoa minha ignorancia minha atriz linda e super talentosa..
Não conheço nada dela. Será que sobrou algo?
Adoro seus posts, Antonio!
Infelizmente isso acontece. Lamentável.
Tenho referência sobre ela em algumas biografias que possuo. Se viesse a atuar em poucos filmes, seria compreensível tamanho esquecimento. Mas não é aqui o caso
Eu a conheço apenas de nome. Sabia que tinha sido uma atriz famosa no cinema mudo,mas sequer sabia que ela havia sido uma inspiração para a Lina Lamont de "Cantando Na Chuva" e a Norma Desmond de "Crepúsculo dos Deuses" (julgava que as personagens fossem amálgamas de várias atrizes). Gosto de todos os posts do blog mas quando conheço pouco sobre a figura retratada, existe um plus pela obtenção de informações novas. Parabéns, Antonio Nahud ! É sempre um prazer acompanhar o seu blog !
E.muito legal saber de onde surgiu a inspiração para a calçada da fama.
Muito interessante. Mas segundo o que li, isso está longe de ser consenso. No caso de Wilder, a referência é só o nome, porque não há absolutamente nada em comum entre as duas. Quanto a "Cantando na Chuva", menos ainda. A carreira de Talmadge - como da impagável Lina, no filme - e de dezenas de outras atrizes acabou quando vieram os "talkies".
Viva Norma!
Muito linda e charmoza tambem, teve seu momento de gloria como toda Star de cinema...
Que linda!!!!
Uma Grande Estrela do Cinema Silencioso.
Linda
A questão e saber quais filmes sobreviveram, as pelicolas eram a base de nitrato e sofriam combustão expontanea e até por isso era comum incendios em salas de cinema como bem mostra "Il Nuovo Cinema Paradiso" ou simplesmente viraram vinagre
Linda e talentosa atriz, como é bom conhecer mais detalhes da vida dela. Interessante saber que deu origem a tradição da Calçada da Fama e sua paixão por Gilbert Roland. Gostaria muito de ver mais filmes desta querida estrela do cinema silencioso. Obrigada, Antonio Nahud, é sempre uma grata satisfação ler seus posts.
Maravilhosa!
Amo estas postagens de astros da antiga.
O surgimento da rede social e do you toube faz com que muitas músicas, artistas talentosos e fatos que caíram no esquecimento público voltem a ser lembrados e curtidos.
Uma grande estrela do cinema SILENCIOSO; Gilbert Roland é uma homenagem aos grandes astros do cinema silencioso: John GILBERT e Ruth ROLAND!
Gilbert Roland é típico galã latino e ficaria muito bem como.zorro e outros herois de capa e espada
belíssima! famoso ou não eu quero ser esquecido
Parece aquela estória do filme O ARTISTA...
As I am familiar with Norma Talmadge as the beautiful Star of silent films, and as I have watched the film "Sunset Boulevard" with Gloria Swanson as "Norma Desmond", I certainly do agree that this caricature of Miss Talmadge was most cruel and unfair. I believe that Norma Talmage deserves to be remembered in more positive ways and it is good to learn more about who she really was.
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