maio 19, 2019

******* ANTHONY PERKINS ou NORMAN BATES?



“Aprendi mais sobre amor, abnegação e compreensão humana das pessoas que conheci nesta grande aventura no mundo da AIDS do que jamais fiz no mundo competitivo e cruel em que passei minha vida.”

[declaração feita poucos dias antes de sua morte]

Apelido: Tony
Altura: 1,88 cm
Olhos: Castanhos escuros
Cabelos: Negros


Existem atores com uma excelente carreira no cinema que são recordados por causa de um único filme. ANTHONY PERKINS (1932 - 1992. Nova Iorque, EUA) foi um deles. Nasceu no mesmo ano em que o pai, Osgood Perkins, atuou em seu filme de maior sucesso, o clássico “Scarface - A Vergonha de uma Nação / Scarface” (1932). Cinco anos depois, ficou órfão de pai e passou a ser criado pela mãe, a quem definiu como uma pessoa possessiva e problemática. Teve problemas emocionais desde muito novo, o que o levou a submeter-se por várias vezes a tratamentos específicos. 

Subiu ao palco pela primeira vez aos 14 anos. Após passagem na Broadway, substituindo John Kerr em “Chá e Simpatia”, ao lado da estrela Joan Fontaine, ele foi contratado pela Metro-Goldwyn-Mayer para atuar em uma ótima comédia de George Cukor. A despeito das críticas favoráveis recebidas por seu desempenho, só voltou a receber um novo convite, para atuar no cinema, três anos depois.  Durante esse período, entretanto, participou de mais de dez episódios de séries televisivas.

Especializado em personagens neuróticos ou atormentados, conseguiu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo quaker Josh, em crise moral durante a Guerra Civil, no clássico “Sublime Tentação”, de William Wyler. Ao aceitar proposta do mestre do suspense Alfred Hitchcock para fazer o psicopata Norman Bates em “Psicose”, converteu-se em uma celebridade mundial, ficando marcado pelo papel para o bem e para o mal. Esteve tão ligado a esse personagem que o retomaria em mais três sequências.

“Eu acho que é o meu papel favorito. É o Hamlet dos papéis de terror, e você nunca pode se cansar de Norman Bates. É sempre interessante.”, disse o ator. E mais: “Eu tenho afeição por Norman como pessoa. Ele faz o melhor que pode nas circunstâncias diminutas com que sua personalidade o abandonou, e a infância de Norman foi difícil e traumática. Norman é, no fundo, uma alma benevolente, com um lado sombrio, mas a mente consciente de Norman está sempre nas coisas positivas da vida.” Muitos críticos acharam na época que ele merecia ter ganhado o Oscar por sua magnífica interpretação, mas não chegou nem a ser indicado ao famoso prêmio.

O livro de Charles Winecoff, “Anthony Perkins: Split Image” (1996), retrata a juventude de ANTHONY PERKINS, sua homossexualidade, seu posterior uso de drogas e a vida familiar. De acordo com a biografia, o ator contraiu o vírus da Aids na época de “Psicose 3 / Psycho III” (1986) e manteve a doença em segredo até o fim, para que pudesse continuar trabalhando e não preocupar seus amigos e filhos. No ano de sua morte participou de dois filmes, sendo um para a TV. A única pessoa que sabia que ele estava doente era a esposa, Berry Berenson, irmã da atriz Marisa Berenson. De sua união com Berry, teve dois filhos: Osgood, que seguiu a carreira de ator, e Elvis Perkins, que se tornou músico. Em 11 de setembro de 2001, a viúva foi uma das 58 vítimas do voo AA-11, de Boston, derrubado por terroristas contra a Torre Norte do World Trade Centre, em Nova York.
alfred hitchcock e perkins

Ele foi indicado duas vezes ao Tony Award de teatro. Em 1958, como Melhor Ator (Dramático) por “Look Homeward, Angel”, e em 1960, como Melhor Ator (Musical) por “Greenwillow”. Sua performance como Norman Bates está em 4º lugar na lista dos 100 Melhores Personagens de Todos os Tempos da revista “Premiere”. ANTHONY PERKINS não fez sexo com uma mulher até os 39 anos de idade, perdendo a virgindade - segundo a revista “People” – com a atriz Victoria Principal em 1971. “Eu tinha fantasias loucas, mas minha experiência erótica era em grande parte solitária. Ao longo do caminho tive encontros homossexuais, mas esse tipo de sexo sempre me pareceu irreal e insatisfatório. E eu nunca havia feito sexo com uma mulher - o simples pensamento disso me aterrorizava.”, confessou em entrevista.

De acordo com a autobiografia do astro Tab Hunter, eles tiveram um relacionamento em meados da década de 1950. Os dois saíam no mesmo carro para jantar, cada qual com sua garota, e tão logo se viam longe dos olhares curiosos, dispensavam as moças e iam para casa juntos. Além de Tab, ANTHONY PERKINS teve casos com uma longa lista de celebridades do sexo masculino: Rock Hudson, Troy Donahue, Rudolf Nureyev, Leonard Bernstein, James Dean, Stephen Sondheim etc. Viveu com o dançarino-coreógrafo Grover Dale por seis anos. Em Hollywood nunca foi novidade que o astro era gay.

Entre 1962 e 1971, desenvolveu uma bela carreira na Europa, atuando sob a direção de cineastas do porte de Claude Chabrol, André Cayatte, René Clèment, Anatole Litvak, Jules Dassin, Orson Welles, entre outros. Em 1973, co-escreveu o roteiro de “O Fim de Sheila / The Last of Sheila”, juntamente com seu namorado Stephen Sondheim, tendo sido agraciado com o Prêmio Edgar Allan Poe. Em 1974, apareceu na Broadway ao lado de Mia Farrow, na peça “Romantic Comedy”, de Bernard Slade. Na década de 80, sua carreira decaiu, protagonizando filmes medíocres, sendo exceção “Crimes de Paixão / Crimes of Passion” (1985), de Ken Russell. 

No final da vida, passou a ser notícia nos tabloides de escândalos, devido a boatos sobre a sua sexualidade. O ator sofria duramente com sua homossexualidade e tinha ataques de pânico ao contracenar com atrizes em cenas sensuais. Mergulhado nas drogas, foi preso no aeroporto de Heathrow, em Londres, em 1984, por posse de oito gramas de maconha e três pontos de LSD. Em 1989, foi preso novamente no Angel Hotel, em Cardiff, por importar ilegalmente 1,3 gramas de maconha. Era também criticado por frequentar lojas de pornografia e cinemas gays de sexo descartável.

Sensível e inteligente, ANTHONY PERKINS sofreu bastante ao longo da vida, quer no campo pessoal quer no profissional, no qual foi usado (e abusado) pelos tubarões de Hollywood que o obrigaram a desempenhar papeis que ele sabia de antemão não terem qualquer valor artístico, conforme desabafou mais tarde numa entrevista.

tuesday weld e perkins em “o despertar amargo”

15 PERSONAGENS
(por ordem de preferência)

01
Norman Bates em
PSICOSE
(Psycho, 1960)
 

Direção de Alfred Hitchcock
Elenco: Vera Miles, John Gavin, Janet Leigh 
e Martin Balsam

02
Jim Piersall em
VENCENDO o MEDO
(Fear Strikes Out, 1957)
 

Direção de Robert Mulligan
Elenco: Karl Malden e Norma Monroe

03
Sargento Warren em
PARIS ESTÁ em CHAMAS?
(Paris Brûle-t-il?, 1966)

Direção de René Clément
Elenco: Jean-Paul Belmondo, Charles Boyer, Leslie Caron, 
Alain Delon, Kirk Douglas, Glenn Ford, 
Yves Montand, Simone Signoret, Michel Piccoli, 
Jean-Louis Trintignant e Orson Welles

04
Alexis em
PROFANAÇÃO
(Phaedra, 1962)
 

Direção de Jules Dassin
Elenco: Melina Mercouri e Raf Vallone

05
Josh Birdwell em
SUBLIME TENTAÇÃO
(Friendly Persuasion, 1956)
 

Direção de William Wyler
Elenco: Gary Cooper e Dorothy McGuire,

06
Josef K. em
O PROCESSO
(The Trial, 1962)
 

Direção de Orson Welles
Elenco: Jeanne Moreau, Romy Schneider, Elsa Martinelli 
e Akim Tamiroff.

07
Philip Van der Besh em
MAIS uma VEZ ADEUS
(Goodbye Again, 1961)
 

Direção de Anatole Litvak
Elenco: Ingrid Bergman, Yves Montand, Jessie Joyce Landis, 
Michèle Mercier e Diahann Carroll

Melhor Ator no Festival de Cannes

08
Eben em 
DESEJO
(Desire Under the Elms, 1957)
 

Direção de Delbert Mann
Elenco: Sophia Loren e Burl Ives

09
Joseph Dufresne em
TERRA CRUEL
(This Angry Age, 1957)
 

Direção de René Clément
Elenco: Silvana Mangano, Richard Conte, Jo Van Fleet, 
Alida Valli e Yvonne Samson

10
Dennis Pitt em
O DESPERTAR AMARGO
(Pretty Poison, 1968)

Direção de Noel Black
Elenco: Tuesday Weld

11
Xerife Ben Owens em
O HOMEM dos OLHOS FRIOS
(The Tin Star, 1957)

Direção de Anthony Mann
Elenco: Henry Fonda e Betsy Palmer

12
Neil Curry em
LEMBRE meu NOME
(Remember My Name, 1978)

Direção de Alan Rudolph
Elenco: Geraldine Chaplin, Berry Berenson, Jeff Goldblum 
e Alfre Woodard

13
B. Z. em
O DESTINO que DEUS me DEU
(Play It As It Lays, 1972)

Direção de Frank Perry
Elenco: Tuesday Weld

14
Christopher Belling em
O ESCÂNDALO
(Le Scandale, 1967)

Direção de Claude Chabrol
Elenco: Maurice Ronet, Yvonne Furneaux e Stéphane Audran

15
Fred Whitmarsh em
PAPAI NÃO QUER
(The Actress, 1953)

Direção de George Cukor
Elenco: Spencer Tracy, Jean Simmons e Teresa Wright

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16 comentários:

Renan Pinheiro disse...

Lembro dele também como o secretário sensível e apaixonado pela ex-patroa que teve a filha sequestrada em "Assassinato no Expresso do Oriente".

Bete Teixeira Nunes disse...

Como não vi outros filmes com ele, pra mim ele é "o que fez Norman Bates" .
Acontece muito isso, né?
E acho irreversível, principalmente qdo ficam muito tempo em um único personagem .
Caso das inúmeras sequências e das longas séries.

Suly Domingas Domingos disse...

Era também cantor... Cantava lindamente. Teve uma vida entre altos e baixos sofria de depressão, dizem que era um homem triste, apesar de bonito e talentoso!

Carlos Conti disse...

Norman Bates tornou-se alterego de Anthony

Renate M. Ludewig disse...

Grande ATOR

Maria Antonieta Sacco Porres disse...

Verdade. So lembro Psicose

Ana Maria Moreira disse...

Sensacional e completo

Cleusa Lang disse...

Qdo o papel supera o homem. Ele foi magistral!

Marília Menezes disse...

Amo! Vi Psycho muitas vezes!

Ana Maria Borocco disse...

Uma graça!

Jean Guilherme Paixão disse...

Psicose é um dos meus filmes favoritos e Perkins era um grande ator.

Elcio Madeira disse...

Trabalhou com grandes artistas, Sofia Loren, Melina Mercuri

Maria Jose Saffi Boso disse...

Será sempre lembrado por Psicose , Norman Bates . Mas , lembro dele em Sublime Obsessão , tbém .

Elcio Madeira disse...

Não tenho certeza mas acho q foi sua estreia no cinema, música linda do filme

Alice Dias disse...

Era meio estranho

Maria Auxiliadora Franzoni disse...

SUBLIME OBSESSÃO..ATÉ HOJE ASSISTO..TENHO O FILME..AMO A MÚSICA !