agosto 06, 2016

*** CREPÚSCULO dos DEUSES: na MISÉRIA - Parte II



Publicado em 5 de junho de 2011, o texto “Crepúsculo dos Deuses: Na Miséria - Parte I” (http://ofalcaomaltes.blogspot.com.br/2011/06/crepusculo-dos-deuses-estrelas-na.html) lista alguns famosos do cinema que perderam tudo o que tinham e terminaram seus dias na pobreza. Na época, expressei o desejo de escrever uma segunda parte. Mais de cinco anos depois, o cinéfilo cearense ERALDO URANO faz a continuação, “honrando o convite que este meu amigo me dá pra escrever um texto pro seu blog, listando mais nomes que ficaram de fora no primeiro texto”.

ANITA EKBERG
(1931 - 2015)

Símbolo sexual da década de 1960, assim conhecida após sua aparição no clássico “A Doce Vida / La Dolce Vita” (1960). Eleita Miss Suécia em 1951, foi para os Estados Unidos representar o país no Miss Universo. Não venceu o concurso, mas ganhou um contrato em Hollywood. Depois do sucesso de “A Doce Vida”, ela permaneceu na Itália. Durante os anos 1970, os papéis tornaram-se menos frequentes e a imprensa noticiou que Anita estaria trabalhando como empregada doméstica. Nessa época, ela engordou muito.

Culpava seu segundo marido, Rick van Nutter, de ter roubado grande parte de seus bens. Ela conseguiu emagrecer e voltou ao cinema como protagonista de um filme medíocre, “A Freira Assassina / Suor Omicidi” (1979). Em 2011, a imprensa revelou que, aos 80 anos, a ex-estrela de cinema teria se visto obrigada a pedir ajuda financeira à Fundação Fellini. Ela passou a viver então em uma residência para idosos, perto de Roma, depois de sofrer uma fratura no fêmur.

BELA LUGOSI
(1882 - 1956)

Um ícone dos filmes de horror, esse ator húngaro ficou famoso interpretando o papel do vampiro em “Drácula / Dracula” (1931). Porém, estereotipado como Drácula, seus papéis foram diminuindo em importância gradativamente até ficar desempregado. Viciado em morfina e metadona e vivendo na semi-pobreza, terminou sua carreira trabalhando para o lendário pior diretor de todos os tempos, Ed Wood.

BOBBY DRISCOLL
(1937 - 1968)

Ator mirim, ganhou um Oscar especial por sua atuação em “Ninguém Crê em Mim / The Window” (1949) e foi o primeiro ator criança a ter contrato exclusivo com os estúdios Disney. Com o seu envelhecimento e a diminuição das ofertas de trabalho, ele se envolveu com drogas, o que por fim arruinou sua saúde e o reduziu à pobreza. Anos de abuso severo de drogas enfraqueceram seu coração e ele morreu sozinho de um ataque cardíaco numa construção desocupada em Nova York, tendo sido sepultado numa sepultura comunitária.

GAIL RUSSELL
(1924 - 1961)

De rara beleza, essa morena de olhos azuis melancólicos e angelicais, enquadrados em um rosto oval perfeito, foi preparada para ser uma das estrelas da Paramount nos anos 1940. Entretanto, durante as filmagens de “O Solar das Almas Perdidas / The Uninvited” (1944), adquiriu o hábito de ingerir bebida alcoólica para anular sua insegurança e medo de palco. O hábito tornou-se vício e seu contrato não foi renovado. 

Ficou com a reputação manchada: envolveu-se em um pretenso adultério com John Wayne e teve problemas com a lei por dirigir embriagada. Casou-se em 1949 com o belo galã Guy Madison, mas o divórcio veio em 1954. Quase sem encontrar mais trabalho como atriz, foi encontrada morta no pequeno apartamento alugado em que vivia, cercada de garrafas de vodka vazias. Desnutrida e envelhecida, não chegou a ver seu último filme, “The Silent Call” (1961), uma produção modesta.

LOUISE BROOKS
(1906 - 1985)

Lendária atriz do cinema mudo, teve uma carreira breve em Hollywood, participando de 24 filmes entre os anos 1925 e 1938. Sua imagem e atitudes permanecem, no entanto, como símbolo de uma época, e uma de suas características mais lembradas será sempre o corte de cabelo liso e curto, que lançou moda e tornou-se um ícone dos anos 1920.  Uma atriz à frente de seu tempo, era dona de uma beleza incomum e de uma personalidade fortíssima. Deixou Hollywood e entrou numa lista negra, viajando para a Europa, onde fez seus filmes mais memoráveis, dentre eles “A Caixa de Pandora / Die Büchse der Pandora” (1929). 

Com as portas fechadas em Hollywood decretou falência em 1932 e terminou sua carreira no cinema em 1938. Nos anos seguintes, esquecida pelo cinema e pelo público, ganha seu sustento de várias formas, inclusive como vendedora da loja Sak's Fifth Avenue, por volta de 1946, recebendo 40 dólares por semana, e como “escort”. Na década de 1950, seus filmes foram redescobertos com grande sucesso. Seu status como uma das grandes atrizes e beleza do cinema permanece até hoje.

MARIE PREVOST
(1898 - 1937)

Popular estrela do cinema mudo, com o advento do som sua carreira entrou em declínio. Problemas pessoais levaram-na à depressão, com um aumento de peso crescente e alcoolismo. Morreu aos 38 anos, em Hollywood, de uma combinação de alcoolismo agudo e desnutrição extrema, praticamente sem dinheiro e vivendo em um apartamento em ruínas. Sua morte foi descoberta dois dias depois, quando os vizinhos reclamaram de latidos incessantes de seu cachorro.

MARISA MELL
(1939 - 1992)

Uma figura “cult” de filmes italianos B dos anos 1960, a bela austríaca Marisa Mell é mais conhecida pelo papel em “Perigo: Diabolik / Diabolik” (1968), de Mario Bava. No final dos anos 1980, os papéis no cinema foram desaparecendo e ela voltou para a Áustria. Morreu de câncer de garganta, em situação de pobreza, com apenas alguns amigos presentes no seu funeral.

OLIVE BORDEN
(1906 - 1947)
 

Considerada uma das mais belas atrizes do cinema mudo, era uma das beldades (“bathing beauties”) de Mack Sennett aos 15 anos e atingiu o auge de sua carreira em 1926, quando ela fez 11 filmes da Fox Studios e ganhou US $ 1.500,00 por semana. Apelidada “A Garota da Alegria”, viveu um estilo de vida luxuoso, com mansões, criados e uma dúzia de casacos de peles. Em 1927, ela deixou a Fox depois de uma disputa salarial. 

Como muitas estrelas do cinema mudo, ela teve dificuldade em fazer a transição para os “talkies”. Seu último filme foi feito em 1934. Durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhou como enfermeira. Com a idade de 41 ela era uma alcoólatra sem um tostão. Morreu de uma doença do estômago num lar para mulheres carentes em Los Angeles.

TROY DONAHUE
(1936 - 2001)

Ídolo adolescente no final dos anos 1950 e início dos anos 1960, atingiu o estrelato em “Amores Clandestinos / A Summer Place” (1959), com Sandra Dee. Outros filmes destacados em sua carreira foram “No Vale das Grandes Batalhas / Parrish” (1961), com Claudette Colbert e “Candelabro Italiano / Rome Adventure” (1962), com Suzanne Pleshette. Troy e Suzanne se casaram, mas a união só durou nove meses. Seu belo rosto, de cabelos loiros e olhos azuis, aparecia frequentemente nas capas de revistas de cinema. Em poucos anos, sua carreira entrou em declínio e Donahue começou a abusar de drogas e álcool. 

Ele declarou falência em 1968 e perdeu sua casa. Arruinado financeiramente, passou a viver em apartamentos miseráveis e chegou a passar uma temporada como sem-teto no Central Park. Ele disse que vivia num arbusto e mantinha tudo o que tinha numa mochila. Com quatro casamentos fracassados, procurou ajuda para seu uso de bebida e drogas, juntando-se aos Alcoólicos Anônimos. Continuou a atuar em filmes, em pequenos papéis ou filmes de baixo orçamento. Morreu de um ataque cardíaco. Vivia com a noiva num modesto prédio de apartamentos.

CONFIRA

Parte I
CREPÚSCULO dos DEUSES: na MISÉRIA

4 comentários:

Eduardo Cabús disse...

Não estavam preparados para o sucesso. Se sentiam poderosos, donos do mundo, não projetaram os anos que vinham pela frente e para completar eram completamente desprovidos de tino comercial Muitos deles foram explorados pelos empresários, viviam no luxo mas não pegavam em dinheiro. Quando o fonte secou os empresários sumiram. É sabido que os agentes dos atores eram gaviões perigosos, odos ficaram milionários. O fato é que os agentes odiavam os atores.

Maria Jose Saffi Boso disse...

Super interessante . Da uma pena , esses astros que fizeram tanto sucesso, acabarem desse jeito.
Pra mim foi surpresa Louise Brooks e Bela Lugosi .
Eh um mundo de sonhos mas com muitas armadilhas . Pra subir e manter- se no topo , muito tem que se fazer , muitos vicios , corrupcao e tudo tem seu preco. Parabens, Eraldo Urano, otimo trabalho.

Claudio Oliveira disse...

Louise Brooks poderia ter sido uma grande estrela, mas seu gênio irascível sabotou sua carreira. Seus filmes na Europa, a Caixa de Pandora inclusive, foram sucesso de crítica mas não um grande sucesso de público. Em The Canary Murder Case (1929), filme que seria originalmente mudo mas o produtor Harry Cohn decidiu fazê-lo falado, mas ela se recusou a dublar as falas da personagem. Cohn, por vingança, espalhou que a voz de Louise não era boa, o que prejudicou sua carreira. Seu comportamento fez G. W. Pabst se cansar dela. Quando voltou à Hollywood descobriu que a fama de Lulu não tinha chegado aos Estados Unidos. E para seu espanto ninguém queria contratá-la. Apesar disso William Wellman a chamou para Inimigo Público (The Public Enemy, 1931), mas ela recusou e o papel foi para Jean Harllow. Isso marcou o fim da carreira de Louise. Harry Cohn se vangloriou de cortar sua participação em When You’re in Love (1937).
Duas curiosidades: Marlene Dietrich estava perto de assinar o contrato para ser Lulu, quando Louise chegou e fez Pabst mudar de ideia. Marlene nunca perdoou Louise e sempre menosprezou a atriz dizendo que ela nunca foi uma estrela de verdade. Greta Garbo ao contrário, gostou tanto que teve um caso com Brooks.

Anônimo disse...

Primeira vez que vejo um post sobre a Louise por aqui. Devia postar mais sobre ela, pra mim ela merece muito.