janeiro 24, 2016

***************** HOLLYWOOD SAI do ARMÁRIO

gilbert roland

Um dos posts mais populares deste blog, “The Hollywood Lesbians”, publicado em 22 de março de 2012, nunca saiu da lista dos dez mais acessados. Diversos leitores escreveram pedindo o equivalente masculino. Já foi escrito e publicado, também em 2012, e terminou se perdendo nos quase dois anos que o blog ficou fora do ar por problemas técnicos. Na época, gerou polêmica, alguns cinéfilos não suportam revelações da vida privada de seus astros mais queridos. Sem preconceito ou sensacionalismo, e respeitando a sexualidade de todos, acredito que a homossexualidade de famosos quando revelada ajuda – e muito – a jovens reprimidos ou acossados pela homofobia. Eles se espelham, reagem, vão à luta.

Sabemos que há poucos atores bem-sucedidos abertamente gays. Lembro-me de Rupert Everett (garante que não consegue bons papéis por sua sexualidade), Derek Jacobi, Stephen Fry, Ian McKellen, Kevin Spacey, Luke McFarlane, Billy Zane, entre outros. No entanto, são minoria, muitos temem a rejeição do público, resultando no fim precoce da carreira. E é real, ainda hoje. Astros românticos (ou de ação) como Matt Damon, Tom Cruise, John Travolta, George Clooney, Keanu Reeves, Leonardo DiCaprio, Hugh Jackman, James Franco, Ben Affleck ou Ewan McGregor, brigam há anos com a imprensa, negam que são gays.

james dean e sal mineo
Antigamente era pior. Numa época em que os direitos dos homossexuais não eram sequer discutidos, alguns atores foram obrigados a casar, passando a imagem de pessoas “adequadas” a uma sociedade religiosa e heterossexual (pelo menos diante dos holofotes). Os homossexuais envolvidos com o cinema na época áurea dos grandes estúdios viviam em pânico. Aqueles que trabalhavam atrás das câmeras, dirigindo, cuidando dos figurinos ou da direção de arte, não eram perseguidos, mas os astros e estrelas eram vigiados pelos paparazzi. Revelar-se gay em Hollywood era complicado. Além do preconceito, o trabalho de um ator estava colado à sua imagem pública. Declarando-se homossexual, era fim de carreira na certa.

Hollywood sempre se orgulhou de ser livre de preconceitos. Mesmo quando alguma história de homossexualidade se tornava notória dentro da comunidade muito raramente chegava na imprensa sensacionalista. Os casamentos arranjados e as aparições públicas que sugeriam romances entre astros e estrelas eram parte do esforço publicitário para esconder a condição gay ou a bissexualidade de seus astros, como é o caso de Erroll Flynn (que não ocultava suas relações homossexuais, sendo uma delas com o produtor Ross Hunter), Gary Cooper (no início de carreira, ao dividir o teto e a cama com o ator Anderson Lawler, deixou seus agentes em desespero), Spencer Tracy, Michael Redgrave, Burt Lancaster, Marlon Brando (um sujeito confuso que gostava de tratar as mulheres como objeto, enquanto se apaixonava por homens mais velhos), Jack Palance, Mel Ferrer etc.

rock hudson e george nader
Dos roteiros, afastava-se qualquer referência explícita ao homossexualismo. Liberal nos círculos internos, nos filmes tratavam a homossexualidade como tabu. Mas o julgamento que se fazia não era moral. Na intimidade dos estúdios e das festas, Hollywood era avançada. Os negócios estavam à parte e, em se tratando de dinheiro, a indústria não brinca. Os correspondentes de Hollywood não eram cegos. Sabiam quem era gay e quem não era. Faziam o jogo da indústria cinematográfica. Esse jogo, do qual a imprensa é uma engrenagem, partia de uma regra: não era uma indústria normal, mas uma indústria baseada na ilusão, no sonho. Nessa ilusão e nesse sonho não cabiam homossexuais.

Desde sempre os estúdios, que detinham o passe dos astros e tinham um poder considerável sobre suas carreiras, exigiam que eles se mantivessem dentro de limites estreitos. Não se podia ir a eventos sociais sem um acompanhante do sexo oposto. Permanecer solteiro por muito tempo era imprudente. Um dos primeiros astros do cinema, Jack Kerrigan, infernizado por sua condição de solteirão, publicou um anúncio numa revista: “Até agora eu não encontrei nenhuma moça que quisesse se casar comigo. Mas vou arranjar uma, vocês vão ver só!”, prometeu o mocinho. Ninguém acreditou e sua carreira desandou pra sempre. A partir dos anos 1930, com a entrada em vigor do Código Hays, estabelecendo a censura prévia evitar atentados contra a suposta moral e os bons costumes, a homofobia tornou-se ainda mais cruel.

cary grant e randolph scott
Não há como negar que continua sendo um acontecimento quando um astro de Hollywood decide proclamar sua homossexualidade. Mesmo que o assumido não seja da primeira grandeza de estrelas. Além disso, revistas de celebridades, colunas de fofoca, jornais, livros e filmes parece que decidiram tirar definitivamente do armário veteranos astros gays.  Muitos deles surpreendem.

ASTROS no ARMÁRIO

01
ALFRED LUNT
(1892 - 1977)

Atores lendários na Broadway, Lunt e Lynn Fontanne atuaram em alguns filmes e inventaram um casamento de fachada por mais de 50 anos. Ele era gay, ela lésbica.

02
ANTHONY PERKINS
(1932 - 1992) 

Em Hollywood nunca foi novidade que o astro do clássico “Psicose / Psycho” (1960) se relacionava com homens. Ainda bem jovem, foi fotografado passeando de mãos dadas com Tab Hunter numa praia da Califórnia. Os dois saíam no mesmo carro para jantar, cada qual com sua garota, e tão dispensavam as moças iam para casa juntos. Além de Tab, teve casos com uma longa lista de celebridades do sexo masculino: Rock Hudson, Troy Donahue, Rudolf Nureyev, Leonard Bernstein, James Dean e Stephen Sondheim. O único que durou, no entanto, foi com o dançarino e coreógrafo Grover Dale, com quem teve um relacionamento de seis anos.

Ele sofria duramente com sua homossexualidade e tinha ataques de pânico ao contracenar com atrizes em cenas sensuais. Casou-se com a irmã de Marisa Berenson e teve dois filhos. Era conhecido por frequentar lojas de pornografia e cinemas gays. Morreu aos 60 anos, de complicações da AIDS.

03
BEN PIAZZA
(1933 - 1991) 

Comparado ao jovem Marlon Brando, esteve ao lado de Gary Cooper em “A Árvore dos Enforcados / The Hanging Tree” (1959), mas nunca alcançou o status de protagonista. Em vez disso, fez carreira na TV. Embora casado por um tempo com a atriz Dolores Dorn, viveu 18 anos com Wayne Tripp. Foi uma das vítimas da AIDS.

04
CESAR ROMERO
(1907 - 1994)

Alto, discreto e sofisticado, começou no cinema como “latin lover” de musicais e comédias românticas. Na década de 1960, brilhou na TV como o Coringa da série “Batman”. De carreira longa e versátil, assumiu a homossexualidade no final de sua vida. Teve namoros duradouros com os atores Gene Raymond e Tyrone Power. Viciado em eventos sociais, seu guarda-roupa tinha mais de 30 smokings, 200 casacos esportivos e 500 ternos. Praticamente vivia no Coconut Grove, casa noturna do Ambassador Hotel, em Los Angeles, dançando e flertando.

05
CARY GRANT
(1904 - 1986) 

Quando a Paramount descobriu que seu ator mais cobiçado estava disposto a assumir o relacionamento amoroso com o também ator Randolph Scott, tratou de providenciar uma esposa para ele. Obrigado a se casar com a atriz Virginia Cherrill, Grant desesperou-se e tentou o suicídio, ingerindo pílulas para dormir. Depois deste casamento improvisado, morou com Scott, mas teve outros três casamentos heterossexuais. Antes de Hollywood, vivendo em Nova York ainda com seu nome real, Archie Leach, teve relacionamento duradouro com o figurinista Orry-Kelly.

06
CHARLES LAUGHTON
(1899 - 1962)

Famoso no teatro e no cinema, Quasímodo de “O Corcunda de Notre Dame / The Hunchback of Notre Dame” (1939) é o seu papel mais conhecido. Atormentado, sentia-se envergonhado de seus desejos homossexuais. Para superar a solidão, procurava a companhia de belos jovens, muitos dos quais começaram como seu massagista ou assistente pessoal. Com alguns, desenvolveu relacionamentos românticos. Após a sua morte, sua esposa Elsa Lanchester escreveu livro falando da homossexualidade do marido e que eles nunca tiveram relações sexuais.

07
CLAUDE RAINS
(1889 - 1967) 

Inglês cuja polidez foi muitas vezes utilizada para obter o máximo de ironia, estava na meia-idade quando sua carreira no cinema decolou. O rosto combinava com a voz cortês, tornando-se um dos mais requisitados coadjuvantes dos anos 1930-40.  

08
CLIFTON WEBB
(1889 - 1966)

O seu vilão no noir “Laura / Idem” (1944) foi um grande sucesso. Ótimo ator, a carreira no teatro - em operetas, musicais e comédias - fez sombra ao trabalho no cinema. Ainda assim concorreu três vezes ao Oscar. Quando perguntado pelo diretor Jean Negulesco se era gay, respondeu: “Devoto, meu rapaz, devoto. Teve um romance com James Dean e utilizava garotos de programa. Vivia com sua mãe dominadora, Mabelle, levando-a para todo lugar: estreias de filmes, jantares e férias. Eram inseparáveis. Quando ela morreu, em 1960, aos 91 anos, ele se isolou, lamentando a perda da mãe. Morreu de ataque cardíaco poucos anos depois, em 1966.

09
DANNY KAYE
(1913 - 1987)

Comediante astro da Broadway e do cinema. Seu romance com Sir Laurence Olivier, casado com Vivien Leigh, era conhecido. Viviam juntos viajando pelo mundo.

10
DICK SARGENT
(1930 - 1994) 

Conhecido por sua participação na série de TV “A Feiticeira”, de 1969 até a última temporada, só veio a se assumir nos anos 1990, em prol de uma campanha para evitar o suicídio entre jovens homossexuais. Teve um parceiro por mais de 20 anos. De 1989 até sua morte, viveu com o escritor negro Albert Williams.

11
DIRK BOGARDE
(1921 - 1999)

Depois de se tornar popular na década de 1950, estrelando comédias românticas, deu um passo ousado em “Meu Passado me Condena / Victim” (1961) como um advogado chantageado por sua homossexualidade. Foi o primeiro filme em que a palavra homossexual foi falado na tela, e o primeiro exemplo de um homem dizendo “eu te amo” para outro homem. Dois anos mais tarde, em “O Criado / The Servant” (1963), retratou outro personagem ambíguo. Apesar de aceitar tais papéis, não falava sobre sua vida privada. Dividiu quase toda ela com seu agente, o escritor Tony Forwood – ele deixou a mulher, a atriz Glynis Johns, e o filho, para morar com Bogarde. Nos anos 1960, o ator teve um intenso caso com o cineasta John Schlesinger. Mas sempre procurou retratar-se publicamente como heterossexual.

12
FARLEY GRANGER
(1925 - 2011)

Astro de “Festim Diabólico / Rope” (1948) e “Pacto Sinistro / Strangers on a Train” (1951), ambos de Alfred Hitchcock e com subtexto gay, dividiu o mesmo teto durante quatro anos com o namorado, o roteirista e dramaturgo Arthur Laurents. Quando saíam, levavam amigas atrizes: assim, para todos os efeitos, Laurents namorava Geraldine Brooks e Farley, Shelley Winters. Revelou sua homossexualidade há pouco, numa autobiografia. Teve sua primeira relação homossexual com um oficial da Marinha, na II Guerra Mundial. Namorou os compositores Aaron Copland e Leonard Bernstein. Em 1963, em uma produção teatral, conheceu o escritor e produtor Robert Calhoun. Os dois permaneceram juntos até a morte de Calhoun, em 2008.

13
FRANK LANGELLA
(n. em 1938)

Conhecido por suas interpretações em “Frost / Nixon / Idem” (2008) e “Drácula / Idem” (1979), de discreta vida privada, no seu livro de memórias surpreendeu ao escrever sobre suas relações homossexuais, entre elas com o ator porto-riquenho Raul Julia.

14
GENE RAYMOND
(1908 - 1998)

Ator de teatro, cinema e televisão, de bonito físico, cabelos loiros e olhos azuis. Aceitou um casamento arranjado com a atriz e cantora Jeanette MacDonald, mas continuou a ter casos com homens. De fato, em sua lua de mel levou o ator Buddy Rogers. Foi preso três vezes por ter relações sexuais homossexuais públicas, a última delas na Inglaterra, durante a Segunda Guerra Mundial. Teve casos com Rock Hudson, Cesar Romero e Robert Stack. Viveu com Jeanette até a morte dela. Aposentou-se da Força Aérea em 1968 como coronel.

15
GEORGE MAHARIS
(n. em 1928)

Preso em novembro de 1974 acusado de praticar ato sexual com um cabeleireiro em um posto de gasolina, em Los Angeles. Seis anos antes havia sido preso por conduta lasciva no banheiro de um restaurante de Hollywood. Conhecido pelo sucesso “Rota 66”, de 1960 a 1964, teve que abandonar a série de TV pela dificuldade em manter sua atividade sexual gay longe da imprensa. Também cantor, lançou discos e se apresentou em famosas casas noturnas de Las Vegas.

16
GEORGE NADER
(1921 - 2002)

Para salvar o prestígio de Rock Hudson, sua estrela de maior bilheteira, de chantagem feita pela revista “Confidencial”, a Universal entrou com um acordo sórdido: um bom pagamento em dinheiro e a revelação da homossexualidade de outro contratado do estúdio, Nader. A carreira do ator afundou, mas ele continuou atuando em filmes B e escreveu um popular romance de ficção científica intitulada “Chrome” (1978), em que os personagens principais são gays. Ainda muito jovem namorou Mark Miller, vivendo com ele por 55 anos. Mas só saiu do armário em 1986.

17
GEORGE SANDERS
(1906 - 1972)

Um dos mais sofisticados vilões do cinema, em “A Malvada / All About Eve” (1950) levou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por seu papel de um crítico teatral. Casou-se quatro vezes, mas terminou se suicidando em um quarto de hotel em Barcelona.

18
GILBERT ROLAND
(1905 - 1994)

Um dos atores mais bonitos do cinema mudo e um dos sortudos cuja carreira continuou no cinema falado. Não só isso, ele foi capaz de manter sua aparência jovem e um bom físico na velhice. Em 1925, em busca do estrelato, mudou de nome e escondeu sua homossexualidade, namorando as estrelas Clara Bow e Norma Talmadge. Nos anos 1940, casou-se com a temperamental Constance Bennett (irmã de Joan). Trabalhou com sucesso na televisão e manteve sua carreira no cinema até 1982, sempre casado com mulher e com uma discreta vida gay.

19
GUY MADISON
(1922 - 1996)

Um dos garotos do agente gay Henry Wilsson, começou no cinema em “Desde que Partiste / Since You Went Away” (1944). O papel do xerife Wild Bill Hickok na série do mesmo nome, exibida entre 1951 e 1958 na tevê, foi um retumbante sucesso e o levou ao estrelato. Trabalhou no cinema geralmente em faroestes de baixo orçamento. Casou-se duas vezes, mas esses casamentos terminaram em divórcio.

20
HURD HATFIELD
(1918 - 1998)

Fez diversos personagens no cinema, televisão e teatro, mas foi sempre associado ao filme “O Retrato de Dorian Gray / The Picture of Dorian Gray” (1945). Atuando no teatro, teve um caso com um colega depois famoso Yul Brynner. Além do andrógino Dorian Gray, fez mais dois papéis ambíguos: o perseguidor de Billy the Kid no filme de Arthur Penn, “Um de Nós Morrerá / The Left Handed Gun” (1958), e um antiquário homossexual em “O Homem que Odiava as Mulheres / The Boston Strangler” (1968).

21
IVOR NOVELLO
(1893 - 1951)

Um dos artistas mais populares do início do século XX. Notável compositor, cantor, dramaturgo e ator. Sua boa aparência, talento e estilo suave facilitou o sucesso no teatro e no cinema. Primeira grande estrela do cinema britânico, durante 35 anos teve como parceiro o ator Robert (Bobby) Andrews. Morreu repentinamente de trombose coronária, com a idade de 58 anos, em Londres, ao lado do companheiro.

22
JAMES DEAN
(1931 - 1955)

Eternizado como um símbolo de rebeldia, sabe-se que se iniciou sexualmente com um religioso mais velho e teve casos com Marlon Brando, Montgomery Clift, Clifton Webb, Bill Bast e Jack Simmons. Conhecido por uma agitada vida social, ele não se preocupava em ser discreto, frequentando boates gays sem qualquer receio. Quando morava em Nova York, estudando no Actors Studio, tornou-se amante de Rogers Brackett, um diretor de rádio. Seu caso sexual intenso com Brando durou todo o inverno de 1951. Completamente encantado, Dean o seguia e copiava seu estilo. 

23
KERWIN MATHEWS
(1926 - 2007)

Após servir no corpo aéreo do Exército durante a Segunda Guerra Mundial, fez cinema e televisão, destacando-se em filmes de ação, aventura e fantasia no final dos anos 1950 e início dos anos 1960. Em 1961, ele conheceu Tom Nicoll, um gerente de uma cadeia de lojas de luxo, e tornaram-se parceiros por 46 anos. Quando aposentou-se, o casal montou uma loja de antiguidades em San Francisco.

24
LAURENCE HARVEY
(1928 - 1973)

Casado três vezes com mulheres, foi amante do produtor de cinema James Wolfe. Fez muitos filmes, mas nunca foi uma estrela. Não era querido nem pelo público nem pelos críticos. Nos bastidores, colecionou antipatias e era considerado pouco profissional. Em sua autobiografia, “Cavaleiro Errante”, Robert Stephens descreveu Harvey como “um homem terrível e, ainda mais imperdoável, um ator terrível.” Outro ator, John Fraser, chamou-o de “uma prostituta” em livro de memórias. Alcoólatra, morreu de câncer no estômago com a idade de quarenta e cinco anos.

25
MAURICE EVANS
(1901 - 1989)

Reconhecido ator shakespeariano, brilhou nos palcos. Fez também TV e cinema, sendo lembrado pelo Dr. Zaius em “O Planeta dos Macacos / Planet of the Apes” (1968) e “O Bebê de Rosemary / Rosemary's Baby” (1968). Tinha predileção sexual por adolescentes e David “Taffy” Barlow foi seu amante mais duradouro.

26
MONTGOMERY CLIFT
(1920 - 1966)

Esnobe, enrustido, sensível, introspectivo e frágil, vivia em crise existencial, lutando contra sua sexualidade. Disse certa vez: Amo os homens na cama, mas no dia a dia realmente prefiro as mulheres”. Teve casos com o coreógrafo Jerome Robbins e o ator Roddy McDowall, que tentou o suicídio após o rompimento com Monty. Em seus últimos anos, mergulhou profundamente nas drogas, no abuso de álcool e no comportamento sexual selvagem. Seu companheiro Lorenzo James encontrou-o morto de um ataque cardíaco em sua casa, em 1966. Tinha apenas 45 anos.

27
MONTY WOOLLEY
(1888 - 1963)

A barba branca e distinta era sua marca. Fez cinema, teatro, rádio e tevê. Concorreu duas vezes ao Oscar. O compositor Cole Porter era o seu parceiro de aventuras eróticas. Woolley tinha uma atração irresistível por negros.

28
PETER FINCH
(1916 - 1977)

Descoberto por Laurence Olivier, que o convenceu a contracenar com ele em clássicos do teatro britânico, morria de medo do palco e logo se transferiu para o cinema. Fez personagens gays em “Os Crimes de Oscar Wilde / The Trials of Oscar Wilde” (1960) e “Domingo Maldito / Sunday Bloody Sunday” (1971). Seu último longa-metragem foi também o mais memorável, interpretando o repórter enlouquecido em “Rede de Intrigas / Network” (1976), recebendo um Oscar póstumo.

29
RAMON NOVARRO
(1899 - 1968)

Mexicano atlético e bonito, trabalhou durante cinco anos em Hollywood como garçom e figurante de filmes, até que encontrou a pessoa certa, o diretor irlandês Rex Ingran, que era homossexual assumido e se apaixonou por ele. Em 1925, o ator protagonizou o clássico “Ben-Hur”, tornando-se o ídolo das mulheres do mundo inteiro, que jamais suspeitaram de sua homossexualidade. Ganhava US $ 100.000 por filme, uma fortuna na época. Católico devoto, teve dificuldades em conciliar sua sexualidade com suas profundas convicções religiosas. Ainda assim compartilhava casa e leito com o empresário Herbert Howe. No final de 1968, na sua confortável residência, foi brutalmente torturado e assassinado a facadas pelos irmãos prostitutos Paul e Tom Ferguson, que acreditavam que o ator tinha uma grande soma de dinheiro.

30
RANDOLPH SCOTT
(1898 - 1987)
cary grant e randolph scott
Conhecido pelos filmes do velho oeste, relacionou-se durante anos com Cary Grant, mesmo depois que este se casou. Tratados pela imprensa da época como “o casal feliz”, imagens os mostram na piscina, levantando pesos, fazendo cooper, jogando dama ou jantando à luz de velas. Num flagrante bem íntimo, Scott sentado à mesa olha um documento, como se estivesse fazendo contas, enquanto Grant o observa de pé, a mão apoiada no ombro do amigo. 

Eles nunca assumiram publicamente nem mesmo uma suposta bissexualidade. Em 1980, aos 76 anos, Grant processou o comediante Chevy Chase, que teria se referido a ele na tevê como “What a gal!” (“Que garota!”). Na velhice, eles eram frequentemente vistos em restaurantes, de mãos dadas. Quando Grant morreu em 1986, Scott foi ao velório, deitou-se sobre o cadáver, beijou-o e chorou por vários minutos, saindo em silêncio sem falar com a imprensa.

31
RAYMOND BURR
(1917-1993)

Ganhou fama, fortuna e inúmeros prêmios retratando “Perry Mason” por nove anos na TV, mas acreditou que poderia esconder sua homossexualidade inventando casamentos imaginários e a paternidade de um filho que morreu de leucemia aos dez anos de idade. Na verdade, viveu 35 anos com Robert Benevides. Juntos, trabalharam na hibridação de orquídeas e abriram uma bem-sucedida galeria de arte.

32
RICHARD CHAMBERLAIN
(n. em 1934)

Tornou-se um ídolo com o seriado “Dr. Kildare”, nos anos 1960. A minissérie “Os Pássaros Feridos / The Thorn Birds” também foi sucesso. Estrela de televisão, filmes e teatro, saiu do armário em um livro de memórias de 2003, aos 69 anos, assumindo um romance por quase 40 anos com o agente e produtor Martin Rabett.

33
ROBERT PRESTON
(1918 - 1987)

Durante quase toda a carreira, foi coadjuvante ou fez papéis principais em filmes B. Depois do sucesso na Broadway, passou a ser respeitado, levando uma indicação ao Oscar por seu personagem gay em Vítor ou Vitória / Victor Victoria” (1982).

34
ROCK HUDSON
(1925 - 1985)

Um dos grandes ícones do cinema, símbolo de masculinidade, vivia uma triste realidade: foi obrigado a se casar com sua secretária para não ter a carreira destruída. Protagonista de clássicos como Assim Caminha a Humanidade / Giant” (1956), era homossexual e teve que esconder isso a vida toda. Alto, viril, belo e corpo musculoso, nem de longe passava pela cabeça do público sua homossexualidade. Quando esteve no Rio de Janeiro, Assis Chateaubriand, persuadido pela Universal, montou uma farsa com o ator flagrado numa praia deserta com uma brasileira. 

Após sua morte, amantes e histórias de suas relações sexuais tomaram conta dos jornais. Tinha feroz apetite sexual, fazendo sexo com amantes encontrados nas ruas. Geralmente dava festas só para rapazes em sua mansão nas colinas de Hollywood. Enchia a piscina de aspirantes dispostos a tudo para ganhar um papel em algum de seus filmes. Seu fraco era por jovens loiros e altos, de preferência bronzeados de praia. Gostava de brincar dizendo que nem sabia o nome deles, geralmente chamando os loiros de “Bruce” e os morenos de “Carl”. No fim da tarde todos iam para sua sauna particular onde aconteciam orgias. Sua fama de o “homem preferido da América” valia milhões de dólares. Em sigilo, uma rotina de devassidão sexual.

35
RUDOLPH VALENTINO
(1895 - 1926)

Primeiro grande galã do cinema, ao morrer mais de cem mil mulheres invadiram o velório, desesperadas. Um mês antes, no entanto, “The Chicago Tribune” o havia chamado de efeminado. Casado com uma lésbica, relacionou-se com muitos homens, entre eles os atores Paul Ivano, Douglas Gerrad e Norman Kerry. Astro de “Dama das Camélias / Camille” (1921) e “Sangue e Areia / Blood and Sand” (1922), tinha olhar sedutor, era bem educado e se vestia com ternos impecáveis.

36
SAL MINEO
(1939 - 1976)

Primeiro ator a assumir sua homossexualidade, fez sucesso como o Platão de “Juventude Transviada / Rebel Without a Cause” (1955), um drama sobre a alienação e angústia adolescente, onde aparece um subtexto gay na relação entre os personagens retratados por James Dean e Mineo. A dupla sensibilizou gerações de jovens gays. Foi assassinado a facadas num beco por um garoto de programa.

37
STEPHEN BOYD
(1931 - 1977)

Britânico, apareceu em cerca de 60 filmes, destacando-se como o Messala de “Ben-Hur / Idem” (1959). Casou-se duas vezes, mas nenhum de seus casamentos durou mais de alguns meses. O escritor Gore Vidal, seu amigo, disse que na intimidade o ator não tinha problemas com sua homossexualidade.

38
TAB HUNTER
(n. em 1931)

Cantor e ídolo teen, atuou em mais de 40 filmes. Em 2006, numa autobiografia, reconheceu sua homossexualidade, confirmando falatórios que circulavam desde o auge de sua carreira. Romances com Debbie Reynolds e Natalie Wood não passaram de invenção do estúdio. “Foi difícil para mim, porque eu vivia duas vidas. Nunca falava a verdade para ninguém”, escreveu. Teve um relacionamento com Anthony Perkins, antes do seu parceiro de 30 anos, Allan Glaser.

39
TOM TRYON
(1926 - 1991)

Fez cinema, teatro e televisão, sendo seu maior momento o filme “O Cardeal / The Cardinal” (1963), de Otto Preminger, onde retrata um padre ambicioso. Apesar de ter sido casado por três anos na década de 1950, relacionou-se com o ator da Broadway, Clive Clerk, e a estrela pornô gay Casey Donovan. Desiludido com Hollywood, deixou de atuar em 1969 e começou uma segunda carreira de sucesso como escritor, escrevendo romances inspirados em lendas de Hollywood.

40
TYRONE POWER
(1914 - 1958)

Um dos mais belos atores do cinema, destacou-se como ídolo romântico ou herói de fitas de aventuras. Casou-se, mas nunca conseguiu ocultar sua homossexualidade. O ator Cesar Romero, também gay, foi seu amante e o melhor amigo de toda a vida, e juntos seduziam garotões. Inclusive no Brasil, onde passaram um carnaval no Rio de Janeiro. Tinha uma queda por jovens latinos. Esteve envolvido com vários homens durante sua carreira, entre eles o compositor Lorenz Hart e o ator Errol Flynn.

Livros e artigos relatam que o grande amor da sua vida foi o set designer Jacques Mapes, da 20th Century Fox, com quem manteve um relacionamento sexual e romântico durante décadas. Ele foi muitas vezes visto em público com homossexuais bem conhecidos. Seu grupo de amigos gays incluíam o diretor George Cukor e os atores Clifton Webb, Lon McCallister (e seu amante William Eythe), Cary Grant, Reginald Gardiner, Van Johnson e o bilionário bissexual Howard Hughes.

enas conversava à respeito com ou trata um padre ambicioso. s Wolfe. 41
VAN JOHNSON
(1916 - 2008)

Estrela da Metro-Goldwyn-Mayer nos anos 1940-50, o carismático ruivo era craque como galã romântico. Fora das telas, rabugento e mal-humorado. Flagrado praticando ato homossexual em um banheiro público, viu-se obrigado a casar com a atriz Eva Abbott. Anos depois ela confirmaria que o casamento foi uma farsa criada pela M-G-M “para acabar com os comentários sobre a real preferência sexual de Van”. O divórcio aconteceu 13 anos depois, citando crueldade e sofrimento mental. Aos 69 anos, na Broadway, brilhou no musical gay “Gaiola das Loucas”.

42
VINCENT PRICE
(1911 - 1993)

O rei do terror nunca escondeu ser homossexual. Apesar de ter se casado três vezes, o último com a atriz lésbica Coral Browne. Fez nome como protagonista romântico em peças na Broadway. No cinema, o arquétipo do vilão. Culto, sofisticado e colecionador obras de artes, procurava encontros homossexuais furtivos com garotos de programa.

43
WILLIAM “BILLY” HAINES
(1900 - 1973)

Uma das principais estrelas do cinema mudo. Apareceu em mais de cinquenta filmes. No entanto, fofocas sobre sua vida abertamente gay ameaçavam sua imagem, e o chefe da M-G-M, Louis B. Mayer, deu ao ator um ultimato: um falso casamento ou a porta da rua. Recusando-se a mentir, seu contrato não foi renovado. Nunca mais atuou em filmes, mas seguiu uma carreira de sucesso como decorador de interiores. Desde meados da década de 1920, por quase 50 anos, viveu com Jimmy Shields. Joan Crawford descreveu como o mais feliz casal em Hollywood”. Ao morrer de câncer de pulmão aos 73 anos, seu companheiro se suicidou.

LIVROS CONSULTADOS

“Os Boêmios de Hollywood - Sexualidade Transgressiva e a Venda do Sonho da Terra do Cinema” (2008), de Brett Abrams;

“No Sound, No Tell. Gay Cinema in the Silent Era” (2009), de Eric Brightwell;

“Por trás da Tela:  Gays e Lésbicas em Hollywood, 1910-1969” (2001), de William J. Mann;

“Serviço Completo: Minhas Aventuras em Hollywood e o Segredo das Vidas Sexuais das Estrelas” (2012), de Scotty Bowers e Lionel Friedberg;

“The Gossip Columnist” (2010), de Bill Dakota;

“A Vida Sexual dos Ídolos de Hollywood” (2004), de Nigel Cawthorne.

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