novembro 06, 2012

***** O HORROR muito LOUCO de STEPHEN KING

sissy spacek em “carrie, a estranha”


Reconhecido como um dos mais populares escritores de literatura de horror de sua geração, STEPHEN KING (Portland, EUA, 1947) vendeu 350 milhões de cópias de seus livros em mais de 40 países. Ele passou da pobreza à riqueza em poucos anos, tornando-se um dos nomes mais poderosos das listas de best-sellers. Há quem diga que é um escritor de terceira categoria. Também há quem o considere um gênio do terror. Eu fico com outra opinião: não o vejo como um excelente escritor, mas é um mestre na arte de provocar calafrios. Alguns dos seus livros são verdadeiros clássicos. 
stephen king

Ainda pequeno, o escritor descobriu Lovecraft, Ray Bradbury, histórias em quadrinhos e filmes B de ficção científica – a matéria prima de sua bagagem literária. Publicou o primeiro romance, “Carrie”, em 1974, narrando a história de uma garota com poderes telecinéticos. Atirou a primeira versão do trabalho no lixo, mas foi resgatada pela esposa, Tabitha, que o encorajou a reescrevê-la. A obra não teve, a princípio, senão um sucesso modesto, mas a adaptação cinematográfica alavancou instantaneamente a carreira do autor.

Ao constatar, estupefato, que baseou o protagonista Jack Torrance, de “O Iluminado”, em sua própria pessoa, deixou de lado todos os vícios de muitos anos, cortando o álcool e qualquer tipo de droga. Mantém-se sóbrio desde então. Escreve ao som do AC/DC, Metalica, Anthrax, Judas Priest etc. Em 1999, sofreu um acidente gravíssimo. Atropelado durante uma de suas caminhadas, perdeu a memória, fraturou o quadril, quebrou a perna e teve danos pulmonares. Mas se recuperou. No mês seguinte, começou a publicar uma série de folhetins no seu website stephenking.com, sendo um dos primeiros escritores famosos a recorrer ao suporte virtual. 

Na primeira história, uma videira sobrenatural começa a crescer numa editora de livros de bolso, trazendo sucesso e riquezas em troca de sangue e carne fresca. Aos 65 anos, multimilionário, vive numa mansão vitoriana de 24 cômodos em Bangor, no Maine (EUA), com um portão em forma de aranha emoldurado por dois gigantescos morcegos.

jack nicholson em “o iluminado”
Sua obra literária alcançou um sucesso tão grande, que o tornou um dos autores mais filmados na história do cinema de horror, ao lado de mestres como Edgar Allan Poe, Robert Louis Stevenson e H. P. Lovecraft. São muitos os títulos de STEPHEN KING que acabaram se tornando filmes: cerca de 50 livros (ou contos) seus já foram levados a telona. Boa parte deles, um fracasso; em outras ocasiões, sucesso absoluto. Ele chegou ao ponto em que seu nome estampado num cartaz de cinema ajuda na bilheteria. Muitos dos seus leitores vão correndo ver qualquer longa, telefilme ou série que leve sua gripe, independente dos atributos artísticos.

Possivelmente, a qualidade essencialmente visual da narrativa alucinada de STEPHEN KING é o que o faz um dos queridinhos de Hollywood. Desnecessário dizer que o terror é o seu gênero de filme favorito. Em alta novamente, ele tem quatro novas versões cinematográficas de suas histórias prontas para estrear nos cinemas: “Carrie - A Estranha”, “O Braço do Mar”, “Ten O'Clock People”, “A Good Marriage” e “A Dança da Morte”. Fique de olho.

GALERIA MALDITA de STEPHEN KING

CARRIE, a ESTRANHA
(Carrie, 1976)
direção de Brian de Palma
Com: Sissy Spacek, Piper Laurie, Amy Irving,
William Katt e John Travolta


Do romance “Carrie”, de 1974. Teve uma sequência em 1999 e uma refilmagem de 180 minutos para a TV em 2002. Concorreu aos Oscars de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante. Rendeu elogios – e uma bela bilheteria – a Brian de Palma. Carrie White (a ótima Sissy Spacek) é uma garota que não tem amigos por conta de sua mãe, Margareth (a veterana Piper Laurie, bela mocinha da Universal ao lado de Tony Curtis e Rock Hudson), uma pregadora religiosa que se torna mais louca a cada dia que passa e mantém a filha em isolamento quase total. Motivo de piada na escola, ela é ridicularizada diante de todos os colegas num baile. O que ninguém imaginava é que a estranha menina possui poderes paranormais que ficam mais fortes quando ela fica com raiva. King acha que o filme tem estilo. Eu concordo com ele.

O ILUMINADO
(The Shining, 1980)
direção de Stanley Kubrick
Com: Jack Nicholson, Shelley Duvall e Danny Lloyd


De “O Iluminado” (1977), tornou-se uma minissérie homônima para a TV em 1997. Não é apenas uma das melhores adaptações de Stephen King, mas também um dos grandes filmes de terror do cinema. Um cult. Inexplicavelmente, o escritor não ficou satisfeito com essa versão, considerando-a fria e intelectualizada. O escritor Jack Torrance (Jack Nicholson, excepcional, embora mais careteiro do que nunca) é contratado para vigiar um hotel no Colorado durante o inverno. Ele leva sua esposa (Shelley Duvall, uma das musas de Altman) e seu filho (Danny Lloyd). Por ser inverno e a região estar cheia de neve, o hotel deixa de funcionar e Jack e sua família acabam ficando isolados. A situação começa a se complicar quando ele passa a ter problemas mentais devido ao isolamento, ficando cada vez mais agressivo e perigoso. Pra piorar a situação, seu filho Danny começa a ter visões de acontecimentos terríveis ocorridos no passado.

A HORA da ZONA MORTA
(The Dead Zone, 1983)
direção de David Cronenberg
Com: Christopher Walker, Brooke Adams, Tom Skerritt
e Martin Sheen


Do livro “Zona Morta”, de 1979, transformado em série de TV homônima em 2002. Sóbrio e um dos filmes mais controlados de Cronenberg. Johnny Smith (Christopher Walken), um professor de literatura prestes a se casar, sofre um acidente de carro e fica cinco anos em coma. Ao recobrar a consciência, descobre que perdeu sua carreira e sua noiva (Brooke Adams), mas em compensação ganhou poderes paranormais que o permitem antever o futuro. Assim, ele tem o poder de alterar o curso dos acontecimentos e este é o seu dilema: interferir ou sofrer sozinho, sabendo das tragédias que estão por acontecer. Um thriller político dos melhores.

CONTA COMIGO
(Stand  by Me, 1986)
direção de Rob Reiner
Com: Will Wheaton, River Phoenix, Kiefer Sutherland
e Richard Dreyfuss


Do conto “O Corpo”, de 1982. A história é autobiográfica, baseada num fato realmente ocorrido na infância de King. Inclusive, o próprio autor é retratado, no personagem que se torna um escritor quando adulto. Uma obra sensível, terna e intimista, embalada por uma bonita trilha sonora. Talvez a mais atípica do universo literário do autor. Conta a história de quatro amigos que partem em uma jornada em busca de um cadáver, e que acabam aprendendo valiosas lições durante o caminho. Quando se encontram com marginais, que armados de navalhas também procuram o corpo, eles descobrem uma força que não sabiam ter. Filme muito especial, que trata com delicadeza da amizade e da inesquecível experiência que é crescer.

LOUCA OBSESSÃO
(Misery, 1990)
direção de Rob Reiner
Com: James Caan, Kathy Bates e Lauren Bacall


Do romance “Angústia”, de 1987. Kathy Bates ganhou o Oscar de Melhor Atriz por sua atuação ensandecida da psicopata que prende um escritor - de quem se diz “fã número 1” - depois que ele sofre um acidente de carro. Chocante o momento em que seu personagem quebra os pés do ídolo com uma pá. Sem poder se locomover, ele se vê à mercê das loucuras da “fã”. Duelo de atores com extrema tensão física. Reiner revisita o universo de King em mais uma narrativa pé-no-chão, sem delírios sobrenaturais.

A METADE NEGRA
(The Dark Half, 1994)
direção de George A. Romero
Com: Timothy Hutton, Amy Madigan, Michael Rooker
e Julie Harris


Do romance “A Metade Negra”, de 1989. Um escritor, Thad Beaumont (Hutton), cria um pseudônimo para obter sucesso. Ao decidir eliminá-lo, dá origem a um duplo sanguinário. A partir daí estranhos e violentos assassinatos são cometidos, sempre precedidos de uma revoada de pardais. O roteiro tem paralelos com a carreira de King.

Um SONHO de LIBERDADE
(The Shawshank Redemption, 1994)
direção de Frank Darabont
Com: Tim Robbins, Morgan Freeman e James Whitmore


Do conto “Rita Hayworth e a Redenção de Shawshank”. Fala de Andy Dufresne (Tim Robbins), um jovem e bem sucedido banqueiro que é condenado a prisão pelo assassinato de sua esposa e do amante dela. Cumprindo pena perpétua, faz amizade com Ellis Boyd Redding (o classudo e talentoso Morgan Freeman), um prisioneiro que cumpre pena há 20 anos e controla o mercado negro da instituição. Primeiro filme dirigido por Darabont. Concorreu aos Oscars de Melhor Filme, Melhor Ator (Freeman), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Som.

ECLIPSE TOTAL
(Dolores Claiborne, 1995)
direção de Taylor Hackford
Com: Kathy Bates, Jennifer Jason Leigh, Christopher Plummer
e John C. Reilly


Do livro “Eclipse Total”, de 1992. Selena St. George (Jennifer Jason Leigh), uma escritora de sucesso que vive em Manhattan, fica surpresa com a notícia de que a sua mãe, de quem se encontra afastada, foi acusada de homicídio. Com algum ressentimento, regressa à sua pequena cidade natal no Maine para oferecer ajuda. Não que ela acredite que Dolores (Kathy Bates) é inocente. Na verdade, tem suspeitas acumuladas desde há vinte anos. A memória do passado e fatos do presente revelam a verdade aterradora que existe por detrás das duas misteriosas mortes.

O APRENDIZ
(Apt Pupil, 1998)
direção de Bryan Singer
Com: Ian McKellen, Brad Renfro e Elias Koteas


Do conto “Aluno Inteligente”, narra a história de um adolescente que descobre que um de seus vizinhos é um criminoso nazista, passando a chantageá-lo para que ele lhe conte as mais terríveis histórias sobre a Segunda Guerra Mundial. A partir de então um tenso jogo psicológico surge entre os dois, ameaçando a sanidade do garoto. Firme direção de Bryan Singer e impecável atuação da dupla central, McKellen e Renfro.

À ESPERA de um MILAGRE
(The Green Mile, 1999)
direção de Frank Darabont
Com: Tom Hanks, Michael Clarke Duncan, David Morse,
Graham Greene e Patricia Clarkson


Adaptada da minissérie literária “O Corredor da Morte” (1996), a primeira e única escrita por Stephen King. Somente depois da produção do filme é que os capítulos foram reunidos em um único livro. Retrata o cotidiano - e o relacionamento muito especial do policial Paul Edgecomb (Tom Hanks) com o condenado John Coffey (Michael Clark Duncan) - no corredor da morte de uma prisão norte-americana. Aos poucos, desenvolve-se entre eles uma relação incomum, baseada na descoberta de que o prisioneiro possui um dom mágico que é, ao mesmo tempo, misterioso e milagroso. O filme arrecadou, apenas nos Estados Unidos, mais de 130 milhões de dólares, concorrendo aos Oscars de Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Duncan), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Som.

SOBRE o AUTOR

“Dissecando Stephen King / Bare Bones: Conversations on Terror with Stephen King”, de Tim Underwood e Chuck Miller, 1988.

32 comentários:

Marcos Pedini disse...

acho stephen king, pelas suas historias extremanete engenhos, video o caso de um de seus contos "Rita hayworth, se converteu num classico recente chamado, "Um Sonho de Lieberdade, e ue foi publicado aos poucos, em páginas de jornais, antes que o "folheteim eletronicos", como as da REDE BOBO de Televisão existiseem, ckassicos da literatura, como Les Miserabiles, Tres Moqueteiros ou ate esmo classicos da Literatura brasilea, como "A Moreninha", era publicados nas ediçoes diarias dos jornais. De fato King, com a sua escatologia, provoca arrepios

Cefas Carvalho disse...

Texto muito legal. Não sou fã de tudo dele, mas "O iluminado" e "Carrie" (tanto os livros como os filmes) são sensacionais. Gostei muito da leitura de "Christine, o carro assassino", que em filme ficou sofrível.

Tunin disse...

Não sou fã dele, mas o texto é muito bom!
Abração.

Belvedere Bruno disse...

O Iluminado amei em livro e em filme.

Belvedere Bruno disse...

Carrie é showwwwwwwwww!

Fernando Sobrinho disse...

Seu texto "Ídolos Nazistas" foi tão bom que eu já indiquei a vários conhecidos. Parabéns pela pesquisa: o blog é muito enriquecedor. Abraços.

David José Martins disse...

gosto muito de "Carrie", mas estranhamente, ainda não li o livro...

Mario Salazar disse...

Todas las conocía menos la de George Romero, la lista es muy buena, todas valiosas, King es alguien interesante, quiero leer el resplandor, lo tengo y voy a buscarle un tiempo. Un abrazo.

Gilberto Carlos disse...

Dos filmes citados, só não vi A metade negra e O aprendiz. Gosto muito dos filmes baseados em Stephen King.

João Roque disse...

Foi com surpresa que encontrei aqui alguns títulos que nunca pensei fossem adaptações deste escritor.
As mais célebres são de facto "Shinning" e "Carrie".

Rodrigo Mendes disse...

Tenho predileção pelas obras do King, praticamente todas que cheguei a ler. No entanto, existem adaptações irregulares e imaturas demais e King, por exemplo, na direção do filme "Comboio do Terror" foi o fim da picada, rs!

O Iluminado, Conta Comigo, Carrie, Misery, Um Sonho de Liberdade, O Nevoeiro, Cemitério Maldito e À Espera De Um Milagre, disparam como os meus favoritos baseados em obras suas.

Abs.

Hugo disse...

Você listou as melhores adaptações de King, porém existem vários outros filmes que são verdadeiras bombas baseadas em seus livros, inclusive "Comboio do Terror" que ele mesmo dirigiu.

Abraço

Alan Raspante disse...

Adoro Louca Obsessão!

J. BRUNO disse...

Eu acrescentaria á lista o "Cemitério Maldito" que, apesar de ser um filme fraco, marcou a minha adolescência por causa da música tema, Pet Sematary do Ramones.

Elisandra Pereira disse...

Gosto de algumas obras de King - falo das que foram adaptadas ao Cinema ou TV, claro. Minhas preferidas são "Louca Obsessão", e "Um Sonho de Liberdade", justamente as que não têm um conteúdo tão obscuro. King pode ser um bom escritor, mas quando seus romances mais macabros viram adaptações na telona, eles acabam tendendo a perder a linha na metade da narrativa, perdem o foco, e, no meio do caminho, acabam virando grandes pastelões. Vou dar dois exemplos disso: "A Casa Adormecida" (Rose Red, 2002) e "A Dança da Morte" (The Stand, 1994). Essas adaptações tinham tudo para dar certo, mas debandaram para uma tragicomédia sem tamanho e viraram filmes sem pé nem cabeça, como "Fenda No Tempo" e "Creepshow" - outros dois exemplos bizarros, só para citar.

Fábio Henrique Carmo disse...

Grande lista, Nahud! O meu preferido é "O Iluminado", que colocaria em primeiro. No restante, suas escolhas foram ótimas. Acho que não trocaria por nenhum outro. Abraço!

Bússola do Terror disse...

Grande!
No próximo post do meu blog vou exatamente mencionar uma das obras dele, que ele lançou primeiramente como um livro e, depois, também através das mãos dele, virou o roteiro de um filme.

Rubi disse...

Sou suspeita pra falar sobre Stephen King e suas adaptações cinematográficas. Carrie é um clássico, assim como A Espera de um Milagre, mas de todos, o meu preferido é O Iluminado.

Sibely Vieira disse...

Coleciono , assim como DARIO ARGENTO

Luís Carlos disse...

carrie,a estranha é classicão!!!

Marcelo Castro Moraes disse...

Faltou O Nevoeiro ai, pois achei aquele filme genial

Dessa Bitelle disse...

Carrie é daqueles fraquinhos no gênero, mas um verdadeiro clássico.

Marcos Pedini disse...

Carrie a Esrtraha tem mais a ver com parapsicologia, vide a cenas do faqueiro, uma cena que chamou muito a tençao da molecada, na epca de seu lançamento, dos que viram sem ter aionda 18 anos, e aquea cena do vestiario

Rafael Saffiotti disse...

AMO! ;D

David José Martins disse...

do King, creio que o único que li foi o The Mist, que gostei bastante, tal como o filme

Suzane Weck disse...

Ola Falcão,já tinha esquecido dos medos e noites sem dormir após assistir alguns destes filmes mencionados.Agora relembrando todos de uma só vez já comecei a ter arrepios e a olhar em volta com certo temor.Fora isso,a postagem não poderia ser melhor.Beijus....SU

Bruno disse...

Stephen King não é considerado o mestre do terror á toa.Ele tem talento e é reconhecido por isso,seus livros são fantásticos e muitos dos filmes adaptados quase que se equiparam a essa perfeição.
Em breve teremos mais uma produção na área,Jason Blum que é responsável pela franquia Atividade Paranormal vai adaptar o conto "Mercy" de 1985 em filme...resta aguardar para ver.
Abraço!

Bruno

disse...

Estou mais familiarizada com as adaptações da obra de Stephen King do que com os escritos em si. Com certeza ele é um mestre ao tratar de terror, como em Carrie ou O Iluminado, e de amizade, como em Um Sonho de Liberdade e Conta Comigo.
Abraços!

Belvedere Bruno disse...

amei carrie|!

Alexis Smith Beraldo disse...

imperdivel...

Ana Paula Chagas disse...

Aguardando com muito receio pelo remake de Carrie.

O Narrador Subjectivo disse...

Uma lenda da literatura de terror cujo trabalho se traduz bem no cinema. Claro que The Shining e The Dead Zone são duas obras-primas :)

http://onarradorsubjectivo.blogspot.pt/