Segundo o crítico de cinema Inácio Araújo, “nos anos 60, Ann-Margret proclamava que não era uma boneca de carne. Anos pedantes, em que ser mulher e bonita era um pecado original e confinava a atriz no gueto dos ‘sex symbols’. Para existir de pleno direito, ela devia demonstrar que sua beleza era uma excrescência suportável desde que, comprovadamente, ela fosse apenas um atributo anexo a essa coisa misteriosa que se chama talento” (...) “chegamos a uma década em que a beleza não precisa se explicar. Ela existe e ponto. Melhor assim”. Exato, Inácio. Lembro do tempo em que muita gente esnobava SONIA BRAGA, exaltando seu carisma, beleza e sensualidade como se fossem coisas à toa. Tiveram que calar a boca: hoje a atriz é uma diva que trabalha há décadas entre o Brasil e os Estados Unidos, imune a críticas mesquinhas. Belíssima e cheia de energia para novos desafios, destacou-se em episódios das badaladas séries “Sex and the City” (no papel de uma charmosa lésbica), “Brothers & Sisters”, “As Cariocas” e “Tapas & Beijos”.
Sou fascinado por ela desde adolescente. Certa vez, em Salvador, cheguei a pedir-lhe um autógrafo. Era o sonho de um garoto que colecionava mais de uma centena de fotos da deusa em um enorme álbum e discutia com quem duvidava do seu talento. Considero SONIA BRAGA uma das mulheres mais lindas do planeta. No entanto, toda paixão esmorece um dia e acabei por deixar de pensar na morena de Maringá, embora ainda hoje veja seus filmes com prazer. Quando rodou “Tieta do Agreste” (1986) na minúscula Picado, Bahia, entrevistei-a nos sets de filmagens para o Diário de Notícias (de Lisboa), procurando a todo custo disfarçar a emoção que sentia com suas gostosas risadas. Bem acolhido, o meu coração embalou-se no júbilo. Estava diante de um ícone, possivelmente um dos mais fascinantes do final do século 20. Ela movia-se com graça natural, o corpo dançando e o sorriso sem acanhamentos. A musa de Caetano Veloso, que fez para ela a canção “Tigresa”, é uma mulher incrível, simples. Além disso, tem essa coisa de estar completamente a serviço da história, do personagem, do que está se contando. Nunca entendi porque filma tão pouco no Brasil. Deveria ser cortejada por nomes como Walter Salles, Hector Babenco ou Fernando Meirelles. Será que eles nunca perceberão que SONIA BRAGA é sinônimo de qualidade? Sua longa e respeitável trajetória simboliza um mercado cinematográfico nacional positivo, sedutor e habilidoso. É uma das atrizes latino-americanas mais bem-sucedidas nos Estados Unidos. Sua fama abriu caminho para futuras estrelas como Jennifer López e Salma Hayek.
Apaixonei-me pela atriz do Paraná ao assistir “Dona Flor e seus Dois Maridos” (1976), de Bruno Barreto. Seria um dos três ilustres personagens de Jorge Amado imortalizados por ela. Sua entrega foi tão essencial que ainda hoje não é possível ler um desses romances sem enxergar SONIA BRAGA em Gabriela, Dona Flor ou Tieta. Estreando na tevê no programa infantil “Jardim Encantado”, da Tv Tupi, aos 15 anos, subiu aos palcos em 1969, no musical “Hair”, totalmente nua. Em 1970, em “Irmãos Coragem”, da Globo, como Lídia Siqueira, iniciou seu fluxo em telenovelas, marcando época com “Selva de Pedra” (1972), “Fogo Sobre Terra” (1974), “Gabriela” (1975), “Saramandaia” (1976) e Dancin’Days (1979). Disputadíssimo por inúmeras atrizes, o papel principal de “Gabriela” terminou nas mãos da jovem brejeira quase desconhecida depois de muito alarme falso. “Na época estava sem trabalho, namorando um playboy carioca que era dono de um barco. Eu andava nua pelo barco, fui ficando morena e meu cabelo cresceu, o que entusiasmou Walter Avancini", disse a atriz numa entrevista. Após uma série de filmes interessantes, alcançou o estrelato definitivo com “Dona Flor e seus Dois Maridos”, um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema brasileiro. “A Dama do Lotação” (1978), de Neville D’Almeida, e “Eu Te Amo” (1980), de Arnaldo Jabor, também ficaram na história. Com o segundo ganhou o prêmio Kikito de Melhor Atriz no Festival de Gramado.
Posou para a Playboy norte-americana em 1984 e 1986. Em 1985 protagonizou com William Hurt e Raul Julia “O Beijo da Mulher Aranha/Kiss of the Spider Woman”, pelo qual foi indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante. A partir desse filme, mudou-se para os Estados Unidos, atuando em “Luar sobre Parador/Moon Over Parador” (Paul Mazursky, 1988), “Rebelião em Milagro/The Milagro Beanfield War” (Robert Redford, 1988), “Rookie – Um Profissional do Perigo/The Rookie” (Clint Eastwood, 1990), “Amazônia em Chamas/The Burning Season” (John Frankenheimer, 1994), “Morte Dupla/Two Deaths” (Nicolas Roeg, 1995) e “Olhar de Anjo/Angel Eyes” (Luis Mandoki, 2001). Com alguns deles concorreu aos prêmios Emmy, BAFTA e novamente ao Globo de Ouro. Entre um filme e outro, namorou Robert Redford e Clint Eastwood.
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com mauro gonçalves e josé wilker em "dona flor |
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"o beijo da mulher aranha" |
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O QUE ESTÁ FAZENDO
QUENTIN TARANTINO
Vencedor do Oscar por sua atuação em “Ray/Idem” (2004), Jamie Foxx foi escolhido por Quentin Tarantino para estrelar sua próxima produção, o faroeste à italiana “Django Unchained”. O ator irá interpretar o personagem título, mas não foi a primeira opção do cineasta, tendo sido escolhido após a recusa de Will Smith em ficar com o papel. Idris Elba, Terrence Howard e Chris Tucker chegaram a se reunir com Tarantino, mas acabaram preteridos. Com isso, Foxx se junta à Christoph Waltz, Keith Carradine, Treat Williams e Franco Nero no elenco do longa. Isso sem falar em Leobardo DiCaprio, que é dado como certo no papel do vilão. O argumento fala de um ex-escravo ajudante de um caçador de recompensas. Eles vão procurar vingar-se de um cruel proprietário de terras, que raptou a mulher de Django e quer escravizá-lo mais uma vez. Apaixonado pelo universo do bang-bang à italiana (conhecido como western spaghetti), Tarantino fará sua estréia no gênero e os fãs do diretor podem esperar muitas referências ao genial Sergio Leone (de “Era Uma Vez no Oeste/C’era Uma Volta Il West”, 1968). O lançamento está previsto para dezembro de 2012.