novembro 27, 2010

************** o CINEMA EXPRESSIONISTA ALEMÃO

o gabinete do dr. caligari
de robert wiene

No começo do século 20, a produção da indústria cinematográfica alemã era relativamente pequena. Os dois mil cinemas do país germânico projetavam principalmente filmes estrangeiros. Para criar seus próprios filmes de propaganda, o governo resolveu apoiar o mercado cinematográfico. A produção se incrementou rapidamente: de uma dezena de pequenas companhias em 1911 a 131 em 1918. No final de 1917, surgiu a poderosa produtora UFA (abreviação de Universum Film  Aktiengesellchaft), que tinha os estúdios mais equipados da Europa. Mas a grande revolução do cinema mudo alemão aconteceu em 1919, através da Decla, uma companhia independente que fez um filme ao estilo expressionista, movimento então famoso nas artes plásticas, no teatro e na literatura, crendo evidentemente que isto poderia supor um triunfo no mercado internacional.

Esta crença resultou justificada quando o pouco convencional “O Gabinete do Doutor Caligari / Das Cabinet des dr. Caligari” (1920), de Robert Wiene, uma produção barata, causou sensação em muitos países. A obra  transporta-nos  para um mundo de puro pesadelo, com cenários  desbotados  de  onde  se destacam   figuras geométricas  abruptas  e personagens alucinados. Todo cheio de sombras, cenários retorcidos e atuações acentuadas. Tudo girando sob o signo da angústia e do pessimismo. O interessante é o fato de o que poderia ter sido apenas uma experiência isolada, de cariz bizarro, se tornaria a fonte de uma imensa corrente que influenciou toda a história do cinema.


Graças ao sucesso desse filme, vieram outros no mesmo estilo, resultadando em um movimento estilístico cinematográfico que durou alguns anos. As grandes produtoras, como a UFA, assim como outras companhias menores, investiram no inovador com a finalidade de competir com os norte-americanos. De fato, em meados dos anos vinte, os filmes alemães mais destacados eram expressionistas e considerados os melhores do mundo. O horror, o fantástico e o crime são os temas dominantes. As formas são distorcidas e exageradas, nada realistas, com fins expressivos. Os atores, em geral, usam muita maquiagem e se movem de forma espasmódica ou lenta e sinuosa. E, o que é mais importante, todos estes elementos se interagem graficamente para criar uma composição global.


Uma combinação de circunstâncias conduziu ao desaparecimento do movimento, entre elas, a inflação galopante e uma tentação chamada Hollywood que arrebatou cineastas e a
tores germânicos. As últimas obras significativas, “Fausto / Faust: Eine Deutsche Volkssage”, de F. W. Murnau, e “Metrópolis / Idem” (1927), de Fritz Lang, ambas de 1926, eram epopéias caras que contribuíram para as dificuldades financeiras da UFA, levando seu principal produtor, Erich Pommer, a abandonar a Alemanha e tentar a sorte noutros países. Para enfrentar a dura concorrência dos filmes de Tio Sam, os alemães infelizmente começaram a imitá-los, diluindo as qualidades únicas do estilo expressionista. Assim, em 1927, traído e abandonado, morria o famoso movimento.

Ainda que tenha durado somente uns oito anos, o expressionismo nunca desapareceu de todo como tendência estilística cinematográfica, influenciando filmes de terror e o cinema noir das décadas de 1940/50. Essa escola tem como principais diretores Friedrich Wilhelm Murnau, Fritz Lang, Robert Wiene, Paul Wegener e Paul Leni; como atores, Emil Jannings, Conrad Veidt, Werner Krauss, Lil Dagover, Brigitte Helm, Alfred Abel, Rudolf Klein-Rogge e Camilla Horn. Sou apaixonado pelo EXPRESSIONISMO ALEMÃO em todas as suas vertentes artísticas. O meu filme favorito da época é 
“Fausto”, a adaptação de Goethe por Murnau. Uma criação hipnotizante e espetacular.

brigitte helm

5 comentários:

Anna Braz disse...

Fantástico o Falcão Maltês!!!!!!!Amei!!!!!!!!!
Beijos meu querido!

Kley disse...

Nosferatu do Murnau é espetacular, a melhor versão de Drácula levada para as telas. Um filme expressionista alemão que não data da época descrita em seu comentário, M - O Vampiro de Dusseldorf, é um dos meus preferidos.

Emmanuela disse...

Gostei de ler seu apurado texto que relembra este importante movimento.

AnnaStesia disse...

O expressionismo é o estilo cinematográfico que mais me fascina. Grandes mestres (Lang, meu favorito) e grandes obras (Nosferatu, M, Caligari e Metropolis).
Obs: Essa foto de Brigitte Helm é um espetáculo.

White Gold disse...

Me encanta el cine expresionista alemán. Mi favorita, "Nosferatu". OMG!!! ya no recuerdo las veces que he visto esa película.
Y también "El gabinete del Doctor Caligari", y "Metrópolis", creo que es una película que se adelanta al propio cine, iniciando un género cinematográfico.

Saludos!!!